segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Do amor e outros demônios

Título: Do amor e outros demônios
Autor: Gabriel García Marquez
Páginas: 222

Um antigo convento foi destruído para liberar espaço para a construção de um hotel. Ao esvaziarem as criptas funerárias encontraram uma cabeleira de 22 metros. Informado que o cabelo continua a crescer, mesmo depois da morte, o autor, considerando o fato inusitado, resolveu elaborar a sua versão da história de vida da dona da cabeleira.

Assim surge a história de Sierva María, filha do marquês local e que se identificava mais com os escravos que com seus familiares. Ignorada pelo pai e desprezada pela mãe, acaba indo parar num convento e passa a ser considerada como possuída pelo demônio.

Trechos interessantes:

"Não praticava a cirurgia, que sempre considerou uma arte inferior, própria de curandeiros e barbeiros, e sua especialidade aterradora era predizer para os enfermos o dia e a hora em que iam morrer. Contudo, tanto a sua boa fama quanto a má se baseavam num mesmo fato: dizia-se, e ninguém jamais o desmentiu, que tinha ressuscitado um morto." (pág. 31)

"-Enquanto isso - disse Abrenuncio -, toquem música, encham a casa de flores, façam cantar os passarinhos, levem-na para ver o pôr-do-sol no mar, deem-lhe tudo o que possa fazê-la feliz. - Despediu-se rodando o chapéu no ar e com a frase latina de rigor. Mas desta vez traduziu-a em homenagem ao marquês: - 'Não há remédio que cure o que a felicidade não cura'." (pág. 51)

"No mais, continuou vivendo como sempre vivera desde nascer: um solteiro inútil." (pág. 56)

"Já de saída, parou junto à rede do marquês e precisou o prognóstico:
-A senhora marquesa morrerá o mais tardar no dia 15 de setembro, se antes não se pendurar numa viga.
Sem se alterar o marquês disse:
-O ruim é que o dia 15 de setembro ainda está longe." (pág. 74)

"-Às vezes atribuímos ao demônio certas coisas que não entendemos, sem cuidar que podem ser coisas que não entendemos de Deus.
-Assim disse Santo Tomás, e é a ele que me atenho - disse a abadessa. - Não se deve acreditar no demônio, nem quando fala a verdade." (pág. 120)

"Antes de mais nada, queria saber, segundo disse, como era a menina antes de ser internada no convento.
-Não sei - disse o marquês. - Sinto qe a conheço menos quanto mais a conheço." (pág. 164/165)

"-Gostaria de saber por que é tão amável comigo - disse.
-Porque nós ateus não conseguimos viver sem os padres - disse Abrenuncio." (pág. 183)

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