segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A curiosidade

Título: A curiosidade
Autor: Stephen P. Kiernan
Páginas: 388

Comprei o livro aproveitando uma promoção e não esperava muita coisa dele, mas ele me surpreendeu. Achei a história muito bem engendrada, com um tema plausível e onda não há abundância de histórias do tipo. Prende a atenção e, apesar do final já ser esperado, não há como não torcer pelo personagem.

Uma equipe de cientistas descobre nas geleiras do Ártico, um homem congelado. Uma gigantesca operação é montada para preservar e reanimar o homem. Apesar das boas perspectivas no campo científico, no campo moral há alguns inconvenientes. Algumas pessoas são favoráveis à reanimação do homem (agora chamado Sujeito Um) e outras acham que o homem está brincando de Deus. E em meio a tudo isso o Sujeito Um desperta.

Trechos interessantes:

"Desde então, descobri que a vida de uma mulher solteira urbana na casa dos trinta se parece muito com um baile do ensino médio: você torce as mãos esperando que os bons partidos venham convidá-la, mas diz sim a todos os outros porque está cansada de ser invisível." (pág. 15)

"As implicações, que eu havia negado implacavelmente até hoje, são extraordinárias. Há em torno de quarenta mil pessoas ao redor do mundo criogenicamente preservadas, esperando o dia em que a tecnologia lhes possibilite reviver. Há outras sessenta mil pessoas em qualquer dado momento deitadas nas UTIs dos hospitais, sofrendo de doenças incuráveis. Imagine se elas pudessem ser congeladas em gelo maciço até que se encontrasse a cura, ou algum remédio antienvelhecimento, e então fossem reanimadas. Há quase cem mil pessoas aguardando um transplante de órgão. Imagine se você pudesse congelar o corpo de pessoas falecidas recentemente, e então descongelar as partes de que você precisasse mais tarde. Isso faria o transplante ser tão fácil quanto ir à geladeira buscar uma cerveja." (pág. 46)

"O grande Albert Szent-Gyorgyi disse certa vez: 'O que direciona a vida é uma pequena corrente elétrica que se mantém em frente por causa do sol'. Se o Sujeito Um despertar, entretanto, podemos nos aventurar a dizer que o primeiro catalisador para a criação da vida pode não ter sido elétrico, mas magnético." (pág. 66)

"Não era a respiração dele. Era o coração. O homem estava chorando.
Então fiz - com a certeza de que me traria um novo round de recriminações no dia seguinte - o que, acredito, qualquer ser humano deveria fazer quando um companheiro de jornada neste planeta é invadido pela tristeza. Corri até ele e o abracei." (pág. 102)

"Há algo nesta terra mais divertido, realmente, do que um inglês? Desde os dias em que tinham colônia na Índia e Hong Kong, eles são possuídos por um estranho senso de superioridade, que acreditam ser um tipo de honra cavalheiresca, mas você reconhece como tolice. Nobreza para eles; vaidade para você. Por que um norueguês venceu um britânico na corrida ao polo sul? Porque Scott, o inglês, se recusou a usar cães para puxar seu trenó. Não era apropriado a um cavalheiro confiar em animais para tal aventura, ele escreveu em seu diário, como se estivesse puxando uma cadeira para se juntar à Távola Redonda. E assim Amundsen não só chegou ao polo primeiro e voltou inteiro, como o diário de Scott acabou sendo retirado de seu cadáver." (pág. 160/161)

"Provavelmente toda mulher se pergunta em algum ponto da vida: que porção do amor confessado em meus ouvidos era baseada em desejo, e qual era verdadeiramente para mim?" (pág. 230)

"Mas,em sua animosidade descarada, Steele havia me trazido à mente uma velha sabedoria de tribunal: Se um homem lhe chamar de 'amigo', ele não é. Se declarar 'confie em mim', não confie. Se ele disser 'estou falando a verdade', esconda a carteira." (pág. 263)

"-O sinal de um homem estúpido é quando ele se sente livre demais com os insultos." (pág. 307)

"Devemos deixar nossos feitos serem nossos embaixadores. Nosso desafio é viver com toda a sinceridade que há em nosso coração e esperar que aqueles que duvidam enxerguem a verdade." (pág. 385)