quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Histórias para ler no cemitério

Título: Histórias para ler no cemitério
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 142

Mais uma coletânea do mestre do suspense, apresentando 13 histórias, como a maioria das coletâneas do autor. Um dos contos, no entanto, foge às características dos demais e ocupa o espaço de 4 contos normais. A história está dentro dos padrões do gênero, mas a disparidade de tamanho com relação aos outros contos não é do meu agrado.
Algumas histórias são boas, mas apenas quatro delas me impressionaram: "A senhoria", "Escalada social", "O Homem no poço" e "As lagostas".
Para os amantes do gênero, um prato feito.

Trechos interessantes:

"Não há nada mais irritante do que uma coisa que fica pairando à margem da memória, recusando-se a surgir em foco." (pág. 32)

"Como um corolário lógico da afeição de O'Leary pela auto-estrada havia sua aversão por aqueles que abusavam dos privilégios. E os piores eram os que tinham a mania de ultrapassar a velocidade  máxima permitida." (pág. 54)

"Bogan sabia que aqueles sorrisos nada significavam e sentiu o coração bater mais depressa de raiva. Eram apenas como um osso jogado a um cão faminto, nada mais além disso." (pág. 67/68)

"Não se assustara com o que vira, mas tudo tinha que ser feito com dignidade, até mesmo candidatar-se a um emprego." (pág. 93)

"Quero enfrentar algo de que tenho corrido durante todos esses anos, compreender que, agora, todos aqueles acontecimentos já não tem mais qualquer significado." (pág. 95)

"Todos nós estamos envolvidos nos destinos uns dos outros. Um homem simplesmente não pode ficar de braços cruzados, vendo outro destruir-se." (pág. 103)

domingo, 6 de novembro de 2011

Como me tornei estúpido

Título: Como me tornei estúpido
Autor: Martin Page
Páginas: 158

Antoine é um rapaz inteligente e com poucos amigos e acredita que o grande problema de sua vida é ser inteligente. Segundo ele as pessoas estúpidas têm mais privilégios e resolve então se tornar estúpido para aproveitar as chances da vida.
Depois de várias tentativas, consegue o seu objetivo mas perde os poucos amigos que tinha e vê que todo o seu esforço não valeu a pena.
Mesmo sendo interessante a ideia, não consegui capturar a essência do livro: para um trabalho de humor faltaram partes engraçadas; para um trabalho sério há excesso de situações inusitadas. No fim das contas, acho que o estúpido sou eu mesmo.

Trechos interessantes:

"Ele seria alcoólatra, ou seja, alguém que tem uma doença socialmente reconhecida. Os alcoólatras são compreendidos, são cuidados, têm uma consideração médica, humana. Ao passo que ninguém pensa em compadecer-se das pessoas inteligentes." (pág. 15)

"Ele queria tornar-se alcoólatra inteligentemente, de maneira construtiva e culta, conhecer os segredos do veneno que o salvaria." (pág. 17)

"O alcoolismo é uma atividade que requer certa dedicação,é preciso consagrara ele muitas horas por dia. Requer uma disciplina, digamos, olímpica. Eu não acredito que você tenha capacidade para isso, rapaz." (pág. 21)

"...é o álcool que decide se você é apto para tornar-se um bêbado." (pág. 22)

"Rodolphe podia esperar obter o grau de mestre dentro de dois anos, passar a professor universitário dentro de sete anos e morrer completamente esquecido uns sessenta anos depois, deixando uma obra que influenciará gerações e gerações de traças." (pág. 33)

"Antes, eu queria suicidar-me por desespero, agora a principal causa do meu desespero é que eu não consigo suicidar-me." (pág. 36)

"Além disso, o suicídio é a minha vocação; desde quando eu era criança, é a minha paixão. Com que cara vou ficar se morrer aos noventa anos de causa natural?" (pág. 37)

"Um câncer achou que o meu corpo seria uma bela ilha paradisíaca e ali ele passa as suas férias, com os pés no oceano do meu sangue, bronzeando-se sob o sol do meu coração..." (pág. 47)

"Penso que ser inteligente é pior que ser asno, porque o asno não se dá conta disso, ao passo que qualquer inteligente, ainda que humilde e modesto, o sabe forçosamente." (pág. 56)

"...você quer dizer que foi estúpido por tentar ser tão inteligente, que você se enganou e que tornar-se um pouco estúpido é que será inteligente..." (pág. 69)

"A vida é um animal que se alimenta de cheques e cartões de crédito." (pág. 103)


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Era uma vez um corredor

Título: Era uma vez um corredor
Autor: John L. Parker Jr.
Páginas: 246

Os livros com título específico têm um público definido: no caso deste, os amantes do atletismo. Não há como negar, mesmo se tratando de uma boa história, consistente, com pitadas de humor, com uma narrativa linear e tudo mais, quem não tem uma noção, por mínima que seja, do atletismo, ficará perdido entre tantos nomes e personagens ligados a este esporte.
Um jovem corredor tem como sonho fazer o percurso de uma milha num tempo abaixo de 4 minutos, algo impensável para o ser humano comum. Mas isto não é uma coisa fácil. A carga de treinamento é absurda, levando o atleta a questionar a finalidade de tudo isso. Quem tem paixão pelo atletismo, mesmo sendo um "atleta" de fim de semana, como é o meu caso, consegue entender cada sacrifício suportado pelo personagem (quilômetros de sacrifício), cada segundo conquistado, cada suor derramado. Para a maioria das pessoas tudo isso é sem sentido.
Resumindo: se você se interessa por atletismo, sem dúvida é uma ótima escolha, caso contrário, achará o livro muito entediante.

Trechos interessantes:

"Em alguns círculos, quatro anos é muito tempo; mas, contados em tempo real [...] não o é, de modo algum." (pág. 10)

"É possível lembrar, disse a si mesmo, mas não se pode reviver a experiência. Temos de nos contentar com as sombras." (pág. 11)

"Anos depois, esse curioso objetivo seria alcançado do modo como metas difíceis ou impossíveis costumam ser atingidas por homens de muito poder e poucos escrúpulos, ou seja, por baixo do pano." (pág. 14)

"Ele ficou sentado em silêncio durante cinco minutos olhando para aquela pequena e triste mensagem amarela, depois calçou seus tênis e saiu para correr, chorando como uma criança." (pág. 30)

"Correr vinte e quatro escaldantes quilômetros numa praia longa e plana só parece um esporte agradável para quem nunca o experimentou na prática. Além disso, o oceano é infinito demais; o caminho dá a impressão de que nunca vai acabar." (pág. 46)

"Deve existir alguém capaz de se sentir realizado por ser o melhor gerente de hortifrutigranjeiros que um supermercado já teve. O que é ótimo. Isso dá às pessoas a sensação de que valem alguma coisa num mundo lotado, no qual todos se sentem apenas parte do cenário. Mas a maioria das pessoas é poupada de qualquer vislumbre angustiante da própria mediocridade." (pág. 61)

"Queriam já estar na corrida. Queriam ter terminado. A disputa em si era suportável,pois era para isso que tinham treinado. A espera, no entanto, era uma experiência infernal." (pág. 96)

"A guerra é prejudicial a crianças e outras criaturas vivas." (pág. 158)