sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Crianças de 24 quilates

Título: Crianças de 24 quilates
Autor: Dra. Judy Goldstein / Sebastian Stuart
Páginas: 334

Shelley é uma pediatra recém-formada, à procura de seu primeiro emprego. Uma das oportunidades que aparece é numa clínica de alta classe, frequentada por celebridades de todas as áreas.

O desafio de Shelley agora é se mostrar à altura de cuidar das crianças famosas, resolver seus traumas e problemas e conquistar o respeito e atenção dos pais, sem no entanto deixar que este mundo da opulência a domine.

Trechos interessantes:

"-Apos - gritou minha mãe do outro lado do restaurante. Caso você esteja se perguntando o que Apos significa, é 'Arrume a postura, Shelley'. Mamãe inventou isso para que pudesse corrigir minha postura em público sem chamar atenção. Sou a única pessoa que conheço que é repreendida com uma sigla." (pág. 18)

"-A minha filosofia de criação de filhos? Minha filosofia é de que os pais devem relaxar e deixar que isso aconteça naturalmente. Vocês não estão estudando para o exame da Ordem aqui, vocês não precisam ser pediatras, e eu não me importo quanto controle vocês exerçam em outras áreas das suas vidas, ter um bebê é uma experiência incontrolável. Deixem a vida que vocês estão trazendo ao mundo se desenvolver no seu próprio ritmo, não no de vocês... não tem nada a ver com vocês, e um bebê não é a última moda em acessório. Então, relaxem um pouco, sejam surpreendidos e espontâneos, rendam-se à bagunça. Parem de exagerar e confiem em seus instintos. Esta é a minha filosofia." (pág. 80)

"Eu realmente me sentia como se tivesse entrado em outro mundo, um mundo onde ninguém gritava para o outro lado da sala nem brigava pela última fatia de torta, onde as pessoas podiam ser agradáveis e generosas, onde a vida era cheia de tranquilidade e estilo, sofisticação e possibilidades. Será que eu não estava sendo ingênua? Provavelmente. Mas tudo era tão emocionante, que não me importei." (pág. 107)

"-[...]Eu me sinto péssima vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Minha carreira não suporta isso... sou uma profissional de sucesso, mas estou parecendo uma doente mental. Tem que haver uma maneira de fazer esse bebê dormir. Estou falando sério, porque estou começando a odiá-la, e isso não pode ser saudável. - Ela me olhou com tristeza.
Ah, sono. É sempre um grande problema que acompanha a chegada de um bebê. E para personalidades controladoras de sucesso que levavam vidas até então cem por cento controladas, é um problema colossal. Elas consideram sua capacidade de controlar os invariavelmente caóticos primeiros meses de vida de um bebê como um fracasso pessoal." (pág. 136)

"Tive um professor de medicina incrível que sempre dizia que a respiração profunda é a mais poderosa ferramenta terapêutica do mundo, mas que, como era de graça e não vinha em fórmula de pílula, as pessoas raramente a usavam." (pág. 149)

"-Você pode me odiar pelo que vou dizer agora, mas vou dizer assim mesmo. Este é o seu momento. Muitas portas bastante emocionantes estão se abrindo. Se você pelo menos não mergulhar os dedos dos pés no grande mundo glamouroso pra ver se gosta ou não, talvez venha a se arrepender mais para a frente. Quer dizer, olhe para você, Shelley... você é um mulherão. E tem charme de verdade. Sei com certeza que Josh Potter está interessado em você. Você não quer chegar aos 65 anos e olhar para trás cheia de eu devia-eu podia-eu teria, desejando ter pelo menos beliscado o fabuloso bufê que foi estendido diante de você." (pág. 168)

"Aquela não era a primeira vez que eu via uma mãe rica deixar uma criança nas mãos de alguém com quem pensaria duas vezes antes de deixar meu cachorro. Era um fenômeno estranho, que eu já havia discutido com a Dra. Marge e a Candace, a forma como muitas dessas mulheres da sociedade confiavam despreocupadamente numa governanta que não falava inglês ou numa au pair que estava no país havia uma semana ou num serviço de babás neófitas para acompanhar os filhos em algo tão importante quanto uma consulta médica." (pág. 181)

"Eu havia estudado psicologia o bastante para identificar que Lee Merrill estava enfrentando uma das verdades tácitas da maternidade: o fenômeno no qual uma nova mãe tem uma forte reação negativa ao recém-nascido. A reação normalmente é detonada ou por ciúme, porque o bebê rouba da mãe a atenção do marido e do mundo, ou por claustrofobia - de repente você está amarrada a outra pessoa para o resto da vida, e a sua liberdade emocional e física é abreviada profundamente. Meu palpite era de que Lee Merrill se encaixava na categoria claustrofóbica. Ali estava uma mulher jovem com ambições mundanas grandiosas, e não há nada incrivelmente grandioso ou mundano num bebê exigente." (pág. 238)

"Embora tenha gostado de ouvir suas palavras gentis, uma parte de mim ficou decepcionada por ele não ter desafiado ou questionado a minha decisão, ainda que levemente. Eu queria uma chance de expor as minhas próprias dúvidas. Às vezes, apoio incondicional não é algo de que uma filha precise, mesmo que possa ser o que ela acredite querer." (pág. 267/268)

"-Sra. Miller, podemos falar um minuto sobre seus filhos chuparem o dedo?
-É para isso que estou aqui. Engessar é uma alternativa? Gostei da sua roupa. É Fendi, não é? Acabamos de comprar uma casa em Millbrook. Tally-ho, ha ha.
-Engessar não é uma alternativa. Na verdade, essa técnica não tem sido usada há alguns anos, e sinto muito que você tenha sido submetida a ela. É importante lembrar que sugar é algo instintivo para uma criança e que costuma começar logo depois, ou mesmo antes, do nascimento. Na verdade, alguns bebês nascem com bolhas de tanto chupar os pulsos ou as mãos. Um bebê que chupa o dedo é, na verdade, um bebê capaz de acalmar a si mesmo, o que pode ser um sinal de independência sadia ou auto-suficiência." (pág. 292/293)

"-Enfim, eu passei por aqui porque fiquei sabendo que você vai almoçar com as irmãs Van Rensselaer. Eu as conheço desde o ventre.
-Como elas são?
-Digamos que elas provam o princípio Paris-Hilton: é possível ter dinheiro e nome e ainda assim ser ralé." (pág. 322)

domingo, 17 de setembro de 2017

Caçadores de bons exemplos

Título: Caçadores de bons exemplos
Autor: Iara Xavier e Eduardo Xavier
Páginas: 256

Um dia o casal Iara e Eduardo resolveu vender o que tinha e sair Brasil afora à procura de pessoas que estivessem praticando o bem com seus semelhantes. O livro é o relato dessa jornada onde as histórias vão se acumulando, mostrando que no Brasil há, sim, muitas pessoas praticando o bem. Apenas a divulgação é que é mínima.

Enfrentando problemas de toda natureza e sem contar com nenhum auxílio, o casal percorre todos os estados do Brasil apontando, mostrando e divulgando uma infinidade de projetos e ações que as pessoas promovem com o intuito de ajudar os mais necessitados. Faz a gente pensar sobre o que estamos fazendo (ou deixando de fazer) em benefício do próximo.

Trechos interessantes:

"Dizem que cada um de nós guarda dentro de si quatro pessoas diferentes:
Quem a gente acha que é;
Quem as pessoas acham que somos;
Quem a gente realmente é; e
Quem nós queremos nos tornar!
Fomos em busca dessa quarta opção!
Como já dizia Lao Tsé: Não sabendo que era impossível, foi lá e fez!" (pág. 8)

"Uma amiga nos contou que a palavra coragem vem da fusão de duas outras, de raiz latina, coeur (coração) e age (agir). E o significado, segundo ela, era exatamente este: não parar para pensar.
-Portanto - dizia ela, citando o filósofo hinduísta Osho -, ser corajoso significa viver com o coração. Só os fracos vivem com a cabeça. Receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica. Com medo, fecham todas as janelas e portas, com conceitos, palavras, teorias, e se escondem. O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança; é viver no amor e confiar; é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser." (pág. 18)

"Nunca fomos santos. Cometemos vários erros durante toda a nossa vida. Atitudes desenfreadas e julgamentos injustos. Contudo, não estamos aqui para falar de nosso passado, e sim do que vivemos depois que decidimos mudar nossa história.
O que são erros senão aprendizados?
Muitas pessoas acham que, para fazer o bem, é preciso ser totalmente puro; por essa teoria, a pessoa já nasceu 'boa'.
Que nada! Todos nós estamos na vida para aprender. A vida é uma grande escola. Todos cometemos erros, por carência, por egoísmo, por amor, por não saber o que é certo ou errado. No entanto, se quisermos ou tivermos oportunidade, todos podemos fazer algo bom." (pág. 26)

"TODOS nós precisamos nos policiar. Aceitar a condição humana e seus erros é o primeiro passo para seguir um caminho diferente. O que é verdade e o que é mentira? Só podemos ter certeza da verdade no que se refere a nós mesmos. No que se refere ao outro, sempre existirá outra versão." (pág. 33)

"Amar aquele que está fazendo tudo certinho em sua vida é muito fácil. Um dia, o grande mestre Jesus disse: 'Amai os vossos inimigos.' Eu achava uma insanidade. Como podemos amar alguém que nos fez mal? E um dia um amigo me disse:
-Não significa que você deve amar da mesma forma que você ama seus pais, sua família ou seu namorado. Significa que você deve fazer o que o amor faz. Quando você ama, você respeita, tolera, incentiva, perdoa e, acima de tudo, você diz que ama. Isso faz toda a diferença na vida de qualquer pessoa. Significa: independentemente de qualquer coisa, estamos juntos!" (pág. 36)

"[..] um bêbado nos parou e disse:
-Só o nome Caçadores de bons exemplos já é bom, nem preciso saber o que fazem." (pág. 44)

"O que vocês fazem é genial, pois levam e divulgam esperança. Vocês são como médicos na guerra. Não conseguirão acabar com o confronto, porém amenizarão as dores de quem está vivendo nele." (pág. 50)

"'Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas, se você não fizer nada, não existirão resultados.' Gandhi" (pág. 96)

"Ainda queremos ver a banalização das informações do bem! Sinceramente, acreditamos que, se começarmos a falar mais do bem, as pessoas não terão coragem de fazer o mal. Ou pelo menos pensarão duas vezes. Esperamos que um dia seja normal ser solidário, gentil e ter pensamentos de crescimento coletivo." (pág. 121)

"Uma vez, refletimos sobre o sentido do 'happy hour'. Como pode alguém ficar esperando um horário para ser feliz? Devemos tentar ser felizes em todos os lugares e em todos os horários! Se você passa a semana inteira esperando a sexta-feira chegar... Se na sexta-feira você passa o dia todo olhando o relógio até o expediente terminar... Se no domingo à noite você fica deprimido porque a semana está começando... E se você acredita que uma hora feliz não pode ser no seu trabalho nem na sua casa... Você precisa rever sua vida. Algo está errado." (pág. 125/126)

"Nossas chegadas e partidas foram quase diárias. Se ficássemos mais de dois dias nos lugares, já fazíamos amigos e sofríamos nas despedidas. O coração batia mais forte, não segurava as lágrimas. Um aperto no peito, tantas coisas para falar, tantos agradecimentos. Saudade antes mesmo de partir. Sentíamos amor por pessoas que um mês antes nem sequer conhecíamos. Como pode isso?"(pág. 183)

"Magna sempre escolhia aquelas que tinham algum problema de saúde e cuja adoção seria difícil. Enquanto alguns casais optavam por crianças bonitas e saudáveis, Magna e Carlos preferiam os excluídos. A filosofia desse casal é educar com amor; para eles, a religião é aquilo que se vive, e não aquilo que se demonstra." (pág. 245/246)

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Agente do caos

Título: Agente do caos
Autor: Kami Garcia
Páginas: 314

A premissa do livro é apresentar uma história que mostre Fox Mulder antes de se tornar Fox Mulder, ou seja, antes de ser um personagem emblemático do Arquivo X.

Preocupado com o sumiço de sua irmã Samantha, Fox se envolve num caso de crianças que são sequestradas e depois aparecem mortas. Quando a polícia não dá a mínima para o caso, Fox entra em ação para tentar descobrir o assassino. Para isso vai contar com a ajuda de Gimble (seu melhor amigo), de Phoebe (sua melhor amiga), um major louco (pai de Gimble) e um estranho (apropriadamente apelidado de X).

Trechos interessantes:

"-Não consegue se lembrar dos rostos das pessoas? - perguntou Gimble, confuso.
Phoebe suspirou.
-É claro que consegue, mas não melhor do que uma pessoa comum. Uma memória fotográfica não se aplica a todas as coisas. É um mito - explicou ela." (pág. 76)

"Tudo o que ele fazia, ou não fazia, era ao extremo. Sempre teve problemas para dormir, mas com frequência isso se transformava em insônia pesada. Depois que assistiu ao primeiro jogo dos Knicks, foi até a biblioteca e leu tudo o que conseguiu encontrar sobre o time. Na semana seguinte, conhecia as estatísticas de cinco temporadas. O pai chamava tais tendências de obsessivas.
Mulder preferia o termo concentrado." (pág. 91)

"-Jamais julgue um homem pelo tamanho da conta bancária dele ou pelo lugar em que pendura o uniforme." (pág. 140)

"Depois que Samantha sumiu, pesquisar crime e psicologia se tornou meio que um hobby esquisito. Naquela época, ele não pensara muito no quanto era estranho. Apenas acrescentou isso à lista crescente de interesses - New York Knicks e basquete, Jornada nas Estrelas e o programa espacial da NASA, Farrah Fawcett e a Mulher-Maravilha, e sequestradores e assassinos em série." (pág. 143)

"-Estou dizendo que não temos certeza. Talvez o motivo pelo qual os pedaços pareçam se encaixar seja porque nós queremos que se encaixem. E se estivermos errados?
-E se não estivermos? - disparou Mulder de volta.
-Então é provavelmente uma ideia ruim aparecer na casa de um assassino em série e tocar a campainha como se estivéssemos vendendo biscoitos - replicou Gimble, bruscamente." (pág. 199)

"-Ratos não são espertos, mas fazem qualquer coisa para sobreviver. Está vendo isso? - Ele apontou para a foto do espécimen de rei dos ratos. Vinte ratos, com as caudas entrelaçadas e presas no centro, com as cabeças apontadas para fora. -Se ratos se emaranhassem assim na vida real, sabe o que fariam? - O pai de X tomou outro gole. -Eles mastigariam as próprias caudas para se libertarem.
O homem bateu na foto.
-Pessoas fizeram isso. Amarraram as caudas dos ratos para que não pudessem se soltar. A natureza não cria monstros. Apenas os homens fazem isso." (pág. 225/226)

"Monstros não deveriam conseguir se misturar às pessoas normais. Se uma criança se encontrasse frente a frente com um, como saberia?" (pág. 242)