terça-feira, 14 de março de 2017

História na sala de aula

Título: História na sala de aula
Autor: Leandro Karnal (org)
Páginas: 216

Livro indicado, preferencialmente, para os professores da cadeira de História, já que trata com detalhes sobre esta disciplina em específico. O livro é uma coletânea do trabalho de quatorze profissionais que apresentam suas opiniões e ideias sobre o ensino de história, tanto no ensino fundamental como no ensino médio.

A obra é dividida em duas partes específicas. A primeira parte (Abordagens) apresenta ideias gerais e reflexões teóricas sobre a disciplina e, na segunda parte (Recortes) é discutida a metodologia de trabalho e as diferentes propostas para o ensino de história na prática.

Trechos interessantes:

"Ora, a presença do homem civilizado neste planeta tem poucos milhares de anos e tem causado terríveis males: destruímos sem dó a natureza, submetemos os mais fracos, matamos por atacado e a varejo, deixamos um terço da população mundial com fome, queimamos índios e por aí afora. Mas nossa presença não foi escrita apenas com sangue. Escrevemos poesia sublime, teatro envolvente e romances maravilhosos. Criamos deuses e categorias de pensamento complexos para compreender o que nos cerca." (pág. 20/21)

"Um país cuja população não sabe ler, que, quando sabe, lê pouco, e quando finalmente lê, pouco entende (segundo a constatação insuspeita de um órgão da própria ONU), não tem muitas chances num mundo competitivo e exigente de qualificação de sua força de trabalho." (pág. 21)

"Introduzir no ensino as preocupações mais agudas da sociedade atual não significa deslocar as matérias curriculares, embora a vigência e a adequação de muitos dos seus conteúdos sem dúvida deverão ser revisadas, em alguns casos porque são de valor formativo duvidoso e em outros porque contradizem claramente os princípios subjacentes aos temas transversais (não se pode valorizar a paz e exaltar a guerra ao mesmo tempo, nem fomentar a igualdade entre os sexos destacando apenas as ações realizadas por homens, por exemplo)." (pág. 65)

"Ensinar a edificar o próprio ponto de vista não significa ensinar as soluções,nem significa mostrar aonde se chegou num determinado momento histórico,nem sequer significa dar algumas explicações sobre como e por quê se chegou naquele ponto." (pág. 77)

"Nada mais estranho do que valer-se exclusivamente do escrito para se ter acesso ao modo de vida de uma época em que a maioria das pessoas era analfabeta. Por isso, houve quem defendesse tratar-se a Idade Média de uma 'civilização dos gestos', ou de uma 'civilização da palavra e da voz'. Um bom caminho para se compreender essas proposições é, segundo pensamos, explorar no ensino outras possibilidades de comunicação, como a imagem e a oralidade." (pág. 118)

"Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que enchem o panorama da história e são muitas vezes mais interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a história. [Sérgio Buarque de Hollanda]" (pág. 185)

"A regra para um bom trabalho é que ele não possa ser copiado integralmente de fonte alguma, pois apresenta um desafio, que, é claro, deve ser proporcional à faixa etária do aluno." (pág. 213)