sábado, 14 de maio de 2011

O homem que calculava

Título: O homem que calculava
Autor: Malba Tahan
Páginas: 218

Sempre fui fascinado por enigmas, problemas de lógica, quebra-cabeças e coisas do gênero. Por isso, o achado desse livro (à época em que o li) foi um momento de êxtase. Em mil novecentos e lá vai fumaça não era fácil encontrar um livro desejado (a internet ainda nem sonhava em aparecer) e quando o encontrei num sebo, agarrei-o avidamente antes que algum outro aventureiro o fizesse.
E o livro realmente é fantástico. O autor (que por sinal é brasileiro) monta uma historinha do tempo das mil e uma noites, inserindo problemas curiosos de matemática, tornando a leitura agradável e instigante. Beremiz, o homem que calculava, resolve inúmeros problemas matemáticos com uma lógica admirável, sendo o problema dos quatro quatros, na minha opinião, o mais fascinante.
Leia e saberá do que estou falando, afinal de contas, Maktub!

Trechos interessantes:

"-Mesmo que aqui prospere - respondeu-me o calculista - e enriqueça, pretendo voltar, mais tarde, à Pérsia, para rever o meu torrão natal. Ingrato é aquele que esquece a pátria e os amigos de infância quando tem a felicidade de encontrar, na vida, o oásis da prosperidade e da fortuna." (pág. 25)

"-'O senhor faz cálculos?' - perguntou o rei. E antes que o mago despertasse do encanto em que se achava, o monarca ajuntou: - 'Se não faz cálculo, suas previsões nada valem; se as obtém pelo cálculo, duvido muito delas'. Aprendi na Índia um provérbio que diz: 'É preciso desconfiar sete vezes do cálculo e cem vezes do matemático'." (pág. 30)

"A Geometria, repito, existe por toda parte. No disco do sol, na folha da tamareira, no arco-íris, na borboleta, no diamante, na estrela-do-mar e até num pequenino grão de areia. Há, enfim, infinita variedade de formas geométricas espalhadas pela Natureza. Um corvo a voar lentamente pelo céu descreve, com a mancha negra de seu corpo, figuras admiráveis; o sangue que circula nas veias do camelo não foge aos rigorosos princípios geométricos; a pedra que se atira no chacal importuno, desenha, no ar, uma curva perfeita! A abelha constrói seus alvéolos com a forma de prismas hexagonais e adota essa forma geométrica, segundo penso, para obter a sua casa com a maior economia possível de material." (pág. 39/40)

"Sócrates, filósofo grego,afirmava com o peso da sua autoridade:
'Só é útil o conhecimento que nos faz melhores'.
Sêneca, outro pensador famoso, indagava descrente:
'Que importa saber o que é a linha reta quando não se sabe o que seja retidão?'" (pág. 67)

"Louco é aquele que se considera sábio quando mede a extensão de sua ignorância. Que pode valer a ciência dos homens diante da ciência de Deus?" (pág. 93)

"Eis o que ensinava Omar Khayyám:
Que a tua sabedoria não seja humilhação para o teu próximo. Guarda domínio sobre ti mesmo e nunca te abandones à tua cólera. Se esperas a paz definitiva, sorri ao destino que te fere; não firas a ninguém." (pág. 111)

"-Erra, por certo, gravemente, aquele que hesita em perdoar; erra, entretanto, muito mais ainda aos olhos de Deus, aquele que condena sem hesitar." (pág. 117)

"Quem não desconfia de si mesmo, não merece a confiança dos outros!" (pág. 133)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Murmúrio do vento

Título: Murmúrio do vento
Autor: Frederick Forsyth
Páginas: 174

Este livro foge ao padrão tradicional das histórias de Forsyth, sem no entanto deixar de ser magnífico.
No início ele relata a história e os costumes dos índios, nos Estados Unidos, no século XIX. Conta a história de um batedor que pertencia à equipe do general Custer, e que, no desenrolar da história, vai simpatizando mais com os índios do que com o exército.
Como a história não é divida em capítulos, mas num ritmo constante, do início ao fim, de repente você se depara com uma situação que não é mais o século XIX, mas sim o século XX, com 100 anos de diferença. E isto é o que faz a história se tornar mágica: um romance que começa no século XIX e perdura por 100 anos. Fantástico.