domingo, 25 de dezembro de 2011

Farinha órfã

Título: Farinha órfã
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Páginas: 130

Para encerrar o ano nada como a releitura de um livro de José Mauro, um dos meus escritores favoritos, que usa uma linguagem simples e fala de coisas da minha terra.
Este livro é composto por seis contos onde a tônica principal é a solidão. São histórias de gente simples que, por um motivo ou outro, se encontram à margem da vida e nada mais lhes resta senão aceitar a solidão e o esquecimento.
Um livro pequeno mas que nos convida a muitas reflexões.

Trechos interessantes:

"Farinha órfã é o mesmo que solidão." (pág. 6)

"Adão Jesus puxou mais a velhice das suas costas e empurrou a vida pra frente." (pág. 12)

"Que adiantava reclamar? Não era Deus que tirava o seu presente. E sim a maldade dos homens." (pág. 26)

"Olhávamo-nos desconfiados. Eu com nojo de existir. Ele com medo de me ter criado. Duas condenações se defrontando." (pág. 55)

"Deus me fez e Deus me disse: não use camisa xadrez para que o peito não prenda liberdade nem amor." (pág. 85)

domingo, 18 de dezembro de 2011

O misterioso caso de Styles

Título: O misterioso caso de Styles
Autor: Agatha Christie
Páginas: 200

Releitura de mais um fantástico livro de Agatha Christie.
Mesmo que não goste do estilo, acho que todos deveriam ler pelo menos um livro da rainha do crime. É o mínimo que se pode fazer a esta simpática senhora que dedicou a vida a engendrar as tramas mais complicadas da literatura policial. Cada livro tem sua peculiaridade e este não foge à regra.
Há tempos que já deixei de tentar descobrir quem é o criminoso, agora apenas saboreio a história.
A história? É comum à maioria dos seus livros: uma rica senhora é assassinada e todos os envolvidos têm motivos e oportunidade para cometer o crime. Resta descobrir quem foi. Parece fácil, mas em se tratando de Agatha Christie, nada é fácil.

Trechos interessantes:

"...pode-se morar numa grande casa e não se ter conforto algum." (pág. 45)

"Um homem metódico era, na conceituação de Poirot, o louvor mais elevado que se podia conceder a um indivíduo." (pág. 58)

"É mulher dotada de cabeça e também de coração, Hastings. Embora o bom Deus não lhe tenha dado beleza alguma!" (pág. 72)

"A explicação mais simples é sempre a mais provável." (pág. 82)

"Se o fato não se ajustar à teoria, deixa-se a teoria de lado." (pág. 84)

"Sempre é sabedoria suspeitar de todos, até que se possa provar logicamente, e para sua própria satisfação, que eles estão inocentes." (pág. 117)

"Dois são bastantes para um segredo." (pág. 127)

"Todo assassino é provavelmente velho amigo de alguém." (pág. 159)

sábado, 17 de dezembro de 2011

O Rei de Ferro

Título: O rei de ferro
Autor: Maurice Druon
Páginas: 284

O livro nos fala sobre a corte do rei francês Felipe IV (conhecido como Felipe, o Belo), retratando o início da Guerra dos Cem Anos. O rei Felipe, em sua perseguição à Ordem dos Templários, condena à morte na fogueira um grupo de cavaleiros da Ordem e, durante a execução, o chefe templário lança uma maldição sobre o rei e toda a corte francesa.
A família real se vê envolvida em promiscuidade, adultério, corrupção, vingança e toda sorte de acontecimentos que desestruturam a corte francesa, acentuando a maldição dos Templários.
Pessoalmente, pensei que o livro fosse monótono e desinteressante mas, para minha surpresa, estava enganado. O livro é agradável de se ler e há também o lado histórico que facilita o entendimento e prende a atenção. Sem dúvida, uma boa opção de leitura.

Trechos interessantes:

"Vossas cunhadas poderão usar a coroa, mas nunca serão rainhas. E é por isso que sempre vos tratarão como inimiga." (pág. 20)

"-Obrigado, Senhor meu Deus, por me terdes deixado o ódio. É a única coisa que ainda me sustenta..." (pág. 31)

"As dificuldades, que dão sabor a um amor nascente, tornam-se intoleráveis a um amor de três anos, e muitas vezes a paixão morre exatamente em consequência do que a fez nascer." (Pág. 65)

"Os companheiros de viagem separaram-se calorosamente, felicitando-se um ao outro pelo prazer de sua amizade nascente e prometendo rever-se bem depressa, em Paris. São coisas que se dizem, em viagem, mas que não se fazem..." (Pág. 128)

"Por causa daquele vestido que seguia na frente, entre os prados verdejantes, a primavera acabara de romper para Guccio, que três dias antes em nada reparara." (Pág. 151)

"Eu não vos casei com um homem - disse ele - mas com um rei." (Pág. 164)

"'Sabe-se sempre quem se golpeia', pensava ele, 'mas não se sabe nunca, do alto do trono, se o bem que se quis fazer foi feito, e a quem.'" (Pág. 263)

"Todos os homens acreditam um pouco que o mundo nasceu com eles e sofrem, no momento de partir, por deixar o universo inacabado." (Pág. 272)

sábado, 10 de dezembro de 2011

Quando vier o amanhã

Título: Quando vier o amanhã
Autor: Peter O'Connor
Páginas: 120

Livro pequeno, história simples, leitura fácil. Avô, à beira da morte, sonha em ver o eclipse total do sol e convence sua neta a levá-lo.
A historinha, perfeitamente previsível, é somente uma maneira do autor incutir na mente do leitor, palavras de fé, esperança, determinação e força de vontade.
Resumindo: não desista dos seus sonhos. Como disse, uma história singela.

Trechos interessantes:

"No final, todos nós morremos - disse ele gentilmente - o que faz a diferença é o quanto foi válida a vida e não o quanto foi longa." (pág. 15)

"Todos nós temos apenas uma vida e gastá-la em qualquer coisa que não seja a nossa verdadeira paixão é uma grande tragédia." (pág. 23)

"Eu tive uma boa vida. Eu não me arrependo de nada que fiz e tampouco você deveria se arrepender." (pág. 95)

"Nem tudo acontece como nós gostaríamos que fosse, então temos que tirar proveito, ao máximo, da situação." (pág. 97)

"Eu nunca me esqueço de que para as coisas mudarem, nós devemos mudar." (pág. 98)

"Se você se encontrar deixando para o dia seguinte as coisas que você quer fazer, lembre-se, o amanhã nunca vem." (pág. 119)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Histórias para ler no cemitério

Título: Histórias para ler no cemitério
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 142

Mais uma coletânea do mestre do suspense, apresentando 13 histórias, como a maioria das coletâneas do autor. Um dos contos, no entanto, foge às características dos demais e ocupa o espaço de 4 contos normais. A história está dentro dos padrões do gênero, mas a disparidade de tamanho com relação aos outros contos não é do meu agrado.
Algumas histórias são boas, mas apenas quatro delas me impressionaram: "A senhoria", "Escalada social", "O Homem no poço" e "As lagostas".
Para os amantes do gênero, um prato feito.

Trechos interessantes:

"Não há nada mais irritante do que uma coisa que fica pairando à margem da memória, recusando-se a surgir em foco." (pág. 32)

"Como um corolário lógico da afeição de O'Leary pela auto-estrada havia sua aversão por aqueles que abusavam dos privilégios. E os piores eram os que tinham a mania de ultrapassar a velocidade  máxima permitida." (pág. 54)

"Bogan sabia que aqueles sorrisos nada significavam e sentiu o coração bater mais depressa de raiva. Eram apenas como um osso jogado a um cão faminto, nada mais além disso." (pág. 67/68)

"Não se assustara com o que vira, mas tudo tinha que ser feito com dignidade, até mesmo candidatar-se a um emprego." (pág. 93)

"Quero enfrentar algo de que tenho corrido durante todos esses anos, compreender que, agora, todos aqueles acontecimentos já não tem mais qualquer significado." (pág. 95)

"Todos nós estamos envolvidos nos destinos uns dos outros. Um homem simplesmente não pode ficar de braços cruzados, vendo outro destruir-se." (pág. 103)

domingo, 6 de novembro de 2011

Como me tornei estúpido

Título: Como me tornei estúpido
Autor: Martin Page
Páginas: 158

Antoine é um rapaz inteligente e com poucos amigos e acredita que o grande problema de sua vida é ser inteligente. Segundo ele as pessoas estúpidas têm mais privilégios e resolve então se tornar estúpido para aproveitar as chances da vida.
Depois de várias tentativas, consegue o seu objetivo mas perde os poucos amigos que tinha e vê que todo o seu esforço não valeu a pena.
Mesmo sendo interessante a ideia, não consegui capturar a essência do livro: para um trabalho de humor faltaram partes engraçadas; para um trabalho sério há excesso de situações inusitadas. No fim das contas, acho que o estúpido sou eu mesmo.

Trechos interessantes:

"Ele seria alcoólatra, ou seja, alguém que tem uma doença socialmente reconhecida. Os alcoólatras são compreendidos, são cuidados, têm uma consideração médica, humana. Ao passo que ninguém pensa em compadecer-se das pessoas inteligentes." (pág. 15)

"Ele queria tornar-se alcoólatra inteligentemente, de maneira construtiva e culta, conhecer os segredos do veneno que o salvaria." (pág. 17)

"O alcoolismo é uma atividade que requer certa dedicação,é preciso consagrara ele muitas horas por dia. Requer uma disciplina, digamos, olímpica. Eu não acredito que você tenha capacidade para isso, rapaz." (pág. 21)

"...é o álcool que decide se você é apto para tornar-se um bêbado." (pág. 22)

"Rodolphe podia esperar obter o grau de mestre dentro de dois anos, passar a professor universitário dentro de sete anos e morrer completamente esquecido uns sessenta anos depois, deixando uma obra que influenciará gerações e gerações de traças." (pág. 33)

"Antes, eu queria suicidar-me por desespero, agora a principal causa do meu desespero é que eu não consigo suicidar-me." (pág. 36)

"Além disso, o suicídio é a minha vocação; desde quando eu era criança, é a minha paixão. Com que cara vou ficar se morrer aos noventa anos de causa natural?" (pág. 37)

"Um câncer achou que o meu corpo seria uma bela ilha paradisíaca e ali ele passa as suas férias, com os pés no oceano do meu sangue, bronzeando-se sob o sol do meu coração..." (pág. 47)

"Penso que ser inteligente é pior que ser asno, porque o asno não se dá conta disso, ao passo que qualquer inteligente, ainda que humilde e modesto, o sabe forçosamente." (pág. 56)

"...você quer dizer que foi estúpido por tentar ser tão inteligente, que você se enganou e que tornar-se um pouco estúpido é que será inteligente..." (pág. 69)

"A vida é um animal que se alimenta de cheques e cartões de crédito." (pág. 103)


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Era uma vez um corredor

Título: Era uma vez um corredor
Autor: John L. Parker Jr.
Páginas: 246

Os livros com título específico têm um público definido: no caso deste, os amantes do atletismo. Não há como negar, mesmo se tratando de uma boa história, consistente, com pitadas de humor, com uma narrativa linear e tudo mais, quem não tem uma noção, por mínima que seja, do atletismo, ficará perdido entre tantos nomes e personagens ligados a este esporte.
Um jovem corredor tem como sonho fazer o percurso de uma milha num tempo abaixo de 4 minutos, algo impensável para o ser humano comum. Mas isto não é uma coisa fácil. A carga de treinamento é absurda, levando o atleta a questionar a finalidade de tudo isso. Quem tem paixão pelo atletismo, mesmo sendo um "atleta" de fim de semana, como é o meu caso, consegue entender cada sacrifício suportado pelo personagem (quilômetros de sacrifício), cada segundo conquistado, cada suor derramado. Para a maioria das pessoas tudo isso é sem sentido.
Resumindo: se você se interessa por atletismo, sem dúvida é uma ótima escolha, caso contrário, achará o livro muito entediante.

Trechos interessantes:

"Em alguns círculos, quatro anos é muito tempo; mas, contados em tempo real [...] não o é, de modo algum." (pág. 10)

"É possível lembrar, disse a si mesmo, mas não se pode reviver a experiência. Temos de nos contentar com as sombras." (pág. 11)

"Anos depois, esse curioso objetivo seria alcançado do modo como metas difíceis ou impossíveis costumam ser atingidas por homens de muito poder e poucos escrúpulos, ou seja, por baixo do pano." (pág. 14)

"Ele ficou sentado em silêncio durante cinco minutos olhando para aquela pequena e triste mensagem amarela, depois calçou seus tênis e saiu para correr, chorando como uma criança." (pág. 30)

"Correr vinte e quatro escaldantes quilômetros numa praia longa e plana só parece um esporte agradável para quem nunca o experimentou na prática. Além disso, o oceano é infinito demais; o caminho dá a impressão de que nunca vai acabar." (pág. 46)

"Deve existir alguém capaz de se sentir realizado por ser o melhor gerente de hortifrutigranjeiros que um supermercado já teve. O que é ótimo. Isso dá às pessoas a sensação de que valem alguma coisa num mundo lotado, no qual todos se sentem apenas parte do cenário. Mas a maioria das pessoas é poupada de qualquer vislumbre angustiante da própria mediocridade." (pág. 61)

"Queriam já estar na corrida. Queriam ter terminado. A disputa em si era suportável,pois era para isso que tinham treinado. A espera, no entanto, era uma experiência infernal." (pág. 96)

"A guerra é prejudicial a crianças e outras criaturas vivas." (pág. 158)

domingo, 2 de outubro de 2011

Contos de aprendiz

Título: Contos de aprendiz
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Páginas: 190

Drummond é sempre fantástico! Mesmo não se tratando do seu terreno habitual que é a poesia, ele consegue cativar o leitor, jogando com as palavras e ideias, fazendo com que a leitura de seus contos seja realmente um deleite.
Todos os contos me agradaram mas, para não fugir à regra, destaco aqueles com os quais me identifiquei mais: "O sorvete", "Flor, telefone, moça" e "Conversa de velho com criança". A maior dificuldade foi destacar apenas alguns trechos interessantes, dada a qualidade do material apresentado.

Trechos interessantes:
"Criança tem pressa de viver, e não lhe prometam uma compensação no futuro, a necessidade é urgente, o bálsamo que venha já, amanhã será tarde demais." (pág. 19)

"Eu sabia que 'lá' era a confeitaria, pois o sorvete de abacaxi entrara comigo no cinema, sentara-se na minha cadeira e, embora o soubesse frio, queimava-me." (pág. 33)

"[...] o primeiro mandamento da educação feminina é: trabalharás dia e noite. Se não trabalhar sempre, se não ocupar todos os minutos, quem sabe de que será capaz a mulher? Quem pode vigiar sonhos de moça? Eles são confusos e perigosos. Portanto, é impedir que se formem." (pág. 45)

"Das mil maneiras de amar,ó pais, a secreta é a mais ardilosa, e eis a que ocorre na espécie." (pág. 46)

"Ali vai surgir uma tenda sumária, com algumas ripas e folhas-de-flandres, onde os operários encontrarão a única coisa de que realmente precisam, porque dá o esquecimento de todas. (pág. 65)

"É com vergonha que uso esta palavra comprar, ao referir-me a um amigo, mas em nossa absurda sociedade capitalista os valores mais puros são objeto de mercancia; o afeto de um animal é adquirido como antes a força de trabalho de um negro [...]" (pág. 69)

"O senador olhou-o sem reprovação. Seu rosto exprimia antes esforço por penetrar naquelas palavras tão alheias a seu vocabulário." (pág. 85)

"E um rapaz atlético empurrou o seu barco e lá se foi a arar as terras verdes do mar." (pág. 131)

"O bonde segue paralelo e rente ao passeio, e os postes, no momento preciso em que passa o bonde, deslocam-se imperceptivelmente para mais perto dele. O deslocamento de alguns milímetros é, às vezes, mortal. Todos os que viajam de pé sabem disso. Os que morrem têm tempo de verificar o fenômeno, porém não de evitá-lo." (pág. 133)

sábado, 1 de outubro de 2011

O tiro perfeito

Título: O tiro perfeito
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 244

Esta coletânea não está entre as que considero melhores já que nenhum dos contos me agradou de fato. Se tiver que escolher algum deles, escolho "Serviço completo" ou talvez "O sonho de um homicídio", mas, repito, nada de extraordinário.
Não sei se a gente vai ficando mais exigente ou se, devido às contantes leituras, vai começando a antever o final da história, o fato é que a gente sempre espera mais.
Mas, no fundo, um livro de contos sempre é assim. Não se espera que todos os contos sejam espetaculares, mas que sejam ao menos interessantes.

 Trechos interessantes:
"Mau tempo para um enterro, como se houvesse algum tempo bom para isso." (pág. 150)

"Suas longas unhas pintadas de vermelho poderiam arranhar sua face, trespassar seus olhos e assim terminar com uma de suas últimas vias de comunicação com o mundo." (pag. 186)

"Ela trouxe a morte e a morte aniquila tudo e todos." (pág. 198)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Eu sei o que você está pensando

Título: Eu sei o que você está pensando
Autor: John Verdon
Páginas: 340

Há tempos não lia um bom romance policial, mas a leitura deste livro veio quebrar o jejum. Para mim que adoro esta literatura do tipo investigativa, com enigmas, deduções, suspense e tudo o mais, o livro em questão não deixa nada a desejar.
A história é centrada em um detetive aposentado (David Gurney) que se vê às voltas com um criminoso, no mínimo, diferente dos padrões habituais. O criminoso se vangloria de conhecer a fundo suas vítimas, fazendo-as pensar em um número de 1 a mil e descobrindo o número pensado. Este é o início de uma série de crimes que desafiam a polícia. Daí até a revelação final você ainda verá muitas surpresas.
Ótima leitura para os amantes do gênero.

Trechos interessantes:
"Com habilidade, ela fazia as palavras soarem entre uma pergunta e um desafio." (pág. 14)

"[...] Um quebra-cabeça a ser decifrado o atraía mais do que ele gostaria de admitir." (pág. 18)

"-Não sei se você é o pior mentiroso que já conheci, Mark, mas com certeza está concorrendo ao título." (pág. 71)

"[...] Para encontrar a verdade sobre mim mesmo devo parar de insistir que já a conheço. Nunca vou tirar a pedra do caminho se não conseguir enxergar o que ela é." (pág. 82)

"Deprimia-o ficar pensando nisso, ficar andando naquele beco sem saída, como se na décima vez fosse encontrar algo que não estava ali na nona." (pág. 95)

"-Às vezes as escolhas têm consequências que não prevemos." (pág. 156)

"-Deixe-me dizer uma coisa. Eu vim aqui hoje porque parecia uma coisa razoável a fazer. Você quer verificar todas as possibilidades. Eu também." (pág. 195)

"-Olha, detetive, há um nível de confusão aqui com o qual não estou satisfeito." (pág. 213)

"[...] seu pai, um homem cuja monotonia essencial era interrompida apenas por fagulhas de sarcasmo, cuja atenção estava sempre em outro lugar, cujas paixões eram desconhecidas e cuja partida para o trabalho de manhã parecia agradá-lo mais do que o retorno para casa no fim da tarde. Um homem que, na busca pela paz, estava sempre indo embora." (pág. 245)

domingo, 28 de agosto de 2011

Eneida

Título: Eneida
Autor: Virgílio
Páginas: 282

Terminei a leitura de mais um clássico! Apesar de ser um livro pequeno, a leitura não flui com facilidade. Há uma abundância de nomes, heróis e deuses, fazendo com que a história se torne maçante e confusa.
A história conta a trajetória de Enéias, desde a destruição de Tróia até a chegada ao Rio Tibre, local designado pelos deuses para o estabelecimento de sua nação. A primeira metade do livro narra os acontecimentos na viagem e a outra metade descreve as batalhas travadas após atingir o local destinado.
Trata-se de um poema épico, cuja finalidade é descrever a grandeza da raça romana. Neste livro há uma das frases que mais admiro, pela sua simplicidade e grande significado: "Talvez um dia será agradável recordar estas coisas (Forsan et haec olim meminisse iuvabit)".

Trechos interessantes:
"Talvez um dia será agradável recordar estas coisas" (pág. 23)

"A única salvação para os vencidos é não esperar nenhuma salvação" (pág. 47)

"A que não obrigas tu os corações dos mortais, ó maldita fome de ouro!" (pág. 62)

"A Fortuna favorece os que ousam" (pág. 213)

"Todos reconhecem saber o que requer a sorte do povo, mas receiam dizê-lo" (pág. 239)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Histórias que mamãe nunca me contou

Título: Histórias que mamãe nunca me contou
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 146

Esta coletânea apresenta tão somente 9 historinhas (normalmente são 13), porém de diversos gêneros. Há histórias de detetives, terror psicológico, violência e até 2 histórias de ficção científica. Das histórias de ficcção, apreciei "O grande engarrafamento aéreo de três meses em 1999", já a outra (O oráculo) não me agradou.
Das demais gostei ainda de "A corça e a mulher", "Um baralho novo" e "Quintal do inferno". A julgar pela quantidade de histórias, até que o resultado foi satisfatório: quase 50% de histórias apreciadas.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

As memórias do livro

Título: As memórias do livro
Autor: Geraldine Brooks
Páginas: 384

O personagem principal deste livro não é homem, mulher, criança ou animal: é um livro. Um antigo manuscrito de Sarajevo é encontrado e, ao ser restaurado, aparecem pequenos detalhes como uma mancha de vinho, um pelo de animal, uma asa de inseto. A autora usa esses detalhes para criar uma história que conta toda a trajetória do livro até chegar ao seu lugar atual.
A história não apresenta uma sequência linear, inicia com o livro sendo restaurado e, a cada detalhe surgido, um capítulo é inserido para explicar o fato. São mais de 500 anos de história englobando o nazismo, conflitos muçulmanos, a Inquisição e vários outros, conferindo ao livro graça e originalidade.

Trechos interessantes:

"Quando você faz um bom trabalho, não deve haver nenhum sinal de que trabalho algum foi feito." (pág. 42)

"Ninguém faz um filé-mignon para servir em prato descartável." (pág. 22)

"Seus pensamentos eram como um exército em retirada, cedendo cada vez mais território ao inimigo: a doença." (pág. 136)

"Se tem 4 patas, focinho longo e come feno, procure um cavalo antes de procurar uma zebra." (pág. 204)

"Querida mamãe, nunca perde uma chance de me fazer sentir a lâmpada mais apagada no candelabro." (pág. 354)

"E lá estava a diferença entre certo e errado. A diferença entre você conhecer o seu ofício e não conhecer." (pág. 361)

sábado, 14 de maio de 2011

O homem que calculava

Título: O homem que calculava
Autor: Malba Tahan
Páginas: 218

Sempre fui fascinado por enigmas, problemas de lógica, quebra-cabeças e coisas do gênero. Por isso, o achado desse livro (à época em que o li) foi um momento de êxtase. Em mil novecentos e lá vai fumaça não era fácil encontrar um livro desejado (a internet ainda nem sonhava em aparecer) e quando o encontrei num sebo, agarrei-o avidamente antes que algum outro aventureiro o fizesse.
E o livro realmente é fantástico. O autor (que por sinal é brasileiro) monta uma historinha do tempo das mil e uma noites, inserindo problemas curiosos de matemática, tornando a leitura agradável e instigante. Beremiz, o homem que calculava, resolve inúmeros problemas matemáticos com uma lógica admirável, sendo o problema dos quatro quatros, na minha opinião, o mais fascinante.
Leia e saberá do que estou falando, afinal de contas, Maktub!

Trechos interessantes:

"-Mesmo que aqui prospere - respondeu-me o calculista - e enriqueça, pretendo voltar, mais tarde, à Pérsia, para rever o meu torrão natal. Ingrato é aquele que esquece a pátria e os amigos de infância quando tem a felicidade de encontrar, na vida, o oásis da prosperidade e da fortuna." (pág. 25)

"-'O senhor faz cálculos?' - perguntou o rei. E antes que o mago despertasse do encanto em que se achava, o monarca ajuntou: - 'Se não faz cálculo, suas previsões nada valem; se as obtém pelo cálculo, duvido muito delas'. Aprendi na Índia um provérbio que diz: 'É preciso desconfiar sete vezes do cálculo e cem vezes do matemático'." (pág. 30)

"A Geometria, repito, existe por toda parte. No disco do sol, na folha da tamareira, no arco-íris, na borboleta, no diamante, na estrela-do-mar e até num pequenino grão de areia. Há, enfim, infinita variedade de formas geométricas espalhadas pela Natureza. Um corvo a voar lentamente pelo céu descreve, com a mancha negra de seu corpo, figuras admiráveis; o sangue que circula nas veias do camelo não foge aos rigorosos princípios geométricos; a pedra que se atira no chacal importuno, desenha, no ar, uma curva perfeita! A abelha constrói seus alvéolos com a forma de prismas hexagonais e adota essa forma geométrica, segundo penso, para obter a sua casa com a maior economia possível de material." (pág. 39/40)

"Sócrates, filósofo grego,afirmava com o peso da sua autoridade:
'Só é útil o conhecimento que nos faz melhores'.
Sêneca, outro pensador famoso, indagava descrente:
'Que importa saber o que é a linha reta quando não se sabe o que seja retidão?'" (pág. 67)

"Louco é aquele que se considera sábio quando mede a extensão de sua ignorância. Que pode valer a ciência dos homens diante da ciência de Deus?" (pág. 93)

"Eis o que ensinava Omar Khayyám:
Que a tua sabedoria não seja humilhação para o teu próximo. Guarda domínio sobre ti mesmo e nunca te abandones à tua cólera. Se esperas a paz definitiva, sorri ao destino que te fere; não firas a ninguém." (pág. 111)

"-Erra, por certo, gravemente, aquele que hesita em perdoar; erra, entretanto, muito mais ainda aos olhos de Deus, aquele que condena sem hesitar." (pág. 117)

"Quem não desconfia de si mesmo, não merece a confiança dos outros!" (pág. 133)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Murmúrio do vento

Título: Murmúrio do vento
Autor: Frederick Forsyth
Páginas: 174

Este livro foge ao padrão tradicional das histórias de Forsyth, sem no entanto deixar de ser magnífico.
No início ele relata a história e os costumes dos índios, nos Estados Unidos, no século XIX. Conta a história de um batedor que pertencia à equipe do general Custer, e que, no desenrolar da história, vai simpatizando mais com os índios do que com o exército.
Como a história não é divida em capítulos, mas num ritmo constante, do início ao fim, de repente você se depara com uma situação que não é mais o século XIX, mas sim o século XX, com 100 anos de diferença. E isto é o que faz a história se tornar mágica: um romance que começa no século XIX e perdura por 100 anos. Fantástico.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cara e coragem

Título: Cara e coragem
Autor: D. Kincaid
Páginas: 360

Vasculhando minha estante na semana passada, deparei-me com este livro e não me lembrava se o havia lido ou não. Comecei a ler (ou reler) e concluída a leitura posso garantir: não me lembro se já o havia lido antes. Mas isto não tem a menor importância. O que importa é que gostei da leitura.
Trata da história de um advogado de Los Angeles e seus casos complicados. O livro mostra que num julgamento não é a verdade que vence, mas sim o advogado que consegue convencer os jurados de que o que ele diz é verdade. Em situações aparentemente sem saída, o advogado dolivro, Harry Cain, consegue manobrar e virar o jogo a seu favor. Em suma, uma boa leitura.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Histórias para ler no escuro

Título: Histórias Para Ler no Escuro
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 242

Mais uma compilação de histórias usando o nome do mestre Hitchcock. Desta vez são 14 histórias de diversos autores, incluido nomes de peso, como Jack Ritchie, Bill Pronzini, Edward D. Hoch, entre outros. Para um livro que foi publicado em 1975, até que as histórias são bem interessantes.
Como sempre, algumas não me agradam e poucas me impressionam de fato. Entre as que eu considero espetaculares, destaco "Zombique", "O cachimbo dos sonhos", "A garrafa de champanhe" e "A última palavra". São histórias simples mas com algum toque especial (pelo menos para mim). Esta última, por exemplo, é uma historinha bem comum, sem nada de especial, a não ser a "última palavra". Isso realmente acontece, em qualquer língua e em qualquer situação.

domingo, 27 de março de 2011

O laço duplo

Título: O laço duplo
Autor: Chris Bohjalian
Páginas: 348

Eis um livro que começa bem, pouco depois retorna ao habitual de uma história comum e quando você pensa que já entendeu toda a história é que você vê que as coisas não são bem o que aparentam. Devo admitir que o final do livro realmente me surpreendeu.
A história gira em torno de Laurel Estabrook, uma mulher solteira, ainda jovem, que trabalha num abrigo para pessoas sem-teto. Um dos pacientes morre e deixa um monte de fotografias que Laurel passa a organizar. Há muitas fotos de pessoas famosas, principalmente Jay Gatsby (frequentes alusões ao livro "O grande Gatsby" de F. S. Fitzgerald) e também fotos de uma jovem de bicicleta numa colina. Este é o ponto de partida, pois Laurel se viu nestas fotos, numa época em que ela gostaria de nunca mais lembrar.

terça-feira, 8 de março de 2011

O príncipe e o mendigo

Título: O príncipe e o mendigo
Autor: Mark Twain
Páginas: 260

Mark Twain escreveu este livro principalmente para agradar suas filhas, por isso o aspecto infantil e ingênuo da história, mas não deixa de ser uma crítica aos costumes reais da Inglaterra, quando comparados aos desejos do povo e sua condição de vida simples e humilde.
Na história, dois garotos de mesma idade e aparência (um deles, herdeiro do trono; o outro, mendigo das ruas) por uma contingência acabam se encontrando e, por diversão, trocam de roupa e, quando dão por si, o garoto humilde passa a ocupar o lugar do príncipe e o outro é jogado às ruas.
O livro narra a aventura do futuro rei em meio à ralé, fugindo de malfeitores, passando fome, sendo preso enquanto tenta convencer os outros de sua real condição; ao mesmo tempo mostra as dificuldades enfrentadas pelo farsante com os assuntos da corte.
Como era de se esperar, tudo acaba bem, é claro, mas não deixa de ser agradável a leitura, pelo menos para esclarecer muitos aspectos da nobreza que a mim eram desconhecidos. Como entender que um príncipe possa ter 384 pessoas à sua disposição para seus cuidados pessoais?

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O veterano

Título: O veterano
Autor: Frederick Forsyth
Páginas: 278

Forsyth, sem dúvida, é um mestre na arte da espionagem e suspense. Seus livros são bem detalhados, cheios de intriga e mistério, enredando completamente o leitor, proporcionando sempre uma leitura agradável e emocionante.
Este livro possui quatro histórias: o espancamento de um desconhecido (que depois seria reconhecido como um veterano de guerra); as tramoias envolvendo leilões de obras de arte; uma história contada a um casal de americanos em viagem à Itália e uma caçada a traficante de drogas durante um voo internacional.
O fato curioso é que a história do casal de americanos (com o título de "O milagre") eu já conhecia. A mesma história consta na edição nº 5 da revista "Ellery Queen" de 1977 com o título de "A história de Raoul". Claro que as personagens são outras e a história em si também, mas a ideia central é a mesma.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Romanceiro da Inconfidência

Título: Romanceiro da Inconfidência
Autor: Cecília Meireles
Páginas: 278

Livro de poemas que aborda toda a história da Inconfidência Mineira, com poemas de várias formas e estilos, alguns sem rima e a maioria rimados. Todos os aspectos e personagens são aqui retratados: reis, rainhas, soldados, poetas, mineradores, Vila Rica, a fauna, a flora e, é claro, Tiradentes.
É um livro maravilhoso, bem construído e que não deve ser lido às carreiras, mas com vagar saboreando cada verso, sentindo a "presença" das figuras ilustres da época. Cada poema se adapta perfeitamente à ideia transmitida, fazendo com que a leitura flua de maneira natural. Fantástico.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O homem mais rico da Babilônia

Título: O homem mais rico da Babilônia
Autor: George S. Clason
Páginas: 158

Normalmente não sou fã de livros de auto-ajuda. Todos eles falam as coisas que já sabemos e que teimamos em não praticar. E não entendo como muita gente pode achar que eles são a tábua de salvação de todos os seus problemas, se assim fosse não haveria mais doenças, tristeza, pobreza, ódio, violência, etc, etc.
Mas o caso é que eu precisava de um livro pequeno para ser lido durante uma viagem e o primeiro que me veio às mãos foi esse. Pelo menos há umas historinhas para dar mais ânimo à narrativa. Os conselhos do livro para evitar a penúria são óbvios: poupar e não gastar mais do que ganha. Enfim, para os fãs do gênero é um bom livro.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Um erro judiciário

Título: Um erro judiciário
Autor: A. J. Cronin
Páginas: 278


Um homem é condenado à prisão perpétua, injustamente, por um crime que não cometeu. Após 15 anos, seu filho (que nada sabia da história) luta para provar a inocência do pai.
A história em si não é original e o resultado final já é previsível, mas mesmo assim, trata-se de uma boa leitura, pois o autor consegue prender a sua atenção ao mostrar as dificuldades quase intransponíveis que surgem no decorrer do processo e a luta obstinada do jovem para limpar o nome do pai. E ele não só inocenta o pai, como ainda encontra o verdadeiro assassino.
Típico romance policial com perseguição, julgamento, mistérios e tudo o mais que permeia as aventuras desta natureza.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O corretor

Título: O corretor
Autor: John Grisham
Páginas: 356

"O Corretor" é um romance de ritmo intenso e de fácil leitura, um misto de espionagem, advocacia e política. A história é simples, mas bem arquitetada, tornando fácil o seu acompanhamento. Um advogado tenta vender segredos de espionagem e quando as  coisas esquentam, se declara culpado e vai para a cadeia para se proteger. Após 6 anos a CIA torna-o livre com a intenção de que alguém o assassine e assim descubra quem tinha interesse no segredo que ele tentava vender.
A maior parte do livro se passa na Itália, para onde a CIA o manda, fazendo um jogo de gato e rato com seus perseguidores. A personagem principal do livro, o corretor, não é propriamente o que se chama de herói (está mais para um bandido, que se usa do cargo importante para enganar a tudo e a todos) mas não tem como efetuar a leitura sem torcer para o seu sucesso.
Enfim, não há nada de novo, mas simples e agradável de se ler.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Átila

Título: Átila
Autor: William Napier
Páginas: 446

Trata-se da versão romanceada da história de Átila, o rei dos hunos. Este é o primeiro volume de uma trilogia (subtítulo: o fim do mundo virá do leste) e descreve a infância de Átila, desde o seu cativeiro em Roma, a fuga e os percalços do caminho até chegar à terra de seu povo, a Cítia (atual Rússia). É um livro histórico, mas de leitura fácil, e eu acho interessante pois, apesar do meu parco conhecimento de História, ajuda a compreender a cultura, a política, as crenças e o comportamento de um modo geral do povo antigo.