terça-feira, 31 de julho de 2012

13 histórias de vida ou morte

Título: 13 histórias de vida ou morte
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 222

Fechando o mês com a leitura de mais uma coletânea de Hitchcock. São 13 histórias seguindo o padrão habitual: mortes, mistérios, suspense e mais tantos itens similares.

Depois da leitura de várias dessas coletâneas, fica difícil achar alguma história com algum toque de originalidade. Mas, como aprecio o gênero, isso não me desestimula. Deste livro destaco as seguintes: "Pelo dinheiro recebido", "Quem irá sentir a falta de Arthur?" e "Amor com amor se paga".

Trechos interessantes:

"Era um caso típico, pensei, amargurado. Era o tipo de precipitação que leva a polícia a encarar os assaltantes armados como os mais perigosos de todos os criminosos. Todos eles são assassinos em potencial." (pág. 14)

"Há sempre algumas pessoas mórbidas, em cada multidão, que ficam à espreita até o último momento, na esperança de ver um cadáver." (pág. 20)

"Ficaria surpresa se descobrisse como os homens de coração mole podem se transformar em tigres, quando seus entes queridos são ameaçados." (pág. 29)

"-Acontece que o solteiro é um homem encantador. Ele pode se dar a esse luxo. Não tem qualquer compromisso. Está a salvo das pequenas e constantes brigas, que são parte integrante até dos casamentos mais firmes. Sempre se apresenta no melhor de sua forma. Quando está cansado ou entediado, ele simplesmente se retira. Tem condições de comprar flores para a anfitriã, porque não precisa pagar pela carne e batatas. Pode desculpar os pequenos defeitos dela, porque não precisa aturá-los durante todos os dias da semana..." (pág. 40)

"Brady pegou o chapéu e meteu-o na cabeça, um veterano calejado de muitos anos. Se a observação é ambígua, escolham a que melhor lhes aprouver." (pág. 96)

"-Quando a gente sente que há um animal perigoso escondido nas moitas, não se manda uma matilha de cães a ladrarem para cercá-lo." (pág. 133)

"Cerca de dois meses antes, Sam Hammond errara ao fazer uma curva, na estrada antiga. O velho carvalho com o qual o carro se chocara havia sobrevivido. Mas, Sam não tivera a mesma sorte." (pág. 178)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A alma de Anna Klane

Título: A alma de Anna Klane
Autor: Terrel Miedaner
Páginas: 212

Anatol Klane é um físico e inventor que tem, além da filha Anna - dotada de extrema inteligência - , um supremo desejo: provar a existência da alma humana. Para tanto, ele recorre a um procedimento que contraria toda a ordem lógica das coisas.
O livro é, no mínimo, perturbador. Questões filosóficas, éticas e religiosas são discutidas em suas diversas variantes. A ideia do livro não é criticar nem apoiar a atitude de Anatol, mas deixar a questão para que cada um a interprete a seu modo.

Trechos interessantes:

"...o problema é que uma operação pode salvar a vida do meu corpo, mas comprometer a minha própria vida interior." (pág. 9)

"O doutor abanou a cabeça de um lado para o outro, espantado de ver um homem aparentemente inteligente e educado ter um receio medieval." (pág. 13)

"-Qualquer sistema social que confere aos pais o poder de decidir sobre a vida e a morte de seus próprios filhos é francamente medieval. Inteiramente saído da idade das trevas!" (pág. 27)

"-O senhor teme a morte porque o senhor acredita em sua finalidade. Eu, que não tenho as suas convicções religiosas, não compartilho seu medo." (pág. 38)

"Ele sentou-se diante da moça e esperou que o extraordinário conforto de sua sala exercesse algum efeito relaxante em sua visitante inesperada." (pág. 64)

"-Pensar não é função de cérebro nenhum. Seu, meu, de animais, o que queira." (pág. 66)

"Seu subconsciente é um mecanismo automático que também não liga nem um pouco para quem o dirige. Uma pessoa hipnotizada é simplesmente alguém que deu as chaves do seu subconsciente a outro motorista. De um ponto de vista ideal, esse motorista é um bom mecânico, um profissional como eu, que correrá apenas pelos caminhos certos. Mas infelizmente, nem sempre é assim. Há motoristas de todos os tipos." (pág. 97)

"Obviamente a inteligência não pode ser tomada como critério único na nossa sociedade, para decidir se alguém possui ou não um legítimo direito à vida." (pág. 117)

"Na realidade, você só não gosta de matar porque o animal resiste à morte. Ele grita, luta, parece triste, e como que lhe pede que não o mate. E é na realidade a sua mente e não o seu corpo biológico que ouve a súplica do animal." (pág. 185)

sábado, 21 de julho de 2012

O rei branco

Título: O rei branco
Autor: Gyorgy Dragomán
Páginas: 256

O regime totalitário na visão de um menino de 12 anos. Dzsáta vê a polícia do Estado levar seu pai, mas não sabe para onde nem o motivo. Com o passar do tempo vai tomando consciência da situação e, em meio a problemas na escola, com a mãe, com o avô e tudo mais, aguarda ansioso pelo dia em que o pai vai retornar.

A história é interessante, mesmo sendo povoada de nomes impronunciáveis, mas... o que não me agradou foi o fato do livro ser todo narrado em primeira pessoa. Não há um diálogo no livro inteiro, os trechos são do tipo "eu disse isso, então ele disse aquilo e aí eu falei assim...". Isso, sem dúvida, pode ter o seu valor literário, mas torna a leitura muito enfadonha.

Trechos interessantes:

"...fiquei lá sentado martelando o canivete e pensando em como deveria ser ruim ser cego, viver em uma escuridão permanente, enxergar apenas por meio de uma bengala, e no instante em que eu estava pensando isso alguém tapou meus olhos por trás." (pág. 52)

"Eu acenei com a cabeça, mas não disse nada, o importante é que enquanto não nos fazem perguntas não devemos dizer nada porque isso só cria problemas..." (pág. 77)

"...e então a comandante dos Pioneiros fez que sim e disse que meus pensamentos eram patrióticos e faziam o Estado progredir no caminho da paz..." (pág. 86)

"...e disse que eu deveria ser um bom rapaz e deveria esperar pela minha mãe e não deveria tocar em nada, e, principalamente, não deveria tentar roubar nada, pois pagaria por isso, em seguida disse de novo que conhecia bem as crianças, sabia que eram todas pequenas ladras em quem não se podia confiar por um instante sequer, de modo que era para eu me cuidar, pois no lugar de onde aqueles objetos vinham se costumava furar os olhos dos ladrões." (pág. 143)

"...fiquei ali sentando olhando uma coisa atrás da outra, e tentei imaginar como seria se não a tivesse, se eu a procuraria ou se desejaria brincar com ela, os Matchbox, por exemplo, há um ano pelo menos não os tirava da gaveta, tirar pó eu também não tirava havia muito tempo, conhecia de cor a maioria das histórias em quadrinhos e só as olhava muito raramente, mas não conseguia imaginar o que sentiria se, digamos, abrisse a gaveta dos Matchbox e a visse completamente vazia ou se olhasse para a estante e visse que não havia nela nenhuma história em quadrinhos." (pág. 151)

"Máriusz olhou diretamente para o túnel de castanha na prateleira, apontou para ele com a mão, perguntou o que era aquilo, e aí eu não aguentei, não consegui ficar calado, disse que não era nada, não era do interesse dele, mas ao falar tive certeza de que não adiantaria, pois minha mãe olhou para mim e sorriu um sorriso severo, frio, e disse filhinho parece que você recebeu um convidado..." (pág. 180)

"...minha mãe ia saber que tinha brigado de novo, embora tivesse lhe prometido que nunca mais brigaria. Picareta disse que no mundo de hoje não poderíamos prometer uma coisa dessas." (pág. 211)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Germinal

Título: Germinal
Autor: Émile Zola
Páginas: 254

A vida cruel e sofredora dos trabalhadores das minas de carvão da França no século XIX é o principal tema abordado no livro. Trabalhando em condições sub-humanas e ganhando o que mal dá para a sobrevivência, os mineiros são forçados (após ameaça de reduzirem ainda mais os salários) a iniciarem uma greve. Mas a greve se prolonga mais que o planejado e a fome e o desespero se instalam de vez na vida dos trabalhadores.

A história em si é interessante, ainda mais quando a tradução usa de vocabulário simples, facilitando o entendimento. O autor viveu na pele a dura realidade dos mineiros e conseguiu transmitir isso aos leitores. Um livro amplamente recomendado.

Trechos interessantes:

"Apague a vela, não preciso ver a cor dos meus pensamentos." (pág. 21)

"Mas os mineiros, no fundo de suas tocas de toupeira, sob o peso da terra, sem o ar nos pulmões, continuavam a cavar." (pág. 29)

"Por que ele iria interferir? Quando as moças dizem não, é porque gostam de apanhar antes." (pág. 45)

"Se o salário cai, os operários morrem, e a procura de novos trabalhadores faz aumentar o salário. Se o salário sobe muito, a oferta de mão-de-obra faz o salário baixar... É o equilíbrio das barrigas vazias, a condenação à fome eterna." (pág. 52)

"Com o passar do tempo Étienne começou a entender melhor as novas ideias que fervilhavam em sua mente. Havia uma série de perguntas a ser respondidas: por que alguns eram tão pobres e outros tão ricos? Por que os ricos exploravam os pobres, que nunca tinham vez? A primeira etapa foi tentar compreender sua própria ignorância." (pág. 57/58)

"Mais quinze dias de greve e estaria falido. E, na certeza do seu desastre, não sentia mais raiva dos grevistas de Montsou; a culpa era geral, secular. Eram brutos, sim, mas brutos que não sabiam ler e morriam de fome." (pág. 131)

"Quem era o idiota que punha a felicidade do mundo na distribuição da riqueza? Não, o único bem era não ser, ou, sendo, ser a árvore, ser a pedra, menos ainda, ser o grão de areia que não sangra ao ser pisoteado." (pág. 140)

"Como seria fácil a revolução triunfar se o exército passasse para o lado do povo! Bastava que o operário e o camponês, nas casernas, se lembrassem da sua origem. Esse era o perigo supremo, que fazia os burgueses tremerem de medo, só de imaginar que os soldados pudessem aderir à luta do povo." (pág. 151)

"Enquanto tiverem alguma posse, nunca serão dignos de felicidade; seu ódio aos burgueses é apenas o desejo de ser como eles." (pág. 159)

"...e aqueles dois homens que se desprezavam, o operário revoltado e o chefe cético, se atiraram nos braços um do outro e choraram e soluçaram muito, resumindo a emoção profunda de toda a humanidade." (pág. 228)

domingo, 15 de julho de 2012

O outro lado da meia-noite

Título: O outro lado da meia-noite
Autor: Sidney Sheldon
Páginas: 416

O livro - um misto de romance, aventura e policial - discorre sobre o triângulo amoroso formado por Noelle Page, Larry Douglas e Catherine Alexander, passando por vários lugares, mas principalmente a França, os Estados Unidos e a Grécia. Noelle nasceu pobre mas, logo cedo, descobriu que, através de certos favores, pode-se conseguir qualquer coisa dos homens e, de galho em galho, chega a amante do maior magnata grego.

Catherine teve uma vida, digamos, mais recatada, até casar-se com Larry achando que seu sonho está realizado. Já Larry é o famoso garanhão que só quer saber de se dar bem com as mulheres. Antes de se casar, Larry envolve-se com Noelle, sendo este o estopim para a corrida de gato e rato que consome boa parte do livro.

Como os demais livros de Sheldon, a história é agradável e prende a leitura, fazendo com que tenhamos pressa em chegar ao final do livro.

Trechos interessantes:

"Os jovens são jovens demais para enfrentar a adolescência." (pág. 25)

"Ele falou sem parar durante a meia hora seguinte, discutindo, ameaçando, bajulando, mas, quando Noelle terminou de arrumar as coisas e partiu, Sorel ainda não compreendia por que a perdera, pois não sabia que jamais a possuíra realmente." (pág. 98)

"Parecia-lhe estúpido que, numa época esclarecida como aquela, as pessoas ainda acreditassem poder resolver suas desavenças, assassinando-se umas às outras." (pág. 119)

"É interessante, pensou ela, como as coisas que os outros fazem parecem tão horríveis, e no entanto, quando somos nós que as fazemos,parecem tão certas." (pág. 150)

"-Os britânicos são uma raça estranha - disse ele. - Em tempo de paz, são impossíveis de se lidar, mas em crise são magníficos. Um marinheiro inglês só é verdadeiramente feliz quando seu navio está afundando." (pág. 197)

"Você é inteligente, educada, bondosa e sexy, disse a si própria. Por que razão um macho normal, de sangue nas veias, haveria de estar morrendo de vontade de abandoná-la para poder ir à guerra e ver se consegue levar um tiro?" (pág. 206)

"Catherine tinha vontade de gritar: Diga-me qual é a surpresa, diga-me o que estamos comemorando. Mas nada falou, lembrando-se de um velho ditado húngaro: 'Só um idiota apressa as más notícias'." (pág. 207)

"Para ter sucesso, precisa-se de amigos. Para ter muito sucesso, precisa-se de inimigos." (pág. 215)

"Em qualquer outra cidade, pensou Catherine, um lugar como este seria favela. Aqui é um monumento." (pág. 276)

"A Grécia era uma maravilha de ineficiência organizada, tinha-se de relaxar e divertir-se. Ninguém tinha pressa, e se se perguntava a alguém onde ficava um lugar, era provável que a pessoa fosse levá-la para lá." (pág. 282)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Jogando por pizza

Título: Jogando por pizza
Autor: John Grisham
Páginas: 288

O livro narra a história de Rick Dockery, um jogador de futebol americano que, após diversas trapalhadas jogando nos Estados Unidos e sem chances nos times americanos, resolve se aventurar pelo continente europeu. Defendendo a equipe do Parma e tentando se adaptar à língua, aos costumes e à cultura de maneira geral, luta para que sua equipe chegue ao "Super Bowl" do campeonato italiano.

História simples, sem muita variação e sem nenhuma pretensão. Para mim foi bastante cansativo devido ao excesso de termos específicos do futebol americano, do qual sou um completo ignorante.

Trechos interessantes:

"Os americanos sempre passavam por um breve período de choque cultural. A língua, os carros, as ruas estreitas, apartamentos pequenos, o confinamento das cidades." (pág. 44)

"As arquibancadas comportam três mil pessoas, mas quase nunca todos os ingressos são vendidos. Na verdade, isso nunca acontece. A entrada é franca." (pág. 47)

"-O que um garoto negro da Colorado State está fazendo em Parma, Itália?
-Jogando futebol americano, à espera de um telefonema. A mesma coisa que você." (pág. 51)

"Os italianos ao seu redor falavam mais do que comiam. Um burburinho suave dominava a trattoria. O ato de jantar sem dúvida envolvia comida saborosa, mas também era um evento social." (pág. 64)

"-A filosofia do supermercado não se aplica por aqui - comentou Sam. - As donas de casa planejam seu dia a partir da compra de alimentos frescos." (pág. 80)

"Não era mais um pistoleiro de aluguel, um atirador trazido do Velho Oeste para dirigir o ataque e ganhar os jogos." (pág. 221)

"E, com isso, eles passaram por outro pequeno marco, deram mais um passo em direção à vida comum. Do flerte a sexo sem compromisso, depois um estágio mais intenso. De rápidos e-mails a conversas longas pelo telefone. De um romance a distância a brincarem de casinha. De um futuro próximo incerto a uma posteridade que poderia ser partilhada. E, agora, um acordo de exclusividade. Monogamia. Tudo sacramentado com um gelato de pistache." (pág. 251)

domingo, 1 de julho de 2012

Guia politicamente incorreto da América Latina

Título: Guia politicamente incorreto da América Latina
Autor: Leandro Narloch e Duda Teixeira
Páginas: 336

Esqueça tudo o que você aprendeu nos livros de História. A realidade é bem mais sutil e instigante. Várias personalidades históricas são abordadas neste livro, mostrando que muita coisa acontece (e não é mostrada) para que se passem por "mocinhos" à luz da História. Fidel Castro, Che Guevara, Perón, Allende, Bolívar e outros são aqui desmascarados e expostos ao crivo popular.

Muitos são considerados heróis mas, após a leitura do livro, vê-se que para atingir esse ponto, ainda falta muita coisa.

Comprei o livro por acaso e, agora, me veio a curiosidade de ler o guia da História do Brasil. Deve ser igualmente interessante...

Trechos interessantes:


"Eu [Fidel] não concordo com o comunismo.Nós somos democráticos. Somos contra todo tipo de ditadores. É por isso que somos contra o comunismo". (pág. 35)

"Em 1963, [Che] ajudou a aprovar a maior inimiga dos jovens: a lei do serviço militar obrigatório. Ironicamente, o próprio Che tentou escapar do serviço militar da Argentina, em 1946, quando completou 18 anos". (pág. 43)

"Outro traço do comunismo que passa perto dos incas é a prática de mudar a história. Em Cuba, na China do século 21, na União Soviética de Stálin ou em qualquer governo comunista do século 20, o passado foi uma mercadoria política a ser alterada sem hesitação." (pág. 94)

"Na Bolívia, a folha de coca tornou-se objeto de culto oficial. O artigo 384 da Constituição é apoteótico: 'o Estado protege a coca originária e ancestral como patrimônio cultural, recurso natural renovável da biodiversidade da Bolívia, e como fator de coesão social'." (pág. 96)

"É difícil encontrar, entre todos os continentes, entre todas as épocas, uma civilização mais obcecada por cerimoniais de morte que os astecas." (pág. 98)

"É como se a trajetória de um país inteiro ao longo dos séculos pudesse ser resumida à vida de um único homem." (pág. 131)

"...o que Bolívar realmente almejava era erigir toda a América do Sul como uma única república federativa, tendo nele próprio seu ditador." (pág. 141)

"A única coisa a fazer na América é ir embora." (pág. 148)

"...o argentino, individualmente, não é inferior a ninguém, mas, coletivamente, é como se não existisse." (pág. 197)

"...a Argentina é um país com um grande passado pela frente." (pág. 197)

"Quando Perón e sua trupe retornaram a Buenos Aires, nova eleições foram convocadas e - adivinhe? - os argentinos tornaram a votar em peso no homem. Ele ganhou, assim, outra chance para destruir seu país." (pág. 225)

"Eu [Allende] não sou presidente de todos os chilenos, mas apenas dos que apoiam a Unidade Popular." (pág. 270)