sábado, 25 de maio de 2013

O ladrão de arte

Título: O ladrão de arte
Autor: Noah Charney
Páginas: 314

O livro, como não podia deixar de ser, passeia por obras de arte, galerias, leilões, museus e por aí afora. Pela sinopse pensei que seria mais interessante, mas achei a história bastante confusa e não tão atraente como imaginava.

Mas, pelo menos as explicações acerca de obras de arte foram interessantes: descrição de quadros, estilos de pintores, comportamentos num leilão, ou seja, alguma coisa foi proveitosa e a leitura, além de passatempo, foi instrutiva.

Trechos interessantes:

"Mas a pintura é igualmente bem-sucedida se provoca raiva por parte daquele que a vê, que pode dizer, afrontado: 'Como isso pode ser arte? Eu podia ter pintado isso!' Em resposta a essa exclamação, se alguém realmente parasse e tentasse pintar exatamente isso, acabaria descobrindo que é impossível. As texturas, os tons, a despeito da paleta monocromática, são profundos e sutis." (pág. 18)

"-[...]Que tipo de acadêmico não tem diplomas e não trabalha na academia?
-Do tipo rico - respondeu Lesgourges. - Quando se tem um château, não se precisa de escola, e quando se tem seu próprio vinhedo de Armagnac, em Armagnac, então não se precisa tomar leite de caixinha na lanchonete." (pág. 29)

"Pessoas não encomendam o roubo de obras de arte que nunca viram ou que tenham visto apenas uma vez. Elas se apaixonam por obras específicas e querem passar a possuí-las." (pág. 57)

"No topo de sistemas de castas, o crime ligado à arte era socialmente aceitável, e até mesmo considerado prestigioso e fascinante. Era o único crime sério em que o público tendia a ter empatia com os criminosos. Mas o público não tinha consciência de como os crimes no mundo da arte financiavam outros crimes mais sinistros, como o tráfico de drogas e armas, e até o terrorismo. O cidadão comum se sentia bastante distante e até ameaçado pela arte. Considerada de difícil compreensão e território de uma elite, era algo além de sua capacidade mental e, portanto, para muitos, algo assustador." (pág. 75)

"Uma escultura bizarra e particularmente pouco atraente surgiu para ser leiloada. Meu Deus, pensou Delacloche, isso é horrível. Mas se um comprador acredita que aquela merda vale alguma coisa e está disposto a pagar por ela, então seu valor será tão alto quanto o que ele aceitar pagar. A questão é que se uma pessoa pensa que aquilo é maravilhoso, então outros vão atrás." (pág. 84/85)

"O preço de venda nada tem a ver com o fato de a obra de arte ser boa ou não. Tem a ver com quanto as pessoas se dispõem a pagar por aquilo em determinado momento." (pág. 85)

"'Escola de...' significava que a obra era influenciada pelo artista em questão, nesse caso, Malevitch, e talvez fosse o trabalho de um aluno copiando o estilo de um mestre. 'Círculo de...' significaria que o estilo se aproxima do de Malevitch, mas por vários motivos a obra não era considerada dele. 'Atribuído a...' teria significado que alguém, em algum momento, pensou que a pintura fosse de Malevitch, mas por alguma razão o especialista da Christie's não se sentia confortável ou seguro com essa atribuição, mas não tinha nenhuma alternativa específica para propor. 'Estilo de...' quer dizer que parece com um Malevitch, tem cheiro de um Malevitch, mas quem diabos pode garantir? Existiam algumas variantes para esses termos, mas o princípio por trás deles continuava firme: não dê um alerta falso." (pág. 91)

"-Bem, não gosto da facilidade com que as medidas de segurança são neutralizadas, mas isso não é meu serviço, acho. Meu trabalho não é prevenir, e sim resolver. [...] Ladrões custam mais barato do que a arte que roubam." (pág. 163)

"Lógica e observação são as duas ferramentas universais que ninguém se dá conta de que possui." (pág. 195)

"Não tinha se dado ao trabalho de amarrar o cadarço do pé esquerdo, o qual, ao se arrastar pelo chão, tinha acumulado novas amizades na forma de fragmentos de folhas, um novelo branco de sujeira e um longo fio de cabelo preto." (pág. 257)

"Pela minha experiência, inspetor, aristocratas não são nem mais gentis nem mais compreensivos do que as outras pessoas, são melhores apenas em disfarçar o que realmente pensam." (pág. 259)

"A Christie's me explicou a coisa em termos simples, já que sou um urso com o cérebro pequenininho, e palavras compridas me incomodam um pouco. Sim, essa é do Ursinho Pooh, acho." (pág. 287)

"Começar uma palavra-cruzada, pegar no sono e acordar para encontrá-la toda preenchida não é meu conceito de satisfação. Mas parece que as autoridades constituídas se contentam com milagres e não precisam se preocupar em como eles foram realizados. Então, estamos novamente lidando com uma igreja. O trabalho deles é se darem por satisfeitos com milagres, e nunca perguntar 'como'. Um ditado sobre dentes e um cavalo dado de presente me veio agora à mente, mas não consigo lembrar o que diz." (pág. 299)