sábado, 30 de novembro de 2013

Jornada de esperança

Título: Jornada de esperança
Autor: Brian Aldiss
Páginas: 264

De que valeria a vida se você soubesse que a humanidade, em breve, estará extinta? Esta é a tônica do livro. Um panorama assustador (ficcional, mas perfeitamente possível) se desenrola e muda completamente a vida, os hábitos e atitudes de uns poucos remanescentes diante da visão de um futuro que não mais existirá.

O autor cria uma visão de futuro na qual o uso de armas nucleares interfere e modifica os sistemas humanos, fazendo com que as mulheres deixem de procriar. Com isso não há mais nascimentos, apenas mortes e a certeza que a raça humana chegou ao fim. Para quem gosta de ficção, eis aí uma ótima pedida.

Trechos interessantes:

"Uma das características da idade avançada é que todas as conversas levam de volta a épocas pretéritas." (pág. 24)

"A embarcação vinha cortando a correnteza de viés. Dirigia-a o mais desgrenhado bando de antimarinheiros que jamais se tinha visto. Os remadores pareciam igualmente preocupados com impedir a nau de capotar e fazê-la ir em frente. Cumpre dizer que fracassavam por igual em ambos os intentos." (pág. 26)

"-O que estou tentando dizer, Marta, é que, finalmente, os homens começam a perceber que a raça humana não vai mais reproduzir-se. Aqueles bolinhos de carne que costumávamos ver atados em cueiros são coisas do passado. Aquelas menininhas que costumavam brincar com bonecas e sacos de farinha vazios não existem mais. Os adolescentes motorizados que ficavam nas esquinas tocando as buzinas das suas máquinas se foram para sempre. Não voltarão mais." (pág. 57)

"-Documentos! Você fala como esses idiotas da sala vizinha. Respeito a erudição mas não o pedantismo, entenda bem. Escute. Vou evacuar do hospital todos os canalhas que lá existem. E com eles as suas ideias malucas. Não acredito no passado; acredito no futuro.
Para Timberlane aquilo pareceu uma confissão de demência. -O futuro não existe, lembra-se? Nós o liquidamos no passado." (pág. 70)

"Talvez aquele fosse um dos erros inerradicáveis do gênero humano (até mesmo os ateus tinham que reconhecer a falha): o não contentar-se em aceitar uma coisa simplesmente como tal. Sempre se converteram as coisas em símbolos ou em outras coisas. Um arco-íris não é apenas um arco-íris; uma tempestade é penhor da ira celestial, e até mesmo do seio da terra emergem obscuros deuses. Qual o significado disso tudo?" (pág. 113/114)

"Charley interrompeu seus pensamentos, envergonhado do cinismo fácil para que resvalara. Ó Deus, ainda que eu morra, permiti-me viver!" (pág. 140)

"Qualquer sorte é melhor que a morte¹" (pág. 151)

"Tudo isso estava a ensinar uma lição que desde muito devia ter sido aprendida, pensava Artur: jamais permita que um bando de nefastos políticos pense por você. Sem nenhuma dúvida, eles deveriam ter tido suficiente bom senso para mandar explodir na lua os seus engenhos." (pág. 218)

"-Você sabe ao que me refiro: é preciso renovarmos nossa juventude na geração seguinte. Na casa dos trinta, os filhos constituem a nossa alegria. Na dos quarenta, a nossa preocupação e as nossas amarras ao mundo. Na dos cinquenta, talvez surjam os netos para a gente brincar. Vivemos enquanto os nossos netos lá estão para contemplar o nosso sorriso senil e as nossas mágicas... Eles são os nossos substitutos. Mas, se tudo isso desaparece... não é de admirar que as coisas desandem ou que o pobre Charley comece a ver gnomos." (pág. 238)

"Qualquer que seja o papel por nós pretendido na vida, o importante é desempenhá-lo da melhor forma possível." (pág. 259)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A janela de Overton

Título: A janela de Overton
Autor: Glenn Beck
Páginas: 384

Eu esperava mais do livro, a história não chegou a me empolgar como imaginei ao ler a sinopse. A história se baseia mais no romance dos protagonistas que na trama de mistério e conspiração apregoada pela crítica.

O autor quis fazer um livro de ficção baseado em fatos reais, mas, a meu ver, o excesso de fatos reais é que prejudicou o bom andamento da história. Mas pelo menos tenta mostrar como é manipulada a opinião pública em diversos aspectos. Só faltou aquele algo mais para cativar o leitor de fato.

Trechos interessantes:

"Dizem que devemos nos vestir para o trabalho que pretendemos ter, e não para o trabalho que temos. Isto é especialmente verdadeiro no ramo de relações públicas e de assessoria de imagem, em que a aparência é a realidade." (pág. 22)

"Como eu sei de tudo isso? Simples: quando as coisas dão errado, sempre é bom haver alguém que leve a culpa, um vilão, se preferirem. Como dizem por aí, se não se está sentado à mesa para comer, pode ser encontrado no cardápio. Se saírem daqui com a mesma arrogância com que entraram, então, meus amigos, em breve os senhores serão servidos como o prato especial do dia." (pág. 43/44)

"É a primeira regra, e uma das únicas: o melhor trabalho jamais é sequer notado. Se o público vê a mão do marqueteiro ou assessor de imagem, então ele fracassou." (pág. 52)

"As loterias pegam o dinheiro de milhões de pessoas e em troca dão a elas apenas pedaços de papel e decepção; depois - e aqui está o segredo -, os marqueteiros do mundo das relações públicas conseguem ludibriar as pessoas e convencê-las a fazer fila para jogar de novo. Se se consegue enganar as pessoas desse jeito e ainda dormir tranquilo à noite, então é possível que se tenha uma longa e promissora carreira pela frente." (pág. 54)

"Vou dar uma notícia de última hora para você, filho: não existe Papai Noel, nem coelhinho da Páscoa, nem uma Fada da Justiça que dê a mínima para o que você viu. A injustiça existe neste mundo, e, se você tem a sorte de viver protegido da pior parte dela, a maior parte das pessoas não tem." (pág. 123)

"Tudo aquilo que é obtido por um preço baixo demais merece nossa pouca estima: é o alto preço que dá a cada coisa seu valor. Deus sabe como atribuir o preço adequado a suas mercadorias, e de fato seria muito estranho se um bem tão divino como a liberdade não custasse tão caro." (pág. 201)

"A mulher olhou para ele, e sua conduta tinha ficado mais fria. Isso acontece com alguns médicos. Assim que o paciente dá sinais de melhora, eles não veem mais utilidade em ser gentis." (pág. 235)

"Em mais de uma ocasião o velho já tinha dito com todas as letras: se um dia saísse de casa e por algum milagre todas as pessoas do mundo tivessem desaparecido da face da Terra, seria a realização de seu maior sonho. Essa era a prova irrefutável de quanto ele adorava ficar sozinho." (pág. 249/250)

"Quando eu nasci, havia 2 bilhões de pessoas no mundo; agora esse número mais do que triplicou, no período de uma vida. E no meio dessa superpopulação, que está inchando o mundo além do ponto de ruptura, não há muitos Mozart, Einstein, Pascal, Salk, Shakespeare ou George Washington. São uns comilões inúteis e retardados mentais, que estão esgotando a capacidade do planeta." (pág. 254)

"Não tenha medo, ela dissera; esse é o segredo, por pior que seja a situação. Por exemplo, alguém que esteja dentro de um carro dirigindo em alta velocidade para saltar sobre o espaço vazio de uma ponte, já que a possibilidade de parar o veículo é impossível. A maior parte das pessoas desperdiçariam seus últimos segundos de vida pisando, em vão, nos freios. No entanto, o que deveriam fazer, diante da morte iminente, seria rezar e pisar com tudo - porque há sempre uma ínfima chance de se chegar ao outro lado." (pág. 284)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Antes que eu vá

Título: Antes que eu vá
Autor: Lauren Oliver
Páinas: 358

O início do livro parece uma história normal sobre a vida de uma adolescente: Samantha Kingston, suas amigas, suas colegas de escola, se namorado, seus conflitos de adolescência e por aí vai. De repente a história muda, quando ela descobre que morreu, mas tem a possibilidade de reviver aquele dia novamente.

E assim começa a "segunda parte" do livro quando ela tenta mudar os acontecimentos para se salvar e, sempre acontece alguma coisa que a impede de atingir seu objetivo e ela acaba tendo que reviver novamente o último dia. Com a história no seu ápice, você chega a imaginar vários tipos de finais para o livro e, no meu caso, achei o final decepcionante. Mas talvez é porque eu não tenha sensibilidade para entendê-lo. Quem sabe?

Trechos interessantes:

"A questão é: nós podemos fazer coisas desse tipo. Sabe por quê? Porque somos populares. E somos populares porque podemos sair ilesas de tudo. Então é um círculo vicioso.
Acho que o que estou tentando dizer é que não adianta analisar. Se você desenhar um círculo, sempre haverá um lado de dentro e um lado de fora e, a não ser que você seja completamente idiota, é bem fácil perceber qual é qual. É simplesmente assim que funciona." (pág. 17)

"Não devia ter matado a aula de inglês, isso me deu muito tempo para pensar. E pensar não faz bem a ninguém, independentemente do que digam pais, professores e nerds do clube de ciência." (pág. 41)

"Ele não é muito bom com peitos em geral, para falar a verdade. Quer dizer, não é como se eu soubesse como deveria ser, mas sempre que ele toca meus seios, simplesmente os massageia em círculos, com força. Meu ginecologista faz a mesma coisa quando me examina, então um dos dois tem que estar fazendo errado. E, para ser sincera, não acho que seja o médico." (pág. 50)

"Uma boa amiga guarda segredos para você. Uma melhor amiga ajuda você a guardar os próprios segredos." (pág. 83)

"O pior de tudo é saber que não posso contar para ninguém o que está acontecendo - ou o que aconteceu - comigo. Nem mesmo para minha mãe. Acho que faz anos desde que conversei pela última vez com ela sobre coisas importantes, mas começo a sentir falta dos dias que acreditava que ela podia resolver tudo. É engraçado, não é? Quando se é novo, só se quer crescer, e depois só se quer voltar a ser criança." (pág. 103)

"Eis outra coisa a se lembrar: a esperança o mantém vivo. Mesmo quando você está morto, é a única coisa que o mantém vivo." (pág. 106)

"Eis uma das coisas que aprendi naquela manhã: se você ultrapassar um limite e nada acontece, o limite perde o sentido. É como aquele velho enigma sobre uma árvore caindo em uma floresta, e se ela faz ou não barulho, se não há ninguém por perto para ouvir." (pág. 150)

"É a coisa mais esquisita. Sou popular - muito popular -, mas não tenho tantos amigos. O que é mais estranho é que é a primeira vez que percebo isso." (pág. 172)

"Os detalhes que compõem o padrão especial da minha vida, como em colchas de retalhos, que são especiais por causa dos pequenos defeitos na costura, pequenos espaços, altos-relevos e falhas que jamais podem ser reproduzidos.
Algumas coisas se tornam lindas quando você realmente olha." (pág. 261)

"Eu me lembro de que uma vez assisti a um filme antigo com Lindsay; nele o protagonista falava sobre quanto é triste o fato de que na última vez que a pessoa faz sexo ela não sabe que é a última vez. Como nunca nem tive uma primeira, não sou exatamente uma expert, mas suponho que seja assim para a maioria das coisas na vida - o último beijo, a última risada, a última xícara de café, o último pôr do sol, a última vez em que você salta um borrifador de água ou toma uma casquinha de sorvete, ou põe a língua para fora para pegar flocos de neve. Você simplesmente não sabe." (pág. 315/316)