terça-feira, 18 de agosto de 2015

Filho das sombras

Título: Filho das sombras
Autor: Juliet Marillier
Páginas: 610

Este segundo livro da trilogia tem como personagens principais os descendentes de Sorcha, a personagem central do primeiro volume. Sorcha tem três filhos: Sean, Niamh e Liadan, tendo esta última herdado da mãe o gosto e a habilidade de manipular ervas medicinais. Quando todos pensavam que sua vida seria bem pacata, preocupando-se apenas em cuidar dos enfermos, eis que de repente dá uma guinada ao conhecer o mais temível dos bandidos da região.
A história segue o mesmo padrão do livro anterior (o que era de se esperar, é claro) contando com riqueza de detalhes sobre os mistérios e a magia do povo celta. Suas histórias, suas crenças e seus heróis são narrados com tanta intensidade que você se sente fazendo parte da história.

Trechos interessantes:

"Niamh e eu seríamos boas esposas. Sabíamos mesmo como administrar uma casa. Afinal, como se pode administrar o trabalho dos empregados se não se conhece o ofício deles?" (pág. 60)

"A melhor maneira de se iniciar uma luta com um homem é tirar dele o que lhe é importante: seu cavalo ou sua esposa. E de começar uma guerra, é tirar de um povo o que lhe é mais sagrado: suas heranças e seus mistérios." (pág. 64)

"Mas meu pai havia me dito certa vez que o medo não vence batalhas. Arregacei as mangas e decidi que não havia tempo para temores ou superficialidade." (pág. 127)

"-Você vê minha morte? Isso a preocupa? Não, não tenha medo disso. Às vezes, eu mesmo penso que seria bom se eu morresse.
-Pois você deveria se preocupar - eu disse, agora em voz mais calma. -Morrer sem conhecer a si mesmo é a pior coisa que pode acontecer." (pág. 174/175)

"Não é por acaso que dizem que as mulheres têm uma paciência muito maior que a dos homens. Passamos boa parte de nosso tempo esperando. Esperamos as crianças nascerem, esperamos os homens voltarem do trabalho, do mar e das batalhas. E esperamos notícias. Essa é a pior parte, pois o medo atravessa o coração e nos faz sofrer muito. A mente fica imaginando coisas terríveis enquanto se espera." (pág. 361)

"É como você mesmo me disse, certa vez. As maiores histórias, se bem contadas, despertam os medos e os desejos dos ouvintes. Cada um houve uma história diferente. Cada um é tocado por algo em especial. As palavras chegam aos ouvidos, mas a mensagem cai direto ao espírito." (pág. 388)

"A questão agora não é se eles confiavam em mim, e sim se eu confiava neles. Bran certa vez havia dito que confiança é um conceito sem sentido. Mas quem não consegue confiar nas pessoas vive sozinho, pois não existe família ou aliança sem o conceito de confiança. Sem ela todos viveriam afastados uns dos outros, perdidos e à mercê dos ventos, sem ter onde se segurar." (pág. 394)

"-Você faz isso parecer tão simples.
-Mas acho que o mundo é simples, em sua essência. Vida, morte. Amor, ódio. Desejo, realização. Magia. Talvez só esta última seja mais complicada." (pág. 575)

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O enigma do trem perdido

Título: O enigma do trem perdido
Autor: Sir Arthur Conan Doyle
Páginas: 170

O livro é uma reunião de contos de Conan Doyle, sendo 'O enigma do trem perdido' apenas um deles e, de acordo com meu gosto pessoal, nem o mais interessante. São treze histórias no total e todas elas com algum elemento de mistério, fantasia ou alguma outra coisa que foge à realidade convencional.

Das histórias que fazem parte da coleção, me interessaram particularmente "O terror das alturas", "A caixa de Charão" e "O gato do Brasil". Na verdade há vários contos bons, com os citados apenas tive uma certa afinidade.

Trechos interessantes:

"Um visitante poderia descer neste planeta mil vezes e nunca ver um tigre. No entanto os tigres existem, e se calhasse descer numa selva ele poderia ser devorado. Existem selvas no ar superior, e existem coisas piores do que tigres que as habitam. Acredito que com o tempo essas selvas venham a ser precisamente mapeadas." (pág. 4)

"O charlatão é sempre um pioneiro. Do astrólogo veio o astrônomo, do alquimista o químico, do mesmerita o psicólogo experimental. O curandeiro de ontem é o médico de amanhã. Mesmo coisas sutis e impalpáveis como os sonhos serão no devido tempo reduzidas ao sistema e à ordem. Quando esse tempo chegar, as pesquisas dos nossos amigos naquela estante já não serão divertimentos do místico, mas os fundamentos da ciência." pág. 17)

"É uma infelicidade para um jovem ter gostos dispendiosos, grandes esperanças e relações elegantes, sem ter dinheiro no bolso, nem profissão que o habilite a ganhar algum." (pág. 62)

"É mais fácil afrontar um perigo quando se sabe ter feito tudo o que era possível fazer. Então resta somente ficar quieto e aguardar o resultado." (pág. 73)

"'É um princípio elementar de raciocínio prático', argumentava ele, 'que quando o impossível tenha sido eliminado, o resíduo, por improvável que seja, deve conter a verdade'." (pág. 85)

"O homem teme o fracasso quando corre o risco de pagar por ele, mas no caso não havia pena que a Fortuna pudesse cobrar-me. Eu era como um jogador de bolsos vazios, a quem ainda se permite arriscar a sorte com os outros." (pág. 95)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Dr. Libério - o homem duplo

Título: Dr. Libério - o homem duplo
Autor: Bariani Ortencio
Páginas: 138

Dr. Libério é um médico altamente conceituado que está se preparando para executar o primeiro transplante de cérebro da história. Ao descobrir que era traído pela esposa, mata o amante e, resolvendo aproveitar a situação, resolve que sua equipe faça o transplante do cérebro da vítima para seu próprio corpo.

A partir daí surge uma situação inusitada: a vítima passa a estar no corpo do assassino, com consciência da situação sui generis. Dr. Libério é julgado três vezes pelo crime cometido, e cada uma delas apresentando debates interessantes. Ótima leitura.

Trechos interessantes:

"Lucinda, alta e loura, rosto bonito e simpático, condizia perfeitamente com o corpo de proporções bem distribuídas. Era uma fruta que passava, um encanto a explorar, o Doutor só tendo olhos para os crânios abertos, para as folhas brilhantes dos livros científicos. Acostumado com os seres mortos, a indiferença da morte e o gelo dos corpos eram preferidos ao tato do corpo quente e viçoso, do sorriso de hálito também quente e perfumado nos lábios da jovem esposa." (pág. 13)

"Que ironia, que brincadeira sem graça, essa do Destino, fazendo com que se transformasse em vítima e assassino de um mesmo crime, num corpo só. No espelho ficava muito tempo analisando o seu novo corpo, um corpo muito pior que o dele. Um corpo alquebrado, cansado, desgastado pelo trabalho intelectual. E agora, ficaria com a sua esposa de corpo, ou com a de cérebro? Em qualquer um dos casos estaria prostituindo uma e outra." (pág. 24)

"Homem é assim mesmo, não gosta que a mulher sequer converse com desconhecidos, mas fica por aí em aventuras amorosas." (pág. 36)