segunda-feira, 16 de março de 2015

Os filhos do imperador

Título: Os filhos do imperador
Autor: Claire Messud
Páginas: 478

Os Thwaite são uma família importante: o pai, um renomado escritor de fama mundial; a mãe, sempre envolvida com obras sociais; a filha, uma riquinha mimada que começou a escrever um livro mas nunca termina.

Contracenando com esse grupo há um amigo gay, uma amiga gostosa, o namorado da filha (tentando a todo custo lançar uma revista) e o sobrinho que vem para a cidade grande tentando fugir do anonimato. Todas estas vidas serão alteradas com os acontecimentos do 11 de setembro.

Trechos interessantes:

"'Eu nunca pedi para minha filha se tornar escritora', disse ele. 'Muito pelo contrário. Acho que, se você é capaz de fazer outra coisa, faça. Porque é uma vida estimulante, mas incerta. Mas eu a fiz entender que integridade é tudo, tudo o que temos. E, se você tem uma voz, um dom, é moralmente obrigado a exercê-lo'." (pág. 63)

"Ele sabia como despertar o desejo dos outros - por ele mesmo -, e, nos vários momentos mais sombrios, ele explorava essa capacidade, pois o fazia se sentir melhor e porque tinha esse poder. Mas ele não conseguia saber onde o desejo (de outras pessoas) se transformava em riqueza (para ele)." (pág. 75)

"Virou as páginas do livro, encontrou o que estava procurando, a frase marcada com tinta fluorescente. 'Os grandes gênios têm as menores biografias. Seus primos não sabem dizer nada sobre ele, que vivem para seus escritos, e então suas vidas pública e pessoal são triviais e comuns'." (pág. 108)

"-E você sabe que não acredito em presságios. Você também não deveria. Nenhum ateu que se preza deve acreditar em presságios." (pág. 146)

"Na adolescência, o terror maior nunca foi ser atacado pelos que batiam nos gays, nem mesmo ser pego pela polícia, mas encontrar um rosto conhecido, uma porta de carro que se abrisse e revelasse um amigo do seu pai ou um membro da igreja; ou um erro de cálculo que fizesse seu pai passar de carro para buscá-lo no multiplex logo ao lado, flagrando o adolescente enrolado e comprometido sob a fraca luz da rua. O maior medo sempre foi que mamãe e papai descobrissem; o maior trunfo sempre foi o fato de que essa vida secreta se manteve por tanto tempo desconhecida deles." (pág. 162)

"-Você está completamente certo. Precisa lê-los - disse o tio. - Isso é o significado de ser civilizado. Romances, história, filosofia, ciência, tudo isso. Você se expõe ao máximo possível, absorve, esquece grande parte, mas no meio do processo isso muda você.
-Mas você não se esquece das coisas.
-Claro que sim. Escrever ajuda. Quando se escreve sobre algo, quando se pensa realmente sobre um assunto, você o conhece de uma forma diferente." pág. 205)

"É narcisismo amar um muro e ressentir-se por ele não corresponder ao sentimento. É perverso. Amor é mútuo, floresce com a reciprocidade. Não se pode ter amor de verdade sem afeto em retorno. Do contrário, é apenas obsessão e projeção. É infantil." (pág. 308)

"-É a mesma coisa quando alguém morre, acho - disse Marina. -Você sabe, assim, do nada. Num minuto a pessoa está aqui, e no outro não está mais, e você não tem como digerir isso. É surreal." (pág. 397)

quarta-feira, 4 de março de 2015

Alfred Hitchcock e seus filmes

Título: Alfred Hitchcock e seus filmes
Autor: Bodo Frundt
Páginas: 240

Hitchcock é o meu diretor preferido. Assisti a todos os seus filmes que pude encontrar e sempre procuro saber o processo de construção dessas histórias. Esta é a proposta do livro: analisar seus filmes, atores envolvidos, processos de criação e demais aspectos relevantes.

Ao analisarmos sua trajetória, vemos que Hitchcock sempre procurou a perfeição em seus filmes e o título de "mestre do suspense" além de perfeitamente merecido, foi devido a muito trabalho e dedicação. Ele, que tinha como marca registrada fazer uma pontinha em seus filmes, tem hoje o reconhecimento de atores e diretores, pela sua importância na história do cinema mundial.

Trechos interessantes:

"O mundo de Alfred Hitchcock, tal como se apresenta em suas melhores obras, não é consequência do fluxo ininterrupto de um gênio, e sim o resultado de uma observação constante que permeia todos os seus filmes." (pág. 21)

"O próprio Hitchcock, ao preparar a segunda versão desta obra [O homem que sabia demais], nos Estados Unidos, declara: 'A primeira versão é obra de um talentoso amador, enquanto a segunda é obra de profissional'." (pág. 60)

"'Quando faço um filme, a história não é importante; o que importa é como eu vou contá-la.' E mais: 'Num filme de espionagem, por exemplo, o que o espião busca é o de menos: vale mais o como ele procura'." (pág. 61)

"A arte de fazer cinema sempre foi desprezada pelos intelectuais. Era assim na França e seria do mesmo jeito na Inglaterra. Nenhum inglês que se considerasse alguém de valor se deixaria flagrar indo ao cinema, em hipótese alguma. Veja bem, os ingleses têm consciência de classe..." (pág. 79)

"Os poetas trabalham com os maiores males da humanidade: eles são responsáveis pelas ilusões do Homem." (pág. 103)

"Sem muita especulação, pode-se dizer que Interlúdio foi uma declaração de amor cinematográfica para Ingrid Bergman." (pág. 109)

"Hitchcock sempre se preocupou em descrever nossa vida como uma pequena cela, parte de uma prisão maior. É como se fugíssemos de uma casa em chamas e nos deparássemos com o mundo incendiado." (pág. 184)