quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Morte na primavera

Título: Morte na primavera
Autor: Magdalen Nabb
Páginas: 222

Duas jovens são sequestradas em Florença e uma delas é solta para apresentar as condições do resgate à família da outra jovem. Começa uma busca frenética para localizar o cativeiro da jovem em meio às inúmeras propriedades rurais da região, onde já estava se tornando comum esta prática criminosa.

Apesar de ser um livro policial, com toques de suspense e reviravoltas, não foi um livro que chamou a minha atenção. Achei a história confusa, com personagens confusos, com um enredo que prende pouco a atenção, esperando o momento em que a história fosse realmente deslanchar. E o momento não veio. É como se fosse um sequestro sem sequestro.

Trechos interessantes:

"Mais turistas. A invasão começava mais e mais cedo a cada ano, tornando insuportável cuidar das coisas do dia a dia em meio às ruas estreitas superlotadas. Ontem mesmo alguém escrevera aos editores do Nazione sugerindo com tristeza que o prefeito providenciasse uma área de camping nas montanhas para os florentinos, já que não havia mais lugar para eles em sua própria cidade. Por mais rentável que o turismo pudesse ser, a invasão anual os deixava indignados." (pág. 10/11)

"-Se quer saber se vamos pegá-los, vamos, sim, mas também é quase certo que matem a garota. Amadores são incompetentes e entram em pânico. Já os profissionais são bem organizados, nunca são vistos pelas vítimas e não matam. Não é bom para os negócios. Se as pessoas não tivessem certeza de pegar a vítima de volta em troca do dinheiro, não se disporiam a pagar o preço. Com amadores não adianta pagar, eles vão matar a vítima de qualquer maneira por causa do medo. Prefiro lidar com profissionais." (pág. 38)

"-Espero que não tenha lhe tirado de algo mais importante esta noite.
-Na verdade, tirou sim - o promotor respondeu gravemente -, mas pelo amor de Deus, não se preocupe com isso, o senhor já tem coisas demais com que se preocupar.
Era impossível ver no escuro se o que ele disse tinha a habitual centelha de ironia." (pág. 166)

"É terrível ver uma pessoa infeliz quando queremos ajudar essa pessoa e não podemos." (pág. 170)

domingo, 27 de novembro de 2016

O jogo dos assassinos

Título: O jogo dos assassinos
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 98

Como fã dos livros de mistério e suspense, atirei-me a este livro pensando tratar-se de material inédito. Na verdade é apenas uma coletânea das coletâneas já publicadas anteriormente. Não há nenhuma história original.

Outro ponto em desfavor do livro é que não há um índice. As histórias têm que ser lidas na sequência, ou então devem ser procuradas manualmente. A decepção só não foi maior porque o livro é pequeno.

Trechos interessantes:

"Não ande carregando pensamentos mórbidos. Não pense na morte todo o tempo, preocupe-se com a vida. Pense sobre o seu trabalho, por exemplo.
Mas o que se pode fazer, se o seu trabalho, frequentemente, é lidar com a morte?" (pág.11)

"Se o rapaz não pudesse entender a atrocidade do que fizera, se era jovem demais, se a vida era para ele ainda algo tão natural, uma dádiva tão natural, uma dádiva tão inevitável, pelo menos os pais dele certamente já tinham vivido o bastante para entender. Será que o Sr. Brodek nunca esteve deitado na cama, sem poder dormir, pensando no fraco e envelhecido som do seu próprio coração bombeando a vida através das veias? Será que a Sra. Brodek não sentiu o aperto do medo diante da morte,quando se achava prestes a dar a vida ao seu filho? Eles sabiam, eles tinham que entender o que realmente significa matar." (pág. 21)

"-Volto à sua frequente afirmação de que, sendo todas as soluções impossíveis eliminadas, qualquer possibilidade restante, ainda parecendo improvável, será a verdadeira." (pág. 45)

"Existem criaturas patéticas neste mundo, para as quais a posse do dinheiro significa tudo. Conhecem pouco sobre a vida e nada sobre viver." (pág. 52)

"O amor pelo dinheiro, Parker, é de fato, a raiz de todo o mal." (pág. 55)

"Milhares de pessoas nos Estados Unidos da América tinham levantado essa manhã sem saber que iriam morrer antes do cair da noite. Por que a sua querida Mary não podia estar entre eles? Por que ela não podia morrer, sem que ele precisasse assassiná-la?" (pág. 70)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Esposa 22

Título: Esposa 22
Autor: Melanie Gideon
Páginas: 396

Alice é uma mulher na casa dos 40 anos, entediada com o casamento, trabalha numa escola local como professora de Arte e acredita que a filha tem transtorno alimentar e que o filho é gay. Desiludida com o casamento, tem a crise de meia idade acentuada quando o marido perde o emprego e a escola em que trabalha resolve não renovar seu contrato para o próximo ano.

Por impulso resolve participar de uma pesquisa sobre relacionamento de casais que chega ao seu e-mail, surgindo daí uma animada troca de mensagens entre ela (Esposa 22) e o entrevistador (Pesquisador 101). Começando como uma coisa simples, a pesquisa cresce de importância passando a ter grande influência na sua vida. Tudo isso, sempre fazendo uso das mídias modernas: e-mail, twitter, facebook e pesquisas do Google.

Trechos interessantes:

"Não consigo disfarçar minha expressão de espanto. Eles estão competindo para ver quantos resultados seus nomes geram no Google. E estão todos na casa do milhar?
-Vejam só que vocês fizeram. Alice está apavorada - diz Kelly. - E não a censuro. Somos um bando de narcisistas mesquinhos.
-Não, não, não. Eu não estava julgando. Acho engraçado. Pesquisa narcisística. Todo mundo faz isso, não? Só que ninguém tem coragem de admitir." (pág. 19/20)

"Ele está vestido para ir trabalhar: calça cáqui e camisa social violeta. Fui eu que comprei essa camisa, sabendo em como ele ficaria bem com essa cor, combinando com seus olhos e cabelo escuros. Quando cheguei com ela em casa, ele protestou, claro.
-Homens não usam lilás - disse ele.
-Sim, mas homens usam roxo - retruquei.
Às vezes a gente só precisa chamar as coisas por outro nome para conseguir que os homens concordem com a gente." (pág. 40)

"A escola de Peter leva a ecologia muito, muito a sério. Plástico é proibido. Guardanapos de pano são incentivados.
[...]
Vão ser pratos de papel.
-Se alguém perguntar, diga que o custo carbono de arranjar um novo kit de utensílios pesa muito mais que usar cinco pratos descartáveis da sua mãe, comprados em 1998, na época em que os gases estufa provinham do excesso de repolho no almoço dos jardineiros." (pág. 89)


"O que as Abelhas Abelhudas sabem, o que é tácito entre nós, o que não precisa ser explicado nem dito, é que ninguém jamais vai nos amar como nossas mães nos amaram. Sim, somos e seremos amadas, por nossos pais, amigos, irmãos, tios e avós e cônjuges - e nossos filhos, se optamos por tê-los -, mas nunca experimentaremos aquele tipo de amor materno incondicional, do tipo 'nada que você fizer vai me afastar de você'." (pág. 110)

"Eu lembro que quando as crianças eram pequenas, uma conhecida me confidenciou como ela e o marido estavam desolados com a partida do filho para estudar em outra cidade. Sem refletir, eu disse a ela: 'Ora, a questão não é essa. Ele se lançou no mundo. Vocês não deveriam estar felizes?!' Cheguei em casa e contei isso a William e nós dois ficamos desconcertados. Envolvidos como estávamos no dia a dia difícil dos pais jovens com filhos pequenos, ambos daríamos qualquer coisa para ter uma tarde só nossa. Estávamos ansiosos para que nosso filhos se tornassem independentes. Imagine a pessoa ser tão dependente dos filhos a ponto de se sentir perdida quando eles saem de casa, dissemos um ao outro. Dez anos depois, estou começando a entender." (pág. 115)

"Tenho certeza de que éramos irritantes ao extremo. Especialmente para os casais mais velhos que não andavam na calçada de mãos dadas, que muitas vezes pareciam nem se falar, separados por uma distância de um metro. Eu não conseguia entender que o silêncio deles poderia ser confortável, um silêncio conquistado a duras penas, um benefício decorrente de anos de vida em comum; só pensava em como era triste eles não terem nada para dizer um ao outro." (pág. 162)

"Que tipo de guerra a pessoa trava consigo mesma?
Uma guerra em que um lado da pessoa acha que ela está cruzando uma linha e o outro acha que essa linha está pedindo para ser cruzada." (pág. 218)

"E o mais importante, minha mãe teria me informado sobre o tempo. Teria dito: 'Querida, é um paradoxo. Na primeira metade da vida, cada minuto leva um ano para passar, mas, na segunda metade, cada ano leva um minuto.' Teria me garantido que era normal e que não adiantava ir contra. É o preço que se paga pelo privilégio de envelhecer."

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Amazônia, a viagem quase impossível

Título: Amazônia, a viagem quase impossível
Autor: Louise Sutherland
Páginas: 180

Pedalar pela Transamazônica recém inaugurada, esse era o desejo da autora, uma neozelandesa apaixonada por ciclismo e que resolveu se aventurar pela Amazônia depois de já ter percorrido grande parte do globo. Foram 4.400 quilômetros enfrentando sol e chuva, numa estrada irregular e não concluída, em meio à floresta, atravessando áreas indígenas, leitos de rios, em áreas desertas e, o mais interessante, sozinha e sem falar uma palavra em português.

Apesar da dificuldade e dos rótulos de 'impossível' que todos proferiram, ela conseguiu. E mais importante: amou a viagem, se interessou pelo povo que vive ali a ponto de fazer uma campanha em seu país e arrecadar 20 mil libras e montar um clínica móvel para operar naquela região pois havia ficado impressionada pela falta de assistência médica à população local. Ou seja, além de apaixonada pelo ciclismo, também defensora das causas sociais. Leitura extremamente recomendada.

Trechos interessantes:

"Eu estava começando a me sentir um pouco preocupada. Tudo o que eu pretendia era pedir alguns detalhes atualizados sobre a estrada. Eu já havia percebido que ela não seria uma autoestrada pavimentada como as grandes vias da Europa, com suas paradas frequentes que ofereciam todo o conforto aos viajantes. Mas, da mesma forma, eu não esperava que tudo fosse tão drástico quanto o Dr. Araújo descrevia.
Em primeiro lugar, se era, realmente tão isolada, por que construir a estrada? Ela havia sido divulgada em todo o mundo como um feito fantástico da engenharia e aclamada como uma das maravilhas do mundo moderno; deveria haver mais de uma razão, além de provar que podiam fazê-la." (pág. 15)

"-Você sabe - eu disse para alguém em particular - eu descobri que um velho ditado é bem verdadeiro, e ele diz o seguinte: a maior parte das pessoas, na maior parte dos países é muito mais gentil do que imagina a maioria das OUTRAS pessoas." (pág. 16)

"Eu sempre descobri, em todos os países pelos quais andei de bicicleta, que quanto mais primitivas eram as pessoas, maior sua hospitalidade. Eu descobri que é mais fácil passar por uma área estranha, disposta a aceitar as pessoas, SEUS hábitos e SEU modo de vida. E não com uma atitude 'assustada' ou sentindo-se 'superior'. Na maior parte dos casos eles respondiam com gentileza, mesmo quando eu não conseguia me comunicar com eles. Eu sou a estranha, a visitante. Aquela é SUA terra natal." (pág. 53)

"Quando as portas do banco se abriram eu era a primeira. Um dos caixas examinou os cheques e meu passaporte, depois balançou a cabeça.
-Sinto muito, não trocamos cheques de viagem.
Mas eu havia ficado sem dinheiro brasileiro. O que poderia fazer?
O caixa sugeriu que eu procurasse alguém na cidade que comprasse os meus cheques. Eu não podia acreditar nisso: banco me dizendo para procurar o mercado negro!" (pág. 54)

"A solidão não me preocupava. Eu nunca estava só quando pedalava. Eu tinha minha bicicleta para conversar. Mas era à noite, ou em uma cidade estranha onde não conhecia ninguém que eu me sentia realmente sozinha." (pág. 65)

"Eu amei a floresta!
Viajar de bicicleta durante dias, tendo apenas as árvores e o sol brilhante ao meu redor. Tendo os papagaios, as cobras e milhares de borboletas como companhia. O tornozelo ainda infeccionado e a comida monótona eram detalhes a serem esquecidos. ESTA era a vida que eu pedira a Deus." (pág. 79)

"Não são os animais selvagens que ameaçam a floresta (na verdade, eles é que estão sendo ameaçados), mas os insetos poderiam fazê-lo. Minha impressão foi que os insetos estão decididamente aumentando. Com a queimada da floresta e o cultivo das terras, as cobras, os morcegos e outros predadores do mundo dos insetos estão sendo levados à extinção. Isto significa que os insetos podem se reproduzir livremente e multiplicar-se em profusão. Todos aqueles milhões de borboletas que vi, ao longo da estrada, já foram lagartas. Cada uma delas comendo a vegetação da floresta. Que ideia!
Quanto mais se aprende sobre a interdependência de todas as coisas vivas da floresta - as árvores, as plantas e a vida animal - mais interessante ela se torna. A natureza criou tudo de tal forma que toda a região da floresta foi capaz de sobreviver por milhares de anos. Mas a interferência destruidora do homem pode alterar o delicado equilíbrio e mudar vastas áreas de vida abundante para a devastação total, em apenas três a cinco anos!" (pág. 102)

"Tentar achar o caminho foi uma experiência terrível. Em três meses esta era a primeira vez que estava em uma cidade grande e achei que aquilo era muito mais selva do que a selva onde estivera. Prefiro muito mais todas as árvores e cobras do que aqueles carros voando ao meu redor!" (pág. 124)

"Isso, eu acho, é uma das coisas maravilhosas de se viver na selva. Um grupo de vinte e cinco pessoas pode aparecer no meio da noite, totalmente inesperados, e ninguém se abala. Eles conversam animadamente, comem alguma coisa, ou simplesmente tomam café e todos podem ir para suas redes e dormir. Eu tentei imaginar a confusão que isso seria se acontecesse na casa de alguém do 'mundo civilizado'. Isso me fez pensar no que é a VERDADEIRA definição da palavra civilizado." (pág. 156/157)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A ciclista solitária

Título: A ciclista solitária
Autor: Sir Arthur Conan Doyle
Páginas: 216

Sherlock Holmes está de volta! Em 1893 Conan Doyle havia resolvido encerrar as histórias de Holmes e, para isso, escreveu a morte do personagem na última história do livro "Memórias de Sherlock Holmes". Em 1905 (arrependido?) resolveu "reviver" o detetive e publicou 12 histórias num livro chamado "O retorno de Sherlock Holmes". E é desse livro que foram retiradas as histórias de "A ciclista solitária".

Para quem já está habituado com as histórias de Holmes, não vai encontrar nenhuma novidade. O detetive resolve crimes intrigantes, com a ajuda do amigo Watson, utilizando-se de métodos pouco convencionais  e que deixam a polícia britânica totalmente aparvalhada.

Trechos interessantes:

"-O trabalho é o melhor antídoto para a tristeza, meu caro Watson - ele disse -, e eu tenho um pouco de trabalho para nós dois hoje à noite que, se tivermos êxito, por si só justificará a existência de um homem nesse planeta." (pág. 19)

"-[...] Há algumas árvores, Watson, que crescem até uma certa altura e então subitamente desenvolvem alguma excentricidade repugnante. Você vê isso seguidamente em seres humanos. Tenho uma teoria de que o indivíduo representa em seu desenvolvimento toda a procissão dos seus antepassados, e que uma virada súbita para o bem ou para o mal sinaliza alguma forte influência que veio na linha do seu pedigree." (pág. 31)

"Meu amigo não tomara café, pois uma de suas peculiaridades era não comer nada nos momentos mais intensos, e já o vi contar demasiado com sua força extraordinária até desmaiar de pura inanição. 'No momento não posso desperdiçar energia e resistência com a digestão', ele diria, em resposta às minhas admoestações médicas." (pág. 54/55)

"-Asseguro-lhe, meu bom sr. Lestrade, que tenho uma razão excelente para tudo que estou fazendo. Talvez o senhor se lembre que caçoou de mim um pouco há algumas horas, quando o vento soprava para o seu lado, de modo que não pode deixar de conceder-me um pouco de pompa e cerimônia agora." (pág. 60)

"-[...]Se a senhora está tão ferida como o senhor diz, quem escreveu esta nota? - exclamou com um brilho de suspeita nos olhos, jogando o bilhete sobre a mesa.
-Eu escrevi para trazê-lo aqui.
-O senhor escreveu? Não havia ninguém no mundo, fora da Junta, que conhecesse o segredo dos dançarinos. Como o senhor poderia escrever?
-O que um homem pode inventar, o outro pode descobrir - disse Holmes." (pág. 94/95)

"-O assunto pode ser facilmente solucionado - disse o intimidado professor. -O sr. Sherlock Holmes pode voltar a Londres no trem da manhã.
-Nada disso, doutor, nada disso - disse Holmes, no seu tom mais gentil. -Esse ar do Norte é revigorante e agradável, de modo que pretendo passar alguns dias nas suas terras e ocupar minha mente da melhor maneira possível. Se terei o abrigo da sua casa, ou da estalagem do vilarejo, é algo para o senhor decidir, é claro." (pág. 135)

"-Bem, infelizmente não posso ajudá-lo, sr. Lestrade - disse Holmes. -O fato é que conheci esse tal Milverton e o considerava um dos homens mais perigosos de Londres. Acho que há determinados crimes em que a lei não pode interferir, e que por esse motivo até certo ponto justificam a vingança privada. Não, não adianta insistir, já tomei uma decisão. Minha solidariedade está com os criminosos, não com a vítima, e não vou trabalhar nesse caso." (pág. 214)

sábado, 12 de novembro de 2016

O leitor de almas

Título: O leitor de almas
Autor: Paul Harper
Páginas: 228

Vera List é uma psicanalista que suspeita que duas de suas clientes estão tendo um caso com o mesmo homem. O fato em si não teria maiores consequências, se Vera não sentisse que o caso com suas clientes possuem situações similares e estão caminhando a passos rápidos para um desfecho trágico. Vera então contrata Fane para tentar localizar o amante misterioso e esclarecer de vez a situação.

Dilemas éticos, morais e sociais se misturam nessa avalanche de situações. Fane possui uma equipe que coloca em ação com o intuito de cobrir todas as áreas enquanto Vera tenta, inicialmente, manter as clientes desinformadas do que está acontecendo com suas vidas. Muita adrenalina e emoção na história.

Trechos interessantes:

"'É o espírito do nosso tempo', disse ela. 'Assistir à autodestruição das pessoas, observar vidas que vão por água abaixo, é nosso passatempo nacional. Somos viciados em segredos sujos.'
Era uma observação bastante amarga, e Fane desconfiou que devia refletir uma dura experiência pessoal. Mas não pôde discordar. O anonimato - a privacidade - era o último refúgio da normalidade num mundo cada vez mais hiperconectado, revelador, sedento por fofocas. Era raro como o pudor e, uma vez perdido, irrecuperável, como a inocência." (pág. 24)

"Abrir a mente de uma mulher era como tentar abrir uma ostra com uma lâmina afiada. Se a pessoa quiser a pérola, tem de usar o instrumento adequado. Se for muito grosso, não vai funcionar. Se for fino demais, vai quebrar com a pressão. É preciso ter a lâmina exata, e ele sabia qual era." (pág. 39)

"Muitas vezes ele se perguntava o que fora mais importante para fazer dele o homem que era: o isolamento de seus anos de menino que perdera as lembranças ou sua adolescência independente, em que cada passo que dava e cada decisão que tomava eram um lance de dados.
É claro que essa não era, para começar, a pergunta certa. Raramente (ou talvez nunca) a vida pode ser compartimentada assim. Mas agora ele não perdia mais tempo com esse tipo de pergunta." (pág. 77)

"'A senhora então não acompanhou de perto a investigação policial?'
'Não acompanhei nada. A carga psíquica e moral do assassinato de Stephen cabe ao homem que puxou o gatilho. Não cabe a mim. Meu luto não é afetado pelo que possa acontecer ao assassino de Stephen. Não há relação entre uma coisa e outra. E sei que minha tristeza não é especial. Só é especial para mim. Tento mantê-la só comigo'." (pág. 107)

"Vera Lista já estava pagando seu preço, e não se sentia satisfeita consigo mesma pelo que decidira fazer. A verdade é que Fane sabia desde o começo que Vera subestimaria o quanto teria de pagar por sua decisão. Quando ficam desesperadas para se livrar de um dilema, as pessoas normalmente dão mais peso à esperança que à realidade. É uma das coisas tristes e maravilhosas da natureza humana." (pág. 109)

"'Sempre fui usada para sexo', ela disse. Era uma afirmação triste porque era dita sem tristeza.'Não é surpresa para mim o que os homens são capazes de fazer por isso, ou o que são capazes de fazer a outra pessoa por isso. Mas não é a única coisa capaz de levar os homens a extremos'." (pág. 118)

"O homem é inseparável dos dilemas éticos trazidos por seus segredos: quais são, quem os guarda, quem não os guarda... e por quê." (pág. 216)

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Histórias para aquecer o coração das mães

Título: Histórias para aquecer o coração das mães
Autor: Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne, Marci Shimoff
Páginas: 110

Pequeno livro de histórias singelas, mas que apresentam alto teor de emotividade, ternura e gratidão. Em todas as histórias a peça central é a mãe e, no fundo, todas buscam mostrar uma espécie de lição que todos devemos adotar e aprender.

As histórias são trechos de cartas, livros e textos de pessoas diversas e foram compiladas por esses quatro autores, formando esta obra que, sem dúvida, vai tocar profundamente o coração de todas as mães. Há histórias para todos os gostos: ternas, sinceras, engraçadas, tristes, sensíveis. Leitura recomendada a todos.

Trechos interessantes:

"Ela deu como que um suspiro, colocando a mão no peito, me olhou com infinita tristeza e disse; 'Você é padre há tantos anos e nunca viu Deus?'
Eu insisti: 'Mãe, a gente não vê Deus.'
Ela retrucou: 'Você não vê Deus, mas eu O vejo todos os dias. Quando o sol se põe lá no horizonte, Deus passa com um manto fantástico, lindo. Ele vem sempre sério, e teu pai que já faleceu vem atrás, olha para mim, me dá um sorriso e segue junto com Deus. Eu vejo Ele todos os dias.'
Eu fiquei parado, me perguntando: 'Quem é o teólogo aqui, ela ou eu? A analfabeta ou o doutor em teologia?'" (pág. 17)

"Lembro-me de ter lido uma vez, num livro sobre psicologia do desenvolvimento, que somente um pai ou uma mãe podem outorgar a maioridade a um filho. Na época, não entendi realmente o sentido dessas palavras. Hoje, acho que compreendo. Existe uma confirmação que só pode vir daqueles que nos deram a vida, que nos conhecem completamente desde que nascemos. Mesmo velhos, o poder dos pais em conceder essa confirmação não diminui." (pág. 23)

"Quando bateu à porta, esta se abriu sozinha. Chegou a pensar que alguém a arrombara. Preocupada com a mãe, correu para o quarto, mas a senhora dormia. A filha a acordou, dizendo: 'Sou eu, sou eu, voltei para casa!'
A mãe não podia acreditar. Em prantos, abraçou-se à filha, que disse: 'Fiquei tão preocupada! A porta estava aberta e pensei que alguém tinha entrado!'
A mãe respondeu docemente: 'Não, querida. Desde o dia em que você se foi, a porta nunca esteve fechada'." (pág. 30)

"Sentada em frente a eles, eu os observava. Soube naquele momento que os cabelos, as roupas e as tatuagens eram só afirmação de adolescente. Isso mudaria com o tempo. Mas sua participação nas orações da nossa festa e a união de nossa família permaneceriam para sempre nos seus corações. Mesmo quando fossem mais velhos, isso nunca iria mudar." (pág. 39)

"É impressionante como a gente acaba sabendo muito mais da história e da motivação por trás dela quando está abraçando uma criança, mesmo uma criança num corpo adulto. Quando eu segurava a língua, acabava ouvindo meus filhos falarem de seus medos, de sua raiva, de culpas e arrependimentos. Não ficavam na defensiva porque eu não os estava acusando de coisa alguma. Podiam admitir que estavam errados sabendo que eram amados, apesar de tudo. Dava para trabalharmos com 'o que você acha que devemos fazer agora', em vez de ficarmos presos a 'como foi que a gente veio parar aqui?'" (pág. 62)

"Enquanto mamãe levava a caneca de volta à cozinha, o senhor Hall conseguiu se apoiar na bengala, afastou a colcha dobrada sobre a cadeira e saiu cambaleando porta afora em direção à tempestade.
Ficamos observando-o enquanto chegava, vacilante, até o portão da frente, os clarões dos raios iluminando o caminho.
'Parece que nosso hóspede já consegue andar sozinho.'
'Mamãe, por que você o chama de nosso hóspede?', perguntei. 'Ele só é nosso vizinho. Nós não o convidamos a entrar.'
'Um hóspede é qualquer pessoa que venha à nossa casa em paz'." (pág. 69/70)

"Perdoai-me, Senhor, por todas as tarefas que hoje ficaram por fazer. Mas, de manhã, quando meu filho, com seus passinhos incertos, entrou no quarto e pediu: 'Mamãe, quer brincar comigo?', eu simplesmente tive de dizer sim." (pág. 79)

"Se eu soubesse como é maravilhoso ter netos, eu os teria antes dos filhos. [Lois Wyse]" (pág. 85)

domingo, 6 de novembro de 2016

Aléxandros - os confins do mundo

Título: Aléxandros - os confins do mundo
Autor: Valerio Massimo Manfredi
Páginas: 410

Terceiro e último livro da saga de Alexandre. Aqui são relatadas as suas últimas batalhas, seus casamentos com Estatira e Roxana, os atentados que sofreu, o seu encontro com o sábio Kalanos, até o instante final em que morreu rodeado pelos amigos.

Alexandre, cujo sonho era conquistar o mundo, perseguiu, com seus fiéis companheiros, este sonho intensamente. Venceu diversas tribos, viajou por montanhas, florestas, desertos e mares, fundou inúmeras cidades e foi morrer tranquilamente em casa, de uma causa banal. Não conquistou o mundo, mas foi dono do maior império já visto.

Trechos interessantes:

"A lamparina que mais intensamente brilha na sala é fadada a ser a primeira a apagar-se, mas todos os convidados irão lembrar quão bonita e agradável foi a sua luz durante a festa." (pág. 14)

"-Achas realmente que haverá um milhão de homens esperando por nós naquele trecho do deserto? - perguntou Leonato visivelmente perturbado. -Por Hércules, nem consigo imaginar! O que vem a ser, afinal, um milhão de homens?
-É muito fácil explicar - disse Eumênio. -Significa que cada um de nós tem de matar vinte se quisermos vencer, e ainda sobrariam alguns." (pág. 67/68)

"-Chefiarás o ataque da tua cavalaria, amanhã, não é?
-Isso mesmo.
-Por que expor-te a um perigo mortal? Se algo acontecer contigo, os teus homens ficarão sem guia.
-Um rei tem seus privilégios, mas deve estar pronto a ser o primeiro a morrer quando a sua gente enfrenta o perigo." (pág. 78)

"Todos os povos da terra identificam o mal com os outros, com os povos estrangeiros e os seus deuses e, infelizmente, creio que para isto não haja remédio. Foi por este motivo que destruíram as obras mais belas da nossa civilização. E é por isso que nós destruímos agora as obras mais belas da deles." (pág. 140)

"Alexandre olhou para o inimigo, para os olhos vidrados que um dia o haviam fitado por um instante, cheios de aflição, no campo de batalha de Isso e sentiu um profundo sentimento de piedade por aquele homem que até poucos meses antes estava sentado no mais alto trono da terra, venerado como um deus por milhões de súditos e que agora, traído e morto por seus próprios amigos, jazia abandonado numa estrada poeirenta. Lembrou-se então dos versos da Queda de Ílio que descreviam o corpo inerte de Príamo morto por Neoptólemo:

Jaz o rei da Ásia, aquele que foi poderoso senhor de exércitos,
como árvore abatida pelo raio,
um tronco abandonado, um corpo sem nome." (pág. 171)

"Para uma mãe não há dor maior do que a de perder um filho, mas, te peço, não me odeies: a ti, pelo menos, os deuses concederam chorar por ele e sepultá-lo segundo o costume dos antepassados. À minha mãe, que há anos espera por mim, talvez nem isto seja concedido." (pág. 172)

"-Se estás pensando em Dédalo e Ícaro, preciso lembrar-te que infelizmente se trata apenas de uma lenda. O homem jamais conseguiria voar, nem mesmo que alguém construísse asas para ele. Acredita, é simplesmente impossível.
-Não conheço essa palavra - replicou o rei. -E houve uma época em que tu mesmo não a conhecias, meu amigo.Receio que estejas ficando velho." (pág. 295/296)

-[...]Alguém ouviu-te perguntar o que era preciso para tornar-se o homem mais famoso do mundo e ele teria respondido: 'Matar o homem mais poderoso do mundo'." (pág. 303)

"Não há conquista que faça sentido, não há guerra que valha a pena de ser combatida. No fim, a única terra que nos sobra é aquela em que seremos sepultados." (pág. 380)

"A dor de Alexandre pela morte de Heféstion é a mesma de Aquiles pela morte de Pátroclos. Não importa como Heféstion morreu, o que importa é como ele viveu: um grande guerreiro, um grande amigo, um jovem ceifado cedo demais pelo fado." (pág. 398)

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Sozinha mundo afora

Título: Sozinha mundo afora
Autor: Mari Campos
Páginas: 108

Quem nunca sentiu vontade de explorar o mundo, conhecer novas culturas, novas paisagens, novos ares? Acho que todo mundo tem esse desejo. Mas, muitas vezes, mesmo tendo os recursos financeiros, não encontramos ninguém que se disponha e enfrentar esse desafio conosco. E aí o desejo fica apenas no sonho.

Nesse livro a autora tenta desmistificar esse conceito e mostra que é possível viajar sozinha e se divertir, sem se sentir culpada ou entediada. Quando se está aberto a novas experiências tudo é muito mais fácil e não é a falta de companhia que vai te impedir de desfrutar uma viagem interessante. Viajar é muito bom, tanto faz se com companhia ou mesmo sozinho.

Trechos interessantes:

"Quem já experimentou pode afirmar: viajar sozinha eleva a autoestima, amplia horizontes, fortalece, aplaca os medos e economiza anos de terapia em matéria de autoconhecimento." (pág. 12)

"Para quem me pergunta por que eu viajo sozinha, sempre respondo: 'Porque eu adoro a minha própria companhia!' E nenhuma pergunta capciosa costuma vir depois disso, ponto final." (pág. 14)

"Quando abrimos a porta que nos separa de conhecer um mundo diferente do nosso, não podemos mais fechá-la." (pág. 22)

"Em países muçulmanos, por exemplo, evite andar com os cabelos soltos e procure usar roupas discretas - nada muito justo, curto ou decotado. Se você é visita, independente de concordar ou não, respeite o modo de pensar e viver de seus anfitriões." (pág. 30)

"Descobri que sou uma ótima companhia para mim mesma e que posso, sim, sentir prazer em fazer aquilo que gosto sem depender de ninguém. Nem pensei em entrar em uma excursão ou convidar uma amiga. É uma delícia fazer a programação dos seus dias sem ter que levar em conta a vontade de ninguém, apenas a sua." (pág. 89)

"[...]Tem medo, e muito, antes de embarcar, mas quando volta nem lembra por que diabos refletiu tanto antes de partir..." (pág. 108)