domingo, 6 de novembro de 2016

Aléxandros - os confins do mundo

Título: Aléxandros - os confins do mundo
Autor: Valerio Massimo Manfredi
Páginas: 410

Terceiro e último livro da saga de Alexandre. Aqui são relatadas as suas últimas batalhas, seus casamentos com Estatira e Roxana, os atentados que sofreu, o seu encontro com o sábio Kalanos, até o instante final em que morreu rodeado pelos amigos.

Alexandre, cujo sonho era conquistar o mundo, perseguiu, com seus fiéis companheiros, este sonho intensamente. Venceu diversas tribos, viajou por montanhas, florestas, desertos e mares, fundou inúmeras cidades e foi morrer tranquilamente em casa, de uma causa banal. Não conquistou o mundo, mas foi dono do maior império já visto.

Trechos interessantes:

"A lamparina que mais intensamente brilha na sala é fadada a ser a primeira a apagar-se, mas todos os convidados irão lembrar quão bonita e agradável foi a sua luz durante a festa." (pág. 14)

"-Achas realmente que haverá um milhão de homens esperando por nós naquele trecho do deserto? - perguntou Leonato visivelmente perturbado. -Por Hércules, nem consigo imaginar! O que vem a ser, afinal, um milhão de homens?
-É muito fácil explicar - disse Eumênio. -Significa que cada um de nós tem de matar vinte se quisermos vencer, e ainda sobrariam alguns." (pág. 67/68)

"-Chefiarás o ataque da tua cavalaria, amanhã, não é?
-Isso mesmo.
-Por que expor-te a um perigo mortal? Se algo acontecer contigo, os teus homens ficarão sem guia.
-Um rei tem seus privilégios, mas deve estar pronto a ser o primeiro a morrer quando a sua gente enfrenta o perigo." (pág. 78)

"Todos os povos da terra identificam o mal com os outros, com os povos estrangeiros e os seus deuses e, infelizmente, creio que para isto não haja remédio. Foi por este motivo que destruíram as obras mais belas da nossa civilização. E é por isso que nós destruímos agora as obras mais belas da deles." (pág. 140)

"Alexandre olhou para o inimigo, para os olhos vidrados que um dia o haviam fitado por um instante, cheios de aflição, no campo de batalha de Isso e sentiu um profundo sentimento de piedade por aquele homem que até poucos meses antes estava sentado no mais alto trono da terra, venerado como um deus por milhões de súditos e que agora, traído e morto por seus próprios amigos, jazia abandonado numa estrada poeirenta. Lembrou-se então dos versos da Queda de Ílio que descreviam o corpo inerte de Príamo morto por Neoptólemo:

Jaz o rei da Ásia, aquele que foi poderoso senhor de exércitos,
como árvore abatida pelo raio,
um tronco abandonado, um corpo sem nome." (pág. 171)

"Para uma mãe não há dor maior do que a de perder um filho, mas, te peço, não me odeies: a ti, pelo menos, os deuses concederam chorar por ele e sepultá-lo segundo o costume dos antepassados. À minha mãe, que há anos espera por mim, talvez nem isto seja concedido." (pág. 172)

"-Se estás pensando em Dédalo e Ícaro, preciso lembrar-te que infelizmente se trata apenas de uma lenda. O homem jamais conseguiria voar, nem mesmo que alguém construísse asas para ele. Acredita, é simplesmente impossível.
-Não conheço essa palavra - replicou o rei. -E houve uma época em que tu mesmo não a conhecias, meu amigo.Receio que estejas ficando velho." (pág. 295/296)

-[...]Alguém ouviu-te perguntar o que era preciso para tornar-se o homem mais famoso do mundo e ele teria respondido: 'Matar o homem mais poderoso do mundo'." (pág. 303)

"Não há conquista que faça sentido, não há guerra que valha a pena de ser combatida. No fim, a única terra que nos sobra é aquela em que seremos sepultados." (pág. 380)

"A dor de Alexandre pela morte de Heféstion é a mesma de Aquiles pela morte de Pátroclos. Não importa como Heféstion morreu, o que importa é como ele viveu: um grande guerreiro, um grande amigo, um jovem ceifado cedo demais pelo fado." (pág. 398)

Nenhum comentário: