domingo, 3 de julho de 2016

O sobrevivente

Título: O sobrevivente
Autor: Aleksander Henryk Laks / Tova Sender
Páginas: 174

O livro relata os horrores testemunhados por uma pessoa que escapou de Auschwitz. Os livros de história nos ensinam sobre as atrocidades do holocausto, mas nada se compara ao relato de alguém que viveu na própria pele todo tipo de sofrimento.

O sobrevivente não era brasileiro (como faz crer o subtítulo), mas um polonês que, após escapar de Auschwitz, conseguiu se radicar no Brasil. Para quem gosta de relatos biográficos e quer aprender um pouco mais sobre história, eis aí uma boa dica.

Trechos interessantes:

"Achávamos que ganharíamos a guerra contra Hitler. Éramos ingênuos; não havíamos vivenciado ainda nenhum tipo de violência na nossa curta e feliz infância." (pág. 25)

"Os judeus tiveram que executar trabalhos forçados, como fazer faxina nos quartéis sem material de limpeza, com as próprias mãos. Igualmente com as mãos limpavam as ruas e os bueiros. Eram obrigados a passar por todo gênero de humilhações, como cavar valas, tirar a roupa e atirar na vala, e dançar sobre a roupa cantando os cânticos sagrados." (pág. 35)

"Eram muitos os enfermos, mas não havia nenhum medicamento. Entre nós, difundiu-se a crença de que a casca de batata continha todas as vitaminas, além de elevadas qualidades terapêuticas para as enfermidades e pestes que grassavam no gueto. Durante todos aqueles anos, a casca de batata foi o nosso remédio." (pág. 44)

"As deportações prosseguiam, ninguém sabia para onde. Nós, que permanecíamos no gueto, defendíamos a nossa sanidade mental tentando não acreditar no pior. Nós nos enganávamos para sofrer menos. Enganávamos uns aos outros. Sobreviver tornou-se uma obsessão. Investíamos todas as nossas forças numa só direção: sobreviver, sobreviver, obter mais um pedaço de pão, um pouco de sopa, um dia a mais, conseguir acordar no dia seguinte. Evitávamos fazer conjecturas quanto àquilo que temíamos." (pág. 59)

"Tenho muitas marcas. Tenho cicatrizes de todo tipo. Minha alma está cheia delas. Meu corpo também. Minha memória, meu pensamento, meu sono, meus sonhos, meus dias e minhas noites." (pág. 111)

"-Meu filho! Não posso andar, mas você deve prosseguir. E, se sobreviver, jamais deixe de contar o que nos ocorreu. Sei que não entra na cabeça de ninguém que algo assim possa acontecer; que seres humanos possam chegar a um nível tão baixo de crueldade e fazer o que fizeram a outros homens. Mas você tem que contar. Se pelo menos uma pessoa acreditar, você já terá feito a sua parte." (pág. 127)

"O fim da guerra e a nossa libertação marcaram o início de uma outra batalha. Tínhamos que recomeçar; sem parentes, casa, dinheiro, comida, roupas ou documentos. Nada. Além de tudo, permanecíamos no meio de gente hostil. Ninguém se importava com a nossa situação, e continuávamos abandonados. Ninguém veio ajudar; não havia comida, médicos ou remédios. Eles nos libertaram por acaso. Nós estávamos lá, simplesmente..." (pág. 149/150)

"Espero que o meu passado não seja o futuro das gerações que estão por vir. Procuro mostrar aos jovens como as mentes das pessoas foram esvaziadas e dominadas por um louco, por ideias absurdas, e como se perdem o controle e o discernimento dos próprios atos. Alerto sempre para esse perigo..." (pág. 167)

Nenhum comentário: