sábado, 12 de outubro de 2013

O recurso

Título: O recurso
Autor: John Grisham
Páginas: 380

O livro começa com o resultado de um julgamento no qual uma empresa é condenada (justamente) a pagar uma quantia milionária para pessoas simples de uma cidadezinha. Todo o resto do livro é dedicado às tramoias e falcatruas utilizadas pela empresa para recorrer do pagamento da sentença.

Não há como ler o livro sem se deixar influenciar pela história. Ninguém acha que já tem o bastante e, mesmo possuindo milhões, pouco se importa com quem não tem nada. Quanto mais eu vejo que isto não deveria acontecer, mais eu me convenço de que, na realidade, é desta forma que as coisas acontecem.

Trechos interessantes:

"Envolver-se em um julgamento importante é como mergulhar em um lago escuro e pantanoso com um cinto de pedras. Você tenta subir para respirar, mas o resto do mundo não se importa. E você sempre acha que está se afogando." (pág. 14)

"Eles tinham uma filha, de quem Carl poderia facilmente abrir mão. Ele já tinha seis, muitos, pensou. Três eram mais velhos que Brianna. Mas ela insistiu, e por razões óbvias. Um filho dava segurança, e como ela era casada com um homem que adorava mulheres e adorava a instituição do casamento, um filho significava família, laços, raízes e, o que não se mencionava, complicações legais no caso de as coisas desandarem. Um filho era a proteção de que toda esposa troféu precisava." (pág. 32/33)

"Queria um lar, nada mais. Não se importava mais com carros importados e um escritório caro e todos os outros brinquedos que um dia pareceram tão importantes. Queria ser a mãe de seus filhos e queria uma casa para criá-los." (pág. 86)

"O pastor Ott já tinha convencido seu rebanho há muito tempo de que, uma vez que o corpo estava morto e que o espírito subiu ao céu, os rituais mundanos eram bobos e tinham pouco significado. Funerais, velórios, embalsamamento, flores, caixões caros: tudo era um desperdício de tempo e dinheiro. Do pó vieste e ao pó voltarás. Deus nos mandou ao mundo nus, e assim devemos deixá-lo." (pág. 108)

"Seguindo a tradição do Sul, após o último adeus todos se reuniram, levando algum prato de comida, no salão comunitário. Para pessoas tão acostumadas à morte, a refeição pós-enterro permitia que uns chorassem nos ombros dos outros, compartilhando suas lágrimas." (pág. 109)

"Um dia, ele acordou e decidiu que de repente estava apaixonado pela magistratura e já quis começar de cima. É um insulto àqueles que trabalham no Judiciário e o fazem funcionar.
-Duvido que essa candidatura tenha sido ideia dele.
-Não, ele foi escolhido. E isso é ainda mais vergonhoso. Eles procuram, escolhem alguém verde com um sorriso bonito e sem nenhum passado que possa ser usado para atacar, e aí o envolvem no marketing esperto deles. É política. Mas a política não deveria contaminar o Judiciário." (pág. 235)

"A maior responsabilidade da lei é proteger o lado mais fraco da nossa sociedade. Os ricos geralmente conseguem se cuidar sozinhos." (pág. 241)

"Você é uma juíza. Toda vez que toma uma decisão, alguém perde. Esses caras não ligam para a verdade, então podem fazer qualquer coisa parecer feia." (pág. 281)

"[...]Reduzimos a pressão dentro do crânio. Mas o cérebro estava inchado, para ser franco, estava muito inchado. É provável que haja sequelas permanentes.
'Vida' e 'morte' são palavras facilmente compreendidas, mas 'sequela' traz medos que não estão prontamente definidos." (pág. 353/354)

"Naquela época, apenas dois meses atrás, nunca sentira a dor de um pai com um filho ferido. Ou o medo de perder o filho.
Agora, no meio deste pesadelo, ele se lembrou de Aaron de uma forma diferente. Quando leu os relatórios médicos sobre o caso, fizera isso no conforto de seu gabinete, bem longe da realidade. O menino foi gravemente ferido, que pena, mas acidentes acontecem todos os dias." (pág. 355)

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