sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O segredo da Dinamarca

Título: O segredo da Dinamarca
Autor: Helen Russell
Páginas: 366

Os dinamarqueses são considerados as pessoas mais felizes do mundo. A autora é uma jornalista inglesa que resolveu por à prova esse conceito. Ela resolveu acompanhar o marido que recebera uma proposta de trabalho de uma empresa dinamarquesa e ficar por lá durante 12 meses para descobrir se os dinamarqueses realmente se sentem felizes.

Apesar das dificuldades iniciais - idioma, costumes, falta de amigos, clima - aos poucos foi estabelecendo contato com os dinamarqueses e efetuava a seguinte pergunta: "Numa escala de felicidade de 0 a 10, que nota você daria a si mesma". A maioria esmagadora dos entrevistados concedeu nota 9 ou mais.

Trechos interessantes:

"A ideia de que poderíamos mudar a maneira que vivíamos fervilhava inquieta na minha cabeça, onde antes havia apenas uma aceitação estoica. O projeto Jessica Fletcher parecia, de repente, muito distante, e eu não tinha certeza de que poderia continuar naquele mesmo ritmo por mais trinta anos. Também me ocorreu que desperdiçar metade da nossa vida na expectativa da aposentadoria (embora uma muito boa) beirava ao absurdo e era algo ultrapassado. Eu não era uma serva medieval, arando a terra até cair de exaustão. Eu trabalhava na Londres do século XXI. A vida deveria ser boa. Agradável. Fácil, até. Então, o fato de que eu estava sonhando com a aposentadoria aos 33 anos já era um sinal de que alguma coisa tinha que mudar." (pág. 15/16)

"-Os dinamarqueses não acreditam que comprar mais coisas traga felicidade - disse Christian. -Um carro maior só faz você ter que pagar mais impostos. Uma casa maior só faz você levar mais tempo para acabar a faxina." (pág. 20)

"E fiquei ainda mais chocada quando Christian me disse que os dinamarqueses acreditam tanto que seus filhos estão em segurança que deixam os carrinhos de bebê do lado de fora das casas, dos cafés e dos restaurantes. Parece que eles também  não trancam as bicicletas nas ruas e deixam as janelas das casas abertas. Tudo isso porque a confiança nas outras pessoas, no governo e no sistema como um todo é muito alta." (pág. 22)

"Estávamos indo para o oeste da Escandinávia, a zona rural da Jutlândia, a península da Dinamarca, no extremo norte da Alemanha. A minúscula cidade de Billund, ao sul dessa península, tinha uma população de apenas 6.100 habitantes. Conheço gente que tem mais amigos no Facebook do que isso." (pág. 25)

"-Janeiro na Dinamarca é tempo de ficar em casa, com a família. Ninguém sai muito. Os dinamarqueses ficam 'debaixo das cobertas', literal e metaforicamente falando, de novembro até fevereiro. Então não se surpreenda se você não vir muita gente andando por aí, especialmente nas áreas rurais." (pág. 40)

"-Essas pessoas são os locatários, certo? - pergunto à corretora. -A imobiliária os incentiva de algum modo a fazer uma superfaxina e arrumação antes de começarem a receber visitas?
Ela me olha confusa.
-Faxina? Arrumação? Antes das visitas? É isso que os ingleses fazem? - pergunta ela com uma cara de reprovação. -Os dinamarqueses tentam manter suas casas bem arrumadas o tempo todo." (pág. 46)

-"'Não é necessário mostrar serviço'. Se alguém gosta de bancar a vítima, ficando até tarde ou trabalhando demais, é mais provável que receba um folheto sobre eficiência ou gerenciamento do tempo do que solidariedade.
-Caramba!
Uma mudança e tanto em relação à nossa vida em Londres. Lá, responder um e-mail à meia-noite ou ficar trabalhando até as 20h é considerado uma questão de honra. Mas, na cultura dinamarquesa, isso apenas mostra que você não é capaz de fazer o seu trabalho no tempo certo." (pág. 72/73)

"Existem aproximadamente 80 mil associações na Dinamarca e em torno de 90% dos dinamarqueses são membros de alguma sociedade, e o dinamarquês é, em média membro de 2,8 clubes. Bjarne me fala que eles têm um ditado aqui: 'Quando dois dinamarqueses se encontram eles formam uma associação.'" (pág. 94)

"Uma das razões pela qual os nativos de língua inglesa têm tanta dificuldade com a nossa língua é que a maioria dos dinamarqueses fala inglês. Nós não estamos acostumados a ouvir alguém falar dinamarquês com um sotaque diferente, isso é estranho para nós. Se encontramos um estrangeiro, nós nos habituamos a falar alemão, inglês ou espanhol com ele." (pág. 102)

"-Na Dinamarca, as igrejas simplesmente estão ali para servir os indivíduos - diz Manu. -É como nosso sistema de seguridade social: está ali para o caso de se precisar dele." (pág. 145)

"Tenho ficado tonta com frequência e a toda hora com vontade de tirar uma soneca. E zangada. E dengosa. Pensando bem, estou quase completando a lista dos sete anões." (pág. 205)

"Digo a ele [Bo] que, sempre que compro frutas e legumes aqui na Dinamarca, eles estragam mais depressa do que estou acostumada.
-Isso é porque nós não os enchemos de produtos químicos, o que é muito bom! - me ensina Bo. -Na Dinamarca, preferimos frutas e vegetais frescos." (pág. 245)

"Se estou entendendo direito, os dinamarqueses continuam felizes no inverno porque é tão horroroso do lado de fora que vir para casa provoca uma onda enorme de alívio e gratidão por ter sobrevivido à natureza.
-Então ninguém sai de casa?
-Bem, podemos sair, é claro - admite ele. -Só temos que nos vestir de maneira adequada. Temos um ditado na Dinamarca que é o seguinte: não existe tempo ruim, apenas roupas erradas." (pág. 296)

"-As pessoas pagam seus impostos com prazer na Dinamarca porque sabem que terão a melhor assistência social do mundo. Temos escolas, universidades, médicos, hospitais, tudo de graça, um pagamento automático de férias muito generoso, e os patrões pagam por um bom sistema de aposentadoria que realmente beneficia os dinamarqueses e aqueles que se instalam aqui. A maioria dos dinamarqueses vai precisar dos serviços do Estado em algum momento ou outro da vida, com um membro da família que ficou doente ou algo assim, então compreendem a infraestrutura e sabem que o dinheiro deles está sendo bem usado." (pág. 304)

"-Ter um filho é como ter seu coração do lado de fora do peito - me diz Mãe Americana, e ela tem razão. Quero protegê-lo e fazer com que tudo seja cheio de luz e alegria para ele. O simples fato de ter uma pessoinha perto de mim faz com que eu decida me esforçar ao máximo para tornar o mundo melhor." (pág. 352)

Nenhum comentário: