terça-feira, 1 de agosto de 2017

Desculpem, sou novo aqui

Título: Desculpem, sou novo aqui
Autor: Carlos Moraes
Páginas: 240

O livro narra as peripécias de um ex-padre que foi tentar a vida em São Paulo. De forma romanceada o autor descreve sua própria história ao abandonar a batina, de preso político no Sul até a solidão da cidade grande.

Nessa aventura, sempre recheada de humor, o autor vai se lembrando dos conselhos dos amigos que deixou em Porto Alegre enquanto tenta se adaptar à sua nova rotina já que, para ele, tudo é novidade, desde procurar emprego até se aventurar na noite paulistana.

Trechos interessantes:

"Uma tarde, depois de mais uma entrevista frustrada, fui ao banheiro da empresa onde procurava emprego e vi no espelho um cara bastante assustado com umas franjinhas tipo pega-rapaz caindo pela testa, obra da chuva. Tive que reconhecer: eu também não contrataria aquele sujeito." (pág. 22/23)

"Nos PROCURA-SE dos jornais as vagas mais abundantes eram, por exemplo, para overloque e fresador. Por que não?, pensei. Por que não? O mundo aí se danando e eu ali, quieto no canto, fresando, overloqueando. Nem sei bem o que é isso, mas por que não?" (pág. 27)

"'Confissão de homem é como derramar um saco de pedra no chão: é abrir a boca que cai tudo. Já a de mulher é como derramar um saco de farinha: sacudindo, sempre vem mais um pouco.' O que, imagino, vale tanto para a confissão como para a vida em geral." (pág. 55)

"-Qual é, pô?
Eu só falei:
-Pois é, cara.
Não sei o que ele quis perguntar, nem direito o que eu respondi. Felizmente a comunicação moderna nos propicia esses confortos. E eu nem poderia assim sem mais citar para o Jéfferson meu salmo preferido, aquele que diz que de nada adianta levantar antes da aurora e até alta noite laborar porque o Senhor dá aos que ama enquanto eles dormem." (pág. 87)

"Um dos meus terapeutas dizia que a felicidade é silenciosa, o que muito tilinta é porque está um pouco fora de lugar." (pág. 164/165)

"-Sabe o que é um turista no fundo? Um panaca que sai por aí pra ver se alguma coisa acontece numa vida em que não está acontecendo porra nenhuma." (pág. 198)

"Lembrou que faltavam menos de 30 anos para o ano 2000 e que, segundo um amigo dele, o Bastos, as três coisas mais escassas no próximo milênio hão de ser água, silêncio e caráter." (pág. 203)

"-O que as mulheres mais sonham na vida é que a gente leve elas à loucura. Só que, no auge da loucura, o que que elas mais querem? Que você case, tenha filhos, abra um crediário no Mappin e, pelo resto da vida, não chegue em casa depois das sete. Se isso é que sonham no auge da loucura, o que não pediriam, me diz, no auge da normalidade?" (pág. 233)

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