sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A filha da minha mãe e eu

Título: A filha da minha mãe e eu
Autor: Maria Fernanda Guerreiro
Páginas: 272

Apesar do tema central ser a relação entre mãe e filha, o livro está repleto de situações de conflitos familiares de toda natureza: amor, ciúme, drogas, rejeição, preconceito, adoção, etc. A autora conseguiu realizar uma miscelânea de sentimentos entre as personagens do livro que, dificilmente, um leitor não conseguirá se situar em pelo menos um pedaço da historia.

O livro narra a história de Mariana que, ao ser mãe, rememora a sua própria convivência com a mãe e a falta de afinidade entre ambas, situação comum a muitas adolescentes. Com o desenrolar da história fica claro que todos têm seus problemas e que, de uma maneira ou de outra, acabam interferindo nas relações pessoais mas, no fim, descobre que o amor de mãe tem vária formas.

Trechos interessantes:

"Quando vi as duas listras azuis no teste de gravidez, tive uma certeza: preciso me sentir filha antes de me tornar mãe. Porque uma parte da minha alegria era inventada e, a outra, não era minha." (pág. 7)

"Essa era uma grande diferença entre os dois. Enquanto meu pai ressaltava como era prazeroso alguma coisa, apesar de ter que abrir mão de outra, minha mãe preferia falar primeiro que abdicava de alguma coisa pela obrigação de outra. Com ele, depois do trabalho, restava a alegria. Já com minha mãe, como a grande maioria das mães, estava ali noite e dia, no prazer sim, mas, principalmente, na obrigação de educar. E só hoje sei que isso faz toda a diferença no jeito como uma criança olha um adulto." (pág. 28)

"Minha mãe costuma dizer que ela podia esfolar vivo um dos filhos, mas que ninguém mais podia tocar um dedo. Era o direito da maternidade. O direito de errar porque estava tentando acertar." (pág. 60)

"Muitas vezes não é o que se diz que magoa, mas o tom com que se fala faz toda a diferença. E eu conhecia todas as variações de voz da minha mãe para saber que aquele clima não melhoraria no dia seguinte, nem no outro." (pág. 100/101)

"A verdade é que éramos duas estranhas que não sabiam demonstrar o sentimento que a outra precisava. De repente, tudo me pareceu tão simples e o tempo entre nós tão desperdiçado. Era fato o amor que existia entre mãe e filha, mas os caminhos escolhidos para demonstrá-lo não tinham sido os mesmos." (pág. 117)

"-Pai, você tem medo de morrer?
-Acho que num grau ou em outro todo mundo tem.
-Por quê?! Se a gente não lembra de nada antes de nascer, provavelmente também não vai lembrar de nada depois que morrer. Não deve ter dor nenhuma - falei, tranquila." (pág. 134)

"A mudança teria de ser como uma explosão. Partindo de um ponto pequenininho dentro dele e indo para fora, tomando conta de tudo ao redor. Seus hábitos teriam que mudar, seus amigos de balada, seu modo de encarar a vida e, sobretudo, na minha opinião, sua capacidade de lidar com frustrações.
Ele teria que aprender a não mais fugir para as drogas quando as coisas não saíssem como desejava. E o mais difícil: teria que buscar a felicidade em outro lugar, num lugar mais verdadeiro e não na química que, apesar de promover alegria, destruía seu corpo e, pouco a pouco, sua capacidade de raciocínio e convivência com as pessoas. Mas essa era uma decisão que pertencia a ele. Só a ele." (pág. 189)

"Notei que quando a gente percebe que os outros têm os mesmos problemas que a gente, isso ajuda a diminuí-los." (pág. 216)

"Mas não é nos sentimentos demonstrados que residem nossos maiores erros e sim naquele amor que, apesar de existir, não se mostra. Os pais querem tanto ser justos com os filhos que, às vezes, acabam sendo injustos." (pág. 259)

"Então, se você está receosa de achar que não vou ligar para o que você vai me contar só porque eu já vi isso um milhão de vezes, você está enganada. O ser humano sempre me surpreendeu. Isso porque ele tem o livre-arbítrio, o que faz toda a diferença na história de qualquer um. Provavelmente, a única coisa em você que é igual a todo mundo é o fato de sentir-se diferente." (pág. 262)

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