segunda-feira, 22 de junho de 2015

A incrível viagem de Shackleton

Título: A incrível viagem de Shackleton
Autor: Alfred Lansing
Páginas: 346

Em abril de 1914, Ernest Shackleton conduz um barco pelo Atlântico Sul, com o objetivo de cruzar o continente antártico. O barco fica preso num banco de gelo e acaba sendo destruído pelo gelo. 28 pessoas ficam, de repente, isoladas no meio do gelo.

O livro narra a aventura desse grupo de pessoas, sob o comando de Shackleton, em sobreviver em meio às tempestades, ausência de luz, isolamentos e, principalmente, as temperaturas absurdamente baixas. Após quase dois anos no mar, ninguém mais acreditava que algum deles retornasse vivo.

Trechos interessantes:

"A Antártida e a segurança financeira acabaram por se tornar mais ou menos sinônimos no pensamento de Shackleton. Ele achava que o sucesso nesse campo - algum maravilhoso rasgo de ousadia, um feito que pudesse conquistar a fantasia de todo mundo - iria abrir-lhe as portas da fama e da riqueza." (pág. 27)

"Apesar de todos os seus pontos cegos e de todas as suas inadequações, Shackleton mereceu esta homenagem:
Para a liderança científica, o melhor é Scott; para viajar depressa e com eficiência, Amundsen; mas quando você está numa situação perdida, quando parece que não há mais saída, ponha-se de joelhos e peça a Deus que seu chefe seja Shackleton." (pág. 28)

"Em todo o mundo não há desolação mais completa que a da noite polar. É uma volta à Idade do Gelo - sem calor, sem vida, sem movimento. Só quem já passou por isso pode avaliar plenamente o que significa ficar sem o sol dias e semanas a fio. Poucos homens desacostumados são capazes de combater os efeitos dessa provação, e ela já levou muitas pessoas à loucura." (pág. 58)

"Cada noite de sábado, antes que os homens se recolhessem, uma ração de grogue era distribuída a todos os tripulantes, seguida do brinde: 'Às nossas namoradas e mulheres.' Invariavelmente um coro de vozes acrescentava: 'E que elas nunca se encontrem'." (pág. 64)

"A adaptabilidade da criatura humana é tamanha que na verdade às vezes eles precisavam lembrar a si mesmos que estavam vivendo em circunstâncias desesperadas." (pág. 97)

"Li em algum lugar que um homem só precisa estar aquecido e com a barriga cheia para ser feliz, e estou começando a achar que é quase verdade. Sem preocupações, sem trens, sem cartas para responder, sem usar colarinho - mas eu não sei qual de nós deixaria de sair correndo se tivesse a oportunidade de voltar amanhã!" (pág. 116)

"O melhor que podiam esperar era que a dor nos pés continuasse, porque se a dor parasse, por mais que o desejassem, isso significaria que os pés estavam ficando congelados. Depois de algum tempo, eles precisavam de uma concentração extrema para continuar a mexer os dedos dos pés - seria tão fácil parar!" (pág. 208)

"Por menores que sejam as chances, ninguém aposta sua última possibilidade de sobrevivência em alguma coisa e depois fica acreditando que não vai dar certo." (pág. 246)

"Ao contrário da terra, onde a coragem e a simples vontade de resistir são muitas vezes decisivas para a sobrevivência, a luta contra o mar é um ato de combate físico, e não há como furtar-se a ele. É uma batalha que se trava contra um inimigo incansável, em que o homem nunca chega a ser o vencedor; o máximo que pode ambicionar é simplesmente não sair derrotado." (pág. 275)

"Quatro veteranos comandantes noruegueses, de cabelos brancos, se adiantaram. Seu porta-voz, falando norueguês, traduzido por Sorlle, disse que navegavam pelo Atlântico havia 40 anos e que queriam apertar as mãos dos homens que conseguiram trazer um barco aberto de 22 pés da ilha Elephant até a Geórgia do Sul, através da passagem de Drake.
[...]
Não houve nenhuma formalidade nem discursos. Não tinham medalhas ou condecorações a entregar - só sua sincera admiração por um feito que talvez só eles fossem capazes de apreciar plenamente. E sua sinceridade deu à cena uma solenidade simples, mas profundamente comovente." (pág. 338)

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