terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A pedra da bênção

Título: A pedra da bênção
Autor: Barbara Wood
Páginas: 546

O livro narra a trajetória de uma pedra azul, que teria se formado no início do universo até os dias atuais. Esta pedra passou pela mão de inúmeras pessoas, desde os primeiros habitantes do planeta, sendo considerada milagrosa e abençoada por muitas dessas pessoas: uns a usavam como amuleto, outros como enfeite, outros como pedra da sabedoria, outros como castigo, e assim por diante.

A autora consegue fazer uma viagem através da história, na qual a personagem principal é um cristal que durante a sua trajetória será perdido, encontrado, esquecido, roubado, vendido, presenteado, influenciando - de uma maneira ou outra - a vida de todas as pessoas pelos quais ele passa, seja no homem das cavernas, na Roma Antiga ou no oeste americano.

Trechos interessantes:

"Os humanos evoluíram de coletores para predadores. O pensamento nasceu e com ele as perguntas, e com as perguntas veio a necessidade de respostas. E assim havia espíritos, tabus, certo e errado, fantasmas, e a magia nasceu." (pág. 55)

"Ao contrário do sol, que brilhava inutilmente durante o dia quando já havia luz e cuja face era brilhante demais para ser encarada, uma pessoa podia olhar para a lua horas e horas sem ficar cega. A lua, dependendo das suas fases, fazia com que as flores se abrissem à noite, os felinos caçassem, as marés enchessem. A lua era previsível, reconfortante como uma mãe." (pág. 75)

"Ele prosseguia para oeste quando podia, mas quando encontrava litorais e via-se à orla de mares sem praias do lado oposto, movia-se rumo ao norte, sem saber que estava traçando rotas que oito milênios depois seriam seguidas por homens chamados Alexandre, o Grande, e São Paulo." (pág. 160)

"O horizonte continuava a chamá-lo, tal como na sua infância, só que agora ele o seguia não para ver o que havia do outro lado, mas sim porque não tinha mais para onde ir. E na sua necessidade irracional de pôr cada vez mais chão debaixo de seus pés, em lugar nenhum encontrou outro assentamento igual ao seu na nascente perene." (pág. 160)

"-Por que ficam na mesma casa?
-Para tomar conta do vinhedo.
-Têm de tomar conta do vinhedo?
-Foi o que eu disse.
-Se não tomarem conta as uvas não vão crescer?
-Oh, as uvas crescerão.
-Então por que tomar conta do vinhedo?
-Para evitar que outros peguem as uvas.
-Por que evitar que outras pessoas peguem as uvas?
-Porque elas são nossas.
Bodolf trocou olhares com os outros.
-Então quando estrangeiros aparecem a uva não é para eles?
-Isso mesmo.
-Por que não? O fruto está na parreira.
-Mas meu abba plantou as parreiras e portanto as uvas são dele.
Eskil franziu o cenho.
-Se o seu abba morresse, as uvas também morreriam?
-Bem, não.
-Então como é que elas são dele?" (pág. 173)

"Nós mulheres carregamos filhos dentro de nossos corpos, os alimentamos com nosso fôlego e nosso sangue, nossos batimentos cardíacos bombeiam a vida neles, e por quase dez meses a criança e a mãe são um único ser. E então chegam as dores do parto, o dilacerar da carne e o fluxo de sangue, a agonia de impelir a nova vida para o mundo. Porém para você, jovem pai, não há dor nem sangue. Um momento de prazer e, nove meses depois, você bebe vinho, joga dados e decide o destino do recém-nascido." (pág. 214)

"Para um romano o dia não podia começar sem que antes não fosse determinado se era um dia auspicioso para tratar de negócios, para se casar, para fazer molho de peixe. E entre todos os instrumentos de augúrio, desde os nós dos dedos às folhas de chá, o voo dos pássaros era o mais importante - até mesmo a palavra "auspicioso" derivava de auspicium, que significava adivinhação por meio do voo dos pássaros." (pág. 214)

"O adultério era uma coisa estranha. Tudo dependia de quem o cometia, e com quem. Entre as classes baixas, a traição conjugal era quase um esporte nacional e uma grande fonte de piada para o teatro. Mas a nobreza se pautava por um padrão diferente, e uma esposa transviada era vista como traidora não só pelo marido, mas também por toda a classe social a que pertencia. Como Lucilla, a linda viúva de um senhor famoso, lhe dissera uma vez despudoradamente, o pecado não era o adultério em si, mas sim a adúltera ser flagrada." (pág. 226)

"Depois que a apóstola chamada Maria partira, naquele memorável dia da epifania de Amélia, ela havia perguntado a Raquel como poderia obter esse perdão que Jesus pedira para seus torturadores e ficou atônita ao saber que a pessoa não tinha de pagar taxas a um templo nem sacrificar um animal. Nem teria de recorrer a um intermediário como um sacerdote ou uma sacerdotisa. 'Basta falar diretamente a Deus', Raquel dissera, 'peça o perdão Dele, conserve isto no seu coração e será perdoada'." (pág. 257/258)

"Ela notou pela primeira vez que ele começara a pentear o cabelo de trás para a frente. A calvície não era admirada em Roma, era de fato considerada um sinal de fraqueza. Os homens portanto se submetiam a grandes sacrifícios para compensar, os mesmos homens que ridicularizavam suas esposas por gastar tempo demais com seus cabeleireiros." (pág. 258)

"Talvez,pensou, quando falou sobre o fim do mundo, Jesus não quisesse dizer que o fim chegaria para todas as pessoas de uma vez, mas sim para cada qual em seu tempo, à medida que alguém morresse e uma nova vida começasse. Para mim, esta noite, o mundo chega a um fim." (pág. 288)

"Asmahan conteve a língua, achando que seria cruel demais deixar a garota saber que aqueles artigos eram tão insignificantes que ninguém quisera ficar com eles (...). Isto confirmava o velho adágio de que uma pérola para um valia menos que um seixo para o outro." (pág. 398)

"Eles nunca haviam imaginado uma terra tão vasta, um céu tão ilimitado. Sentiam as almas se expandindo a cada quilômetro vencido, como se tivessem vivido sua juventude comprimidos num sótão e agora estivessem sendo arejados num varal ensolarado." (pág. 505)

"Deus pode ter nos dado a dor, mas também nos dispôs dos recursos para aliviá-la." (pág. 508)

"-Claro que casarei com você, meu querido Matthew, pois formamos um par perfeito: parteira e agente funerário. Ajudo a trazer pessoas ao mundo e você as escolta para fora dele." (pág. 542)

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