quarta-feira, 9 de maio de 2018

Sobrados e barões da velha São Paulo



Título: Sobrados e barões da velha São Paulo
Autor: Mário Jorge Pires
Páginas: 170

O livro procura relacionar os barões do café com a ocupação da cidade de São Paulo, mais especificamente mostrar a origem dos fazendeiros que transformaram o aspecto visual da capital, principalmente na região da Avenida Paulista.

É uma obra de pesquisa, na qual o autor despendeu muitas horas consultando arquivos, almanaques, listas telefônicas e inúmeros outros documentos antigos, objetivando elucidar a questão. O texto é acompanhado ainda de várias fotos e diversas citações.

Trechos interessantes:

“No sobrado, a disposição espacial dos cômodos obedecia, em linhas gerais, à do estereotipado sobrado colonial de tradição lusitana. O pavimento térreo não era habitado pelo proprietário, ficando quase vazio ou de uso reservado a loja, cocheira ou acomodação de escravos. No pavimento superior, havia a sala, na frente, que era o cômodo social da casa, onde se recebiam as visitas, e a sala de jantar; entre elas existiam, invariavelmente, alcovas que serviam de dormitórios, frequentemente destituídas de janelas, e, nos fundos, as áreas de serviço. ” (pág. 9/10)

“Nos séculos XVII e XVIII, o paulista é descrito por Machado (1978) como pobre e rude, de capital quase nulo. Uma ou outra pequena fortuna está presente ao longo dos inventários. Mas Milliet (1982) já observou que não era o bandeirante nem tão rico como sugerem alguns historiadores, nem tão pobre como parece transparecer nos inventários da época: ” (pág. 11/12)

“A elite conviveu com o comércio da zona central – a mais antiga da cidade – até por volta de 1870 e formada pelas Ruas Direita, Nova de São José, do Carmo, do Imperador etc. Aos poucos, foi estendendo-se a outros pontos, com menor intensidade comercial. No início dessa trajetória, a casa do pobre e do rico podiam estar lado a lado, excetuando-se daí os miseráveis, pois estes sempre habitaram as várzeas e as encostas da colina. A manifestação de status social por meio do modo de morar ocorria menos pelo local de residência do que pelo tamanho da edificação. Gradativamente, a elite foi manifestando a tendência de também usar o local de habitação como uma forma a mais de expressar seu status. “ (pág. 55)

“Se, por um lado, São Paulo concentrava importantes motivos para receber a presença dos proprietários rurais, por ser sede da província e estar a meio caminho do litoral santista, o que facilitava o controle das mercadorias na descida da serra, um outro aspecto que também contribuiu para a vinda de famílias oriundas do interior, nem sempre levado em conta, foi a existência de doenças que estavam tornando-se endêmicas no país. “ (pág. 79)

“No afã de varrer para sempre o que consideravam caipirismo e com isso atingir o status de grandes senhores, igualáveis aos integrantes da elite europeia, a moradia passou a representar, de forma saliente, o símbolo pelo qual expressavam sua incontestável posição de elite econômica, social e, pela adoção do novo estilo de vida, também cultural. “ (pág. 116)

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