sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Um gosto por morte

Título: Um gosto por morte
Autor: P. D. James
Páginas: 558

Quando um nobre é encontrado morto numa igreja, com o pescoço cortado com sua própria navalha, é natural que se pense em suicídio. Mas, e se ao lado do morto estiver um mendigo, também morto, com a mesma navalha? Aí a coisa complica.

Este é o panorama inicial que nos oferece a autora. Toda a trama se desenrola na tentativa de localizar o culpado pelas mortes. Um comandante da Scotland Yard é designado para elucidar o crime. Em resumo, um romance policial repleto de investigação.

Trechos interessantes:

"-Está muito frio, Darren. Não deveria botar seu casaco de lã? Ele encolheu os ombros e fez um gesto com a cabeça dizendo que não. Estava impressionada com a pouca roupa que vestia e como era resistente ao frio. Tinha a impressão de que vivia tremendo perpetuamente. Lembrou-se de que se agasalhar demais numa manhã gelada de outono seria considerado efeminado pelos homens." (pág. 16)

"Já chegara naquela idade em que o homem já não mais se incomoda com certos prazeres clássicos da juventude, mas irrita-se facilmente quando seus planos pessoais são perturbados." (pág. 33)

"Quando tinha apenas quinze anos, ao lado do corpo de sua mãe, não sentira a necessidade de pensar, quanto mais de murmurar, a palavra adeus na presença da morte. Não é possível falar com alguém que não está mais presente. Quase tudo o homem pode vulgarizar, menos a morte." (pág. 50)

"Dalgliesh não entendeu como Berowne sabia de sua predileção por arquitetura. Só poderia ser porque já lera seus poemas... E um poeta pode detestar que falem sobre seus trabalhos, mas, quando sabe que alguém realmente os leu, sente-se extremamente elogiado." (pág. 103)

"Imediatamente, o comandante lembrou-se das palavras de um velho sargento de polícia que conhecera quando ainda era um principiante na Scotland Yard:
-Meu filho... as quatro razões mais comuns para assassinar são: amor, luxúria, ódio e... lucro. E preste atenção: lucro sempre foi o motivo principal..." (pág. 155)

"A srta. Wharton fora ensinada desde criança a ter medo e esta é uma lição que ninguém desaprende." (pág. 196)

"Guardara dois versos de Shakespeare que lera por acaso na biblioteca da escola como diretriz filosófica para sua vida:
Não importa o que houve antes ou depois
Daqui por diante começo e termino comigo mesmo.
" (pág. 200)

"O homem é um animal e sempre pode viver melhor com seus semelhantes toda vez que está consciente do fenômeno. Sabemos que o homem é o mais inteligente e perigoso dos animais, mas ainda assim continua sendo um animal. Poetas e filósofos complicam as coisas, mas elas não são complicadas. As necessidades básicas são muito simples: comida, abrigo, calor, sexo e prestígio, exatamente nessa ordem de prioridade. As pessoas felizes sempre seguem tal orientação e ficam satisfeitas." (pág. 243)

"-Tenho certeza de que estamos diante de um caso de duplo assassinato, doutor.
-Acredito que sim. Mas vai ser muito difícil provar e temo que meu laudo pericial não possa ajudá-lo. O suicídio é o ato mais pessoal e misterioso que existe, inexplicável, porque o ator principal nunca está presente para explicá-lo." (pág. 257)

"-[...]E nunca esqueci o que ele me disse. Que algumas pessoas pensam no suicídio como mais uma opção para seus problemas. Que na sua opinião não era assim e, ao contrário, o suicídio representa a total falta de opções. E citou o filósofo Schopenhauer: 'O suicídio pode ser interpretado como uma experiência, um dilema que os homens oferecem à natureza para ver se a obrigam a responder. Mas trata-se de uma experiência tola, porque destrói a própria consciência que faz a pergunta e que devia aguardar a resposta'." (pág. 283)

"-Ele poderia ter citado mais adequadamente Nietzsche - disse Garrod. - 'A ideia de suicídio é um grande consolo. Pensando nele podemos com sucesso enfrentar uma noite de insônia'." (pág. 283)

"-Meu avô costuma dizer que uma mulher deveria casar-se pelo menos uma vez, mas não transformar o casamento num hábito." (pág. 357)

"Não podemos eliminar os amigos de nossas vidas e pensar que vão ficar à nossa disposição somente porque sentimos necessidade de voltar a ser humanos." (pág. 380)

"-Decência não tem nada a ver com nosso trabalho. Isto é uma guerra. Homens decentes podem travar as guerras, mas não vencê-las." (pág. 440)

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