terça-feira, 31 de maio de 2016

O longo caminho de Olga

Título: O longo caminho de Olga
Autor: Yolanda Scheuber
Páginas: 272

Romance biográfico onde a autora nos descreve a trajetória de sua avó, saindo da Rússia aos 12 anos para se fixar na Argentina. Nesse período, foi se afastando gradativamente do seio familiar, quando o que mais queria era justamente o apoio da família.

Fugindo da opressão da Rússia,o pai de Olga tinha como grande sonho, se fixar no Canadá. Devido a problemas de saúde de sua esposa, não foi possível, fazendo com que fosse parar na Argentina. Entre tantos percalços, Olga nunca se deixou abater e sempre viveu com otimismo e esperança e ali construiu sua vida.

Trechos interessantes:

"Os czares da Rússia eram os verdadeiros donos de todas as pessoas. Deles dependia a nomeação dos ministros, dos funcionários, dos arrecadadores de impostos e até dos policiais. E o povo, como nós, não tinha voz nem voto." (pág. 18)

"Agora que os anos se passaram, acho que a velhice é sábia e prudente, porque nos permite olhar para trás, ainda que não nos permita nos arrepender de nada porque já é demasiado tarde e não há tempo para corrigir os erros cometidos durante a juventude." (pág. 29)

"-Sabia, Olga, a vodca, que é tomada nesses pequenos copos que estão ali, é uma grande tradição na vida russa, e os vagões-restaurante são um bom lugar para bebê-la? Se, por acaso, algum passageiro não bebesse álcool, seria melhor que não permanecesse muito tempo no refeitório, porque se alguém o convidasse a beber vodca e ele não aceitasse esse convite seria considerado, aqui na Rússia, nada menos que uma ofensa. Assim é a tradição com essa bebida." (pág. 49)

"A compenetração com o novo espírito ocidental fez com que muitos russos duvidassem do valor da cultura russa. E foi por isso que o poeta russo Pushkin reclamava: 'Diabos!, por que eu, com o talento e o espírito que tenho, tive de nascer exatamente na Rússia?'." (pág. 63)

"Era comum chegarem em nossa casa mendigos e andarilhos que viviam da esmola e da caridade, e, apesar de em casa não sobrar nada, também não faltava. Por isso, meu pai sempre nos dizia que era preciso dar e ajudar, porque tudo voltava para nós em forma de bênçãos." (pág. 79/80)

"Nunca volte ao lugar onde já foi feliz, porque nunca tornará a ser igual." (pág. 104)

"Dizem que o valor das coisas não está no tempo que duram, mas na intensidade com que ocorrem. E os poucos anos vividos com toda a minha família tinham-me marcado para sempre." (pág. 181)

"Meu pai dizia que só devemos mudar aquilo que nos causa dor e que a vida sempre nos devolve tudo o que damos a ela. E assim eu sentia. A dor que algumas situações me causavam, tentava disfarçar de minha mente e procurava semear coisas boas para que a colheita de minha velhice fosse abundante. E assim foi, pelo que sou muito agradecida. Acho que se todas as pessoas compreendessem que tudo o que se oferece ou dá volta acrescido de algo na velhice, não cessariam de oferecer ao próximo o melhor de si." (pág. 236)

"[...]a felicidade verdadeira (a que nos invade a alma e a mente) é um estado e, como tal, devemos optar livremente por ela, não fazendo o que gostamos sempre, mas gostando sempre do que fazemos." (pág. 243)

"A beleza às vezes aliena as pessoas e as faz acreditar que são superiores. A beleza dá poder sobre os outros, e saber exercê-lo com astúcia pode destruir qualquer coração e ferir aqueles que nos rodeiam." (pág. 244)

"É necessário criar sonhos para seguir em frente. De uma coisa tenho certeza, nada acontece antes de ter sido primeiro um sonho! Isso é o que faz com que a alma jamais envelheça. E isso é o que eu tenho feito: sonhar primeiro, realizar depois..." (pág. 271)

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