domingo, 22 de novembro de 2015

A metade da laranja?

Título: A metade da laranja?
Autor: Ana Canosa
Páginas: 144

Livro pequeno, mas muito interessante. É como se fosse um papo descontraído com um psicólogo (a autora é psicóloga) sobre as atitudes comportamentais do ser humano. Sexo, casamento, relacionamentos, emoções, conflitos, tudo aqui é destrinchado, numa linguagem simples, franca e compreensiva.

Achei também interessante o fato da autora intercalar cada capítulo com um relato pessoal das consultas realizadas por ela (preservados os nomes dos envolvidos, é claro). Ali vemos que muitos problemas são comuns a muita gente e as soluções, ás vezes, podem ser simples.

Trechos interessantes:

"Entenda verdadeiramente o seguinte: nem todo mundo gosta de você, e há realmente quem o ache um saco! Portanto, acredite quando alguém lhe disser que você não agradou, porque isso não é 'viagem', neurose nem loucura alheia! Nem sempre você vai agradar mesmo! E tem mais... é possível que este bilhete vermelho venha justamente quando a paixão já estava começando a enfraquecer, e a pobre coitada da 'rotina' apareceu para estragar tudo. É comum, e sabe por quê? Porque é quando a paixão diminui que as parcerias realmente começam... 'ser parceiro' é admitir que o outro é tão falho quanto nós mesmos, mas ainda assim nós o admiramos e o queremos." (pág. 20)

"Há dois grupos de pessoas: as âncoras, que colocam nossa vida para baixo, e as pessoas do tipo 'balão', que nos puxam para cima. Sim, existem também aquelas que são 'meio-termo', que nunca dão opinião,  que não elogiam ou te desqualificam, mas ainda acredito que esse grupo fica mais próximo de gente âncora; nós gostamos de elogios, de opiniões e até mesmo de criticas, que sejam construtivas, ao passo que os que nunca se posicionam costumam nos deixar inseguros, temerosos ou com raiva." (pág. 34)

"É o que sempre digo: intimidade é bem diferente de simbiose, quando um se funde ao outro e a individualidade se perde. Se eu conto tudo para o outro, me esvazio, deixo até de ser interessante e surpreendente." (pág. 46)

"Se alguém souber onde estão vendendo orgasmos, eu gostaria de ser avisada, para poder presentear muita gente!" (pág. 49)

"Sexo no casamento é como cinema: tem a fase da ficção, do romance, da comédia romântica, do pastelão e do drama. Às vezes, tem até a fase do terror! Mudam-se as emoções, mas o enredo é quase sempre igual. E o pior, mesmo, é quando chega a fase do documentário... tudo fica descritivo, sem fantasia!" (pág. 60)

"O segredo da felicidade é simples: basta entender um pouquinho sobre o valor da liberdade para 'ser' quem somos, sem precisarmos abandonar nossa identidade em nome de um relacionamento. Quanto mais livre somos, mais vontade temos de voltar!" (pág. 69)

"Por mais que os cientistas procurem os genes da monogamia, a maioria das pessoas diz que não, o homem não é monogâmico por natureza. Segundo eles, o que aconteceu, num dado momento do desenvolvimento humano, foi a necessidade de regrar o comportamento sexual e afetivo, para que nossa espécie pudesse se desenvolver." (pág. 81)

"Lamentavelmente, não são poucas as pessoas que se escondem atrás das atitudes dos outros, projetando neles suas próprias dificuldades; ou os que se entorpecem com álcool, drogas ou excesso de trabalho. Para assumir a responsabilidade sobre sua vida, é necessário reconhecer suas próprias atitudes tóxicas, o que pode ser muito doloroso: quem não sofre ao admitir que está vivendo uma vida cheia de lixo, na forma de raiva, ressentimento, falta de perspectiva e prazer? Fica mais fácil
culpar alguém."(pág. 101)

"Por fim (ou talvez para começar), é preciso refletir: o que cada um tem feito para ser amado, querido e acarinhado? Só o fato de ser filha ou filho, mãe, pai, irmã ou irmão, esposa ou marido, e mesmo avó, não garante amor. Ninguém consegue amar com devoção alguém que não se faz ser amado. Não adianta cobrarmos afeto, generosidade ou educação se nós somos frios, egoístas, rabugentos e inacessíveis.'Porque eu sou sua mãe!' é uma frase que permite pedir respeito, não amor. Amar não é um verbo imperativo, e, para conjugá-lo, é preciso ter liberdade. O amor não vem pronto, é um sentimento que cresce, amadurece e deve ser cultivado." (pág. 120)

"Não me canso de perguntar: em que ser homossexual, ou bissexual ou, mesmo, assexual (pessoa que não gosta de sexo) desabona alguém? Por que sua preferência o tornaria melhor ou pior do que outra pessoa? Sobre quais valores estamos baseando a educação e o convívio em sociedade, para que o mundo seja melhor?" (pág. 126)

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