quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A criação

Título: A criação

Autor: Edward O. Wilson
Páginas: 192

Edward Wilson, um dos maiores biólogos do mundo, faz um claro apela à vida. Tenta sensibilizar a todos, mostrando que pouco sabemos sobre a vida na Terra e temos ainda menos preocupação em ampliar os conhecimentos. Necessitamos da Natureza, mas a tratamos como se ela fosse um objeto secundário.

O livro é escrito na forma de uma carta a um pastor evangélico, conclamando a união da ciência e da religião em prol da vida. Apesar do abismo existente entre estas duas vertentes, o autor argumenta que devemos deixar de lado as questões menos importantes e unirmos força para defender a Criação. Excelente livro.

Trechos interessantes:

"A espécie humana adaptou-se física e mentalmente à vida na Terra, e a nenhum outro lugar. Nossa ética é o código de conduta que temos em comum, com base na razão, na lei, na honra e em um senso inato de decência, ainda que alguns o atribuam à vontade de Deus." (pág. 12)

"Mas o que é a Natureza? A resposta mais simples possível é também a melhor: a Natureza é aquela parte do ambiente original e de suas formas de vida que permanece depois do impacto humano. Natureza é tudo aquilo no planeta Terra que não necessita de nós e pode existir por si só." (pág. 23)

"É prudente deter a destruição final e permanente da Natureza, pelo menos até que compreendamos mais exatamente o que somos, e o que estamos fazendo." (pág. 38)

"É possível que nunca cheguemos a avistar pessoalmente certos animais raros - podemos lembrar o lobo, o pica-pau-bico-de-marfim, o panda, o gorila, a lula-gigante, o grande tubarão-branco, o urso-pardo -, mas precisamos deles como símbolos. Eles proclamam o mistério do mundo. São as joias da coroa da Criação. Só saber que eles existem em algum lugar, estão vivos e passam bem é importante para o espírito, para que a nossa vida seja inteira. Se eles vivem, então a Natureza também vive. Com certeza nosso mundo estará em segurança, e nós estaremos em uma situação melhor. Imagine o choque desta manchete: ABATIDO O ÚLTIMO TIGRE - A ESPÉCIE ESTÁ EXTINTA." (pág. 69)

"Não há nenhuma solução disponível, posso lhe garantir, para salvar a biodiversidade da Terra, além da preservação dos ambientes naturais em reservas grandes o bastante para manter as populações silvestres de forma sustentável. Só a Natureza pode servir como arca de Noé planetária." (pág. 104)

"Os cientistas são para a ciência aquilo que os pedreiros são para as catedrais." (pág. 119)

"No longo caminho à frente, a biologia de modo geral e os estudos sobre a biodiversidade em particular necessitam de um mapa. Pastor, se o senhor está se perguntando o que tem a ver esse pré-requisito com a Criação, devo lhe dizer que nós pouco sabemos sobre o que está acontecendo com a maior parte da vida na Terra porque nem sequer sabemos o que ela é. A humanidade não precisa de uma base na Lua nem de uma viagem tripulada a Marte. Precisamos de uma expedição ao planeta Terra, onde provavelmente menos de 10% das formas de vida são conhecidas pela ciência, e menos de 1% destas já foram estudadas além de uma simples descrição anatômica e algumas anotações sobre sua história natural." (pág. 133)

"Archer era um profissional e me tratava como se eu também fosse. Ele fez com que me sentisse confiante. Ensinou-me a falar a linguagem de um verdadeiro pesquisador científico. Não se importava com dinheiro nem fama; importava-se com a classificação e a biologia das aranhas. Eu não compreendia todas as palavras, mas captava a música." (pág. 147)

"Da liberdade de explorar vem a alegria de aprender. Do conhecimento adquirido pela iniciativa pessoal advém o desejo de obter mais conhecimentos. E ao dominar esse novo e belo mundo que está à espera de cada criança, surge a autoconfiança. Cultivar um naturalista é como cultivar um músico ou um atleta: excelência para os talentosos, prazer por toda a vida para os demais, benefício para toda a humanidade." (pág. 166)

"Deus fez a Criação, é o que o senhor diz. Essa verdade está claramente expressa nas Sagradas Escrituras. Vinte e cinco séculos de teologia e boa parte da civilização ocidental foram construídos com base nessa convicção. Mas não é assim, digo eu, respeitosamente. A vida se fez a si mesma, por meio de mutações aleatórias e da seleção natural das moléculas codificadoras. Por mais radical que pareça tal explicação, ela tem o respaldo de um imenso volume de provas interconectadas. Talvez ainda se chegue a demonstrar que essa teoria está errada; no entanto, a cada ano isso parece menos provável." (pág. 186)

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