sábado, 22 de março de 2014

O pacto

Título: O pacto
Autor: Joe Hill
Páginas: 318

Ig Perrish acorda, depois de uma noite de bebedeira, e descobre que tinha criado chifres. E descobre ainda que os chifres têm o poder de fazer as pessoas confessarem seus maiores pecados. É com este tema inusitado que começa a história do presente livro.

A história gira em torno da morte de uma adolescente, Merrin, sendo Ig o principal suspeito. Daí por diante seguem-se as revelações de amores, paixões, traiçoes e tudo o mais na vida de um grupo de adolescentes até o desfecho final. Apesar da abordagem curiosa, o livro é interessante e agradável de se ler.

Trechos interessantes:

"Ig nunca ficou sabendo e talvez isso não tivesse a menor importância. Era como se perguntar como o mal entrou no mundo ou o que acontece com uma pessoa depois que ela morre: uma discussão filosófica interessante mas curiosamente sem sentido, uma vez que tanto o mal como a morte acontecem, independentemente de como, por quê e qual o sentido." (pág. 59)

"Alguém estivera prestes a morrer e outra pessoa o tinha salvado e, de agora em diante, vítima e salvador eram especiais, estrelas de seu próprio filme, tornando todos os outros meros figurantes ou, na melhor das hipóteses, coadjuvantes. Ter salvado uma vida fazia com que você se tornasse alguém. Você não seria mais um zé-ninguém, seria o zé-ninguém que tirou Ig Perrish nu de dentro do rio Knowles no dia em que ele quase se afogou. Seria essa pessoa para o resto da vida." (pág. 74)

"Garotos pobres costumam se vestir bem. Os riquinhos é que andam todos desarrumados, com um visual cuidadosamente montado: jeans de marca que custam 80 dólares, industrialmente desbotados e esfarrapados, e camisetas surradas tiradas diretamente das araras de uma loja de artigos esportivos para a elite americana." (pág. 80)

"-Será que você não entende que está falando de uma pessoa que eu amava? - perguntou Ig. Seus pulmões pareciam arranhados, como se estivessem em carne viva, e ele mal conseguia respirar.
-Claro - disse ela.- Foi por isso que você a matou. Normalmente é por isso que as pessoas matam. Não é por ódio. É por amor. Às vezes queria que meu pai tivese amado a mim e a minha mãe o bastante para nos matar e depois se suicidar. Então teria sido uma grande tragédia e não mais um fim de relacionamento chato e deprimente. Se ele tivesse estômago para um duplo homicídio, todos poderíamos ter aparecido na TV." (pág. 134)

"Tentou se lembar se alguma vez tinha comprado algo legal para Glenna. A única coisa que lhe veio à mente foi cerveja. Quando ela estava no ensino médio, Lee tinha sido gentil o suficiente para ao menos roubar uma jaqueta de couro para ela. Essa ideia lhe deu náuseas: que Lee pudesse, de alguma forma, ser um homem melhor do que ele." (pág. 163)

"A alma não pode ser destruída. A alma é eterna. Como o número pi, ela não tem fim nem conclusão. Como o pi, ela é uma constante. Pi é um número irracional, impossível de ser fracionado. A alma também é uma equação irracional e indivisível que expressa perfeitamente uma coisa: você. A alma não teria nenhum valor para o Diabo se pudesse ser destruída." (pág. 190)

"-[...]Ele poderia me ensinar sobre vinhos. E livros. E coisas que eu não sei. Como é a vida vista pelo outro lado do telescópio. Como é participar de um relacionamento imoral.
-Seria um erro - disse Lee.
-Talvez seja necessário errar um pouco - disse Merrin. - Se você não erra, provavelmente está pensando demais. E esse é o pior erro que se pode cometer." (pág. 225)

"-[...]Não que eu tenha medo de ir pro inferno por ter me suicidado... Foi por medo de não ir pro inferno... de que não haja um inferno para o qual ir. Nem céu. Apenas nada. A maior parte do tempo penso que não deve haver nada depois que se morre. Às vezes, parece um alívio. Outras, é a coisa mais terrível que eu possa imaginar." (pág. 265)

"-[...]Tentei tirar isso da cabeça, mas há noites em que acordo pensando nisso. Ou pensando em como Merrin morreu. A gente quer se lembrar de como elas viveram, mas as coisas ruins expulsam todo o resto. Deve haver alguma explicação psicológica para isso." (pág. 271)

"Quero que se lembre do que há de bom em mim, não do mais terrível. As pessoas que você ama deveriam poder guardar o pior só para elas mesmas." (pág. 274)

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