domingo, 19 de agosto de 2012

Mito em chamas

Título: Mito em chamas
Autor: José Louzeiro
Páginas: 224

Mão Branca foi um justiceiro que apareceu no Rio de Janeiro na década de 80. Pelo menos essa era a versão que foi transmitida à população. Na verdade, o justiceiro que acabava com os bandidos que a polícia não conseguia, foi imaginado por um jornalista da época, com o intuito de aumentar as vendas do jornal.

O livro - com o subtítulo "A lenda do justiceiro Mão Branca" - faz uma espécie de caso-verdade, mostrando as artimanhas de Carlão, o criador do mito, para que todos se convençam de que a figura é real. No meio da história, os próprios bandidos se beneficiam da situação e passam a endossar a criação da personagem.

A história é bem desenvolvida, mostrando que a polícia é conivente com muitas ações perpretadas pelos bandidos, importando-se apenas pelo jogo do poder. O final da história é meio vago, dando a impressão de que não acabou...

Trechos interessantes:

"...o repórter tem que ser um criador. De uma notinha assim faz uma epopeia. É o que vai acontecer." (pág. 20)

"-O mais importante nisso tudo é que o Mão Branca saiu das trevas para as chamas. É a libertação do mito! Se não fosse você, apodreceria no anonimato." (pág. 27)

"-Sabe o que tô fazendo, sem-vergonha?
-O bilhete de despedida. Todo suicida cuida desse detalhe antes de pular no abismo." (pág. 38)

"A cada dez crimes registrados na cidade, a PM tá metida em onze!" (pág. 74)

"O momento faz o heroi. A história tá cheia de exemplos." (pág. 82)

"-Tenho uma proposta para que você não afunde no ridículo. Afinal, se sua teimosia me irrita, admiro-lhe o talento." (pág. 125)

"-E se ele morre?
-Cumpre-se a vontade do Altíssimo. Nossas intenções, o senhor bem sabe, eram as melhores possíveis. Ocorre que o cinesíforo foi com muita sede ao pote.
-Cine... o quê, chefia? Não captei!
-O motorista se precipitou. Sectarizou. Em vez de disparar no pé, como fizeram ilustres poetas do romantismo, foi direto à clavícula, sem entender patavina de anatomia. E o senhor, de certa forma, é cúmplice do ato insano." (pág. 138)

Nenhum comentário: