domingo, 17 de maio de 2020

Um mundo brilhante


Título: Um mundo brilhante
Autor: T. Greenwood
Páginas: 336

“O que fazer quando o mundo em que você vive não é o lugar a que você pertence? ” Esta é a frase da capa do livro e que atraiu a minha atenção e que despertou o meu interesse pela leitura. Mas confesso que o resultado foi aquém do esperado. A frase inicial causa mais impacto que o livro em si.

A história não tem muitos desdobramentos e com um final previsível. Ao tentar resolver o caso de um jovem que foi assassinado e deixado na sua calçada, Ben acaba se envolvendo com a irmã do morto, colocando em xeque o seu relacionamento com Sara com quem planeja se casar.

Trechos interessantes:

Não havia como compartilhar aquela dor com alguém que nunca conhecera a tristeza. Seria como tentar explicar o que é a cor vermelha a um homem cego. Tentar descrever a neve a alguém que nunca sentira frio. (pág. 31)

Era assim que ele se sentia em relação à Sara às vezes. Ben sabia que o seu modo de agir a magoava, que fazia mal a ela. Ele estava destruindo o que restava de algo que outrora fora bonito. Mas não conseguia resistir. Havia algo estranhamente atraente quando imaginava até onde poderia ir antes que ela desse um basta naquilo. Talvez houvesse uma alegria cruel em saber que alguém não vai revidar, não importa o que você faça. É o tipo de alegria que faz seu estômago se revirar de enjoo. O tipo de alegria que faz com que sinta vergonha da pessoa em que se transformou. (pág. 46)

Há dois tipos de alunos que escolhem as aulas das 8 horas: os que vão muito bem na matéria e os que vão muito mal. Os que vão muito bem são aqueles que acordam preparados para assistirem às aulas do dia, aqueles que vão dormir cedo durante a semana, os que fazem sua lição de casa e que tiram dúvidas com os professores após as aulas. Aqueles eram os alunos que conseguiam se formar em quatro anos, o que não era pouca coisa em uma cidade com tantas oportunidades de distração e diversão. Os alunos que iam muito mal eram aqueles que se esqueciam de matricular até que todas as aulas oferecidas em horários mais confortáveis estivessem cheias. Eram aqueles que estavam no 5º, 6º ou 7º ano da faculdade e que precisavam frequentar aquela aula para conseguir se formar. E aquilo criava uma dinâmica terrível na classe. Os alunos que iam muito bem se sentavam na primeira fila, erguendo as mãos, oferecendo respostas sempre que Ben lhes fazia alguma pergunta. Os alunos que iam muito mal se amontoavam nas fileiras de trás, brigando contra o sono ou enviando mensagens de texto sobre como a vida é injusta, click-click-clack, durante a aula inteira. (pág. 79/80)

Com as provas finais marcadas para a semana seguinte, todos os alunos que passaram as noites de semana em festas, que dormiam até mais tarde, ou que matavam aula para praticar snowboarding repentinamente haviam se transformado em pessoas estudiosas. De verdade. Ele via isso acontecer todo semestre. Havia algo de mágico no fim do semestre. Essa época fazia com que os alunos começassem a acreditar em milagres. Era a época em que começavam a trabalhar animadamente, tentando absorver treze semanas de informação, na esperança de poderem abarcar todo o conteúdo. Era quando começavam a negociar, a implorar e a rezar. (pág. 148)

Ben se agarrou com força.
Ele se agarrava a cada momento, porque sabia como as coisas podiam acontecer. Não era assim que tudo sempre acontecia em sua vida? Um presente recebido e algo que era tirado dele? Durante toda a sua vida não ficava sempre esperando pelo próximo golpe? (pág. 219)

Segredos. Como pequenos sapos escondidos em seu bolso. Não se pode esquecer deles porque estão sempre se mexendo ali dentro, contorcendo-se, tentando escapar. Você sabe que, a qualquer momento, um deles pode conseguir subir e pular para fora do seu bolso, revelando-se para o mundo com um coaxado estridente. E quanto mais você se esforça para tentar contê-los, para tentar escondê-los, mais se esforçam para escapar. (pág. 285)

Esperança. Ele sabe agora que a esperança é uma criança abortada, concebida, mas nunca realizada. É o sonho que termina enquanto ainda estamos adormecidos. A oração que não recebe resposta. É simplesmente o cordão frágil ao qual um homem desesperado se agarra, mesmo quando ele se desenrola, desenrola e desenrola. (pág. 336)


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