segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A matemática do dia a dia



Título: A matemática do dia a dia
Autor: Steven Strogatz
Páginas: 240

A matemática é um bicho de sete cabeças para a maioria das pessoas. Muitos não entendem o significado ou a importância de tantos símbolos, fórmulas e conceitos, aparentemente sem função prática. O livro tem como objetivo mostrar que a matemática pode ser agradável e fácil de ser compreendida, através de exemplos comuns e conceitos básicos.

Para os temas mais simples isso é perfeitamente válido, agora, quando vai se aprofundando no tema,por mais simples que seja, a pessoa tem que ter um mínimo de conhecimento, ou seja, não é tão óbvio como nos primeiros temas. Não sou conhecedor de matemática, mas gosto muito do tema e é justamente o que assusta a maioria das pessoas que me faz apreciar a matemática.

Trechos interessantes:

Números negativos são muito mais abstratos que os positivos – não se pode ver 4 biscoitos negativos e com certeza não se pode comê-los – mas é possível pensar neles e você até mesmo tem de pensar neles em todos os aspectos da vida cotidiana, desde dívidas e saques a descoberto no banco até a relação com temperaturas congelantes e andares de garagens. (pág. 13)

A cada década, mais ou menos, surge um novo método de ensinar matemática que gera novas oportunidades para que os pais se sintam inadequados. Nos anos I960, meus pais ficaram chocados com sua incapacidade de me ajudar com a lição de casa da segunda série. Eles nunca haviam ouvido falar sobre a terceira base ou os diagramas de Venn. (pág. 19)

Algarismos romanos são apenas ligeiramente mais sofisticados que traços. Pode-se perceber o vestígio dos traços no modo como os romanos escreviam o 2 e o 3, como II e III. Do mesmo modo o traço diagonal aparece no símbolo romano para 5, V. Mas o 4 é um caso ambíguo. Às vezes, é escrito como IIII ao estilo dos traços (geralmente em relógios pomposos), ainda que seja comumente expresso como IV. O posicionamento do número menor (I) à esquerda do maior (V) indica que você deveria subtrair I, não acrescentá-lo, como seria o caso se estivesse à direita. Assim, IV significa 4, enquanto VI significa 6.
Os babilônios não eram nem um pouco apegados aos dedos. Seu sistema numérico se baseava no 60 – sinal claro de seu bom gosto impecável, porque 60 é um número excepcionalmente agradável. Sua beleza é intrínseca e não tem nada a ver com os membros humanos; 60 é o menor número divisível igualmente por 1, 2,3,4,5 e 6. Só para começar- há ainda 10,12,15,20 e 30. Por conta de sua divisibilidade promíscua, 60 é muito mais agradável que 10 para qualquer outro cálculo ou medida que envolva contagem em partes iguais. Quando dividimos uma hora em 60 minutos, ou um minuto em 60 segundos, ou um círculo em 360 graus, estamos nos remetendo aos sábios da antiga Babilônia. (pág. 28/29)

Problemas de lógica nos fazem praticar o raciocínio não apenas em relação aos números, mas também quanto às relações entre os números – como o fluxo das torneiras afeta o tempo necessário para encher a banheira. Essa prática de raciocínio é essencial para o progresso no aprendizado da matemática. Compreensivelmente, muitos temos problemas com isso; as relações são muito mais abstratas que os números, mas também mais poderosas. Elas expressam uma lógica inerente ao mundo ao nosso redor. Causa e efeito, oferta e procura, entrada e saída, dosagem e reação – tudo envolve pares de números e a relação entre eles. Os problemas de lógica nos apresentam a este tipo de raciocínio. (pág. 49)

Nos dias de hoje, a fórmula de Báskara se transformou numa ferramenta insubstituível de aplicações práticas. Engenheiros e cientistas a usam para calcular a frequência de uma aplicação de radioterapia, a oscilação de uma ponte ou arranha-céu, a curva de um lançamento de beisebol ou bola de canhão, aumento ou diminuição de uma população animal e vários outros fenômenos do mundo real. (pág. 56)

Quando os engenheiros usam computadores para projetar carros com aerodinâmica cada vez melhor ou quando os médicos determinam como um novo medicamento para quimioterapia afeta uma célula cancerígena, eles estão usando a análise matemática. Os matemáticos e cientistas da computação que desvendaram este campo criaram algoritmos extremamente eficientes e repetitivos, calculados a uma velocidade de bilhões por segundo, que permitem que os computadores resolvam problemas em todos os aspectos da vida moderna, da biotecnologia à Wall Street e à internet. Em todos os casos, o método é descobrir uma série de aproximações que podem convergir para a resposta correta no infinito. (pág. 95/96)

O cálculo é a matemática da mudança. Ele descreve tudo, desde o alastramento de epidemias até os zigue-zagues de uma bola de beisebol lançada com efeito, O tema é colossal – assim como os livros didáticos. Muitos têm mais de mil páginas e funcionam bem como pesos de porta. (pág. 99)

A estatística de repente virou moda. Graças ao crescimento da internet, e-commerce, redes sociais, Projeto Genoma e da cultura digital como um todo, o mundo está hoje fervilhando com dados. Publicitários estudam nossos hábitos e gostos. Agências de inteligência reúnem dados sobre nossa localização, e-mails e ligações de celulares. Estatísticos esportivos estudam os números para decidirem quais atletas trocarem, comprarem e quais devem participar de uma quarta descida, a duas jardas do final. Todos querem entender o todo, encontrar a agulha de significado no palheiro de informações. (pág. 131)

E quanto ao 1? Ele não é primo? Não, e quando você entender por que não, vai começar a admirar por que o 1 é de fato o número mais solitário de todos — mais solitário até que os números primos.
Ele não merece ser ignorado. Como o 1 é divisível apenas por 1 e por si mesmo, ele realmente deveria ser considerado um número primo, e durante muitos anos foi. Mas matemáticos modernos decidiram excluí-lo, apenas por conveniência. Se o 1 fosse considerado primo, ele arruinaria um teorema que gostaríamos que fosse verdadeiro. Em outras palavras, moldamos a definição de números primos para que tivéssemos o teorema que queríamos. (pág. 152)

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