domingo, 17 de junho de 2018

Banquete com os deuses

Título: Banquete com os deuses
Autor: Luis Fernando Veríssimo
Páginas: 230

Neste livro o autor nos brinda com crônicas e textos diversos, tendo como base o cinema, a literatura e a música. Foge um pouco da característica do cronista que retrata assuntos comuns do dia a dia para se aventurar em temas mais pessoais, sem deixar de lado a ironia e o bom humor.

Claro que, com meus parcos conhecimentos, ignoro grande parte dos autores e músicos mencionados, mas nem por isso deixo de apreciar o estilo e sagacidade da escrita. Meu conhecimento sobre cinema é superficial, por isso, mesmo conhecendo boa parte dos filmes, não tenho o entendimento necessário para comentá-los.

Trechos interessantes:

"O cinema é a arte dos sentidos, não do intelecto. O drama humano pode ser contado numa sucessão de poses. E isso é ofício de narcisista. Quanto mais, melhor." (pág. 27)

"A conquista do mundo, que quase sempre significa tomá-lo de quem tem uma pele diferente ou um nariz um pouco mais achatado do que o nosso, não é uma coisa bonita de ver. O que a redime é a ideia, apenas. A ideia por trás dela: não uma pretensão sentimental, mas uma ideia, e uma crença desinteressada na ideia — alguma coisa a qual se pode amar, e reverenciar e oferecer sacrifícios..." (pág. 34)

"O que isto tem a ver com o Dom Quixote de la Mancha, Borges o que quer que seja, pergunta você? Estou surpreso de você ter chegado até o fim deste texto, quanto mais de ainda fazer perguntas. Não posso responder. Eu não estou aqui desde a terceira linha." (pág. 38)

"A minha preocupação constante é: haverá uma vida depois da morte? E, se houver, será que eles trocam uma nota de 500?" (pág. 50)

"Truman Capote era o dono da casa onde acontecem os crimes naquela comédia policial escrita por Neil Simon, cujo título, claro, só me ocorrerá quando você já estiver lendo isto. Capote, que nunca fez muito sucesso na França, porque lá 'capote' é o apelido de camisinha e o gosto francês pela ironia não vai tão longe, só podia mesmo fazer um personagem fictício. Nem ele conseguiria interpretar o próprio Truman Capote convincentemente." (pág. 77)

"Confesso que não acompanhei o envelhecimento dos Beatles com muita atenção, principalmente depois que o John parou de envelhecer. As pessoas e as coisas que têm um significado muito forte em certas fases de nossas vidas só existem depois para lembrar como tudo passa." (pág. 179)

"–O que será que estão me dando? — pergunta Sócrates.
–Se não é scotch é porcaria – sentencia Shaw.
–A última bebida que me deram era cicuta.
O rosto de Shaw se ilumina com a deixa.
–Cicuta, pra mim, é um veneno..." (pág. 196)

"O cérebro humano é uma coisa tão complexa que nem o cérebro humano é complexo o bastante para entendê-lo. Era só o que eu queria contribuir para o desânimo geral destes dias, obrigado." (pág. 227)

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