quinta-feira, 16 de junho de 2016

Contos fantásticos do século XIX

Título: Contos fantásticos do século XIX
Autor: Italo Calvino
Páginas: 518

O livro apresenta uma seleção de contos, de diversos autores, selecionados por Italo Calvino. Contos fantásticos são aqueles em que há alguma coisa sobrenatural, misteriosa, absurda ou simplesmente estranha à realidade normal. Daí serem abundantes os casos de fantasmas, assombrações e outras coisas do gênero.

Como em toda seleção, há contos que são bons e outros que nem tanto. Mas esta é uma interpretação pessoal, o que não compromete a qualidade do material. Entre os vários, pelo menos um, com certeza, será do seu agrado. Boa leitura.

Trechos interessantes:

"Do Misterioso, que com tanta frequência envolve o homem nos seus braços invisíveis, nem o mais tênue raio de luz lhe penetra o gélido coração. Ela não vê senão a superfície colorida das coisas do mundo e, tal como a ingênua criancinha, deixa-se fascinar pelo brilho dourado da fruta que na polpa esconde o veneno mortal." (pág. 58)

"Ora, palavras, de que servem as palavras? O seu olhar paradisíaco diz mais do que qualquer idioma. Acaso uma criatura do céu há de se nivelar ao estreito círculo traçado pela precária necessidade terrena?" (pág. 75)

"Como a humanidade não muda, pode-se dizer, como um velho autor, que quanto menos canalhas houver nas galés, mais haverá do lado de fora." (pág. 141)

"Ora essa! Afinal, o que é que é a morte, que a gente deve se espantar tanto?... Considero que a morte não vale um tostão furado! 'Ninguém morre antes da hora!', disse Sêneca, o Trágico. Será que você é o único vassalo dessa dama da foice? Eu também sou, e aquele ali, e um terceiro, um quarto, Martin, Philippe! A morte não tem respeito por ninguém. É tão atrevida que condena, mata, e pega indistintamente papas, imperadores e reis, assim como prebostes, policiais e outros canalhas do gênero." (pág. 168)

"O diabo em sua própria forma é menos hediondo do que quando se alastra no peito do homem." (pág. 181)

"Talvez seja preciso acrescentar que a superstição ilustrada pela história abaixo, ou seja, que o cadáver enterrado por último seja obrigado, durante os primeiros tempos de seu enterro, a fornecer aos irmãos inquilinos do campo-santo onde ele jaz, água fresca para aliviar a sede ardente do purgatório, é recorrente em todo o sul da Irlanda. O escritor garante um caso em que um fazendeiro, poderoso e respeitável, nas fronteiras de Tipperary, enternecido pelos calos de sua finada ajudante, colocou no caixão dela dois pares de tamancos, um pesado e um leve, um para os dias secos, outro para o tempo úmido; procurava, dessa maneira, mitigar o cansaço de suas inevitáveis perambulações em busca de água, administrando-a às almas sedentas do purgatório." (pág. 268)

"Aguarde, não vem tudo de uma vez; aquilo que você não entender agora, há de entender com o passar dos anos." (pág. 344)

"'Você trabalha demais', disse; 'a juventude precisa de diversão, teatro, passeios, amori - há bastante tempo para ser sério, quando se fica careca'." (pág. 375/376)

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