sábado, 13 de fevereiro de 2016

A vida secreta dos números

Título: A vida secreta dos números
Autor: George G. Szpiro
Páginas: 272

O livro apresenta 50 crônicas relacionadas à Matemática: pode ser um fato curioso, uma biografia interessante, uma pesquisa importante ou até mesmo uma curiosidade qualquer. Assim sendo, o livro é recomendado para quem tem uma certa afinidade com números. Para quem não tem, o livro se tornará muito tedioso.

As crônicas são variadas, algumas são simples, mas a maioria é bastante complexa. É um livro para ser lido com calma e tranquilidade. Para quem acha que a Matemática não tem utilidade alguma, talvez seja interessante conhecer algumas das crônicas.

Trechos interessantes:

"Futuras incorreções do calendário haviam,portanto, sido corrigidas, mas, o que fazer em relação àquelas acumuladas durante o milênio e meio que se passou desde que Júlio César introduziu seu calendário? O criativo do Papa Gregório resolveu o problema com uma tacada de mestre: em 1582, retirou 10 dias completos do calendário. Com esta solução drástica,o pontífice colhia um benefício adicional. Uma oportunidade para mostrar ao mundo e seus governantes quem era o verdadeiro senhor. Assim, na maioria dos países católicos, a quinta-feira, 4 de outubro de 1582, foi seguida pela sexta-feira, 15 de outubro." (pág. 19)

"Os russos mantiveram o calendário inalterado até a Revolução, quando foram forçados a eliminar 13 dias. A consequência curiosa é que a Revolução de Outubro ocorreu, na verdade, em novembro de 1917." (pág. 19)

"Trabalhar na teoria de primos gêmeos pode ser mais que um simples exercício intelectual, como Thomas Nicely, da Virgínia, descobriu na década de 1990. Quando buscava grandes pares de primos gêmeos, ele passou por todos os inteiros até 4 quatrilhões. O algoritmo exigia o cálculo da banal expressão x vezes (1/x). Mas, para sua surpresa, quando inseria certos números nesta fórmula, o resultado não era o valor 1 e, sim, um outro incorreto. No dia 30 de outubro de 1994, Nicely enviou uma mensagem de correio eletrônico a colegas, para informá-los que o computador consistentemente produzia resultados errados ao calcular a expressão anterior com números entre 824.633.702.418 e 824.633.702.449. Através da pesquisa com primos gêmeos, Nicely deparou-se com o notório bug do processador Pentium. Este erro custou à Intel, o fabricante, 500 milhões de dólares de indenizações - um primo exemplo (sem trocadilho) mostrando que matemáticos nunca sabem onde suas pesquisas, e erros, os levarão." (pág. 47)

É parte da vida dos matemáticos passar a maior parte do tempo sozinhos em pequenas salas, trabalhando em problemas seculares. Trabalhar nestas circunstâncias, longe do burburinho do mundo exterior, assegura um certo nível de qualidade. Como provas matemáticas somente são consideradas corretas após passarem pelo teste do tempo, alarde na imprensa é prejudicial à cuidadosa e prolongada análise de uma prova. Buscar este tipo de exposição pública é, para dizer o mínimo, inapropriado." (pág. 51/52)

"Coxeter tinha consciência de ser privilegiado e creditava a longa vida ao amor pela matemática, à dieta vegetariana, aos exercícios diários de 50 flexões de uma só vez e à grande devoção à matemática. Como disse a um colega, nunca esteve aborrecido e foi 'pago para fazer o que amava'." (pág. 99)

"Como um matemático tem a inspiração para chegar à solução de um problema investigado há anos e anos? A resposta de Specker é que isto não pode ser previsto. Uma ideia pode surgir de repente, sem mais nem menos, no meio do banho ou enquanto se faz a barba. No entanto, é importante - e ele estica o dedo para enfatizar o que diz - estar completamente relaxado. Tensão, ele insiste, é contraproducente. E mais uma coisa: nunca se deve ficar frustrado por um início falho. Muitas vezes, Specker enfatiza, um início falho contribui para pesquisa adicional ou, até mesmo, forma a base da pesquisa." (pág. 119/120)

"O fato de que muitas pessoas façam seguros para evitar riscos e, ao mesmo tempo, gastem dinheiro com bilhetes de loteria para correr riscos é um outro paradoxo, que ainda aguarda uma explicação." (pág. 199)

"Uma vez que estratégias fracas tenham desaparecido, até mesmo as estratégias bem sucedidas deixarão de prover grandes resultados, pois não haverá mais alguém para ser explorado. Portanto, as estratégias bem-sucedidas também desaparecerão, da mesma forma que predadores se tornam extintos quando não há mais presas para caçar." (pág. 247)

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