quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A história do alfabeto

Título: A história do alfabeto
Autor: John Man
Páginas: 264

Para nós, hoje, que já estamos fartamente habituados, o alfabeto é uma coisa simples e sem segredo. Mas já pensaram como isso tudo teve início? Quando não havia nada e alguém, pela primeira vez, teve a ideia de que tudo o que acontecia poderia ser preservado para a posteridade?!

Essa é a proposta do livro. Mostrar como uma coisa banal nos dias de hoje - o alfabeto - teve o seu início e a evolução desde então. Numa linguagem agradável e simples o autor mostra que, para se reduzir a 26 caracteres e com isso poder representar tudo o que existe no universo, muita coisa aconteceu.

Trechos interessantes:

"[...]os gregos não teriam exercido tanta influência se não fosse pela invenção que fixou os seus escritos, cujo nome partiu de seus dois primeiros sinais, alfa e beta - ou seja, o alfabeto." (pág. 16)

"A transmissão de informação ao longo deste milênio levou décadas. Com o crescimento da indústria no século XIX, décadas reduziram-se a anos e, posteriormente, com as viagens aéreas, a semanas. Agora que a evolução cultural tornou-se eletrônica, a informação flui para o mundo inteiro em segundos, e o analfabetismo passou a ser sinônimo de atraso." (pág. 19-20)

"Claro que é difícil! Tudo que vale a pena requer esforço! É assim que as coisas acontecem na vida se você quer ter uma boa formação e ser bem-sucedido." (pág. 47)

"Um cético poderia concluir que o deus dos cristãos e dos judeus foi inventado porque surgira uma tecnologia para definir essa crença e implantá-la na sua cultura. Já um crente diria que deus, em sua sabedoria, ensejou a sua própria revelação por meio dessa nova forma de comunicação. De qualquer maneira, parece que tanto o novo deus quanto a nova escrita atuaram juntos para formar uma nova nação e disseminar uma ideia que iria mudar o mundo." (pág. 115)

"[...]a literatura ugarítica baseada no alfabeto passou a fazer parte de uma tradição literária comum, e finalmente, 300 ou 400 anos mais tarde, passou a influenciar a dos hebreus. Talvez isso não deva causar surpresa, pois o ugarítico e o hebraico eram línguas intimamente ligadas, embora ainda possa parecer uma afronta, para alguns, vislumbrar as raízes do Velho Testamento em uma cultura rival, principalmente tratando-se de uma tão declaradamente pagã como aquela." (pág. 147)

"Como poderia ali haver uma cultura rica, se os seus pobres coitados não sabiam nem ler nem escrever? Como uma cultura poderia desabrochar inteiramente a partir de uma 'não-cultura'? Essa questão está por trás de um debate acadêmico que vem se estendendo desde 1795, quando o classicista alemão Friedrich Wolf sugeriu que Homero era iletrado." (pág. 177)

"No início do século V, os cidadãos atenienses tiveram uma oportunidade de escrever quando foram levados a votar a respeito do exílio de uma pessoa notoriamente perigosa. Os votos eram dados rabiscando-se um nome em um óstraco, aqueles fragmentos de cerâmica onipresentes que serviam de blocos de anotações. As pessoas que eram expulsas da cidade dessa maneira eram condenadas ao 'ostracismo'." (pág. 194)

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