sábado, 10 de agosto de 2013

Heresia

Título: Heresia
Autor: S. J. Parris
Páginas: 360

Heresia é um romance histórico baseado na vida do filósofo Giordano Bruno, que foi perseguido pela igreja romana devido às suas ideias, muito avançadas para a época. Na história do livro, Giordano é convidado para um debate em Oxford, onde pretende defender as ideias apresentadas por Copérnico.

Durante sua estada acontecem alguns assassinatos misteriosos e ele acaba se envolvendo, na tentativa de solucionar as mortes. A história é uma aventura policial no século XVI, cheia de emoções e reviravoltas. Para os fãs do gênero, o livro certamente agradará.

Trechos interessantes:

"- E minha filha, Sophia. - Como pode perceber, dei a ela o nome grego da sabedoria.
- Nesse caso, seus pretendentes poderão se chamar verdadeiramente de 'filósofos' - respondi sorrindo para a moça. - Os que amam Sophia." (pág. 51/52)

"- Amanhã à noite, feiticeiro - sibilou com um sorriso desdentado -, você irá contradizer as devotas certezas deles, e estarei lá na primeira fila para aplaudir. Não porque eu apoie suas ideias heréticas, mas porque admiro os homens destemidos. Restam muito poucos neste lugar." (pág. 65)

"No mesmo instante eu soube o que significava aquilo, porque meu anfitrião, o embaixador francês, trabalhava com tais calendários na embaixada: os números em vermelho mostravam a data de acordo com o novo calendário, introduzido em fevereiro do ano anterior pelo papa Gregório, e que agora era obrigatório nas nações católicas, por ordem da bula papal Inter gravissimas. Ele não fora adotado pela Inglaterra e por outros países protestantes da Europa, num gesto contundente de desafio à autoridade papal, mas muitas vezes eu ouvira o embaixador se queixar de que isso tornava extremamente confusa a correspondência entre os representantes dos diferentes países, porque ninguém tinha muita certeza da data a que se fazia referência." (pág. 92)

"Seria necessário um ato realmente excepcional de imaginação para explicar por que eu me trancara no quarto recém-revirado de um homem que acabara de morrer, e por que agora segurava seu cofre no meu colo empapado de sangue." (pág. 94)

"- Nosso traço menos atraente como nação é essa convicção da nossa superioridade." [referindo-se à Inglaterra] (pág. 126)

"Você só sabe o valor de um lar quando o perde." (pág. 138)

"Àquela altura, já fazia tempo suficiente que eu estava na Inglaterra para saber que sopa era um prato resultante da mistura de aveia com o sumo que sobrava do cozimento da carne, uma coisa que por direito deveria ser servida ao gado, mas que os ingleses pareciam considerar um acréscimo indispensável a qualquer mesa." (pág. 166)

"Vi homens serem assassinados com a displicência de garotos atirando pedras em passarinhos, esfaqueados pelos sapatos que calçavam ou pelas poucas moedas que tinham, e vi a lei desviar os olhos, porque era trabalhoso demais levar alguém à justiça. Porque, para a lei, os mortos valiam tão pouco quanto aqueles que os haviam matado, e que provavelmente seriam mortos no dia seguinte, por sua vez. E tenho a convicção de que nenhuma vida humana vale tão pouco que, ao ser encerrada pela violência, devamos dar de ombros para o crime e deixar um assassino impune. É por isso que eu me envolvo, Mestre Slythurst: isso se chama justiça." (pág. 204)

"- É gentileza sua reservar um tempo para me ouvir, senhor. Quer dizer,visto que estamos em posições diferentes.
- Se vamos falar de posições, Thomas, não nos esqueçamos de que você é filho de um professor de Oxford e eu sou filho de um soldado. Mas pouco me interessam essas distinções... Ainda me atrevo a esperar pelo dia em que as pessoas serão julgadas pelo seu caráter e suas realizações, não por seu sobrenome paterno." (pág. 210/211)

"Fiquei tão confuso e amedrontado que me peguei concordando com afirmações que sabia não serem verdadeiras. É estranho como a pessoa disposta a julgar alguém culpado é capaz de fazê-lo acreditar na própria culpa, mesmo quando ele sabe que é inocente. Tive medo de condenar a mim mesmo por engano." (pág. 218/219)

"- O livro. Primeiro me diga quanto está disposto a pagar por esse manuscrito.
- Primeiro eu precisaria vê-lo - respondi, impassível. - Quanto quer por ele?
- Essa é uma pergunta difícil, Bruno. É que o valor de um objeto, qualquer que seja, depende inteiramente do desejo que o outro tem dele, não é?" (pág. 272)

"- Não odeio ninguém. Só quero que me deixem em paz para compreender os mistérios do Universo à minha maneira.
- Deus já nos exibiu os mistérios do Universo, ou tantos quantos permite que o homem compreenda. Você acha que seu jeito é melhor?
- Melhor do que essas guerras de dogmas que têm levado as pessoas a incendiar e retalhar umas às outras por toda a Europa, durante 50 anos? Sim, acho." (pág. 325)

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