Título: Um presente de Natal
Autor: Mary & Carol Higgins Clark
Páginas: 206
Para terminar o ano, nada como uma leitura sugestiva, relacionada ao período natalino. Leitura simples, de caráter infantil, com final previsível, mas perfeitamente lógica para a ocasião.
Sterling era um homem que nunca fez nada importante na vida. Morreu e aguarda "uma eternidade" nos portões do Paraíso. O Conselho Celestial decide que, para ele entrar, deve retornar à Terra e fazer uma boa ação a alguém. Assim ele retorna e procura um pessoa que precisa de ajuda, e por aí vai...
Trechos interessantes:
"...Reconheceu para si mesmo que adotara o lema de Scarlett O'Hara: 'Pensarei nisso amanhã'." (pág. 11)
"A NorNor sempre dizia que, se ela não estivesse lá todas as noites, o restaurante iria falir.
-É a minha sala de estar - dizia a Marissa. - A gente não convida pessoas para a nossa casa se a gente não vai estar lá." (pág. 20)
"Sterling nota que o lugar está lotado, e é evidente pela forma como Nor conversa com todo mundo que todos são clientes frequentes. Todos parecem gostar muito de falar um pouco com ela. E ela é boa nisso. Sterling ouviu-a perguntar sobre a mãe de um, o filho de outro, os planos de férias de um outro, e cumprimentar um rapaz e uma moça que haviam ficado noivos havia pouco.
O Conselho Celestial jamais dirá que ela não presta atenção aos outros, pensou Sterling. Isso é certo. Pena que eu não tenha sido mais assim." (pág. 77)
"Mas ele realmente dirige como uma lesma com dor nas costas. Sterling concordou plenamente com o pensamento impaciente de Marissa: 'Vamos lá, acelere. O treino vai estar terminado quando chegarmos lá'." (pág. 114)
"Mais uma vez, amaldiçoou o dia em que, 15 anos antes, os irmãos Badgetts foram até o escritório que mantinha sozinho no Queens e lhe pediram que os representasse na aquisição de uma cadeia de lavanderias a seco. Como eu precisava do dinheiro, não me informei o bastante sobre eles, pensou. Na verdade, eu não queria as informações. Bom, agora eu as tenho." (pág. 118)
"Com a cabeça baixa, ajoelhou-se ao lado de Billy, que acendera uma vela num altar lateral.
Ele está rezando por seu futuro na Terra. Eu estou rezando pelo meu futuro na eternidade. Ah, estar no céu nem que por apenas uma hora no dia de Natal... Sterling sentiu lágrimas nos olhos e sussurrou:
-Por favor, ajude-me a completar a minha missão na Terra para que eu possa começar a merecê-Lo." (pág. 124)
"-Nem pensem em me agradecer. Só usem o tempo de vocês aqui na Terra com sabedoria. Acreditem, ele passa muito rápido." (pág. 193)
"-Fazer outras pessoas felizes é uma das grandes alegrias da condição humana - disse-lhe o monge. - Você aprendeu a lição além do que imaginávamos." (pág. 204)
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
domingo, 23 de dezembro de 2012
O rancho
Título: O rancho
Autor: Danielle Steel
Páginas: 444
Mary Stuart, Tanya e Zoe eram colegas de escola e, depois de formadas, cada uma seguiu um caminho diferente. A primeira casou-se com um importante advogado, a segunda tornou-se uma celebridade da música e a outra tornou-se uma importante médica. Apesar de todos os compromissos, Tanya consegue um período de licença num rancho e convence as amigas a irem com ela. Lá elas revivem os tempos antigos e discutem abertamente os dramas e relacionamentos pessoais.
Apesar de ser um romance "novelesco" tradicional, o livro apresenta as personagens e seus dramas pessoais de uma forma envolvente: a mãe que perdeu o filho e não consegue se ajustar à vida novamente; a pessoa famosa que, mesmo que queira, não pode sair dos holofotes e a pessoa que tem que conviver com o drama da AIDS. Em suma, fazem a leitura mais interessante do que o romance em si.
Trechos interessantes:
"Os caras com quem joguei golfe essa manhã fizeram um estardalhaço. Aliás, alguns deles acharam que era um bocado engraçado ter uma esposa processada por assédio sexual. A maioria reclama que suas esposas nunca querem dormir com eles." (pág. 41)
"Um momento mais tarde, Bill desapareceu no banheiro e saiu de pijama. Nem pareceu notá-la ou ao vestido que usara, ou como estava bonita. Era como se ela tivesse deixado de ser mulher no momento em que seu filho morrera." (pág. 78)
"O casamento não tem a ver com se manter à distância. Ele tem a ver com compartilhar. E eles haviam compartilhado. Compartilharam alegria durante cerca de vinte e um anos, e um sofrimento sem fim no último ano. O problema é que não compartilharam realmente o sofrimento.Tinham sofrido em silêncio cada um em seu canto." (pág. 85)
"Às vezes ela pensava consigo mesma se era a isso que tudo se resumia. Tudo tinha a ver com dinheiro, ganância e negócios. Os agentes, os advogados, as pessoas vendendo histórias sobre ela, aqueles que queriam ser pagos para não processá-la, o número sem fim de pessoas que pensavam que ela lhes devia pelo seu sucesso porque fora mais afortunada do que elas." (pág. 102)
"Ser uma celebridade era um negócio difícil, apesar do que as pessoas pensavam. Do lado de fora, parecia maravilhoso, de dentro, era um profissão cheia de sofrimentos profundos." (pág. 110)
"Conseguira chegar até o topo, para descobrir que não havia nada lá que qualquer pessoa quisesse." (pág. 111)
"-[...]Ninguém vai me convidar para sair, a não ser algum maldito cabeleireiro, só para depois poder dizer que saiu comigo. Sou como o Everest. Ninguém quer morar lá, mas o mundo todo quer poder dizer que o escalou." (pág. 208)
"É engraçado como no momento em que você pensa que sua vida acabou, tudo começa outra vez. A vida sempre nos engana, não é? Quando você acha que está com tudo, perde tudo, e quando você acha que perdeu tudo, encontra algo infinitamente preciso." (pág. 263)
"Quero ajudá-la a ficar viva, quero trabalhar com você, Zoe... eu amo você e Jade... por favor, deixe-me amá-la... há tão pouco amor nesse mundo. Se eu achei algum, vamos compartilhá-lo. Não o jogue fora. o fato de você estar com AIDS não muda nada, não faz com que eu pare de amá-la. Só quer dizer que o que temos é ainda mais precioso. Não deixarei que você o jogue fora. Significa demais para mim..." (pág.315)
"Eu costumava ficar imaginando quem é que falava de mim, mas acho que todos falam. Os policiais, a imprensa, as enfermeiras, os motoristas de ambulância, os cabeleireiros do mundo todo, os turistas, os corretores e, às vezes, até os amigos. Não tem jeito. Todos fornecem um pequeno pedaço de informação e então eles o trasformam numa faca e a esfaqueiam com ela, bem no coração." (pág. 417)
Autor: Danielle Steel
Páginas: 444
Mary Stuart, Tanya e Zoe eram colegas de escola e, depois de formadas, cada uma seguiu um caminho diferente. A primeira casou-se com um importante advogado, a segunda tornou-se uma celebridade da música e a outra tornou-se uma importante médica. Apesar de todos os compromissos, Tanya consegue um período de licença num rancho e convence as amigas a irem com ela. Lá elas revivem os tempos antigos e discutem abertamente os dramas e relacionamentos pessoais.
Apesar de ser um romance "novelesco" tradicional, o livro apresenta as personagens e seus dramas pessoais de uma forma envolvente: a mãe que perdeu o filho e não consegue se ajustar à vida novamente; a pessoa famosa que, mesmo que queira, não pode sair dos holofotes e a pessoa que tem que conviver com o drama da AIDS. Em suma, fazem a leitura mais interessante do que o romance em si.
Trechos interessantes:
"Os caras com quem joguei golfe essa manhã fizeram um estardalhaço. Aliás, alguns deles acharam que era um bocado engraçado ter uma esposa processada por assédio sexual. A maioria reclama que suas esposas nunca querem dormir com eles." (pág. 41)
"Um momento mais tarde, Bill desapareceu no banheiro e saiu de pijama. Nem pareceu notá-la ou ao vestido que usara, ou como estava bonita. Era como se ela tivesse deixado de ser mulher no momento em que seu filho morrera." (pág. 78)
"O casamento não tem a ver com se manter à distância. Ele tem a ver com compartilhar. E eles haviam compartilhado. Compartilharam alegria durante cerca de vinte e um anos, e um sofrimento sem fim no último ano. O problema é que não compartilharam realmente o sofrimento.Tinham sofrido em silêncio cada um em seu canto." (pág. 85)
"Às vezes ela pensava consigo mesma se era a isso que tudo se resumia. Tudo tinha a ver com dinheiro, ganância e negócios. Os agentes, os advogados, as pessoas vendendo histórias sobre ela, aqueles que queriam ser pagos para não processá-la, o número sem fim de pessoas que pensavam que ela lhes devia pelo seu sucesso porque fora mais afortunada do que elas." (pág. 102)
"Ser uma celebridade era um negócio difícil, apesar do que as pessoas pensavam. Do lado de fora, parecia maravilhoso, de dentro, era um profissão cheia de sofrimentos profundos." (pág. 110)
"Conseguira chegar até o topo, para descobrir que não havia nada lá que qualquer pessoa quisesse." (pág. 111)
"-[...]Ninguém vai me convidar para sair, a não ser algum maldito cabeleireiro, só para depois poder dizer que saiu comigo. Sou como o Everest. Ninguém quer morar lá, mas o mundo todo quer poder dizer que o escalou." (pág. 208)
"É engraçado como no momento em que você pensa que sua vida acabou, tudo começa outra vez. A vida sempre nos engana, não é? Quando você acha que está com tudo, perde tudo, e quando você acha que perdeu tudo, encontra algo infinitamente preciso." (pág. 263)
"Quero ajudá-la a ficar viva, quero trabalhar com você, Zoe... eu amo você e Jade... por favor, deixe-me amá-la... há tão pouco amor nesse mundo. Se eu achei algum, vamos compartilhá-lo. Não o jogue fora. o fato de você estar com AIDS não muda nada, não faz com que eu pare de amá-la. Só quer dizer que o que temos é ainda mais precioso. Não deixarei que você o jogue fora. Significa demais para mim..." (pág.315)
"Eu costumava ficar imaginando quem é que falava de mim, mas acho que todos falam. Os policiais, a imprensa, as enfermeiras, os motoristas de ambulância, os cabeleireiros do mundo todo, os turistas, os corretores e, às vezes, até os amigos. Não tem jeito. Todos fornecem um pequeno pedaço de informação e então eles o trasformam numa faca e a esfaqueiam com ela, bem no coração." (pág. 417)
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Mequiel - o caçador de sonhos
Título: Mequiel - o caçador de sonhos
Autor: Beth Valentim
Páginas: 214
Mais um livro de autoajuda que me caiu às mãos. Como já disse, esses livros não são o meu forte, mas não tenho nenhum problema quanto a lê-los. Se bem não fizer, mal também não fará. Mas a história em si é interessante, bem simples, mas interessante.
Mequiel é um físico, que eu diria, já com a vida arrumada. Tinha um bom emprego, uma namorada, mas era também um sonhador. De repente, encheu a cabeça com um sonho inalcançável e, sem avisar nada pra ninguém, abandonou tudo para seguir esse sonho. Depois de 20 anos retorna, sem nada ter conseguido, para descobrir que havia destruído a vida de todos aqueles que se preocupavam com ele.
Trechos interessantes:
"O tempo não tem segredo, apenas sabe esperar. E as verdades aparecem. Ele quer acomodar a maturidade, desfazer mal-entendidos. É humilde mas verdadeiro, certeiro. Impõe-se, mostrando o que de real aconteceu, sempre. Ninguém escapa... Os trechos da vida, antes incompreensíveis, passam a ter sentido." (pág. 2)
"-E quando uma pessoa se acha um herói, nem percebe o quanto precisa de alguém... Vira as costas e sai derrubando tudo que está a sua frente." (pág. 34)
"O herói antigo não tinha o direito de recusar um desafio. O de hoje estuda-o com cautela. Não teme, mas nem por isso perde facilmente o que adquiriu ao longo do tempo. O herói de ontem era aplaudido pelos tantos que matava. O de hoje pelos que consegue salvar. Mas antes de salvar alguém, salva-se." (pág. 42)
"Meu amigo, pedir ajuda não é ser fraco, é ser o mais esperto, no bom sentido... É estar atento à vida." (pág. 71)
"Falava sobre o perdão, de maneira contagiante. Enfatizava que perdoar, de forma alguma, significa concordar com a ofensa nem com a injustiça sofrida. Que ser humilde não é ser bobo, mas ter um coração terno e aberto para escutar o que o outro tem a dizer. Ao menos dar a chance de falarem. Que as pessoas crescem quando estão mais disponíveis para perdoar." (pág. 124)
"Ter paz é saber usufruir da vida de maneira simples, obter tranquilidade. É ter intimidade com esse sentimento. A paz desespera as pessoas, que querem obter resultados de qualquer maneira." (pág. 174)
"A compulsão de viver no heroísmo fez com que não saísse à procura de seus desejos mas, sim, de coisas que pudesem tapar os buracos de sua vida. Desejo se cuida. Não se deixa escapar facilmente. Do que correu atrás eram só quereres. Existe diferença entre desejo e querer. Obtém-se o desejo, quando se está completo. Quando se tem o conhecimento de si próprio. Assim as escolhas são viáveis." (pág. 177)
Autor: Beth Valentim
Páginas: 214
Mais um livro de autoajuda que me caiu às mãos. Como já disse, esses livros não são o meu forte, mas não tenho nenhum problema quanto a lê-los. Se bem não fizer, mal também não fará. Mas a história em si é interessante, bem simples, mas interessante.
Mequiel é um físico, que eu diria, já com a vida arrumada. Tinha um bom emprego, uma namorada, mas era também um sonhador. De repente, encheu a cabeça com um sonho inalcançável e, sem avisar nada pra ninguém, abandonou tudo para seguir esse sonho. Depois de 20 anos retorna, sem nada ter conseguido, para descobrir que havia destruído a vida de todos aqueles que se preocupavam com ele.
Trechos interessantes:
"O tempo não tem segredo, apenas sabe esperar. E as verdades aparecem. Ele quer acomodar a maturidade, desfazer mal-entendidos. É humilde mas verdadeiro, certeiro. Impõe-se, mostrando o que de real aconteceu, sempre. Ninguém escapa... Os trechos da vida, antes incompreensíveis, passam a ter sentido." (pág. 2)
"-E quando uma pessoa se acha um herói, nem percebe o quanto precisa de alguém... Vira as costas e sai derrubando tudo que está a sua frente." (pág. 34)
"O herói antigo não tinha o direito de recusar um desafio. O de hoje estuda-o com cautela. Não teme, mas nem por isso perde facilmente o que adquiriu ao longo do tempo. O herói de ontem era aplaudido pelos tantos que matava. O de hoje pelos que consegue salvar. Mas antes de salvar alguém, salva-se." (pág. 42)
"Meu amigo, pedir ajuda não é ser fraco, é ser o mais esperto, no bom sentido... É estar atento à vida." (pág. 71)
"Falava sobre o perdão, de maneira contagiante. Enfatizava que perdoar, de forma alguma, significa concordar com a ofensa nem com a injustiça sofrida. Que ser humilde não é ser bobo, mas ter um coração terno e aberto para escutar o que o outro tem a dizer. Ao menos dar a chance de falarem. Que as pessoas crescem quando estão mais disponíveis para perdoar." (pág. 124)
"Ter paz é saber usufruir da vida de maneira simples, obter tranquilidade. É ter intimidade com esse sentimento. A paz desespera as pessoas, que querem obter resultados de qualquer maneira." (pág. 174)
"A compulsão de viver no heroísmo fez com que não saísse à procura de seus desejos mas, sim, de coisas que pudesem tapar os buracos de sua vida. Desejo se cuida. Não se deixa escapar facilmente. Do que correu atrás eram só quereres. Existe diferença entre desejo e querer. Obtém-se o desejo, quando se está completo. Quando se tem o conhecimento de si próprio. Assim as escolhas são viáveis." (pág. 177)
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
A pedra da bênção
Título: A pedra da bênção
Autor: Barbara Wood
Páginas: 546
O livro narra a trajetória de uma pedra azul, que teria se formado no início do universo até os dias atuais. Esta pedra passou pela mão de inúmeras pessoas, desde os primeiros habitantes do planeta, sendo considerada milagrosa e abençoada por muitas dessas pessoas: uns a usavam como amuleto, outros como enfeite, outros como pedra da sabedoria, outros como castigo, e assim por diante.
A autora consegue fazer uma viagem através da história, na qual a personagem principal é um cristal que durante a sua trajetória será perdido, encontrado, esquecido, roubado, vendido, presenteado, influenciando - de uma maneira ou outra - a vida de todas as pessoas pelos quais ele passa, seja no homem das cavernas, na Roma Antiga ou no oeste americano.
Trechos interessantes:
"Os humanos evoluíram de coletores para predadores. O pensamento nasceu e com ele as perguntas, e com as perguntas veio a necessidade de respostas. E assim havia espíritos, tabus, certo e errado, fantasmas, e a magia nasceu." (pág. 55)
"Ao contrário do sol, que brilhava inutilmente durante o dia quando já havia luz e cuja face era brilhante demais para ser encarada, uma pessoa podia olhar para a lua horas e horas sem ficar cega. A lua, dependendo das suas fases, fazia com que as flores se abrissem à noite, os felinos caçassem, as marés enchessem. A lua era previsível, reconfortante como uma mãe." (pág. 75)
"Ele prosseguia para oeste quando podia, mas quando encontrava litorais e via-se à orla de mares sem praias do lado oposto, movia-se rumo ao norte, sem saber que estava traçando rotas que oito milênios depois seriam seguidas por homens chamados Alexandre, o Grande, e São Paulo." (pág. 160)
"O horizonte continuava a chamá-lo, tal como na sua infância, só que agora ele o seguia não para ver o que havia do outro lado, mas sim porque não tinha mais para onde ir. E na sua necessidade irracional de pôr cada vez mais chão debaixo de seus pés, em lugar nenhum encontrou outro assentamento igual ao seu na nascente perene." (pág. 160)
"-Por que ficam na mesma casa?
-Para tomar conta do vinhedo.
-Têm de tomar conta do vinhedo?
-Foi o que eu disse.
-Se não tomarem conta as uvas não vão crescer?
-Oh, as uvas crescerão.
-Então por que tomar conta do vinhedo?
-Para evitar que outros peguem as uvas.
-Por que evitar que outras pessoas peguem as uvas?
-Porque elas são nossas.
Bodolf trocou olhares com os outros.
-Então quando estrangeiros aparecem a uva não é para eles?
-Isso mesmo.
-Por que não? O fruto está na parreira.
-Mas meu abba plantou as parreiras e portanto as uvas são dele.
Eskil franziu o cenho.
-Se o seu abba morresse, as uvas também morreriam?
-Bem, não.
-Então como é que elas são dele?" (pág. 173)
"Nós mulheres carregamos filhos dentro de nossos corpos, os alimentamos com nosso fôlego e nosso sangue, nossos batimentos cardíacos bombeiam a vida neles, e por quase dez meses a criança e a mãe são um único ser. E então chegam as dores do parto, o dilacerar da carne e o fluxo de sangue, a agonia de impelir a nova vida para o mundo. Porém para você, jovem pai, não há dor nem sangue. Um momento de prazer e, nove meses depois, você bebe vinho, joga dados e decide o destino do recém-nascido." (pág. 214)
"Para um romano o dia não podia começar sem que antes não fosse determinado se era um dia auspicioso para tratar de negócios, para se casar, para fazer molho de peixe. E entre todos os instrumentos de augúrio, desde os nós dos dedos às folhas de chá, o voo dos pássaros era o mais importante - até mesmo a palavra "auspicioso" derivava de auspicium, que significava adivinhação por meio do voo dos pássaros." (pág. 214)
"O adultério era uma coisa estranha. Tudo dependia de quem o cometia, e com quem. Entre as classes baixas, a traição conjugal era quase um esporte nacional e uma grande fonte de piada para o teatro. Mas a nobreza se pautava por um padrão diferente, e uma esposa transviada era vista como traidora não só pelo marido, mas também por toda a classe social a que pertencia. Como Lucilla, a linda viúva de um senhor famoso, lhe dissera uma vez despudoradamente, o pecado não era o adultério em si, mas sim a adúltera ser flagrada." (pág. 226)
"Depois que a apóstola chamada Maria partira, naquele memorável dia da epifania de Amélia, ela havia perguntado a Raquel como poderia obter esse perdão que Jesus pedira para seus torturadores e ficou atônita ao saber que a pessoa não tinha de pagar taxas a um templo nem sacrificar um animal. Nem teria de recorrer a um intermediário como um sacerdote ou uma sacerdotisa. 'Basta falar diretamente a Deus', Raquel dissera, 'peça o perdão Dele, conserve isto no seu coração e será perdoada'." (pág. 257/258)
"Ela notou pela primeira vez que ele começara a pentear o cabelo de trás para a frente. A calvície não era admirada em Roma, era de fato considerada um sinal de fraqueza. Os homens portanto se submetiam a grandes sacrifícios para compensar, os mesmos homens que ridicularizavam suas esposas por gastar tempo demais com seus cabeleireiros." (pág. 258)
"Talvez,pensou, quando falou sobre o fim do mundo, Jesus não quisesse dizer que o fim chegaria para todas as pessoas de uma vez, mas sim para cada qual em seu tempo, à medida que alguém morresse e uma nova vida começasse. Para mim, esta noite, o mundo chega a um fim." (pág. 288)
"Asmahan conteve a língua, achando que seria cruel demais deixar a garota saber que aqueles artigos eram tão insignificantes que ninguém quisera ficar com eles (...). Isto confirmava o velho adágio de que uma pérola para um valia menos que um seixo para o outro." (pág. 398)
"Eles nunca haviam imaginado uma terra tão vasta, um céu tão ilimitado. Sentiam as almas se expandindo a cada quilômetro vencido, como se tivessem vivido sua juventude comprimidos num sótão e agora estivessem sendo arejados num varal ensolarado." (pág. 505)
"Deus pode ter nos dado a dor, mas também nos dispôs dos recursos para aliviá-la." (pág. 508)
"-Claro que casarei com você, meu querido Matthew, pois formamos um par perfeito: parteira e agente funerário. Ajudo a trazer pessoas ao mundo e você as escolta para fora dele." (pág. 542)
Autor: Barbara Wood
Páginas: 546
O livro narra a trajetória de uma pedra azul, que teria se formado no início do universo até os dias atuais. Esta pedra passou pela mão de inúmeras pessoas, desde os primeiros habitantes do planeta, sendo considerada milagrosa e abençoada por muitas dessas pessoas: uns a usavam como amuleto, outros como enfeite, outros como pedra da sabedoria, outros como castigo, e assim por diante.
A autora consegue fazer uma viagem através da história, na qual a personagem principal é um cristal que durante a sua trajetória será perdido, encontrado, esquecido, roubado, vendido, presenteado, influenciando - de uma maneira ou outra - a vida de todas as pessoas pelos quais ele passa, seja no homem das cavernas, na Roma Antiga ou no oeste americano.
Trechos interessantes:
"Os humanos evoluíram de coletores para predadores. O pensamento nasceu e com ele as perguntas, e com as perguntas veio a necessidade de respostas. E assim havia espíritos, tabus, certo e errado, fantasmas, e a magia nasceu." (pág. 55)
"Ao contrário do sol, que brilhava inutilmente durante o dia quando já havia luz e cuja face era brilhante demais para ser encarada, uma pessoa podia olhar para a lua horas e horas sem ficar cega. A lua, dependendo das suas fases, fazia com que as flores se abrissem à noite, os felinos caçassem, as marés enchessem. A lua era previsível, reconfortante como uma mãe." (pág. 75)
"Ele prosseguia para oeste quando podia, mas quando encontrava litorais e via-se à orla de mares sem praias do lado oposto, movia-se rumo ao norte, sem saber que estava traçando rotas que oito milênios depois seriam seguidas por homens chamados Alexandre, o Grande, e São Paulo." (pág. 160)
"O horizonte continuava a chamá-lo, tal como na sua infância, só que agora ele o seguia não para ver o que havia do outro lado, mas sim porque não tinha mais para onde ir. E na sua necessidade irracional de pôr cada vez mais chão debaixo de seus pés, em lugar nenhum encontrou outro assentamento igual ao seu na nascente perene." (pág. 160)
"-Por que ficam na mesma casa?
-Para tomar conta do vinhedo.
-Têm de tomar conta do vinhedo?
-Foi o que eu disse.
-Se não tomarem conta as uvas não vão crescer?
-Oh, as uvas crescerão.
-Então por que tomar conta do vinhedo?
-Para evitar que outros peguem as uvas.
-Por que evitar que outras pessoas peguem as uvas?
-Porque elas são nossas.
Bodolf trocou olhares com os outros.
-Então quando estrangeiros aparecem a uva não é para eles?
-Isso mesmo.
-Por que não? O fruto está na parreira.
-Mas meu abba plantou as parreiras e portanto as uvas são dele.
Eskil franziu o cenho.
-Se o seu abba morresse, as uvas também morreriam?
-Bem, não.
-Então como é que elas são dele?" (pág. 173)
"Nós mulheres carregamos filhos dentro de nossos corpos, os alimentamos com nosso fôlego e nosso sangue, nossos batimentos cardíacos bombeiam a vida neles, e por quase dez meses a criança e a mãe são um único ser. E então chegam as dores do parto, o dilacerar da carne e o fluxo de sangue, a agonia de impelir a nova vida para o mundo. Porém para você, jovem pai, não há dor nem sangue. Um momento de prazer e, nove meses depois, você bebe vinho, joga dados e decide o destino do recém-nascido." (pág. 214)
"Para um romano o dia não podia começar sem que antes não fosse determinado se era um dia auspicioso para tratar de negócios, para se casar, para fazer molho de peixe. E entre todos os instrumentos de augúrio, desde os nós dos dedos às folhas de chá, o voo dos pássaros era o mais importante - até mesmo a palavra "auspicioso" derivava de auspicium, que significava adivinhação por meio do voo dos pássaros." (pág. 214)
"O adultério era uma coisa estranha. Tudo dependia de quem o cometia, e com quem. Entre as classes baixas, a traição conjugal era quase um esporte nacional e uma grande fonte de piada para o teatro. Mas a nobreza se pautava por um padrão diferente, e uma esposa transviada era vista como traidora não só pelo marido, mas também por toda a classe social a que pertencia. Como Lucilla, a linda viúva de um senhor famoso, lhe dissera uma vez despudoradamente, o pecado não era o adultério em si, mas sim a adúltera ser flagrada." (pág. 226)
"Depois que a apóstola chamada Maria partira, naquele memorável dia da epifania de Amélia, ela havia perguntado a Raquel como poderia obter esse perdão que Jesus pedira para seus torturadores e ficou atônita ao saber que a pessoa não tinha de pagar taxas a um templo nem sacrificar um animal. Nem teria de recorrer a um intermediário como um sacerdote ou uma sacerdotisa. 'Basta falar diretamente a Deus', Raquel dissera, 'peça o perdão Dele, conserve isto no seu coração e será perdoada'." (pág. 257/258)
"Ela notou pela primeira vez que ele começara a pentear o cabelo de trás para a frente. A calvície não era admirada em Roma, era de fato considerada um sinal de fraqueza. Os homens portanto se submetiam a grandes sacrifícios para compensar, os mesmos homens que ridicularizavam suas esposas por gastar tempo demais com seus cabeleireiros." (pág. 258)
"Talvez,pensou, quando falou sobre o fim do mundo, Jesus não quisesse dizer que o fim chegaria para todas as pessoas de uma vez, mas sim para cada qual em seu tempo, à medida que alguém morresse e uma nova vida começasse. Para mim, esta noite, o mundo chega a um fim." (pág. 288)
"Asmahan conteve a língua, achando que seria cruel demais deixar a garota saber que aqueles artigos eram tão insignificantes que ninguém quisera ficar com eles (...). Isto confirmava o velho adágio de que uma pérola para um valia menos que um seixo para o outro." (pág. 398)
"Eles nunca haviam imaginado uma terra tão vasta, um céu tão ilimitado. Sentiam as almas se expandindo a cada quilômetro vencido, como se tivessem vivido sua juventude comprimidos num sótão e agora estivessem sendo arejados num varal ensolarado." (pág. 505)
"Deus pode ter nos dado a dor, mas também nos dispôs dos recursos para aliviá-la." (pág. 508)
"-Claro que casarei com você, meu querido Matthew, pois formamos um par perfeito: parteira e agente funerário. Ajudo a trazer pessoas ao mundo e você as escolta para fora dele." (pág. 542)
domingo, 25 de novembro de 2012
Kuryala: capitão e carajá
Título: Kuryala: capitão e carajá
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Páginas: 336
José Mauro é um dos meus escritores preferidos, pois a maioria de seus livros fala de coisas da minha terra. Seus livros são quase todos ambientados na região Centro-Oeste e região Norte e neles os mesmos personagems se entrelaçam formando uma teia, constituindo-se partes de um grande "todo". As selvas, os rios, os índios, os garimpos, tudo isso é retratado com a linguagem própria da região, criando uma riqueza de detalhes e fazendo o leitor se sentir parte disso tudo.
Este livro é especificamente sobre os índios carajás. Mostra as crenças e tradiçoes desse povo, através do relato de um índio que cresceu para ser o capitão da tribo. Mostra a invasão do homem branco que explora e aproveita-se da vida simples do índio, contribuindo para sua extinção ao introduzir o álcool e as doenças. Mostra também a tristeza e decepção do índio que, devido a uma doença, foi capitão por pouco tempo e foi esquecido e abandonado por todos.
Depos da leitura nos perguntamos: Que é o selvagem: o índio ou o homem branco?
Trechos interessantes:
"-Esqueça-se disso. Tudo isso é muito grande, muito bonito e é dos carajás. Vai demorar muito tempo para que os brancos cheguem por aqui.
-Dizem que os brancos são muitos.
-Mas nem tantos quanto as estrelas do céu." (pág. 24)
"-Dói, sim, filhinho. Todos os homens passam por isso. Um dia também fizeram comigo e meu pai Birirroa também me deitou em seu colo e soprou a minha dor." (pág. 36/37)
"-Meu filho bonito! Meu filho que já é um homem!
Só disse aquilo. E aquilo resumia todo o seu amor e o mistério da sua maternidade. A dor do seu parto. E todos os momentos, todos os dias, todas as suas alegrias, todas as suas angústias. E mormente tudo aquilo que lhe seria roubado no outro dia." (pág. 41)
"-Você ouviu?
-Ouvi. É o nome da jadomã que eu lhe contei.
-É. Nosso filho está ficando homem mais depressa do que a gente pensa. Logo eu preciso viajar com ele. Fazer aquela viagem que meu pai fez comigo e que todos os pais gostam de fazer com os seus filhos." (pág. 59)
"Quanto á barganha com os carajás, aquilo se tornou um bamburro, um negócio rendoso. Pois ali se encontrava o maior e mais rico celeiro de artesanato indígena. Por uma coberta, por uma panela, escolhia aquilo que bem entendesse. Sendo o primeiro descobridor de uma indústria que exploraria sempre os índios mais tarde." (pág. 67)
"-Com a força do Uomã (machado) a gente vai derrubar esse bonito pau de landi. Vamos cortar todos os seus galhos. E ele vai chorar quando cair. Seus galhos grandes vão abraçar os outros paus para não cair. Ele vai gemer até cair. Quando cair com o barulho no chão e se soltar do pequeno tronco aí seu coração morreu e ele não chora mais. Então precisamos cortar todos os seus galhos. Deixar só um grande tronco todo reto. Porque daí vai nascer a sua primeira e bonita canoa, Kury." (pág. 99)
"Mas ao mesmo tempo se perguntava porque o rio ficava tão grande e tão largo no tempo das chuvas. Não queria desrespeitar Kanansiuê que era tão bom e tão amigo. Mas ele e muitos outros índios não sabiam e perguntavam por que Kanansiuê não tinha feito o Bêérokan (Araguaia) diferente. Um lado que descia e outro que subia. Assim ajudava a vida de todo mundo..." (ág. 105)
"A dificuldade em fabricar uma canoa era o que tornava o índio cada vez mais seu amigo. Não tão importante como o seu filho, mas significando muito mais do que seu cão. Um índio podia bater no seu cão amigo, entretanto, jamais maltrataria sua canoa." (pág. 109)
"-Ela nunca vai mandar em você. Quando a mulher gosta do homem que escolheu, nunca manda, você adivinha e faz. Gostar muito é mais bonito do que tudo." (pág. 117)
"Um dos visitantes deixou escapar uma piada trágica.
-Dizem que cearense é que chega primeiro em qualquer parte, pra mim a cachaça chega primeiro." (pág. 169)
"-Será que quando a gente chegar no Xingu vai encontrar os índios assim tão estragados?
-Não. Lá é lugar melhor. Nem todo mundo pode entrar lá. Só os privilegiados. Só as pessoas que interessam. Os índios são fortes, bonitos, bem tratados, estão nus, têm bons dentes... É um ponto de turismo muito preservado. Pra mim, é como se fosse um zoológico para a curiosidade dos civilizados... de certa posse." (pág. 170)
"O homem olhou a enfermeira com raiva e enfiou o chapéu de palha na cabeça. Seus olhos brilhavam como relâmpagos.
-Um dia a senhora paga.
Cuspiu de lado e lançou a praga.
-Um dia a senhora vai arder nas fornalhas do inferno.
Dóttie riu.
-Ih! Moço, eu já estive por lá e não é tão quente assim..." (pág. 236)
"Qualquer branco naquele momento teria se vingado e destamparia um desabafo cruel. Ele, não. Um índio, um selvagem, um bugre, apenas virou as costas para não escutar as palavras de agradecimento. Apenas se apiedara de uma criatura desgraçada e torturada pelos seus semelhantes." (pág. 263/264)
"Veio a lembrança das frases desbocadas de Canário: -na vida, a gente muitas vezes tem que fritar um pedaço de merda para tentar fazer um torresmo..." (pág. 264)
"Índio nunca fora muito de dizer adeus. Adeus só para quem vai viajar numa viagem de sombras, acompanhadas de manlioca, banana e batata-doce. Só quem vai ser enterrado do outro lado do rio, no uabdé de terra, de silêncio e de mistério. Adeus justamente era para se dar a quem nunca mais poderia responder. Só." (pág. 270/271)
"Poderia até perdoar um carajá que vendesse escondido a qualquer branco uma máscara de Aruanã. Se ele precisasse de dinheiro pra comprar remédio para um filho doente ou para cobrir a nudez do corpo da sua mulher e o seu. Esconder a sua vergonha dos brancos. Mas não. Eles venderam as máscaras por Krukujé (cachaça). Por safadeza. Eles levaram as coisas mais sérias de um índio, as coisas mais sagradas, para que tori (branco) risse e caçoasse." (pág. 293)
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Páginas: 336
José Mauro é um dos meus escritores preferidos, pois a maioria de seus livros fala de coisas da minha terra. Seus livros são quase todos ambientados na região Centro-Oeste e região Norte e neles os mesmos personagems se entrelaçam formando uma teia, constituindo-se partes de um grande "todo". As selvas, os rios, os índios, os garimpos, tudo isso é retratado com a linguagem própria da região, criando uma riqueza de detalhes e fazendo o leitor se sentir parte disso tudo.
Este livro é especificamente sobre os índios carajás. Mostra as crenças e tradiçoes desse povo, através do relato de um índio que cresceu para ser o capitão da tribo. Mostra a invasão do homem branco que explora e aproveita-se da vida simples do índio, contribuindo para sua extinção ao introduzir o álcool e as doenças. Mostra também a tristeza e decepção do índio que, devido a uma doença, foi capitão por pouco tempo e foi esquecido e abandonado por todos.
Depos da leitura nos perguntamos: Que é o selvagem: o índio ou o homem branco?
Trechos interessantes:
"-Esqueça-se disso. Tudo isso é muito grande, muito bonito e é dos carajás. Vai demorar muito tempo para que os brancos cheguem por aqui.
-Dizem que os brancos são muitos.
-Mas nem tantos quanto as estrelas do céu." (pág. 24)
"-Dói, sim, filhinho. Todos os homens passam por isso. Um dia também fizeram comigo e meu pai Birirroa também me deitou em seu colo e soprou a minha dor." (pág. 36/37)
"-Meu filho bonito! Meu filho que já é um homem!
Só disse aquilo. E aquilo resumia todo o seu amor e o mistério da sua maternidade. A dor do seu parto. E todos os momentos, todos os dias, todas as suas alegrias, todas as suas angústias. E mormente tudo aquilo que lhe seria roubado no outro dia." (pág. 41)
"-Você ouviu?
-Ouvi. É o nome da jadomã que eu lhe contei.
-É. Nosso filho está ficando homem mais depressa do que a gente pensa. Logo eu preciso viajar com ele. Fazer aquela viagem que meu pai fez comigo e que todos os pais gostam de fazer com os seus filhos." (pág. 59)
"Quanto á barganha com os carajás, aquilo se tornou um bamburro, um negócio rendoso. Pois ali se encontrava o maior e mais rico celeiro de artesanato indígena. Por uma coberta, por uma panela, escolhia aquilo que bem entendesse. Sendo o primeiro descobridor de uma indústria que exploraria sempre os índios mais tarde." (pág. 67)
"-Com a força do Uomã (machado) a gente vai derrubar esse bonito pau de landi. Vamos cortar todos os seus galhos. E ele vai chorar quando cair. Seus galhos grandes vão abraçar os outros paus para não cair. Ele vai gemer até cair. Quando cair com o barulho no chão e se soltar do pequeno tronco aí seu coração morreu e ele não chora mais. Então precisamos cortar todos os seus galhos. Deixar só um grande tronco todo reto. Porque daí vai nascer a sua primeira e bonita canoa, Kury." (pág. 99)
"Mas ao mesmo tempo se perguntava porque o rio ficava tão grande e tão largo no tempo das chuvas. Não queria desrespeitar Kanansiuê que era tão bom e tão amigo. Mas ele e muitos outros índios não sabiam e perguntavam por que Kanansiuê não tinha feito o Bêérokan (Araguaia) diferente. Um lado que descia e outro que subia. Assim ajudava a vida de todo mundo..." (ág. 105)
"A dificuldade em fabricar uma canoa era o que tornava o índio cada vez mais seu amigo. Não tão importante como o seu filho, mas significando muito mais do que seu cão. Um índio podia bater no seu cão amigo, entretanto, jamais maltrataria sua canoa." (pág. 109)
"-Ela nunca vai mandar em você. Quando a mulher gosta do homem que escolheu, nunca manda, você adivinha e faz. Gostar muito é mais bonito do que tudo." (pág. 117)
"Um dos visitantes deixou escapar uma piada trágica.
-Dizem que cearense é que chega primeiro em qualquer parte, pra mim a cachaça chega primeiro." (pág. 169)
"-Será que quando a gente chegar no Xingu vai encontrar os índios assim tão estragados?
-Não. Lá é lugar melhor. Nem todo mundo pode entrar lá. Só os privilegiados. Só as pessoas que interessam. Os índios são fortes, bonitos, bem tratados, estão nus, têm bons dentes... É um ponto de turismo muito preservado. Pra mim, é como se fosse um zoológico para a curiosidade dos civilizados... de certa posse." (pág. 170)
"O homem olhou a enfermeira com raiva e enfiou o chapéu de palha na cabeça. Seus olhos brilhavam como relâmpagos.
-Um dia a senhora paga.
Cuspiu de lado e lançou a praga.
-Um dia a senhora vai arder nas fornalhas do inferno.
Dóttie riu.
-Ih! Moço, eu já estive por lá e não é tão quente assim..." (pág. 236)
"Qualquer branco naquele momento teria se vingado e destamparia um desabafo cruel. Ele, não. Um índio, um selvagem, um bugre, apenas virou as costas para não escutar as palavras de agradecimento. Apenas se apiedara de uma criatura desgraçada e torturada pelos seus semelhantes." (pág. 263/264)
"Veio a lembrança das frases desbocadas de Canário: -na vida, a gente muitas vezes tem que fritar um pedaço de merda para tentar fazer um torresmo..." (pág. 264)
"Índio nunca fora muito de dizer adeus. Adeus só para quem vai viajar numa viagem de sombras, acompanhadas de manlioca, banana e batata-doce. Só quem vai ser enterrado do outro lado do rio, no uabdé de terra, de silêncio e de mistério. Adeus justamente era para se dar a quem nunca mais poderia responder. Só." (pág. 270/271)
"Poderia até perdoar um carajá que vendesse escondido a qualquer branco uma máscara de Aruanã. Se ele precisasse de dinheiro pra comprar remédio para um filho doente ou para cobrir a nudez do corpo da sua mulher e o seu. Esconder a sua vergonha dos brancos. Mas não. Eles venderam as máscaras por Krukujé (cachaça). Por safadeza. Eles levaram as coisas mais sérias de um índio, as coisas mais sagradas, para que tori (branco) risse e caçoasse." (pág. 293)
sábado, 10 de novembro de 2012
O senhor March
Título: O senhor March
Autor: Geraldine Brooks
Páginas: 304
O senhor March é um capelão do exército americano na Guerra de Secessão (abolicionista por idealismo) convivendo com as agruras da guerra e assolado constantemente pela saudade da mulher e das quatro filhas. No seu ofício reencontra uma escrava que conhecera quando ele era jovem, trazendo-lhe agradáveis lembranças e reafirmando o seu desejo de liberdade para os negros.
A história em si é ótima, mas achei sensacional a ideia por trás do livro: a autora se baseou num clássico da literatura americana (Mulherzinhas, que eu, sinceramente, não conheço, mas pretendo ainda ler um dia) que conta a história de uma mãe e quatro filhas, enquanto o marido está na guerra. Como nada é falado sobre o marido, a autora usou a ideia para romancear a vida do personagem ausente. Fantástico.
Trechos interessantes:
"Escrevo na mesa dobrável que você e as meninas tiveram o carinho de me dar, e, embora tenha derramado e perdido meu estoque de tinta, não se incomode em me enviar mais. Um dos homens me mostrou uma receita engenhosa para um bom substituto deste produto, feito das últimas amoras-pretas da temporada. Graças a ele, posso lhe enviar, neste momento, palavras 'amorosas'!" (pág. 11)
"-Quem me contrataria para corromper as mentes de suas filhas? E, ainda que me contratassem, não domino aquilo que gostaria de ensinar. Não escalei a montanha do conhecimento, mal a toquei. Se galguei certa altura em meu aprendizado, foi apenas como um gavião que encontra uma brisa favorável, que o leva para cima por um momento." (pág. 77)
"Não dormi naquela noite. Embora fosse muito cedo para uma visita matutina, fui à casa dela, sendo recebido por uma carrancuda senhora Mullet - talvez ela soubesse do vestido em estado comprometedor -, e, no devido momento, conduzido até o escritório de seu pai, onde cumpri a formalidade de pedir-lhe aquilo que já tinha tomado." (pág. 102)
"Se um homem deve perder sua fortuna, é bom que já tenha sido pobre antes de adquiri-la, pois a pobreza exige aptidão." (pág.127)
"Se há um tipo de pessoa em quem nunca confiei é alguém que não tem dúvida." (pág. 135)
"Como dizia Heine: 'Não temos a ideia. A ideia é que nos tem... e nos leva à arena para defendê-la como gladiadores, que combatem, queiram ou não." (pág. 139)
"Observei esse detalhe e o registrei como mais uma das injustiças da vida: o homem que já foi rico e perdeu tudo é tratado com mais civilidade do que aquele sujeito que sempre foi pobre." (pág. 142)
"Será que existem duas palavras mais intimamente relacionadas que coragem e covardia? Penso que não existe um homem que não queira possuir a primeira, mas tema ser acusado da segunda. Enquanto uma é considerada o apogeu do caráter de um indivíduo, a outra pode ser vista como o seu nadir." (pág. 185)
"Um lar, ainda que na escravidão, é sempre um lar, e não é fácil abandoná-lo sabendo que tal ato será irrevogável." (pág. 192)
"Um sacrifício como o dele é considerado nobre pelo mundo. Mas o mundo não me ajudará a consertar o que a guerra destruiu." (pág. 230)
"Como era fácil dar conselhos sábios, mas como era difícil segui-los." (pág. 269)
"Apenas lhe peço que entenda que, ao cairmos, a única coisa a fazer é levantar novamente, prosseguindo com a vida que nos aguarda, tentando fazer o bem na medida do possível às pessoas que aparecerem em nosso caminho." (pág. 292)
Autor: Geraldine Brooks
Páginas: 304
O senhor March é um capelão do exército americano na Guerra de Secessão (abolicionista por idealismo) convivendo com as agruras da guerra e assolado constantemente pela saudade da mulher e das quatro filhas. No seu ofício reencontra uma escrava que conhecera quando ele era jovem, trazendo-lhe agradáveis lembranças e reafirmando o seu desejo de liberdade para os negros.
A história em si é ótima, mas achei sensacional a ideia por trás do livro: a autora se baseou num clássico da literatura americana (Mulherzinhas, que eu, sinceramente, não conheço, mas pretendo ainda ler um dia) que conta a história de uma mãe e quatro filhas, enquanto o marido está na guerra. Como nada é falado sobre o marido, a autora usou a ideia para romancear a vida do personagem ausente. Fantástico.
Trechos interessantes:
"Escrevo na mesa dobrável que você e as meninas tiveram o carinho de me dar, e, embora tenha derramado e perdido meu estoque de tinta, não se incomode em me enviar mais. Um dos homens me mostrou uma receita engenhosa para um bom substituto deste produto, feito das últimas amoras-pretas da temporada. Graças a ele, posso lhe enviar, neste momento, palavras 'amorosas'!" (pág. 11)
"-Quem me contrataria para corromper as mentes de suas filhas? E, ainda que me contratassem, não domino aquilo que gostaria de ensinar. Não escalei a montanha do conhecimento, mal a toquei. Se galguei certa altura em meu aprendizado, foi apenas como um gavião que encontra uma brisa favorável, que o leva para cima por um momento." (pág. 77)
"Não dormi naquela noite. Embora fosse muito cedo para uma visita matutina, fui à casa dela, sendo recebido por uma carrancuda senhora Mullet - talvez ela soubesse do vestido em estado comprometedor -, e, no devido momento, conduzido até o escritório de seu pai, onde cumpri a formalidade de pedir-lhe aquilo que já tinha tomado." (pág. 102)
"Se um homem deve perder sua fortuna, é bom que já tenha sido pobre antes de adquiri-la, pois a pobreza exige aptidão." (pág.127)
"Se há um tipo de pessoa em quem nunca confiei é alguém que não tem dúvida." (pág. 135)
"Como dizia Heine: 'Não temos a ideia. A ideia é que nos tem... e nos leva à arena para defendê-la como gladiadores, que combatem, queiram ou não." (pág. 139)
"Observei esse detalhe e o registrei como mais uma das injustiças da vida: o homem que já foi rico e perdeu tudo é tratado com mais civilidade do que aquele sujeito que sempre foi pobre." (pág. 142)
"Será que existem duas palavras mais intimamente relacionadas que coragem e covardia? Penso que não existe um homem que não queira possuir a primeira, mas tema ser acusado da segunda. Enquanto uma é considerada o apogeu do caráter de um indivíduo, a outra pode ser vista como o seu nadir." (pág. 185)
"Um lar, ainda que na escravidão, é sempre um lar, e não é fácil abandoná-lo sabendo que tal ato será irrevogável." (pág. 192)
"Um sacrifício como o dele é considerado nobre pelo mundo. Mas o mundo não me ajudará a consertar o que a guerra destruiu." (pág. 230)
"Como era fácil dar conselhos sábios, mas como era difícil segui-los." (pág. 269)
"Apenas lhe peço que entenda que, ao cairmos, a única coisa a fazer é levantar novamente, prosseguindo com a vida que nos aguarda, tentando fazer o bem na medida do possível às pessoas que aparecerem em nosso caminho." (pág. 292)
domingo, 28 de outubro de 2012
13 Histórias de Arrepiar
Título: 13 histórias de arrepiar
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 250
Não se deixe influenciar pelo título, a única coisa sensata é que as histórias são em número de treze, o resto é só para chamar a atenção.Novamente, mais uma compilação de histórias de suspense, de qualidades variadas, algumas boas, outras nem tanto. No geral o livro está acima da média para o gênero, pois, na minha opinião, seis (talvez sete) histórias são boas.
Como curiosidade temos uma história ambientada no Brasil, incluindo os personagens com nomes comuns no Brasil, o que é raro de se encontrar nestas histórias. Entre as que considero boas, destaco: "Uma questão de Ética" (esta, a ambientada no Brasil) e "A última autópsia".
Trechos interessantes:
"Não tenho a menor ideia do que há com os Estados Unidos da América que faz com que as festividades se desvirtuem, ao chegar às nossas bandas." (pág. 9)
"Deem a uma criança um dos chamados brinquedos pedagógicos. Se a criança tiver um mínimo de espírito, irá destruir rapidamente o brinquedo e encontrará coisas interessantes e variadas para fazer com a caixa que o continha." (pág. 12)
"Manuel permitiu-se uma risadinha, a caminho do centro da cidade. Se alguém salva sua vida, pensou ele, então você lhe deve uma vida em troca. E se alguém paga por uma morte, então você lhe fica devendo uma morte pelo dinheiro que recebeu." (pág. 43)
"Ele sempre procurava manter uma aparência calma e comum na presença dos serviçais. Camareiros, garçons, recepcionistas de hotel, todos possuíam uma capacidade irritante de se recordar de certos pequenos maneirismos dos fregueses, ao serem interrogados posteriormente." (pág. 54/55)
"Do ponto de vista da punição, os assassinatos só ocorriam se os outros descobriam. Mas ele não ia sair pela rua a dizer a todo mundo que assassinara a esposa. Ela também não contaria nada a ninguém. E a única coisa que o velho relógio de pé diria seriam as horas." (pág. 71)
"Em seu ofício, ser reconhecido pelos amigos significava ser, mais cedo ou mais tarde, localizado pelos inimigos." (pág. 82)
"Era como a piada do londrino que dormia com as batidas do Big Ben, durante anos a fio. Mas na noite em que o relógio quebrou e as badaladas não soaram, o londrino acordou sobressaltado, gritando: 'O que aconteceu?'" (pág. 94)
"Não nos conhecemos uns aos outros, Roy. Mas conhecemos ainda menos a nós mesmos. Estou absolutamente convencido disso." (pág. 199)
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 250
Não se deixe influenciar pelo título, a única coisa sensata é que as histórias são em número de treze, o resto é só para chamar a atenção.Novamente, mais uma compilação de histórias de suspense, de qualidades variadas, algumas boas, outras nem tanto. No geral o livro está acima da média para o gênero, pois, na minha opinião, seis (talvez sete) histórias são boas.
Como curiosidade temos uma história ambientada no Brasil, incluindo os personagens com nomes comuns no Brasil, o que é raro de se encontrar nestas histórias. Entre as que considero boas, destaco: "Uma questão de Ética" (esta, a ambientada no Brasil) e "A última autópsia".
Trechos interessantes:
"Não tenho a menor ideia do que há com os Estados Unidos da América que faz com que as festividades se desvirtuem, ao chegar às nossas bandas." (pág. 9)
"Deem a uma criança um dos chamados brinquedos pedagógicos. Se a criança tiver um mínimo de espírito, irá destruir rapidamente o brinquedo e encontrará coisas interessantes e variadas para fazer com a caixa que o continha." (pág. 12)
"Manuel permitiu-se uma risadinha, a caminho do centro da cidade. Se alguém salva sua vida, pensou ele, então você lhe deve uma vida em troca. E se alguém paga por uma morte, então você lhe fica devendo uma morte pelo dinheiro que recebeu." (pág. 43)
"Ele sempre procurava manter uma aparência calma e comum na presença dos serviçais. Camareiros, garçons, recepcionistas de hotel, todos possuíam uma capacidade irritante de se recordar de certos pequenos maneirismos dos fregueses, ao serem interrogados posteriormente." (pág. 54/55)
"Do ponto de vista da punição, os assassinatos só ocorriam se os outros descobriam. Mas ele não ia sair pela rua a dizer a todo mundo que assassinara a esposa. Ela também não contaria nada a ninguém. E a única coisa que o velho relógio de pé diria seriam as horas." (pág. 71)
"Em seu ofício, ser reconhecido pelos amigos significava ser, mais cedo ou mais tarde, localizado pelos inimigos." (pág. 82)
"Era como a piada do londrino que dormia com as batidas do Big Ben, durante anos a fio. Mas na noite em que o relógio quebrou e as badaladas não soaram, o londrino acordou sobressaltado, gritando: 'O que aconteceu?'" (pág. 94)
"Não nos conhecemos uns aos outros, Roy. Mas conhecemos ainda menos a nós mesmos. Estou absolutamente convencido disso." (pág. 199)
terça-feira, 23 de outubro de 2012
O enigma do oito
Título: O enigma do oito
Autor: Katherine Neville
Páginas: 678
Romance histórico com dois eixos paralelos, o primeiro de 1790 e o outro de 1970. As linhas são interligadas, sendo a segunda, consequência da primeira. Durante o transcorrer da história várias figuras célebres fazem parte da mesma: Voltaire, Robespierre, Napoleão, Benjamin Franklin, etc.
O enredo em si é simples: um jogo de xadrez criado por Carlos Magno possui poderes mágicos e se encontra enterrado na abadia de Montglane. Ao saber que o tesouro está ameaçado, a abadessa resolve esparramar as peças pelo mundo. O resto da história é todo mundo (há os vilões e os mocinhos, é claro!) correndo atrás para reagrupar as peças e descobrir o segredo escondido.
Mesmo sendo um livro repleto de ação (armadilhas, fugas, disfarces, perseguição, etc) achei a história muito longa.
Trechos interessantes:
"A primeira mulher a fazer qualquer coisa nunca encontra facilidades. Seja você a primeira astronauta ou a primeira funcionária de lavanderia chinesa nos Estados Unidos, terá de aprender a aceitar piadinhas, insinuações, cantadas e olhares compridos na direção de suas pernas. Além disso, você deve se preparar para trabalhar mais do que os outros e receber um salário menor." (pág. 30)
"As mulheres controlavam a França, como ele sabia melhor do que ninguém.
Embora a lei não permitisse que uma mulher assumisse o trono francês, elas obtinham o poder por outros meios e selecionavam os candidatos ao mando de acordo com critérios muito particulares." (pág. 63)
"-Se você chama de 'discreto' o ato de encher toda a França de filhos ilegítimos, enquanto finge que é padre e sai por aí dando extremas-unções, eu gostaria de saber o que você considera 'devasso'." (pág. 65)
"A Rússia é atrasada em tantas coisas, pensou a abadessa. Um país regido por um calendário, uma religião e uma cultura totalmente diferentes." (pág. 121)
"-Como disse Sherlock Holmes, 'é um erro crucial teorizar antes de se obterem todos os dados'." (pág. 145)
"-'Morri pela beleza, morri pela verdade' - citou ele. - Todo mundo tem uma causa qualquer, pela qual acredita que seria capaz de dar a vida. Mas nunca ouvi falar de alguém disposto a morrer só por um dia de trabalho desnecessário na Consolidated Edison!" (pág. 171)
"Por que a plebe tem sempre que parecer tão plebeia?, pensou a embaixatriz. As intermináveis horas que já passara, trabalhando duramente em intrigas políticas, gastando parte de sua considerável fortuna em subornos e propinas com os burocratas certos... Tudo aquilo para o bem de gentinha miserável como aquela!" (pág. 188)
"-A matemática é música - retrucou Bach. - E a recíproca é verdadeira. Não faz diferença que se acredite que a palavra 'música' deriva de musa, ou de mute, que significa 'a boca do oráculo'. Se você achar que 'matemática' deriva de mathenein, que quer dizer 'aprendizado', ou de matrix, o útero de toda a Criação, não faz a menor diferença..." (pág. 204)
"Sempre fora um homem sem família, nunca experimentara a necessidade de outro ser humano. Talvez fosse melhor assim, pensou, com amargor. Quem não ama, não pode perder o objeto do amor." (pág. 236)
"Tática é saber o que fazer quando há o que fazer.
Estratégia é saber o que fazer quando não há nada a fazer. (Savielly Tartokover - grande mestre polonês)" (pág. 247)
"Fora tudo como se alguém tivesse destampado por instantes o vaso finíssimo que continha a civilização, para que ela pudesse dar uma breve olhada no horror da bestialidade humana, sempre oculta por um verniz muito tênue." (pág. 299/300)
"-Segundo isto aqui, Tikjda fica a apenas cinquenta quilômetros de onde estamos, e a ponte é logo adiante!
-É, mas os mapas só mostram as distâncias na horizontal... Lugares que parecem próximos em duas dimensões podem ser bem distantes, na realidade." (pág. 389)
"-Ele e eu somos nahnu malihin, pessoas obrigadas a dividir o sal. No deserto, repartir o sal com alguém vale mais que dar ouro de presente!" (pág. 396)
"Se um homem pudesse dizer e fazer o que pensa,seria capaz de se transformar." (pág. 447)
"Ah, Courtiade, como o rio das possibilidades se congela depressa no inverno da vida!" (pág. 529)
"-Nem sempre uma mulher bonita é inteligente - comentou Napoleão. - Mas as mulheres inteligentes são sempre bonitas!" (pág. 583)
"-Monsieur - disse-lhe o corso, um dia, ao café da manhã, à frente de toda a corte -, o senhor não passa de um monte de merda num par de meias de seda." (pág. 670)
Autor: Katherine Neville
Páginas: 678
Romance histórico com dois eixos paralelos, o primeiro de 1790 e o outro de 1970. As linhas são interligadas, sendo a segunda, consequência da primeira. Durante o transcorrer da história várias figuras célebres fazem parte da mesma: Voltaire, Robespierre, Napoleão, Benjamin Franklin, etc.
O enredo em si é simples: um jogo de xadrez criado por Carlos Magno possui poderes mágicos e se encontra enterrado na abadia de Montglane. Ao saber que o tesouro está ameaçado, a abadessa resolve esparramar as peças pelo mundo. O resto da história é todo mundo (há os vilões e os mocinhos, é claro!) correndo atrás para reagrupar as peças e descobrir o segredo escondido.
Mesmo sendo um livro repleto de ação (armadilhas, fugas, disfarces, perseguição, etc) achei a história muito longa.
Trechos interessantes:
"A primeira mulher a fazer qualquer coisa nunca encontra facilidades. Seja você a primeira astronauta ou a primeira funcionária de lavanderia chinesa nos Estados Unidos, terá de aprender a aceitar piadinhas, insinuações, cantadas e olhares compridos na direção de suas pernas. Além disso, você deve se preparar para trabalhar mais do que os outros e receber um salário menor." (pág. 30)
"As mulheres controlavam a França, como ele sabia melhor do que ninguém.
Embora a lei não permitisse que uma mulher assumisse o trono francês, elas obtinham o poder por outros meios e selecionavam os candidatos ao mando de acordo com critérios muito particulares." (pág. 63)
"-Se você chama de 'discreto' o ato de encher toda a França de filhos ilegítimos, enquanto finge que é padre e sai por aí dando extremas-unções, eu gostaria de saber o que você considera 'devasso'." (pág. 65)
"A Rússia é atrasada em tantas coisas, pensou a abadessa. Um país regido por um calendário, uma religião e uma cultura totalmente diferentes." (pág. 121)
"-Como disse Sherlock Holmes, 'é um erro crucial teorizar antes de se obterem todos os dados'." (pág. 145)
"-'Morri pela beleza, morri pela verdade' - citou ele. - Todo mundo tem uma causa qualquer, pela qual acredita que seria capaz de dar a vida. Mas nunca ouvi falar de alguém disposto a morrer só por um dia de trabalho desnecessário na Consolidated Edison!" (pág. 171)
"Por que a plebe tem sempre que parecer tão plebeia?, pensou a embaixatriz. As intermináveis horas que já passara, trabalhando duramente em intrigas políticas, gastando parte de sua considerável fortuna em subornos e propinas com os burocratas certos... Tudo aquilo para o bem de gentinha miserável como aquela!" (pág. 188)
"-A matemática é música - retrucou Bach. - E a recíproca é verdadeira. Não faz diferença que se acredite que a palavra 'música' deriva de musa, ou de mute, que significa 'a boca do oráculo'. Se você achar que 'matemática' deriva de mathenein, que quer dizer 'aprendizado', ou de matrix, o útero de toda a Criação, não faz a menor diferença..." (pág. 204)
"Sempre fora um homem sem família, nunca experimentara a necessidade de outro ser humano. Talvez fosse melhor assim, pensou, com amargor. Quem não ama, não pode perder o objeto do amor." (pág. 236)
"Tática é saber o que fazer quando há o que fazer.
Estratégia é saber o que fazer quando não há nada a fazer. (Savielly Tartokover - grande mestre polonês)" (pág. 247)
"Fora tudo como se alguém tivesse destampado por instantes o vaso finíssimo que continha a civilização, para que ela pudesse dar uma breve olhada no horror da bestialidade humana, sempre oculta por um verniz muito tênue." (pág. 299/300)
"-Segundo isto aqui, Tikjda fica a apenas cinquenta quilômetros de onde estamos, e a ponte é logo adiante!
-É, mas os mapas só mostram as distâncias na horizontal... Lugares que parecem próximos em duas dimensões podem ser bem distantes, na realidade." (pág. 389)
"-Ele e eu somos nahnu malihin, pessoas obrigadas a dividir o sal. No deserto, repartir o sal com alguém vale mais que dar ouro de presente!" (pág. 396)
"Se um homem pudesse dizer e fazer o que pensa,seria capaz de se transformar." (pág. 447)
"Ah, Courtiade, como o rio das possibilidades se congela depressa no inverno da vida!" (pág. 529)
"-Nem sempre uma mulher bonita é inteligente - comentou Napoleão. - Mas as mulheres inteligentes são sempre bonitas!" (pág. 583)
"-Monsieur - disse-lhe o corso, um dia, ao café da manhã, à frente de toda a corte -, o senhor não passa de um monte de merda num par de meias de seda." (pág. 670)
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
O sol por testemunha
Título: O sol por testemunha
Autor: Patricia Highsmith
Páginas: 276
Tom Ripley é um cidadão que vive de chantagear as pessoas, alegando fraude no imposto de renda. A sorte lhe bate à porta quando é abordado por um pai de um antigo colega de escola, cujo filho está na Itália, e está procurando alguém para convencê-lo a voltar para a América. Tom aceita a missão com a esperança de conhecer a Europa às custas do seu benfeitor.
Apesar da história já conhecida e de críticas positivas de todas as partes, não sou muito adepto de livros desta natureza. A história é interessante e prende a atenção, sem dúvida, mas me deixa a impressão de que o autor quer fazer crer que o crime compensa.
Trechos interessantes:
"Greenleaf era um sujeito tão decente, que para ele todo mundo de repente se tornava decente também. Quase esquecera que ainda existia gente assim." (pág. 14)
"Não consigo me decidir se gosto de homens ou de mulheres, portanto estou pensando em desistir dos dois." (pág. 82)
"Queria poder dizer em Majorca, Atenas ou Cairo, ou onde quer que se achasse: 'Sim, moro em Roma. Mantenho um apartamento na cidade'. 'Manter' era a palavra usada quanto a apartamentos, entre a alta sociedade internacional. Mantinha-se um apartamento na Europa como quem mantém uma garagem na América." (pág. 129)
"Sentia-se só, mas não solitário." (pág. 134)
"Não há nada como ter orgulho de quem se ama, não é mesmo? Não conversamos uma vez sobre isso?" (pág. 172)
"Agradou-o o fato de não haver carros em Veneza. Tornava-a mais humana. As ruas eram como veias, pensou, e o povo era o sangue circulando por toda parte." (pág. 185)
"Peter estava com roupas italianas da cabeça aos pés. Tom notara, nas festas e no teatro, que os homens que usavam roupas inglesas eram quase sempre italianos, e vice-versa." (pág. 219)
"Adorava possuir coisas, não em grande quantidade, mas um número de objetos selecionados dos quais não queria se desfazer. Faziam com que a pessoa adquirisse auto-respeito. Não a ostentação, mas a boa qualidade, e o amor à qualidade. Suas posses o faziam lembrar que estava vivo e amar sua existência. Era simples." (pág. 236)
"O dinheiro tornava-lhe possível agora ir à Grécia, colecionar cerâmica etrusca, se quisesse (lera recentemente um livro muito interessante escrito por um americano que morava em Roma), ser membro de sociedades artísticas e fazer donativos. Permitia-lhe, por exemplo, ler Malraux nessa noite, até a hora que quisesse, pois não precisava ir trabalhar de manhã." (pág. 237)
"[...]Como a história de San Remo. Eram boas porque as imaginava com tanta intensidade que acabava por acreditar nelas." (pág. 239)
Autor: Patricia Highsmith
Páginas: 276
Tom Ripley é um cidadão que vive de chantagear as pessoas, alegando fraude no imposto de renda. A sorte lhe bate à porta quando é abordado por um pai de um antigo colega de escola, cujo filho está na Itália, e está procurando alguém para convencê-lo a voltar para a América. Tom aceita a missão com a esperança de conhecer a Europa às custas do seu benfeitor.
Apesar da história já conhecida e de críticas positivas de todas as partes, não sou muito adepto de livros desta natureza. A história é interessante e prende a atenção, sem dúvida, mas me deixa a impressão de que o autor quer fazer crer que o crime compensa.
Trechos interessantes:
"Greenleaf era um sujeito tão decente, que para ele todo mundo de repente se tornava decente também. Quase esquecera que ainda existia gente assim." (pág. 14)
"Não consigo me decidir se gosto de homens ou de mulheres, portanto estou pensando em desistir dos dois." (pág. 82)
"Queria poder dizer em Majorca, Atenas ou Cairo, ou onde quer que se achasse: 'Sim, moro em Roma. Mantenho um apartamento na cidade'. 'Manter' era a palavra usada quanto a apartamentos, entre a alta sociedade internacional. Mantinha-se um apartamento na Europa como quem mantém uma garagem na América." (pág. 129)
"Sentia-se só, mas não solitário." (pág. 134)
"Não há nada como ter orgulho de quem se ama, não é mesmo? Não conversamos uma vez sobre isso?" (pág. 172)
"Agradou-o o fato de não haver carros em Veneza. Tornava-a mais humana. As ruas eram como veias, pensou, e o povo era o sangue circulando por toda parte." (pág. 185)
"Peter estava com roupas italianas da cabeça aos pés. Tom notara, nas festas e no teatro, que os homens que usavam roupas inglesas eram quase sempre italianos, e vice-versa." (pág. 219)
"Adorava possuir coisas, não em grande quantidade, mas um número de objetos selecionados dos quais não queria se desfazer. Faziam com que a pessoa adquirisse auto-respeito. Não a ostentação, mas a boa qualidade, e o amor à qualidade. Suas posses o faziam lembrar que estava vivo e amar sua existência. Era simples." (pág. 236)
"O dinheiro tornava-lhe possível agora ir à Grécia, colecionar cerâmica etrusca, se quisesse (lera recentemente um livro muito interessante escrito por um americano que morava em Roma), ser membro de sociedades artísticas e fazer donativos. Permitia-lhe, por exemplo, ler Malraux nessa noite, até a hora que quisesse, pois não precisava ir trabalhar de manhã." (pág. 237)
"[...]Como a história de San Remo. Eram boas porque as imaginava com tanta intensidade que acabava por acreditar nelas." (pág. 239)
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Massacre em Estocolmo
Título: Massacre em Estocolmo
Autor: Sjowall & Wahloo
Páginas: 228
Em Estocolmo, numa noite fria e chuvosa, um ônibus é metralhado e ninguém escapa com vida. Diante dessa situação bizarra se encontram os policiais que, sem pistas à primeira vista, tentam descobrir o responsável. Após muita investigação descobre-se que a causa pode ter se originado num crime cometido há dezesseis anos.
Como era de se esperar em livros desse tipo, a narrativa é lenta e muitas vezes maçante. Todo trabalho investigativo leva tempo e tem que ser construído peça por peça e, muitas vezes, um pequeno detalhe é que faz a diferença. É um bom livro, mas nada de especial.
Trechos interessantes:
"...por que, diabo, as pessoas não iam para casa. Na categoria 'pessoas', ele incluía o chefe de polícia, o subchefe, e vários superintendentes e inspetores que, em consequência dos tumultos, felizmente desfeitos, estavam se cruzando nos corredores. Tão logo essas pessoas decidissem dar o dia por acabado e saíssem, ele o faria também, e o mais depressa possível." (pág. 15)
"Os laços entre os dois tinham se enfraquecido ao longo dos anos, e era um alívio não ter que compartilhar de uma cama com ela. Tal impressão muitas vezes lhe doía na consciência, mas, depois de dezessete anos de casado, não lhe parecia possível fazer algo a respeito, e já há longo tempo ele deixara de se preocupar com quem seria o culpado." (pág. 18/19)
"'Por que você está sempre procurando em mim os defeitos de uma criança?'
Kollberg respondera: 'Para quebrar sua casca de autoconfiança. Para lhe dar uma chance de reconstruí-la novamente. Para transformá-lo em um bom policial, um dia. Para ensinar-lhe a bater às portas'." (pág. 60)
"-Li em algum lugar - lembrou Kollberg - , que, em cada mil americanos, um ou dois são potencialmente assassinos de massa. Mas, por favor, não me perguntem agora como chegaram a essa conclusão." (pág. 100)
"-Há um latente desprezo por policiais em todas as classes da sociedade - comentou Melander -,e só é preciso uma oportunidade para que isso se manifeste.
-Oh - exclamou Kollberg, num desinteresse total -, e qual o motivo disso?
-A razão é que toda polícia é um mal necessário - explicou Melander -, e todos sabem, inclusive criminosos profissionais, que podem ver-se de repente em situações nas quais só a polícia pode ajudá-los." (pág. 108)
"-O nó da questão é, logicamente - proseguiu Melander, despreocupado -, o paradoxo de que a profissão de policial exige de quem a abraça as mais excepcionais qualidades físicas, morais, mentais e de inteligência, mas não tem nada que atraia as pessoas que as possuam." (pág. 108/109)
"Inga tinha uma fraqueza pelos clichês. Seria possível fazer uma coleção das expressões que usava e vendê-la como manual para jornalistas principiantes: 'Se Pode Falar, Pode Escrever', seria o título, pensou Martin Beck." (pág. 164)
"-Vou contar-lhe uma coisa que nunca disse a ninguém - revelou ele. - É que eu lamento por quase todo sujeito que temos de prender. Eles são apenas um monte de merda, que jamais deveriam ter nascido. Não é culpa deles se tudo vai para o inferno e eles não compreendem por quê. São tipos como este que acabam com a vida. Porco pão-duro que só pensa em seu dinheiro e em suas casas e na família e em seu chamado status social. Que pensam que podem dar ordens só porque estão por cima." (pág. 225/226)
Autor: Sjowall & Wahloo
Páginas: 228
Em Estocolmo, numa noite fria e chuvosa, um ônibus é metralhado e ninguém escapa com vida. Diante dessa situação bizarra se encontram os policiais que, sem pistas à primeira vista, tentam descobrir o responsável. Após muita investigação descobre-se que a causa pode ter se originado num crime cometido há dezesseis anos.
Como era de se esperar em livros desse tipo, a narrativa é lenta e muitas vezes maçante. Todo trabalho investigativo leva tempo e tem que ser construído peça por peça e, muitas vezes, um pequeno detalhe é que faz a diferença. É um bom livro, mas nada de especial.
Trechos interessantes:
"...por que, diabo, as pessoas não iam para casa. Na categoria 'pessoas', ele incluía o chefe de polícia, o subchefe, e vários superintendentes e inspetores que, em consequência dos tumultos, felizmente desfeitos, estavam se cruzando nos corredores. Tão logo essas pessoas decidissem dar o dia por acabado e saíssem, ele o faria também, e o mais depressa possível." (pág. 15)
"Os laços entre os dois tinham se enfraquecido ao longo dos anos, e era um alívio não ter que compartilhar de uma cama com ela. Tal impressão muitas vezes lhe doía na consciência, mas, depois de dezessete anos de casado, não lhe parecia possível fazer algo a respeito, e já há longo tempo ele deixara de se preocupar com quem seria o culpado." (pág. 18/19)
"'Por que você está sempre procurando em mim os defeitos de uma criança?'
Kollberg respondera: 'Para quebrar sua casca de autoconfiança. Para lhe dar uma chance de reconstruí-la novamente. Para transformá-lo em um bom policial, um dia. Para ensinar-lhe a bater às portas'." (pág. 60)
"-Li em algum lugar - lembrou Kollberg - , que, em cada mil americanos, um ou dois são potencialmente assassinos de massa. Mas, por favor, não me perguntem agora como chegaram a essa conclusão." (pág. 100)
"-Há um latente desprezo por policiais em todas as classes da sociedade - comentou Melander -,e só é preciso uma oportunidade para que isso se manifeste.
-Oh - exclamou Kollberg, num desinteresse total -, e qual o motivo disso?
-A razão é que toda polícia é um mal necessário - explicou Melander -, e todos sabem, inclusive criminosos profissionais, que podem ver-se de repente em situações nas quais só a polícia pode ajudá-los." (pág. 108)
"-O nó da questão é, logicamente - proseguiu Melander, despreocupado -, o paradoxo de que a profissão de policial exige de quem a abraça as mais excepcionais qualidades físicas, morais, mentais e de inteligência, mas não tem nada que atraia as pessoas que as possuam." (pág. 108/109)
"Inga tinha uma fraqueza pelos clichês. Seria possível fazer uma coleção das expressões que usava e vendê-la como manual para jornalistas principiantes: 'Se Pode Falar, Pode Escrever', seria o título, pensou Martin Beck." (pág. 164)
"-Vou contar-lhe uma coisa que nunca disse a ninguém - revelou ele. - É que eu lamento por quase todo sujeito que temos de prender. Eles são apenas um monte de merda, que jamais deveriam ter nascido. Não é culpa deles se tudo vai para o inferno e eles não compreendem por quê. São tipos como este que acabam com a vida. Porco pão-duro que só pensa em seu dinheiro e em suas casas e na família e em seu chamado status social. Que pensam que podem dar ordens só porque estão por cima." (pág. 225/226)
sábado, 29 de setembro de 2012
O mapa dos ossos
Título: O mapa dos ossos
Autor: James Rollins
Páginas: 492
Se você gosta de suspense e emoção, vai achar de sobra neste livro. Desde as primeiras páginas a ação já se desenrola freneticamente e continua no mesmo ritmo por todo o livro. Um romance baseado em fatos históricos que consegue agradar a maioria dos fãs do gênero.
Uma seita procura roubar conhecimentos antigos que, supostamente estão bem guardados desde os primórdios. Para frustrar os planos desta seita entra em ação um grupo especial chamado Sigma que, juntamente com representantes do Vaticano, percorrem as maravilhas do mundo antigo tentando evitar uma catástrofe mundial.
Trechos interessantes:
"-Ars longa, vita brevis - sussurrou, uma citação de Hipócrates. Uma de suas prediletas. A arte é longa, a vida é breve."(pág. 60)
"Ele era apenas um broto insignificante numa organização muito maior, tão amplamente difundida e entranhada que jamais poderia ser extirpada por completo. O máximo que Rachel poderia esperar era continuar arrancando as ervas daninhas." (Pág. 62)
"-Por que você se dá o trabalho de vir aqui?
Porque eu não sei até quando você vai se lembrar de mim, pensou, mas não ousou dizê-lo em voz alta." (pág. 93)
"Seu pai uma vez lhe dissera que representar o papel era meio caminho andado para se transformar no papel. [...] O conselho de seu pai ainda soava em sua cabeça. Para ser um homem, você primeiro tem de agir como um homem." (pág. 118)
"Eu não tenho todas as respostas. Como disse Jesus, 'Procura e acharás'." (pág. 170)
"-Sempre pragmática, Kat. Mas você, entre todas as pessoas, deveria saber que às vezes a própria vida é menos importante do que a causa. Todos nós temos uma doença terminal. Nós não podemos escapar da morte. Mas, assim como as boas obras na nossa vida celebram o nosso tempo aqui, a nossa morte também pode fazê-lo. Oferecer a própria vida em sacrifício deveria ser honrado e lembrado." (pág. 221)
"-[...]Você sabe por que a sexta-feira 13 é considerada azarenta?
Kat olhou de relance para ele e sacudiu a cabeça.
-Treze de outubro de 1307. Uma sexta-feira. O rei da França, junto com o papa, declarou os templários hereges, condenando-os à morte e crucificando e queimando o líder deles. Acredita-se amplamente que o verdadeiro motivo por que os templários foram proscritos era destituí-los de poder e assumir o controle de sua riqueza, incluindo o conhecimento secreto que eles possuíam. O rei da França torturou milhares deles, mas o local onde eles escondiam suas riquezas jamais foi descoberto. No entanto, isso assinalou o fim deles." (pág. 393)
Autor: James Rollins
Páginas: 492
Se você gosta de suspense e emoção, vai achar de sobra neste livro. Desde as primeiras páginas a ação já se desenrola freneticamente e continua no mesmo ritmo por todo o livro. Um romance baseado em fatos históricos que consegue agradar a maioria dos fãs do gênero.
Uma seita procura roubar conhecimentos antigos que, supostamente estão bem guardados desde os primórdios. Para frustrar os planos desta seita entra em ação um grupo especial chamado Sigma que, juntamente com representantes do Vaticano, percorrem as maravilhas do mundo antigo tentando evitar uma catástrofe mundial.
Trechos interessantes:
"-Ars longa, vita brevis - sussurrou, uma citação de Hipócrates. Uma de suas prediletas. A arte é longa, a vida é breve."(pág. 60)
"Ele era apenas um broto insignificante numa organização muito maior, tão amplamente difundida e entranhada que jamais poderia ser extirpada por completo. O máximo que Rachel poderia esperar era continuar arrancando as ervas daninhas." (Pág. 62)
"-Por que você se dá o trabalho de vir aqui?
Porque eu não sei até quando você vai se lembrar de mim, pensou, mas não ousou dizê-lo em voz alta." (pág. 93)
"Seu pai uma vez lhe dissera que representar o papel era meio caminho andado para se transformar no papel. [...] O conselho de seu pai ainda soava em sua cabeça. Para ser um homem, você primeiro tem de agir como um homem." (pág. 118)
"Eu não tenho todas as respostas. Como disse Jesus, 'Procura e acharás'." (pág. 170)
"-Sempre pragmática, Kat. Mas você, entre todas as pessoas, deveria saber que às vezes a própria vida é menos importante do que a causa. Todos nós temos uma doença terminal. Nós não podemos escapar da morte. Mas, assim como as boas obras na nossa vida celebram o nosso tempo aqui, a nossa morte também pode fazê-lo. Oferecer a própria vida em sacrifício deveria ser honrado e lembrado." (pág. 221)
"-[...]Você sabe por que a sexta-feira 13 é considerada azarenta?
Kat olhou de relance para ele e sacudiu a cabeça.
-Treze de outubro de 1307. Uma sexta-feira. O rei da França, junto com o papa, declarou os templários hereges, condenando-os à morte e crucificando e queimando o líder deles. Acredita-se amplamente que o verdadeiro motivo por que os templários foram proscritos era destituí-los de poder e assumir o controle de sua riqueza, incluindo o conhecimento secreto que eles possuíam. O rei da França torturou milhares deles, mas o local onde eles escondiam suas riquezas jamais foi descoberto. No entanto, isso assinalou o fim deles." (pág. 393)
sábado, 22 de setembro de 2012
Meu querido Christopher
Título: Meu querido Christopher
Autor: Sy Montgomery
Páginas: 204
Não acho que seja comum ter um porco como animal de estimação mas, imagino que, pra quem gosta, seja a mesma sensação de ter um cachorro, ou um cavalo, ou um hamster. O importante é que o animal cumpra a finalidade de dar alegria e satisfação ao seu proprietário. E isso, pelo relato, o porco da história faz.
Christopher não poderia ter escolhido um lar melhor. Encontrou uma pessoa que, além de gostar de animais mais do que de gente, transformou-o numa atração para todos que com ele conviveram. Os relatos das travessuras do porquinho são ternos e ao mesmo tempo engraçados...
Mesmo assim eu não teria um porco como animal de estimação.
Trechos interessantes:
"Depois de terem comprado um porco de George, muitas pessoas faziam questão de voltar para lhe contar que grande porco era aquele. Embora quase todos os filhotes se destinassem ao freezer, as pessoas que os compravam raramente comentavam que gosto tinha o pernil ou as costelas ou a linguiça. Não, as pessoas sempre falavam que os porcos de George eram particularmente adoráveis." (pág. 17)
"Enquanto outras pessoas estão pensando a respeito de uma nova cozinha, ou de uma viagem pelo Caribe, ou se o filho vai ganhar a partida de futebol, ou o que vestir para ir a uma festa, eu fico pensando qual é a sensação causada pela cauda de um gambá ao agarrar um galho. Ou se a tartaruga que tentou pôr seus ovos em nosso jardim no ano passado, vai voltar neste outono." (pág. 20)
"Não era incomum borboletas, libélulas e passarinhos pousarem no meu ombro. Besouros e aranhas tinham licença para andar à vontade sobre a minha pele. Eu preferia a companhia deles à de outras crianças, que, para mim, pareciam muito barulhentas e instáveis." (pág. 26)
"Christopher Hogwood era uma criatura com convicções. Quando queria uma coisa, ele ia, bem, até o fim. E o que ele queria - fosse estar conosco, uma cerveja ou simplesmente a liberdade - estava do outro lado daquela cerca." (pág. 48)
"-O seu porquinho é inteligente? - As pessoas perguntavam.
-É mais inteligente do que nós - admitíamos prontamente. - Ele descobriu como fazer com que uma equipe formada por duas pessoas com ensino superior trabalhe para ele de graça em período integral." (pág. 60)
"Em Sundarbans, os tigres matam aproximadamente trezentas pessoas por ano. E, mesmo assim, a população perseguida por esses predadores não quer exterminar os tigres. Pelo contrário, eles são venerados. Eu queria descobrir o motivo." (pág. 102)
"Eu nunca teria admitido, mas o mais difícil de qualquer viagem era deixar minha casa." (pág. 109)
"Eu não faria com que ela amasse o homem com quem eu havia me casado, mas eu poderia aceitar o amor que ela tinha para me dar, e amá-la também. Teríamos dias bons, que passaríamos conversando, recordando, olhando os álbuns de fotografias." (pág. 163)
"Frequentemente, apesar dos remédios e das orações, apesar da fé e da força, aqueles que amamos são arrancados de nós, às vezes violentamente, por razões que não conseguimos imaginar. Mas às vezes, Deus, ou a sorte, ou o próprio Universo, nos dá uma oportunidade rara. Foi isso o que a escuridão nos deu: o conhecimento de que às vezes você realmente pode trazer alguém de volta à vida com seu amor." (pág. 171)
"A palavra compaixão quer dizer 'com sofrimento'. Ter compaixão é juntar-se no sofrimento, mostrar àqueles que amamos que não deixaremos que sofram sozinhos. E isso é o máximo que podemos fazer: oferecer nossa presença." (pág. 178)
"Grandes pessoas e grandes professores estão em toda parte. É tarefa de vocês reconhecê-los." (pág. 186)
Autor: Sy Montgomery
Páginas: 204
Não acho que seja comum ter um porco como animal de estimação mas, imagino que, pra quem gosta, seja a mesma sensação de ter um cachorro, ou um cavalo, ou um hamster. O importante é que o animal cumpra a finalidade de dar alegria e satisfação ao seu proprietário. E isso, pelo relato, o porco da história faz.
Christopher não poderia ter escolhido um lar melhor. Encontrou uma pessoa que, além de gostar de animais mais do que de gente, transformou-o numa atração para todos que com ele conviveram. Os relatos das travessuras do porquinho são ternos e ao mesmo tempo engraçados...
Mesmo assim eu não teria um porco como animal de estimação.
Trechos interessantes:
"Depois de terem comprado um porco de George, muitas pessoas faziam questão de voltar para lhe contar que grande porco era aquele. Embora quase todos os filhotes se destinassem ao freezer, as pessoas que os compravam raramente comentavam que gosto tinha o pernil ou as costelas ou a linguiça. Não, as pessoas sempre falavam que os porcos de George eram particularmente adoráveis." (pág. 17)
"Enquanto outras pessoas estão pensando a respeito de uma nova cozinha, ou de uma viagem pelo Caribe, ou se o filho vai ganhar a partida de futebol, ou o que vestir para ir a uma festa, eu fico pensando qual é a sensação causada pela cauda de um gambá ao agarrar um galho. Ou se a tartaruga que tentou pôr seus ovos em nosso jardim no ano passado, vai voltar neste outono." (pág. 20)
"Não era incomum borboletas, libélulas e passarinhos pousarem no meu ombro. Besouros e aranhas tinham licença para andar à vontade sobre a minha pele. Eu preferia a companhia deles à de outras crianças, que, para mim, pareciam muito barulhentas e instáveis." (pág. 26)
"Christopher Hogwood era uma criatura com convicções. Quando queria uma coisa, ele ia, bem, até o fim. E o que ele queria - fosse estar conosco, uma cerveja ou simplesmente a liberdade - estava do outro lado daquela cerca." (pág. 48)
"-O seu porquinho é inteligente? - As pessoas perguntavam.
-É mais inteligente do que nós - admitíamos prontamente. - Ele descobriu como fazer com que uma equipe formada por duas pessoas com ensino superior trabalhe para ele de graça em período integral." (pág. 60)
"Em Sundarbans, os tigres matam aproximadamente trezentas pessoas por ano. E, mesmo assim, a população perseguida por esses predadores não quer exterminar os tigres. Pelo contrário, eles são venerados. Eu queria descobrir o motivo." (pág. 102)
"Eu nunca teria admitido, mas o mais difícil de qualquer viagem era deixar minha casa." (pág. 109)
"Eu não faria com que ela amasse o homem com quem eu havia me casado, mas eu poderia aceitar o amor que ela tinha para me dar, e amá-la também. Teríamos dias bons, que passaríamos conversando, recordando, olhando os álbuns de fotografias." (pág. 163)
"Frequentemente, apesar dos remédios e das orações, apesar da fé e da força, aqueles que amamos são arrancados de nós, às vezes violentamente, por razões que não conseguimos imaginar. Mas às vezes, Deus, ou a sorte, ou o próprio Universo, nos dá uma oportunidade rara. Foi isso o que a escuridão nos deu: o conhecimento de que às vezes você realmente pode trazer alguém de volta à vida com seu amor." (pág. 171)
"A palavra compaixão quer dizer 'com sofrimento'. Ter compaixão é juntar-se no sofrimento, mostrar àqueles que amamos que não deixaremos que sofram sozinhos. E isso é o máximo que podemos fazer: oferecer nossa presença." (pág. 178)
"Grandes pessoas e grandes professores estão em toda parte. É tarefa de vocês reconhecê-los." (pág. 186)
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Um bom tricô
Título: Um bom tricô
Autor: Debbie Macomber
Páginas: 414
Lydia é uma jovem que venceu o câncer por duas vezes e, em razão disse, vive afastada de todos temendo uma nova recaída. Após a morte do pai resolve abrir uma loja de tricô (algo que a fascina) e oferecer aulas para os interessados. A sua turma inicial tem 3 alunas, com temperamentos e estilos diferentes, mas à medida em que as aulas vão se sucedendo, os relacionamentos vão surgindo e, de repente, todas as vidas estão entrelaçadas de maneira maravilhosa.
O livro é terno e agradável de se ler. As discussões sobre o câncer e suas implicações acaba fomentando novas expectativas e relacionamentos. Apesar da história ser estilo "água com açúcar", o leitor se envolve de tal maneira que deseja que o livro não acabe. É aconselhável preparar um bom estoque de lenços... você vai precisar.
Trechos interessantes:
"Minha experiência com o câncer significa que não conto com nada como garantido, muito menos com a vida em si. Não encaro mais cada dia como uma aceitação descuidada. Mas aprendi que há compensações para o sofrimento. Sei que seria uma pessoa completamente diferente não fosse o câncer." (pág. 16)
"Esperança para uma pessoa com câncer, ou para uma pessoa que teve câncer, é mais potente do que qualquer droga. Nós vivemos dela, vivemos por ela. É um vício para aqueles de nós que aprenderam a viver um dia de cada vez." (pág. 19)
"Uma vez perguntei a meu pai por que Deus não nos permite saber o dia de amanhã. Ele me disse que não conhecer o futuro é, na verdade, um presente, porque, se soubéssemos, não assumiríamos responsabilidades por nossas próprias vidas, por nossa própria felicidade." (pág. 21/22)
"Como o conquistador viking que chegou à praia e queimou seus navios atrás de si, eu tinha traçado minha meta consciente de que poderia ter sucesso ou fracassar.
Como meu pai diria, eu estava assumindo a responsabilidade por um futuro que não podia prever." (pág. 23/24)
"Se vou mergulhar em autopiedade, quero me certificar de ter um CD do Eric Clapton tocando e um ou dois filmes tristes de reserva. Sorvete sempre ajuda, mas apenas se for um caso realmente grave." (pág. 55)
"Nunca recuperei o que o câncer me tirou. A questão é que não tenho amigos próximos, e agora que tenho 30 anos, tenho medo de ter perdido a habilidade de fazer amigos." (pág. 56)
"O fato de eu ter chegado tão perto da morte me faz sentir que, embora não gostássemos uma da outra, precisávamos uma da outra." (pág. 117)
"20 de maio de 1940 - 20 de dezembro de 2003.
Do nascimento à morte. Tudo que aparecia entre aqueles dois eventos era um traço. E o traço silencioso não dizia nada sobre as duas vezes que ele estivera no Vietnã a serviço, ou sobre seu amor incondicional pela esposa e pelas filhas. Aquele traço jamais poderia revelar as horas incontáveis que aquele homem maravilhoso tinha passado à cabeceira de minha cama, confortando-me, lendo para mim, fazendo tudo que podia para me ajudar. Não há palavras para descrever a profundidade do amor de meu pai." (pág. 121)
"Ela virou-se para estudar o homem com quem tinha passado a maior parte de sua vida. Conhecia-o tão bem, entretanto, não o conhecia nem um pouco." (pág. 159)
"Todo mundo tinha problemas, percebia Alix agora, mesmo os que moravam em apartamentos fantásticos com uma paisagem de 1 milhão de dólares." (pág. 252)
"O velho provérbio estava certo: 'Deus nunca fecha uma porta sem abrir uma janela.' Aquela janela estava escancarada. Apenas tinha de parar diante dela por alguns momentos para sentir as mudanças do vento." (pág. 296)
"Vocês estavam fazendo uma grande aposta, não estavam? - Rick exigiu saber. - Esta é a minha vida. Não sou obrigado a resolver os problemas de vocês." (pág. 318)
"Sempre olhava novelos de lã como promessas não realizadas... o modo como algumas pessoas, escritores e artistas, olham para uma página em branco. O potencial está ali e depende de você fazer alguma coisa com a lã, ou escrever algo naquela página. É o senso da possibilidade que acho tão excitante." (pág. 358)
Autor: Debbie Macomber
Páginas: 414
Lydia é uma jovem que venceu o câncer por duas vezes e, em razão disse, vive afastada de todos temendo uma nova recaída. Após a morte do pai resolve abrir uma loja de tricô (algo que a fascina) e oferecer aulas para os interessados. A sua turma inicial tem 3 alunas, com temperamentos e estilos diferentes, mas à medida em que as aulas vão se sucedendo, os relacionamentos vão surgindo e, de repente, todas as vidas estão entrelaçadas de maneira maravilhosa.
O livro é terno e agradável de se ler. As discussões sobre o câncer e suas implicações acaba fomentando novas expectativas e relacionamentos. Apesar da história ser estilo "água com açúcar", o leitor se envolve de tal maneira que deseja que o livro não acabe. É aconselhável preparar um bom estoque de lenços... você vai precisar.
Trechos interessantes:
"Minha experiência com o câncer significa que não conto com nada como garantido, muito menos com a vida em si. Não encaro mais cada dia como uma aceitação descuidada. Mas aprendi que há compensações para o sofrimento. Sei que seria uma pessoa completamente diferente não fosse o câncer." (pág. 16)
"Esperança para uma pessoa com câncer, ou para uma pessoa que teve câncer, é mais potente do que qualquer droga. Nós vivemos dela, vivemos por ela. É um vício para aqueles de nós que aprenderam a viver um dia de cada vez." (pág. 19)
"Uma vez perguntei a meu pai por que Deus não nos permite saber o dia de amanhã. Ele me disse que não conhecer o futuro é, na verdade, um presente, porque, se soubéssemos, não assumiríamos responsabilidades por nossas próprias vidas, por nossa própria felicidade." (pág. 21/22)
"Como o conquistador viking que chegou à praia e queimou seus navios atrás de si, eu tinha traçado minha meta consciente de que poderia ter sucesso ou fracassar.
Como meu pai diria, eu estava assumindo a responsabilidade por um futuro que não podia prever." (pág. 23/24)
"Se vou mergulhar em autopiedade, quero me certificar de ter um CD do Eric Clapton tocando e um ou dois filmes tristes de reserva. Sorvete sempre ajuda, mas apenas se for um caso realmente grave." (pág. 55)
"Nunca recuperei o que o câncer me tirou. A questão é que não tenho amigos próximos, e agora que tenho 30 anos, tenho medo de ter perdido a habilidade de fazer amigos." (pág. 56)
"O fato de eu ter chegado tão perto da morte me faz sentir que, embora não gostássemos uma da outra, precisávamos uma da outra." (pág. 117)
"20 de maio de 1940 - 20 de dezembro de 2003.
Do nascimento à morte. Tudo que aparecia entre aqueles dois eventos era um traço. E o traço silencioso não dizia nada sobre as duas vezes que ele estivera no Vietnã a serviço, ou sobre seu amor incondicional pela esposa e pelas filhas. Aquele traço jamais poderia revelar as horas incontáveis que aquele homem maravilhoso tinha passado à cabeceira de minha cama, confortando-me, lendo para mim, fazendo tudo que podia para me ajudar. Não há palavras para descrever a profundidade do amor de meu pai." (pág. 121)
"Ela virou-se para estudar o homem com quem tinha passado a maior parte de sua vida. Conhecia-o tão bem, entretanto, não o conhecia nem um pouco." (pág. 159)
"Todo mundo tinha problemas, percebia Alix agora, mesmo os que moravam em apartamentos fantásticos com uma paisagem de 1 milhão de dólares." (pág. 252)
"O velho provérbio estava certo: 'Deus nunca fecha uma porta sem abrir uma janela.' Aquela janela estava escancarada. Apenas tinha de parar diante dela por alguns momentos para sentir as mudanças do vento." (pág. 296)
"Vocês estavam fazendo uma grande aposta, não estavam? - Rick exigiu saber. - Esta é a minha vida. Não sou obrigado a resolver os problemas de vocês." (pág. 318)
"Sempre olhava novelos de lã como promessas não realizadas... o modo como algumas pessoas, escritores e artistas, olham para uma página em branco. O potencial está ali e depende de você fazer alguma coisa com a lã, ou escrever algo naquela página. É o senso da possibilidade que acho tão excitante." (pág. 358)
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
A caixa vermelha
Título: A caixa vermelha
Autor: Rex Stout
Páginas: 224
Nero Wolfe é um detetive particular, deveras inteligente e obeso, apaixonado por orquídeas e com total desprezo pela vida social. Mas é um grande detetive e vive assediado por todos para a resolução de enigmas, como a da caixa vermelha citada no livro.
Gosto de livros policiais, detetives, mistérios, suspense, etc, mas achei o livro muito monótono. Não há nada que prenda o leitor e que o leve a tentar solucionar a trama. E mesmo a solução me pareceu bem simplista, descaracterizando o suspense que o livro pretendeu transmitir. No fundo me pareceu que Nero Wolfe nada mais é que uma tentativa de se comparar a Sherlock Holmes. Tentativa frustrada, na minha opinião.
Trechos interessantes:
"-Compreenda isto, Srta. Frost: eu sou um detetive. Por isso mesmo, conquanto possa ser acusado de incompetência ou estupidez, não poderei ser acusado de impertinência. Por mais absurdas ou irrelevantes minhas perguntas lhe pareçam, elas podem estar repletas da maior significação e das mais sinistras implicações." (pág. 21)
"-Há três coisas que me agradam no senhor, cavalheiro, mas o senhor tem diversos maus hábitos. Um deles, a suposição de que palavras são tijolos a serem lançados contra as pessoas num esforço para desnorteá-las. O senhor precisa aprender a acabar com isso." (pág. 36/37)
"-Peço-lhe, cavalheiro. Esta sala esteve cheia de idiotas esta tarde e, para variar, eu gostaria de alguma sanidade." (pág. 92)
"-Antipatizo com os ultimatos, até mesmo com os meus. Mas isto já foi longe demais." (pág. 93)
"A Polícia passou aqui a maior parte do dia e compreendi na ocasião quão pouco realmente sabia de Boyd, embora o conhecesse há mais de vinte anos." (pág. 141)
"De qualquer maneira, tenho um encontro no centro da cidade, para arrancar sangue de uma pedra o que será facílimo." (pág. 150)
"Alguns grandes homens, quando morrem, deixam o cérebro para um laboratório científico. Wolfe devia deixar o estômago." (pág. 182)
Autor: Rex Stout
Páginas: 224
Nero Wolfe é um detetive particular, deveras inteligente e obeso, apaixonado por orquídeas e com total desprezo pela vida social. Mas é um grande detetive e vive assediado por todos para a resolução de enigmas, como a da caixa vermelha citada no livro.
Gosto de livros policiais, detetives, mistérios, suspense, etc, mas achei o livro muito monótono. Não há nada que prenda o leitor e que o leve a tentar solucionar a trama. E mesmo a solução me pareceu bem simplista, descaracterizando o suspense que o livro pretendeu transmitir. No fundo me pareceu que Nero Wolfe nada mais é que uma tentativa de se comparar a Sherlock Holmes. Tentativa frustrada, na minha opinião.
Trechos interessantes:
"-Compreenda isto, Srta. Frost: eu sou um detetive. Por isso mesmo, conquanto possa ser acusado de incompetência ou estupidez, não poderei ser acusado de impertinência. Por mais absurdas ou irrelevantes minhas perguntas lhe pareçam, elas podem estar repletas da maior significação e das mais sinistras implicações." (pág. 21)
"-Há três coisas que me agradam no senhor, cavalheiro, mas o senhor tem diversos maus hábitos. Um deles, a suposição de que palavras são tijolos a serem lançados contra as pessoas num esforço para desnorteá-las. O senhor precisa aprender a acabar com isso." (pág. 36/37)
"-Peço-lhe, cavalheiro. Esta sala esteve cheia de idiotas esta tarde e, para variar, eu gostaria de alguma sanidade." (pág. 92)
"-Antipatizo com os ultimatos, até mesmo com os meus. Mas isto já foi longe demais." (pág. 93)
"A Polícia passou aqui a maior parte do dia e compreendi na ocasião quão pouco realmente sabia de Boyd, embora o conhecesse há mais de vinte anos." (pág. 141)
"De qualquer maneira, tenho um encontro no centro da cidade, para arrancar sangue de uma pedra o que será facílimo." (pág. 150)
"Alguns grandes homens, quando morrem, deixam o cérebro para um laboratório científico. Wolfe devia deixar o estômago." (pág. 182)
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
A cruzada do ouro
Título: A cruzada do ouro
Autor: David Gibbins
Páginas: 376
Achei o livro um tanto confuso. Pra começar, a história demora a engrenar, somente chegando à página 200 é que a história começa a fazer sentido. Mesmo assim faz pouco sentido.
Também, o que se pode esperar quando se mistura vikings, nazistas, maias, arqueologia, religião e um monte de outras coisas? É muito pra minha cabeça! Pelo que entendi o livro é uma espécie de continuação de "Atlantis", talvez por isso eu tenha ficado um tanto deslocado.
Penso que são muitas páginas pra pouca história, mas mesmo assim li até o final.
Trechos interessantes:
"'Lembre o que o professor Dillen sempre insistia conosco em Cambridge', murmurou Hiebermeyer. 'Que os maiores crimes contra a cristandade sempre foram causados pelos próprios cristãos'". (pág. 34)
"'Foi desse lugar que saiu o iceberg que afundou o Titanic', disse Macleod; seu pesado sotaque irlandês ficava mais acentuado no interfone. 'Essa é uma das correntes glaciais que se movem mais rapidamente no mundo'". (pág. 88)
"'Os groenlandeses ainda usam trenós de cachorros no inverno', disse Macleod, agora com o capuz puxado para trás. 'Grande parte do terreno é muito desigual para ser percorrido por um snow-mobile, e a calota polar fica muito afastada de uma estação de combustível. Eles mantêm os cachorros presos durante todo o verão e atiram neles quando ficam muito velhos para trabalhar. Não são animais aos quais eles se apegam, não são animais de estimação'". (pág. 116)
"'A Santa Sé não se limita apenas à orientação espiritual', disse O'Connor. 'Durante séculos nossa sobrevivência dependia de força no mundo dos homens, de poder para persuadir o relutante a submeter-se a Deus'". (pág. 206)
"Atrás de cada mito há alguma realidade". (pág. 211)
Autor: David Gibbins
Páginas: 376
Achei o livro um tanto confuso. Pra começar, a história demora a engrenar, somente chegando à página 200 é que a história começa a fazer sentido. Mesmo assim faz pouco sentido.
Também, o que se pode esperar quando se mistura vikings, nazistas, maias, arqueologia, religião e um monte de outras coisas? É muito pra minha cabeça! Pelo que entendi o livro é uma espécie de continuação de "Atlantis", talvez por isso eu tenha ficado um tanto deslocado.
Penso que são muitas páginas pra pouca história, mas mesmo assim li até o final.
Trechos interessantes:
"'Lembre o que o professor Dillen sempre insistia conosco em Cambridge', murmurou Hiebermeyer. 'Que os maiores crimes contra a cristandade sempre foram causados pelos próprios cristãos'". (pág. 34)
"'Foi desse lugar que saiu o iceberg que afundou o Titanic', disse Macleod; seu pesado sotaque irlandês ficava mais acentuado no interfone. 'Essa é uma das correntes glaciais que se movem mais rapidamente no mundo'". (pág. 88)
"'Os groenlandeses ainda usam trenós de cachorros no inverno', disse Macleod, agora com o capuz puxado para trás. 'Grande parte do terreno é muito desigual para ser percorrido por um snow-mobile, e a calota polar fica muito afastada de uma estação de combustível. Eles mantêm os cachorros presos durante todo o verão e atiram neles quando ficam muito velhos para trabalhar. Não são animais aos quais eles se apegam, não são animais de estimação'". (pág. 116)
"'A Santa Sé não se limita apenas à orientação espiritual', disse O'Connor. 'Durante séculos nossa sobrevivência dependia de força no mundo dos homens, de poder para persuadir o relutante a submeter-se a Deus'". (pág. 206)
"Atrás de cada mito há alguma realidade". (pág. 211)
domingo, 19 de agosto de 2012
Mito em chamas
Título: Mito em chamas
Autor: José Louzeiro
Páginas: 224
Mão Branca foi um justiceiro que apareceu no Rio de Janeiro na década de 80. Pelo menos essa era a versão que foi transmitida à população. Na verdade, o justiceiro que acabava com os bandidos que a polícia não conseguia, foi imaginado por um jornalista da época, com o intuito de aumentar as vendas do jornal.
O livro - com o subtítulo "A lenda do justiceiro Mão Branca" - faz uma espécie de caso-verdade, mostrando as artimanhas de Carlão, o criador do mito, para que todos se convençam de que a figura é real. No meio da história, os próprios bandidos se beneficiam da situação e passam a endossar a criação da personagem.
A história é bem desenvolvida, mostrando que a polícia é conivente com muitas ações perpretadas pelos bandidos, importando-se apenas pelo jogo do poder. O final da história é meio vago, dando a impressão de que não acabou...
Trechos interessantes:
"...o repórter tem que ser um criador. De uma notinha assim faz uma epopeia. É o que vai acontecer." (pág. 20)
"-O mais importante nisso tudo é que o Mão Branca saiu das trevas para as chamas. É a libertação do mito! Se não fosse você, apodreceria no anonimato." (pág. 27)
"-Sabe o que tô fazendo, sem-vergonha?
-O bilhete de despedida. Todo suicida cuida desse detalhe antes de pular no abismo." (pág. 38)
"A cada dez crimes registrados na cidade, a PM tá metida em onze!" (pág. 74)
"O momento faz o heroi. A história tá cheia de exemplos." (pág. 82)
"-Tenho uma proposta para que você não afunde no ridículo. Afinal, se sua teimosia me irrita, admiro-lhe o talento." (pág. 125)
"-E se ele morre?
-Cumpre-se a vontade do Altíssimo. Nossas intenções, o senhor bem sabe, eram as melhores possíveis. Ocorre que o cinesíforo foi com muita sede ao pote.
-Cine... o quê, chefia? Não captei!
-O motorista se precipitou. Sectarizou. Em vez de disparar no pé, como fizeram ilustres poetas do romantismo, foi direto à clavícula, sem entender patavina de anatomia. E o senhor, de certa forma, é cúmplice do ato insano." (pág. 138)
Autor: José Louzeiro
Páginas: 224
Mão Branca foi um justiceiro que apareceu no Rio de Janeiro na década de 80. Pelo menos essa era a versão que foi transmitida à população. Na verdade, o justiceiro que acabava com os bandidos que a polícia não conseguia, foi imaginado por um jornalista da época, com o intuito de aumentar as vendas do jornal.
O livro - com o subtítulo "A lenda do justiceiro Mão Branca" - faz uma espécie de caso-verdade, mostrando as artimanhas de Carlão, o criador do mito, para que todos se convençam de que a figura é real. No meio da história, os próprios bandidos se beneficiam da situação e passam a endossar a criação da personagem.
A história é bem desenvolvida, mostrando que a polícia é conivente com muitas ações perpretadas pelos bandidos, importando-se apenas pelo jogo do poder. O final da história é meio vago, dando a impressão de que não acabou...
Trechos interessantes:
"...o repórter tem que ser um criador. De uma notinha assim faz uma epopeia. É o que vai acontecer." (pág. 20)
"-O mais importante nisso tudo é que o Mão Branca saiu das trevas para as chamas. É a libertação do mito! Se não fosse você, apodreceria no anonimato." (pág. 27)
"-Sabe o que tô fazendo, sem-vergonha?
-O bilhete de despedida. Todo suicida cuida desse detalhe antes de pular no abismo." (pág. 38)
"A cada dez crimes registrados na cidade, a PM tá metida em onze!" (pág. 74)
"O momento faz o heroi. A história tá cheia de exemplos." (pág. 82)
"-Tenho uma proposta para que você não afunde no ridículo. Afinal, se sua teimosia me irrita, admiro-lhe o talento." (pág. 125)
"-E se ele morre?
-Cumpre-se a vontade do Altíssimo. Nossas intenções, o senhor bem sabe, eram as melhores possíveis. Ocorre que o cinesíforo foi com muita sede ao pote.
-Cine... o quê, chefia? Não captei!
-O motorista se precipitou. Sectarizou. Em vez de disparar no pé, como fizeram ilustres poetas do romantismo, foi direto à clavícula, sem entender patavina de anatomia. E o senhor, de certa forma, é cúmplice do ato insano." (pág. 138)
domingo, 12 de agosto de 2012
Histórias de fantasmas
Título: Histórias de fantasmas
Autor: Charles Dickens
Páginas: 192
Pequeno livro de contos de Dickens, contendo treze histórias, nas quais sempre aparecem, de uma forma ou de outra, fantasmas, assombrações, mistérios, coisas estranhas e por aí vai.
Usando um linguajar rebuscado e característico da época, as histórias transmitem uma sensação de "coisas do além", impregnando no leitor o clima sombrio e tétrico desejado pelo autor.
Trechos interessantes:
"...ele fizera bobagens, não aproveitara as oportunidades, decaíra; e nunca mais se levantou. Não tinha nenhuma reclamação a fazer. Havia feito sua própria cama e nela se deitado. Era tarde demais para fazer outra." (pág. 12)
"Há muitos lugares, mesmo neste mundo sombrio, mais prazerosos do que Malborough Downs quando venta forte; e se você juntar um anoitecer melancólico de inverno, uma estrada lamacenta e molhada, tudo debaixo de fortes pancadas de chuva, e experimentar o efeito disso na própria pele, você terá ideia de toda a força dessa observação." (pág. 36/37)
"Cavalheiros, há uma história antiga - mas nem por isso menos verdadeira - sobre um jovem e elegante cavalheiro irlandês que, ao ser perguntado se era capaz de tocar a rabeca, respondeu claro que sim, mas não podia afirmar com certeza, pois nunca havia tentado." (pág. 87)
"...um homem não sabe do que é capaz até tentar, cavalheiros." (pág. 87)
"...e então, irrompendo no átrio, chutou os dois sarjas-verdes mais acostumados a levar pontapés e, amaldiçoando os outros à volta, mandou-lhes que fossem à... não interessa onde. Não sei como se diz em alemão. Se soubesse, eu diria... delicadamente, é claro." (pág. 99)
Autor: Charles Dickens
Páginas: 192
Pequeno livro de contos de Dickens, contendo treze histórias, nas quais sempre aparecem, de uma forma ou de outra, fantasmas, assombrações, mistérios, coisas estranhas e por aí vai.
Usando um linguajar rebuscado e característico da época, as histórias transmitem uma sensação de "coisas do além", impregnando no leitor o clima sombrio e tétrico desejado pelo autor.
Trechos interessantes:
"...ele fizera bobagens, não aproveitara as oportunidades, decaíra; e nunca mais se levantou. Não tinha nenhuma reclamação a fazer. Havia feito sua própria cama e nela se deitado. Era tarde demais para fazer outra." (pág. 12)
"Há muitos lugares, mesmo neste mundo sombrio, mais prazerosos do que Malborough Downs quando venta forte; e se você juntar um anoitecer melancólico de inverno, uma estrada lamacenta e molhada, tudo debaixo de fortes pancadas de chuva, e experimentar o efeito disso na própria pele, você terá ideia de toda a força dessa observação." (pág. 36/37)
"Cavalheiros, há uma história antiga - mas nem por isso menos verdadeira - sobre um jovem e elegante cavalheiro irlandês que, ao ser perguntado se era capaz de tocar a rabeca, respondeu claro que sim, mas não podia afirmar com certeza, pois nunca havia tentado." (pág. 87)
"...um homem não sabe do que é capaz até tentar, cavalheiros." (pág. 87)
"...e então, irrompendo no átrio, chutou os dois sarjas-verdes mais acostumados a levar pontapés e, amaldiçoando os outros à volta, mandou-lhes que fossem à... não interessa onde. Não sei como se diz em alemão. Se soubesse, eu diria... delicadamente, é claro." (pág. 99)
sábado, 4 de agosto de 2012
Você está sendo vigiado
Título: Você está sendo vigiado
Autor: Gregg Hurwitz
Páginas: 262
Livro para ser lido de um só fôlego, tal é o ritmo alucinante da história. Patrick Davis é um roteirista de um filme intitulado justamente "Você está sendo vigiado" e, de repente, descobre que ele próprio está sendo vigiado. Inicia aí uma situação surrealista, cheia de reviravoltas, surpresas e mistérios que permeiam os dramas policiais.
Paralelamente à história da espionagem há os problemas de relacionamento de Patrick e Ariana, acrescentando um novo ingrediente à trama. Seguramente, para os amantes do gênero é um livro excelente pois a leitura prende a atenção, apesar da história mirabolante. A leitura é agradável e isso é o que interessa.
Trechos interessantes:
"Nunca desista, é o que dizem.
Siga seus sonhos.
Mas há outro provérbio que talvez seja mais adequado.
Cuidado com o que deseja." (pág. 16)
"Siga seus sonhos. Mas ninguém fala no que precisamos deixar pelo caminho. Os sacrifícios. As inúmeras maneiras pelas quais a vida pode ir pelo ralo enquanto esperamos o sol nascer." (pág. 18)
"Não consegui me lembrar da última vez que me senti tão bem-disposto. Em vez de Vidas em jogo, eu era protagonista de A corrente do bem." (pág. 107)
"-Antigamente você precisava ser famoso para ser famoso. Mas agora? O real é falso e o falso é real! Que atração é essa por monitorar tudo e colocar uma câmera em todos os lugares?" (pág. 128)
"-Você sabe como se cozinha um sapo, Patrick?
-Sei - respondi. - Se jogar o animal na água quente, ele pula para fora. Então você coloca o sapo dentro da água fria e cozinha em fogo baixo. Ele não percebe que está sendo cozido." (pág. 202)
"Eu tinha lido em algum lugar que um elefante pode ficar preso por um barbante sem saber que pode se desvencilhar dele. Isso acontece porque o animal simplesmente acredita que está preso." (pág. 207)
"Falam do amor como se ele se resumisse a dançar de rosto colado, fazer amor até de manhã e dar joias de presente. Mas esse sentimento pode muito bem significar ver a esposa sentada no chão da cozinha em posição de lótus depois de uma corrida, procurando uma frigideira dentro do armário." (pág. 210)
"Minha vida já não é mais como um filme. Minha vida é... minha!" (pág. 260)
Autor: Gregg Hurwitz
Páginas: 262
Livro para ser lido de um só fôlego, tal é o ritmo alucinante da história. Patrick Davis é um roteirista de um filme intitulado justamente "Você está sendo vigiado" e, de repente, descobre que ele próprio está sendo vigiado. Inicia aí uma situação surrealista, cheia de reviravoltas, surpresas e mistérios que permeiam os dramas policiais.
Paralelamente à história da espionagem há os problemas de relacionamento de Patrick e Ariana, acrescentando um novo ingrediente à trama. Seguramente, para os amantes do gênero é um livro excelente pois a leitura prende a atenção, apesar da história mirabolante. A leitura é agradável e isso é o que interessa.
Trechos interessantes:
"Nunca desista, é o que dizem.
Siga seus sonhos.
Mas há outro provérbio que talvez seja mais adequado.
Cuidado com o que deseja." (pág. 16)
"Siga seus sonhos. Mas ninguém fala no que precisamos deixar pelo caminho. Os sacrifícios. As inúmeras maneiras pelas quais a vida pode ir pelo ralo enquanto esperamos o sol nascer." (pág. 18)
"Não consegui me lembrar da última vez que me senti tão bem-disposto. Em vez de Vidas em jogo, eu era protagonista de A corrente do bem." (pág. 107)
"-Antigamente você precisava ser famoso para ser famoso. Mas agora? O real é falso e o falso é real! Que atração é essa por monitorar tudo e colocar uma câmera em todos os lugares?" (pág. 128)
"-Você sabe como se cozinha um sapo, Patrick?
-Sei - respondi. - Se jogar o animal na água quente, ele pula para fora. Então você coloca o sapo dentro da água fria e cozinha em fogo baixo. Ele não percebe que está sendo cozido." (pág. 202)
"Eu tinha lido em algum lugar que um elefante pode ficar preso por um barbante sem saber que pode se desvencilhar dele. Isso acontece porque o animal simplesmente acredita que está preso." (pág. 207)
"Falam do amor como se ele se resumisse a dançar de rosto colado, fazer amor até de manhã e dar joias de presente. Mas esse sentimento pode muito bem significar ver a esposa sentada no chão da cozinha em posição de lótus depois de uma corrida, procurando uma frigideira dentro do armário." (pág. 210)
"Minha vida já não é mais como um filme. Minha vida é... minha!" (pág. 260)
terça-feira, 31 de julho de 2012
13 histórias de vida ou morte
Título: 13 histórias de vida ou morte
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 222
Fechando o mês com a leitura de mais uma coletânea de Hitchcock. São 13 histórias seguindo o padrão habitual: mortes, mistérios, suspense e mais tantos itens similares.
Depois da leitura de várias dessas coletâneas, fica difícil achar alguma história com algum toque de originalidade. Mas, como aprecio o gênero, isso não me desestimula. Deste livro destaco as seguintes: "Pelo dinheiro recebido", "Quem irá sentir a falta de Arthur?" e "Amor com amor se paga".
Trechos interessantes:
"Era um caso típico, pensei, amargurado. Era o tipo de precipitação que leva a polícia a encarar os assaltantes armados como os mais perigosos de todos os criminosos. Todos eles são assassinos em potencial." (pág. 14)
"Há sempre algumas pessoas mórbidas, em cada multidão, que ficam à espreita até o último momento, na esperança de ver um cadáver." (pág. 20)
"Ficaria surpresa se descobrisse como os homens de coração mole podem se transformar em tigres, quando seus entes queridos são ameaçados." (pág. 29)
"-Acontece que o solteiro é um homem encantador. Ele pode se dar a esse luxo. Não tem qualquer compromisso. Está a salvo das pequenas e constantes brigas, que são parte integrante até dos casamentos mais firmes. Sempre se apresenta no melhor de sua forma. Quando está cansado ou entediado, ele simplesmente se retira. Tem condições de comprar flores para a anfitriã, porque não precisa pagar pela carne e batatas. Pode desculpar os pequenos defeitos dela, porque não precisa aturá-los durante todos os dias da semana..." (pág. 40)
"Brady pegou o chapéu e meteu-o na cabeça, um veterano calejado de muitos anos. Se a observação é ambígua, escolham a que melhor lhes aprouver." (pág. 96)
"-Quando a gente sente que há um animal perigoso escondido nas moitas, não se manda uma matilha de cães a ladrarem para cercá-lo." (pág. 133)
"Cerca de dois meses antes, Sam Hammond errara ao fazer uma curva, na estrada antiga. O velho carvalho com o qual o carro se chocara havia sobrevivido. Mas, Sam não tivera a mesma sorte." (pág. 178)
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 222
Fechando o mês com a leitura de mais uma coletânea de Hitchcock. São 13 histórias seguindo o padrão habitual: mortes, mistérios, suspense e mais tantos itens similares.
Depois da leitura de várias dessas coletâneas, fica difícil achar alguma história com algum toque de originalidade. Mas, como aprecio o gênero, isso não me desestimula. Deste livro destaco as seguintes: "Pelo dinheiro recebido", "Quem irá sentir a falta de Arthur?" e "Amor com amor se paga".
Trechos interessantes:
"Era um caso típico, pensei, amargurado. Era o tipo de precipitação que leva a polícia a encarar os assaltantes armados como os mais perigosos de todos os criminosos. Todos eles são assassinos em potencial." (pág. 14)
"Há sempre algumas pessoas mórbidas, em cada multidão, que ficam à espreita até o último momento, na esperança de ver um cadáver." (pág. 20)
"Ficaria surpresa se descobrisse como os homens de coração mole podem se transformar em tigres, quando seus entes queridos são ameaçados." (pág. 29)
"-Acontece que o solteiro é um homem encantador. Ele pode se dar a esse luxo. Não tem qualquer compromisso. Está a salvo das pequenas e constantes brigas, que são parte integrante até dos casamentos mais firmes. Sempre se apresenta no melhor de sua forma. Quando está cansado ou entediado, ele simplesmente se retira. Tem condições de comprar flores para a anfitriã, porque não precisa pagar pela carne e batatas. Pode desculpar os pequenos defeitos dela, porque não precisa aturá-los durante todos os dias da semana..." (pág. 40)
"Brady pegou o chapéu e meteu-o na cabeça, um veterano calejado de muitos anos. Se a observação é ambígua, escolham a que melhor lhes aprouver." (pág. 96)
"-Quando a gente sente que há um animal perigoso escondido nas moitas, não se manda uma matilha de cães a ladrarem para cercá-lo." (pág. 133)
"Cerca de dois meses antes, Sam Hammond errara ao fazer uma curva, na estrada antiga. O velho carvalho com o qual o carro se chocara havia sobrevivido. Mas, Sam não tivera a mesma sorte." (pág. 178)
segunda-feira, 30 de julho de 2012
A alma de Anna Klane
Título: A alma de Anna Klane
Autor: Terrel Miedaner
Páginas: 212
Anatol Klane é um físico e inventor que tem, além da filha Anna - dotada de extrema inteligência - , um supremo desejo: provar a existência da alma humana. Para tanto, ele recorre a um procedimento que contraria toda a ordem lógica das coisas.
O livro é, no mínimo, perturbador. Questões filosóficas, éticas e religiosas são discutidas em suas diversas variantes. A ideia do livro não é criticar nem apoiar a atitude de Anatol, mas deixar a questão para que cada um a interprete a seu modo.
Trechos interessantes:
"...o problema é que uma operação pode salvar a vida do meu corpo, mas comprometer a minha própria vida interior." (pág. 9)
"O doutor abanou a cabeça de um lado para o outro, espantado de ver um homem aparentemente inteligente e educado ter um receio medieval." (pág. 13)
"-Qualquer sistema social que confere aos pais o poder de decidir sobre a vida e a morte de seus próprios filhos é francamente medieval. Inteiramente saído da idade das trevas!" (pág. 27)
"-O senhor teme a morte porque o senhor acredita em sua finalidade. Eu, que não tenho as suas convicções religiosas, não compartilho seu medo." (pág. 38)
"Ele sentou-se diante da moça e esperou que o extraordinário conforto de sua sala exercesse algum efeito relaxante em sua visitante inesperada." (pág. 64)
"-Pensar não é função de cérebro nenhum. Seu, meu, de animais, o que queira." (pág. 66)
"Seu subconsciente é um mecanismo automático que também não liga nem um pouco para quem o dirige. Uma pessoa hipnotizada é simplesmente alguém que deu as chaves do seu subconsciente a outro motorista. De um ponto de vista ideal, esse motorista é um bom mecânico, um profissional como eu, que correrá apenas pelos caminhos certos. Mas infelizmente, nem sempre é assim. Há motoristas de todos os tipos." (pág. 97)
"Obviamente a inteligência não pode ser tomada como critério único na nossa sociedade, para decidir se alguém possui ou não um legítimo direito à vida." (pág. 117)
"Na realidade, você só não gosta de matar porque o animal resiste à morte. Ele grita, luta, parece triste, e como que lhe pede que não o mate. E é na realidade a sua mente e não o seu corpo biológico que ouve a súplica do animal." (pág. 185)
Autor: Terrel Miedaner
Páginas: 212
Anatol Klane é um físico e inventor que tem, além da filha Anna - dotada de extrema inteligência - , um supremo desejo: provar a existência da alma humana. Para tanto, ele recorre a um procedimento que contraria toda a ordem lógica das coisas.
O livro é, no mínimo, perturbador. Questões filosóficas, éticas e religiosas são discutidas em suas diversas variantes. A ideia do livro não é criticar nem apoiar a atitude de Anatol, mas deixar a questão para que cada um a interprete a seu modo.
Trechos interessantes:
"...o problema é que uma operação pode salvar a vida do meu corpo, mas comprometer a minha própria vida interior." (pág. 9)
"O doutor abanou a cabeça de um lado para o outro, espantado de ver um homem aparentemente inteligente e educado ter um receio medieval." (pág. 13)
"-Qualquer sistema social que confere aos pais o poder de decidir sobre a vida e a morte de seus próprios filhos é francamente medieval. Inteiramente saído da idade das trevas!" (pág. 27)
"-O senhor teme a morte porque o senhor acredita em sua finalidade. Eu, que não tenho as suas convicções religiosas, não compartilho seu medo." (pág. 38)
"Ele sentou-se diante da moça e esperou que o extraordinário conforto de sua sala exercesse algum efeito relaxante em sua visitante inesperada." (pág. 64)
"-Pensar não é função de cérebro nenhum. Seu, meu, de animais, o que queira." (pág. 66)
"Seu subconsciente é um mecanismo automático que também não liga nem um pouco para quem o dirige. Uma pessoa hipnotizada é simplesmente alguém que deu as chaves do seu subconsciente a outro motorista. De um ponto de vista ideal, esse motorista é um bom mecânico, um profissional como eu, que correrá apenas pelos caminhos certos. Mas infelizmente, nem sempre é assim. Há motoristas de todos os tipos." (pág. 97)
"Obviamente a inteligência não pode ser tomada como critério único na nossa sociedade, para decidir se alguém possui ou não um legítimo direito à vida." (pág. 117)
"Na realidade, você só não gosta de matar porque o animal resiste à morte. Ele grita, luta, parece triste, e como que lhe pede que não o mate. E é na realidade a sua mente e não o seu corpo biológico que ouve a súplica do animal." (pág. 185)
sábado, 21 de julho de 2012
O rei branco
Título: O rei branco
Autor: Gyorgy Dragomán
Páginas: 256
O regime totalitário na visão de um menino de 12 anos. Dzsáta vê a polícia do Estado levar seu pai, mas não sabe para onde nem o motivo. Com o passar do tempo vai tomando consciência da situação e, em meio a problemas na escola, com a mãe, com o avô e tudo mais, aguarda ansioso pelo dia em que o pai vai retornar.
A história é interessante, mesmo sendo povoada de nomes impronunciáveis, mas... o que não me agradou foi o fato do livro ser todo narrado em primeira pessoa. Não há um diálogo no livro inteiro, os trechos são do tipo "eu disse isso, então ele disse aquilo e aí eu falei assim...". Isso, sem dúvida, pode ter o seu valor literário, mas torna a leitura muito enfadonha.
Trechos interessantes:
"...fiquei lá sentado martelando o canivete e pensando em como deveria ser ruim ser cego, viver em uma escuridão permanente, enxergar apenas por meio de uma bengala, e no instante em que eu estava pensando isso alguém tapou meus olhos por trás." (pág. 52)
"Eu acenei com a cabeça, mas não disse nada, o importante é que enquanto não nos fazem perguntas não devemos dizer nada porque isso só cria problemas..." (pág. 77)
"...e então a comandante dos Pioneiros fez que sim e disse que meus pensamentos eram patrióticos e faziam o Estado progredir no caminho da paz..." (pág. 86)
"...e disse que eu deveria ser um bom rapaz e deveria esperar pela minha mãe e não deveria tocar em nada, e, principalamente, não deveria tentar roubar nada, pois pagaria por isso, em seguida disse de novo que conhecia bem as crianças, sabia que eram todas pequenas ladras em quem não se podia confiar por um instante sequer, de modo que era para eu me cuidar, pois no lugar de onde aqueles objetos vinham se costumava furar os olhos dos ladrões." (pág. 143)
"...fiquei ali sentando olhando uma coisa atrás da outra, e tentei imaginar como seria se não a tivesse, se eu a procuraria ou se desejaria brincar com ela, os Matchbox, por exemplo, há um ano pelo menos não os tirava da gaveta, tirar pó eu também não tirava havia muito tempo, conhecia de cor a maioria das histórias em quadrinhos e só as olhava muito raramente, mas não conseguia imaginar o que sentiria se, digamos, abrisse a gaveta dos Matchbox e a visse completamente vazia ou se olhasse para a estante e visse que não havia nela nenhuma história em quadrinhos." (pág. 151)
"Máriusz olhou diretamente para o túnel de castanha na prateleira, apontou para ele com a mão, perguntou o que era aquilo, e aí eu não aguentei, não consegui ficar calado, disse que não era nada, não era do interesse dele, mas ao falar tive certeza de que não adiantaria, pois minha mãe olhou para mim e sorriu um sorriso severo, frio, e disse filhinho parece que você recebeu um convidado..." (pág. 180)
"...minha mãe ia saber que tinha brigado de novo, embora tivesse lhe prometido que nunca mais brigaria. Picareta disse que no mundo de hoje não poderíamos prometer uma coisa dessas." (pág. 211)
Autor: Gyorgy Dragomán
Páginas: 256
O regime totalitário na visão de um menino de 12 anos. Dzsáta vê a polícia do Estado levar seu pai, mas não sabe para onde nem o motivo. Com o passar do tempo vai tomando consciência da situação e, em meio a problemas na escola, com a mãe, com o avô e tudo mais, aguarda ansioso pelo dia em que o pai vai retornar.
A história é interessante, mesmo sendo povoada de nomes impronunciáveis, mas... o que não me agradou foi o fato do livro ser todo narrado em primeira pessoa. Não há um diálogo no livro inteiro, os trechos são do tipo "eu disse isso, então ele disse aquilo e aí eu falei assim...". Isso, sem dúvida, pode ter o seu valor literário, mas torna a leitura muito enfadonha.
Trechos interessantes:
"...fiquei lá sentado martelando o canivete e pensando em como deveria ser ruim ser cego, viver em uma escuridão permanente, enxergar apenas por meio de uma bengala, e no instante em que eu estava pensando isso alguém tapou meus olhos por trás." (pág. 52)
"Eu acenei com a cabeça, mas não disse nada, o importante é que enquanto não nos fazem perguntas não devemos dizer nada porque isso só cria problemas..." (pág. 77)
"...e então a comandante dos Pioneiros fez que sim e disse que meus pensamentos eram patrióticos e faziam o Estado progredir no caminho da paz..." (pág. 86)
"...e disse que eu deveria ser um bom rapaz e deveria esperar pela minha mãe e não deveria tocar em nada, e, principalamente, não deveria tentar roubar nada, pois pagaria por isso, em seguida disse de novo que conhecia bem as crianças, sabia que eram todas pequenas ladras em quem não se podia confiar por um instante sequer, de modo que era para eu me cuidar, pois no lugar de onde aqueles objetos vinham se costumava furar os olhos dos ladrões." (pág. 143)
"...fiquei ali sentando olhando uma coisa atrás da outra, e tentei imaginar como seria se não a tivesse, se eu a procuraria ou se desejaria brincar com ela, os Matchbox, por exemplo, há um ano pelo menos não os tirava da gaveta, tirar pó eu também não tirava havia muito tempo, conhecia de cor a maioria das histórias em quadrinhos e só as olhava muito raramente, mas não conseguia imaginar o que sentiria se, digamos, abrisse a gaveta dos Matchbox e a visse completamente vazia ou se olhasse para a estante e visse que não havia nela nenhuma história em quadrinhos." (pág. 151)
"Máriusz olhou diretamente para o túnel de castanha na prateleira, apontou para ele com a mão, perguntou o que era aquilo, e aí eu não aguentei, não consegui ficar calado, disse que não era nada, não era do interesse dele, mas ao falar tive certeza de que não adiantaria, pois minha mãe olhou para mim e sorriu um sorriso severo, frio, e disse filhinho parece que você recebeu um convidado..." (pág. 180)
"...minha mãe ia saber que tinha brigado de novo, embora tivesse lhe prometido que nunca mais brigaria. Picareta disse que no mundo de hoje não poderíamos prometer uma coisa dessas." (pág. 211)
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Germinal
Título: Germinal
Autor: Émile Zola
Páginas: 254
A vida cruel e sofredora dos trabalhadores das minas de carvão da França no século XIX é o principal tema abordado no livro. Trabalhando em condições sub-humanas e ganhando o que mal dá para a sobrevivência, os mineiros são forçados (após ameaça de reduzirem ainda mais os salários) a iniciarem uma greve. Mas a greve se prolonga mais que o planejado e a fome e o desespero se instalam de vez na vida dos trabalhadores.
A história em si é interessante, ainda mais quando a tradução usa de vocabulário simples, facilitando o entendimento. O autor viveu na pele a dura realidade dos mineiros e conseguiu transmitir isso aos leitores. Um livro amplamente recomendado.
Trechos interessantes:
"Apague a vela, não preciso ver a cor dos meus pensamentos." (pág. 21)
"Mas os mineiros, no fundo de suas tocas de toupeira, sob o peso da terra, sem o ar nos pulmões, continuavam a cavar." (pág. 29)
"Por que ele iria interferir? Quando as moças dizem não, é porque gostam de apanhar antes." (pág. 45)
"Se o salário cai, os operários morrem, e a procura de novos trabalhadores faz aumentar o salário. Se o salário sobe muito, a oferta de mão-de-obra faz o salário baixar... É o equilíbrio das barrigas vazias, a condenação à fome eterna." (pág. 52)
"Com o passar do tempo Étienne começou a entender melhor as novas ideias que fervilhavam em sua mente. Havia uma série de perguntas a ser respondidas: por que alguns eram tão pobres e outros tão ricos? Por que os ricos exploravam os pobres, que nunca tinham vez? A primeira etapa foi tentar compreender sua própria ignorância." (pág. 57/58)
"Mais quinze dias de greve e estaria falido. E, na certeza do seu desastre, não sentia mais raiva dos grevistas de Montsou; a culpa era geral, secular. Eram brutos, sim, mas brutos que não sabiam ler e morriam de fome." (pág. 131)
"Quem era o idiota que punha a felicidade do mundo na distribuição da riqueza? Não, o único bem era não ser, ou, sendo, ser a árvore, ser a pedra, menos ainda, ser o grão de areia que não sangra ao ser pisoteado." (pág. 140)
"Como seria fácil a revolução triunfar se o exército passasse para o lado do povo! Bastava que o operário e o camponês, nas casernas, se lembrassem da sua origem. Esse era o perigo supremo, que fazia os burgueses tremerem de medo, só de imaginar que os soldados pudessem aderir à luta do povo." (pág. 151)
"Enquanto tiverem alguma posse, nunca serão dignos de felicidade; seu ódio aos burgueses é apenas o desejo de ser como eles." (pág. 159)
"...e aqueles dois homens que se desprezavam, o operário revoltado e o chefe cético, se atiraram nos braços um do outro e choraram e soluçaram muito, resumindo a emoção profunda de toda a humanidade." (pág. 228)
Autor: Émile Zola
Páginas: 254
A vida cruel e sofredora dos trabalhadores das minas de carvão da França no século XIX é o principal tema abordado no livro. Trabalhando em condições sub-humanas e ganhando o que mal dá para a sobrevivência, os mineiros são forçados (após ameaça de reduzirem ainda mais os salários) a iniciarem uma greve. Mas a greve se prolonga mais que o planejado e a fome e o desespero se instalam de vez na vida dos trabalhadores.
A história em si é interessante, ainda mais quando a tradução usa de vocabulário simples, facilitando o entendimento. O autor viveu na pele a dura realidade dos mineiros e conseguiu transmitir isso aos leitores. Um livro amplamente recomendado.
Trechos interessantes:
"Apague a vela, não preciso ver a cor dos meus pensamentos." (pág. 21)
"Mas os mineiros, no fundo de suas tocas de toupeira, sob o peso da terra, sem o ar nos pulmões, continuavam a cavar." (pág. 29)
"Por que ele iria interferir? Quando as moças dizem não, é porque gostam de apanhar antes." (pág. 45)
"Se o salário cai, os operários morrem, e a procura de novos trabalhadores faz aumentar o salário. Se o salário sobe muito, a oferta de mão-de-obra faz o salário baixar... É o equilíbrio das barrigas vazias, a condenação à fome eterna." (pág. 52)
"Com o passar do tempo Étienne começou a entender melhor as novas ideias que fervilhavam em sua mente. Havia uma série de perguntas a ser respondidas: por que alguns eram tão pobres e outros tão ricos? Por que os ricos exploravam os pobres, que nunca tinham vez? A primeira etapa foi tentar compreender sua própria ignorância." (pág. 57/58)
"Mais quinze dias de greve e estaria falido. E, na certeza do seu desastre, não sentia mais raiva dos grevistas de Montsou; a culpa era geral, secular. Eram brutos, sim, mas brutos que não sabiam ler e morriam de fome." (pág. 131)
"Quem era o idiota que punha a felicidade do mundo na distribuição da riqueza? Não, o único bem era não ser, ou, sendo, ser a árvore, ser a pedra, menos ainda, ser o grão de areia que não sangra ao ser pisoteado." (pág. 140)
"Como seria fácil a revolução triunfar se o exército passasse para o lado do povo! Bastava que o operário e o camponês, nas casernas, se lembrassem da sua origem. Esse era o perigo supremo, que fazia os burgueses tremerem de medo, só de imaginar que os soldados pudessem aderir à luta do povo." (pág. 151)
"Enquanto tiverem alguma posse, nunca serão dignos de felicidade; seu ódio aos burgueses é apenas o desejo de ser como eles." (pág. 159)
"...e aqueles dois homens que se desprezavam, o operário revoltado e o chefe cético, se atiraram nos braços um do outro e choraram e soluçaram muito, resumindo a emoção profunda de toda a humanidade." (pág. 228)
domingo, 15 de julho de 2012
O outro lado da meia-noite
Título: O outro lado da meia-noite
Autor: Sidney Sheldon
Páginas: 416
O livro - um misto de romance, aventura e policial - discorre sobre o triângulo amoroso formado por Noelle Page, Larry Douglas e Catherine Alexander, passando por vários lugares, mas principalmente a França, os Estados Unidos e a Grécia. Noelle nasceu pobre mas, logo cedo, descobriu que, através de certos favores, pode-se conseguir qualquer coisa dos homens e, de galho em galho, chega a amante do maior magnata grego.
Catherine teve uma vida, digamos, mais recatada, até casar-se com Larry achando que seu sonho está realizado. Já Larry é o famoso garanhão que só quer saber de se dar bem com as mulheres. Antes de se casar, Larry envolve-se com Noelle, sendo este o estopim para a corrida de gato e rato que consome boa parte do livro.
Como os demais livros de Sheldon, a história é agradável e prende a leitura, fazendo com que tenhamos pressa em chegar ao final do livro.
Trechos interessantes:
"Os jovens são jovens demais para enfrentar a adolescência." (pág. 25)
"Ele falou sem parar durante a meia hora seguinte, discutindo, ameaçando, bajulando, mas, quando Noelle terminou de arrumar as coisas e partiu, Sorel ainda não compreendia por que a perdera, pois não sabia que jamais a possuíra realmente." (pág. 98)
"Parecia-lhe estúpido que, numa época esclarecida como aquela, as pessoas ainda acreditassem poder resolver suas desavenças, assassinando-se umas às outras." (pág. 119)
"É interessante, pensou ela, como as coisas que os outros fazem parecem tão horríveis, e no entanto, quando somos nós que as fazemos,parecem tão certas." (pág. 150)
"-Os britânicos são uma raça estranha - disse ele. - Em tempo de paz, são impossíveis de se lidar, mas em crise são magníficos. Um marinheiro inglês só é verdadeiramente feliz quando seu navio está afundando." (pág. 197)
"Você é inteligente, educada, bondosa e sexy, disse a si própria. Por que razão um macho normal, de sangue nas veias, haveria de estar morrendo de vontade de abandoná-la para poder ir à guerra e ver se consegue levar um tiro?" (pág. 206)
"Catherine tinha vontade de gritar: Diga-me qual é a surpresa, diga-me o que estamos comemorando. Mas nada falou, lembrando-se de um velho ditado húngaro: 'Só um idiota apressa as más notícias'." (pág. 207)
"Para ter sucesso, precisa-se de amigos. Para ter muito sucesso, precisa-se de inimigos." (pág. 215)
"Em qualquer outra cidade, pensou Catherine, um lugar como este seria favela. Aqui é um monumento." (pág. 276)
"A Grécia era uma maravilha de ineficiência organizada, tinha-se de relaxar e divertir-se. Ninguém tinha pressa, e se se perguntava a alguém onde ficava um lugar, era provável que a pessoa fosse levá-la para lá." (pág. 282)
Autor: Sidney Sheldon
Páginas: 416
O livro - um misto de romance, aventura e policial - discorre sobre o triângulo amoroso formado por Noelle Page, Larry Douglas e Catherine Alexander, passando por vários lugares, mas principalmente a França, os Estados Unidos e a Grécia. Noelle nasceu pobre mas, logo cedo, descobriu que, através de certos favores, pode-se conseguir qualquer coisa dos homens e, de galho em galho, chega a amante do maior magnata grego.
Catherine teve uma vida, digamos, mais recatada, até casar-se com Larry achando que seu sonho está realizado. Já Larry é o famoso garanhão que só quer saber de se dar bem com as mulheres. Antes de se casar, Larry envolve-se com Noelle, sendo este o estopim para a corrida de gato e rato que consome boa parte do livro.
Como os demais livros de Sheldon, a história é agradável e prende a leitura, fazendo com que tenhamos pressa em chegar ao final do livro.
Trechos interessantes:
"Os jovens são jovens demais para enfrentar a adolescência." (pág. 25)
"Ele falou sem parar durante a meia hora seguinte, discutindo, ameaçando, bajulando, mas, quando Noelle terminou de arrumar as coisas e partiu, Sorel ainda não compreendia por que a perdera, pois não sabia que jamais a possuíra realmente." (pág. 98)
"Parecia-lhe estúpido que, numa época esclarecida como aquela, as pessoas ainda acreditassem poder resolver suas desavenças, assassinando-se umas às outras." (pág. 119)
"É interessante, pensou ela, como as coisas que os outros fazem parecem tão horríveis, e no entanto, quando somos nós que as fazemos,parecem tão certas." (pág. 150)
"-Os britânicos são uma raça estranha - disse ele. - Em tempo de paz, são impossíveis de se lidar, mas em crise são magníficos. Um marinheiro inglês só é verdadeiramente feliz quando seu navio está afundando." (pág. 197)
"Você é inteligente, educada, bondosa e sexy, disse a si própria. Por que razão um macho normal, de sangue nas veias, haveria de estar morrendo de vontade de abandoná-la para poder ir à guerra e ver se consegue levar um tiro?" (pág. 206)
"Catherine tinha vontade de gritar: Diga-me qual é a surpresa, diga-me o que estamos comemorando. Mas nada falou, lembrando-se de um velho ditado húngaro: 'Só um idiota apressa as más notícias'." (pág. 207)
"Para ter sucesso, precisa-se de amigos. Para ter muito sucesso, precisa-se de inimigos." (pág. 215)
"Em qualquer outra cidade, pensou Catherine, um lugar como este seria favela. Aqui é um monumento." (pág. 276)
"A Grécia era uma maravilha de ineficiência organizada, tinha-se de relaxar e divertir-se. Ninguém tinha pressa, e se se perguntava a alguém onde ficava um lugar, era provável que a pessoa fosse levá-la para lá." (pág. 282)
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Jogando por pizza
Título: Jogando por pizza
Autor: John Grisham
Páginas: 288
O livro narra a história de Rick Dockery, um jogador de futebol americano que, após diversas trapalhadas jogando nos Estados Unidos e sem chances nos times americanos, resolve se aventurar pelo continente europeu. Defendendo a equipe do Parma e tentando se adaptar à língua, aos costumes e à cultura de maneira geral, luta para que sua equipe chegue ao "Super Bowl" do campeonato italiano.
História simples, sem muita variação e sem nenhuma pretensão. Para mim foi bastante cansativo devido ao excesso de termos específicos do futebol americano, do qual sou um completo ignorante.
Trechos interessantes:
"Os americanos sempre passavam por um breve período de choque cultural. A língua, os carros, as ruas estreitas, apartamentos pequenos, o confinamento das cidades." (pág. 44)
"As arquibancadas comportam três mil pessoas, mas quase nunca todos os ingressos são vendidos. Na verdade, isso nunca acontece. A entrada é franca." (pág. 47)
"-O que um garoto negro da Colorado State está fazendo em Parma, Itália?
-Jogando futebol americano, à espera de um telefonema. A mesma coisa que você." (pág. 51)
"Os italianos ao seu redor falavam mais do que comiam. Um burburinho suave dominava a trattoria. O ato de jantar sem dúvida envolvia comida saborosa, mas também era um evento social." (pág. 64)
"-A filosofia do supermercado não se aplica por aqui - comentou Sam. - As donas de casa planejam seu dia a partir da compra de alimentos frescos." (pág. 80)
"Não era mais um pistoleiro de aluguel, um atirador trazido do Velho Oeste para dirigir o ataque e ganhar os jogos." (pág. 221)
"E, com isso, eles passaram por outro pequeno marco, deram mais um passo em direção à vida comum. Do flerte a sexo sem compromisso, depois um estágio mais intenso. De rápidos e-mails a conversas longas pelo telefone. De um romance a distância a brincarem de casinha. De um futuro próximo incerto a uma posteridade que poderia ser partilhada. E, agora, um acordo de exclusividade. Monogamia. Tudo sacramentado com um gelato de pistache." (pág. 251)
Autor: John Grisham
Páginas: 288
O livro narra a história de Rick Dockery, um jogador de futebol americano que, após diversas trapalhadas jogando nos Estados Unidos e sem chances nos times americanos, resolve se aventurar pelo continente europeu. Defendendo a equipe do Parma e tentando se adaptar à língua, aos costumes e à cultura de maneira geral, luta para que sua equipe chegue ao "Super Bowl" do campeonato italiano.
História simples, sem muita variação e sem nenhuma pretensão. Para mim foi bastante cansativo devido ao excesso de termos específicos do futebol americano, do qual sou um completo ignorante.
Trechos interessantes:
"Os americanos sempre passavam por um breve período de choque cultural. A língua, os carros, as ruas estreitas, apartamentos pequenos, o confinamento das cidades." (pág. 44)
"As arquibancadas comportam três mil pessoas, mas quase nunca todos os ingressos são vendidos. Na verdade, isso nunca acontece. A entrada é franca." (pág. 47)
"-O que um garoto negro da Colorado State está fazendo em Parma, Itália?
-Jogando futebol americano, à espera de um telefonema. A mesma coisa que você." (pág. 51)
"Os italianos ao seu redor falavam mais do que comiam. Um burburinho suave dominava a trattoria. O ato de jantar sem dúvida envolvia comida saborosa, mas também era um evento social." (pág. 64)
"-A filosofia do supermercado não se aplica por aqui - comentou Sam. - As donas de casa planejam seu dia a partir da compra de alimentos frescos." (pág. 80)
"Não era mais um pistoleiro de aluguel, um atirador trazido do Velho Oeste para dirigir o ataque e ganhar os jogos." (pág. 221)
"E, com isso, eles passaram por outro pequeno marco, deram mais um passo em direção à vida comum. Do flerte a sexo sem compromisso, depois um estágio mais intenso. De rápidos e-mails a conversas longas pelo telefone. De um romance a distância a brincarem de casinha. De um futuro próximo incerto a uma posteridade que poderia ser partilhada. E, agora, um acordo de exclusividade. Monogamia. Tudo sacramentado com um gelato de pistache." (pág. 251)
domingo, 1 de julho de 2012
Guia politicamente incorreto da América Latina
Título: Guia politicamente incorreto da América Latina
Autor: Leandro Narloch e Duda Teixeira
Páginas: 336
Esqueça tudo o que você aprendeu nos livros de História. A realidade é bem mais sutil e instigante. Várias personalidades históricas são abordadas neste livro, mostrando que muita coisa acontece (e não é mostrada) para que se passem por "mocinhos" à luz da História. Fidel Castro, Che Guevara, Perón, Allende, Bolívar e outros são aqui desmascarados e expostos ao crivo popular.
Muitos são considerados heróis mas, após a leitura do livro, vê-se que para atingir esse ponto, ainda falta muita coisa.
Comprei o livro por acaso e, agora, me veio a curiosidade de ler o guia da História do Brasil. Deve ser igualmente interessante...
Trechos interessantes:
"Eu [Fidel] não concordo com o comunismo.Nós somos democráticos. Somos contra todo tipo de ditadores. É por isso que somos contra o comunismo". (pág. 35)
"Em 1963, [Che] ajudou a aprovar a maior inimiga dos jovens: a lei do serviço militar obrigatório. Ironicamente, o próprio Che tentou escapar do serviço militar da Argentina, em 1946, quando completou 18 anos". (pág. 43)
"Outro traço do comunismo que passa perto dos incas é a prática de mudar a história. Em Cuba, na China do século 21, na União Soviética de Stálin ou em qualquer governo comunista do século 20, o passado foi uma mercadoria política a ser alterada sem hesitação." (pág. 94)
"Na Bolívia, a folha de coca tornou-se objeto de culto oficial. O artigo 384 da Constituição é apoteótico: 'o Estado protege a coca originária e ancestral como patrimônio cultural, recurso natural renovável da biodiversidade da Bolívia, e como fator de coesão social'." (pág. 96)
"É difícil encontrar, entre todos os continentes, entre todas as épocas, uma civilização mais obcecada por cerimoniais de morte que os astecas." (pág. 98)
"É como se a trajetória de um país inteiro ao longo dos séculos pudesse ser resumida à vida de um único homem." (pág. 131)
"...o que Bolívar realmente almejava era erigir toda a América do Sul como uma única república federativa, tendo nele próprio seu ditador." (pág. 141)
"A única coisa a fazer na América é ir embora." (pág. 148)
"...o argentino, individualmente, não é inferior a ninguém, mas, coletivamente, é como se não existisse." (pág. 197)
"...a Argentina é um país com um grande passado pela frente." (pág. 197)
"Quando Perón e sua trupe retornaram a Buenos Aires, nova eleições foram convocadas e - adivinhe? - os argentinos tornaram a votar em peso no homem. Ele ganhou, assim, outra chance para destruir seu país." (pág. 225)
"Eu [Allende] não sou presidente de todos os chilenos, mas apenas dos que apoiam a Unidade Popular." (pág. 270)
Autor: Leandro Narloch e Duda Teixeira
Páginas: 336
Esqueça tudo o que você aprendeu nos livros de História. A realidade é bem mais sutil e instigante. Várias personalidades históricas são abordadas neste livro, mostrando que muita coisa acontece (e não é mostrada) para que se passem por "mocinhos" à luz da História. Fidel Castro, Che Guevara, Perón, Allende, Bolívar e outros são aqui desmascarados e expostos ao crivo popular.
Muitos são considerados heróis mas, após a leitura do livro, vê-se que para atingir esse ponto, ainda falta muita coisa.
Comprei o livro por acaso e, agora, me veio a curiosidade de ler o guia da História do Brasil. Deve ser igualmente interessante...
Trechos interessantes:
"Eu [Fidel] não concordo com o comunismo.Nós somos democráticos. Somos contra todo tipo de ditadores. É por isso que somos contra o comunismo". (pág. 35)
"Em 1963, [Che] ajudou a aprovar a maior inimiga dos jovens: a lei do serviço militar obrigatório. Ironicamente, o próprio Che tentou escapar do serviço militar da Argentina, em 1946, quando completou 18 anos". (pág. 43)
"Outro traço do comunismo que passa perto dos incas é a prática de mudar a história. Em Cuba, na China do século 21, na União Soviética de Stálin ou em qualquer governo comunista do século 20, o passado foi uma mercadoria política a ser alterada sem hesitação." (pág. 94)
"Na Bolívia, a folha de coca tornou-se objeto de culto oficial. O artigo 384 da Constituição é apoteótico: 'o Estado protege a coca originária e ancestral como patrimônio cultural, recurso natural renovável da biodiversidade da Bolívia, e como fator de coesão social'." (pág. 96)
"É difícil encontrar, entre todos os continentes, entre todas as épocas, uma civilização mais obcecada por cerimoniais de morte que os astecas." (pág. 98)
"É como se a trajetória de um país inteiro ao longo dos séculos pudesse ser resumida à vida de um único homem." (pág. 131)
"...o que Bolívar realmente almejava era erigir toda a América do Sul como uma única república federativa, tendo nele próprio seu ditador." (pág. 141)
"A única coisa a fazer na América é ir embora." (pág. 148)
"...o argentino, individualmente, não é inferior a ninguém, mas, coletivamente, é como se não existisse." (pág. 197)
"...a Argentina é um país com um grande passado pela frente." (pág. 197)
"Quando Perón e sua trupe retornaram a Buenos Aires, nova eleições foram convocadas e - adivinhe? - os argentinos tornaram a votar em peso no homem. Ele ganhou, assim, outra chance para destruir seu país." (pág. 225)
"Eu [Allende] não sou presidente de todos os chilenos, mas apenas dos que apoiam a Unidade Popular." (pág. 270)
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Os Bruzundangas
Título: Os Bruzundangas
Autor: Lima Barreto
Páginas: 128
Os Bruzundangas é uma coleção de crônicas publicadas pelo autor em 1917 e 1918 e que depois, em 1922, se condensaram em um livro. O autor usa estas crônicas para falar de um país imaginário, a Bruzundanga, descrevendo as coisas absurdas e sem sentido que por lá acontecem. É uma sátira mordaz sobre a sociedade brasileira da época.
O interessante é que, ainda hoje, ao lermos as crônicas daquela época, verificamos que muitas coisas ainda continuam sem sentido, não se diferenciando muito da Bruzundanga. Excetuando-se a linguagem rebuscada da época, pode-se dizer que aquelas crônicas se ajustam perfeitamente ao país de hoje.
Alguns trechos interessantes:
"A glória das letras só as tem, quem a elas se dá inteiramente." (pág. 21)
"Um doutor de lá que era até lente da Escola dos Engenheiros, apesar de ter outros empregos rendosos, quis ser inspetor da carteira cambial do banco da Bruzundanga. Conseguiu e, ao dia seguinte de sua nomeação, quando se tratou de afixar a taxa do câmbio, vendo que, na véspera havia sido de 15 3/16, o sábio doutor mandou que o fizesse no valor de 15 3/32. Um empregado objetou:
- Vossa Excelência quer fazer descer o câmbio?
- Como descer? Faça o que estou mandando! Sou doutor em matemática." (pág. 37)
"Os seus políticos são o pessoal mais medíocre que há. Apegam-se a velharias, a coisas estranhas à terra que dirigem, para achar solução às dificuldades do governo.
A primeira coisa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população." (pág. 42)
"O povo da Bruzundanga é doce e crente,mais supersticioso do que crente, e entre as suas superstições está esta do ouro. Ele nunca o viu, ele nunca sentiu o seu brilho fascinador; mas todo o bruzundanguense está certo de que possui no seu quintal um filão de ouro." (pág. 46)
"São assim como nós que temos grande admiração pelo Barão do Rio Branco por ter adjudicado ao Brasil não sei quantos milhares de quilômetros quadrados de terras, embora, em geral, nenhum de nós, tenha de seu nem os sete palmos de terra para deitarmos o cadáver." (pág. 54)
"Na Bruzundanga não existe absolutamente força armada. Há, porém, cento e setenta e cinco generais e oitenta e sete almirantes. Além disto, há quatro ou cinco milheiros de oficiais, tanto de terra como de mar, que se ocupam em fazer ofícios nas repartições." (pág. 62)
"Um senhor que conheci, fez-se uma celebridade em astronomia, com auxílio dos saraus que lhe eram oferecidos pelos amigos. Ele tinha em casa um óculo de bordo, montado sobre uma tripeça, que, por sua vez, se alcandorava em um mangrulho erguido na sua chácara." (pág. 83)
Autor: Lima Barreto
Páginas: 128
Os Bruzundangas é uma coleção de crônicas publicadas pelo autor em 1917 e 1918 e que depois, em 1922, se condensaram em um livro. O autor usa estas crônicas para falar de um país imaginário, a Bruzundanga, descrevendo as coisas absurdas e sem sentido que por lá acontecem. É uma sátira mordaz sobre a sociedade brasileira da época.
O interessante é que, ainda hoje, ao lermos as crônicas daquela época, verificamos que muitas coisas ainda continuam sem sentido, não se diferenciando muito da Bruzundanga. Excetuando-se a linguagem rebuscada da época, pode-se dizer que aquelas crônicas se ajustam perfeitamente ao país de hoje.
Alguns trechos interessantes:
"A glória das letras só as tem, quem a elas se dá inteiramente." (pág. 21)
"Um doutor de lá que era até lente da Escola dos Engenheiros, apesar de ter outros empregos rendosos, quis ser inspetor da carteira cambial do banco da Bruzundanga. Conseguiu e, ao dia seguinte de sua nomeação, quando se tratou de afixar a taxa do câmbio, vendo que, na véspera havia sido de 15 3/16, o sábio doutor mandou que o fizesse no valor de 15 3/32. Um empregado objetou:
- Vossa Excelência quer fazer descer o câmbio?
- Como descer? Faça o que estou mandando! Sou doutor em matemática." (pág. 37)
"Os seus políticos são o pessoal mais medíocre que há. Apegam-se a velharias, a coisas estranhas à terra que dirigem, para achar solução às dificuldades do governo.
A primeira coisa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população." (pág. 42)
"O povo da Bruzundanga é doce e crente,mais supersticioso do que crente, e entre as suas superstições está esta do ouro. Ele nunca o viu, ele nunca sentiu o seu brilho fascinador; mas todo o bruzundanguense está certo de que possui no seu quintal um filão de ouro." (pág. 46)
"São assim como nós que temos grande admiração pelo Barão do Rio Branco por ter adjudicado ao Brasil não sei quantos milhares de quilômetros quadrados de terras, embora, em geral, nenhum de nós, tenha de seu nem os sete palmos de terra para deitarmos o cadáver." (pág. 54)
"Na Bruzundanga não existe absolutamente força armada. Há, porém, cento e setenta e cinco generais e oitenta e sete almirantes. Além disto, há quatro ou cinco milheiros de oficiais, tanto de terra como de mar, que se ocupam em fazer ofícios nas repartições." (pág. 62)
"Um senhor que conheci, fez-se uma celebridade em astronomia, com auxílio dos saraus que lhe eram oferecidos pelos amigos. Ele tinha em casa um óculo de bordo, montado sobre uma tripeça, que, por sua vez, se alcandorava em um mangrulho erguido na sua chácara." (pág. 83)
sábado, 7 de abril de 2012
O diário de Nina
Título: O diário de Nina
Autor: Nina Lugovskaia
Páginas: 414
Considerei o livro uma propaganda enganosa: o destaque da capa ("o terror stalinista nos cadernos de uma menina soviética") está presente em, se muito, dez páginas do livro. O restante é apenas o conteúdo normal do diário de uma adolescente: garotos, escola, namoro, problemas familiares, etc.
Achei também que, ser detida, processa e encaminhada a um campo de prisioneiro, somente por algumas frases escritas contra o regime é, no mínimo, um absurdo. Mas, claro, estou analisando isso do ponto de vista de hoje, naquela época as coisas eram bem diferentes...
Trechos interessantes:
"Fico amargurada e ofendida ao constatar que meu ídolo começa a cair do trono sobre o qual foi colocado pela minha imaginação, unida à sua beleza." (pág. 49)
"Aquilo que habitualmente me tormenta, contudo, isso eu não digo a ninguém. Para quê? Alguns têm o péssimo hábito de espalhar tudo o que sabem." (pág. 54)
"'É próprio do homem ter esperança.' Penso que é verdade, não há homem que viva sem ter esperança, ela não nos abandona nem mesmo nos momentos mais terríveis da vida." (pág. 66)
"De início sofria terrivelmente, acontecia-me ter vontade de contar muitas coisas e de vez em quando eu o fazia, mas ninguém me escutava com atenção. Pelo contrário, com frequência eu percebia que aquilo que mais me importava não interessava nem um pouco aos outros." (pág. 80)
"Como é cruel a natureza, e como escarnece de nós! Ela me dotou de paixão, constância, uma rara e extraordinária paciência e até de uma certa força de vontade, mas depois se esqueceu de me dar o essencial: talento." (pág. 91)
"Os homens jamais verão o tempo em que no mundo todos serão iguais, quando um não terá o direito de coagir e ofender o outro, quando não existirão fortes que decidem tudo e fracos que não têm direitos." (pág. 95/96)
"Aquele sonho era belo justamente por ser sonho, eu me habituara a ele, gostava dele, mas... quando surgiu a possibilidade concreta de realizá-lo, eu me apavorei, sentia que isso não devia acontecer." (pág. 115)
"...até a beleza comporta sofrimentos, mas o que são eles comparados à felicidade que a beleza traz?" (pág. 135)
"...a vida fica tão aborrecida quando não há emoções!" (pág. 192)
"...mas em toda pessoa existem lados positivos, e ela também os tinha. Estava alegre, conversadeira, e com ela não me senti embaraçada. Em geral, nesse tipo de situação as pessoas se tornam melhores e mais solidárias, já que o mal nasce do ócio." (pág. 302)
"Aprendi a considerar com serenidade os meus defeitos, portanto aprendi a não me dar por vencida, porque me enfurecer e virar bicho significa admitir que a luta é desigual." (pág. 308)
Autor: Nina Lugovskaia
Páginas: 414
Considerei o livro uma propaganda enganosa: o destaque da capa ("o terror stalinista nos cadernos de uma menina soviética") está presente em, se muito, dez páginas do livro. O restante é apenas o conteúdo normal do diário de uma adolescente: garotos, escola, namoro, problemas familiares, etc.
Achei também que, ser detida, processa e encaminhada a um campo de prisioneiro, somente por algumas frases escritas contra o regime é, no mínimo, um absurdo. Mas, claro, estou analisando isso do ponto de vista de hoje, naquela época as coisas eram bem diferentes...
Trechos interessantes:
"Fico amargurada e ofendida ao constatar que meu ídolo começa a cair do trono sobre o qual foi colocado pela minha imaginação, unida à sua beleza." (pág. 49)
"Aquilo que habitualmente me tormenta, contudo, isso eu não digo a ninguém. Para quê? Alguns têm o péssimo hábito de espalhar tudo o que sabem." (pág. 54)
"'É próprio do homem ter esperança.' Penso que é verdade, não há homem que viva sem ter esperança, ela não nos abandona nem mesmo nos momentos mais terríveis da vida." (pág. 66)
"De início sofria terrivelmente, acontecia-me ter vontade de contar muitas coisas e de vez em quando eu o fazia, mas ninguém me escutava com atenção. Pelo contrário, com frequência eu percebia que aquilo que mais me importava não interessava nem um pouco aos outros." (pág. 80)
"Como é cruel a natureza, e como escarnece de nós! Ela me dotou de paixão, constância, uma rara e extraordinária paciência e até de uma certa força de vontade, mas depois se esqueceu de me dar o essencial: talento." (pág. 91)
"Os homens jamais verão o tempo em que no mundo todos serão iguais, quando um não terá o direito de coagir e ofender o outro, quando não existirão fortes que decidem tudo e fracos que não têm direitos." (pág. 95/96)
"Aquele sonho era belo justamente por ser sonho, eu me habituara a ele, gostava dele, mas... quando surgiu a possibilidade concreta de realizá-lo, eu me apavorei, sentia que isso não devia acontecer." (pág. 115)
"...até a beleza comporta sofrimentos, mas o que são eles comparados à felicidade que a beleza traz?" (pág. 135)
"...a vida fica tão aborrecida quando não há emoções!" (pág. 192)
"...mas em toda pessoa existem lados positivos, e ela também os tinha. Estava alegre, conversadeira, e com ela não me senti embaraçada. Em geral, nesse tipo de situação as pessoas se tornam melhores e mais solidárias, já que o mal nasce do ócio." (pág. 302)
"Aprendi a considerar com serenidade os meus defeitos, portanto aprendi a não me dar por vencida, porque me enfurecer e virar bicho significa admitir que a luta é desigual." (pág. 308)
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