Título: O diário de Nina
Autor: Nina Lugovskaia
Páginas: 414
Considerei o livro uma propaganda enganosa: o destaque da capa ("o terror stalinista nos cadernos de uma menina soviética") está presente em, se muito, dez páginas do livro. O restante é apenas o conteúdo normal do diário de uma adolescente: garotos, escola, namoro, problemas familiares, etc.
Achei também que, ser detida, processa e encaminhada a um campo de prisioneiro, somente por algumas frases escritas contra o regime é, no mínimo, um absurdo. Mas, claro, estou analisando isso do ponto de vista de hoje, naquela época as coisas eram bem diferentes...
Trechos interessantes:
"Fico amargurada e ofendida ao constatar que meu ídolo começa a cair do trono sobre o qual foi colocado pela minha imaginação, unida à sua beleza." (pág. 49)
"Aquilo que habitualmente me tormenta, contudo, isso eu não digo a ninguém. Para quê? Alguns têm o péssimo hábito de espalhar tudo o que sabem." (pág. 54)
"'É próprio do homem ter esperança.' Penso que é verdade, não há homem que viva sem ter esperança, ela não nos abandona nem mesmo nos momentos mais terríveis da vida." (pág. 66)
"De início sofria terrivelmente, acontecia-me ter vontade de contar muitas coisas e de vez em quando eu o fazia, mas ninguém me escutava com atenção. Pelo contrário, com frequência eu percebia que aquilo que mais me importava não interessava nem um pouco aos outros." (pág. 80)
"Como é cruel a natureza, e como escarnece de nós! Ela me dotou de paixão, constância, uma rara e extraordinária paciência e até de uma certa força de vontade, mas depois se esqueceu de me dar o essencial: talento." (pág. 91)
"Os homens jamais verão o tempo em que no mundo todos serão iguais, quando um não terá o direito de coagir e ofender o outro, quando não existirão fortes que decidem tudo e fracos que não têm direitos." (pág. 95/96)
"Aquele sonho era belo justamente por ser sonho, eu me habituara a ele, gostava dele, mas... quando surgiu a possibilidade concreta de realizá-lo, eu me apavorei, sentia que isso não devia acontecer." (pág. 115)
"...até a beleza comporta sofrimentos, mas o que são eles comparados à felicidade que a beleza traz?" (pág. 135)
"...a vida fica tão aborrecida quando não há emoções!" (pág. 192)
"...mas em toda pessoa existem lados positivos, e ela também os tinha. Estava alegre, conversadeira, e com ela não me senti embaraçada. Em geral, nesse tipo de situação as pessoas se tornam melhores e mais solidárias, já que o mal nasce do ócio." (pág. 302)
"Aprendi a considerar com serenidade os meus defeitos, portanto aprendi a não me dar por vencida, porque me enfurecer e virar bicho significa admitir que a luta é desigual." (pág. 308)
sábado, 7 de abril de 2012
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Um comentário:
Esse livro é ótimo! Que pena que não tem a mesma repercussão que O Diário de Anne Frank, mas amei!
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