Título: Os Bruzundangas
Autor: Lima Barreto
Páginas: 128
Os Bruzundangas é uma coleção de crônicas publicadas pelo autor em 1917 e 1918 e que depois, em 1922, se condensaram em um livro. O autor usa estas crônicas para falar de um país imaginário, a Bruzundanga, descrevendo as coisas absurdas e sem sentido que por lá acontecem. É uma sátira mordaz sobre a sociedade brasileira da época.
O interessante é que, ainda hoje, ao lermos as crônicas daquela época, verificamos que muitas coisas ainda continuam sem sentido, não se diferenciando muito da Bruzundanga. Excetuando-se a linguagem rebuscada da época, pode-se dizer que aquelas crônicas se ajustam perfeitamente ao país de hoje.
Alguns trechos interessantes:
"A glória das letras só as tem, quem a elas se dá inteiramente." (pág. 21)
"Um doutor de lá que era até lente da Escola dos Engenheiros, apesar de ter outros empregos rendosos, quis ser inspetor da carteira cambial do banco da Bruzundanga. Conseguiu e, ao dia seguinte de sua nomeação, quando se tratou de afixar a taxa do câmbio, vendo que, na véspera havia sido de 15 3/16, o sábio doutor mandou que o fizesse no valor de 15 3/32. Um empregado objetou:
- Vossa Excelência quer fazer descer o câmbio?
- Como descer? Faça o que estou mandando! Sou doutor em matemática." (pág. 37)
"Os seus políticos são o pessoal mais medíocre que há. Apegam-se a velharias, a coisas estranhas à terra que dirigem, para achar solução às dificuldades do governo.
A primeira coisa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população." (pág. 42)
"O povo da Bruzundanga é doce e crente,mais supersticioso do que crente, e entre as suas superstições está esta do ouro. Ele nunca o viu, ele nunca sentiu o seu brilho fascinador; mas todo o bruzundanguense está certo de que possui no seu quintal um filão de ouro." (pág. 46)
"São assim como nós que temos grande admiração pelo Barão do Rio Branco por ter adjudicado ao Brasil não sei quantos milhares de quilômetros quadrados de terras, embora, em geral, nenhum de nós, tenha de seu nem os sete palmos de terra para deitarmos o cadáver." (pág. 54)
"Na Bruzundanga não existe absolutamente força armada. Há, porém, cento e setenta e cinco generais e oitenta e sete almirantes. Além disto, há quatro ou cinco milheiros de oficiais, tanto de terra como de mar, que se ocupam em fazer ofícios nas repartições." (pág. 62)
"Um senhor que conheci, fez-se uma celebridade em astronomia, com auxílio dos saraus que lhe eram oferecidos pelos amigos. Ele tinha em casa um óculo de bordo, montado sobre uma tripeça, que, por sua vez, se alcandorava em um mangrulho erguido na sua chácara." (pág. 83)
segunda-feira, 28 de maio de 2012
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