Título: O rei branco
Autor: Gyorgy Dragomán
Páginas: 256
O regime totalitário na visão de um menino de 12 anos. Dzsáta vê a polícia do Estado levar seu pai, mas não sabe para onde nem o motivo. Com o passar do tempo vai tomando consciência da situação e, em meio a problemas na escola, com a mãe, com o avô e tudo mais, aguarda ansioso pelo dia em que o pai vai retornar.
A história é interessante, mesmo sendo povoada de nomes impronunciáveis, mas... o que não me agradou foi o fato do livro ser todo narrado em primeira pessoa. Não há um diálogo no livro inteiro, os trechos são do tipo "eu disse isso, então ele disse aquilo e aí eu falei assim...". Isso, sem dúvida, pode ter o seu valor literário, mas torna a leitura muito enfadonha.
Trechos interessantes:
"...fiquei lá sentado martelando o canivete e pensando em como deveria ser ruim ser cego, viver em uma escuridão permanente, enxergar apenas por meio de uma bengala, e no instante em que eu estava pensando isso alguém tapou meus olhos por trás." (pág. 52)
"Eu acenei com a cabeça, mas não disse nada, o importante é que enquanto não nos fazem perguntas não devemos dizer nada porque isso só cria problemas..." (pág. 77)
"...e então a comandante dos Pioneiros fez que sim e disse que meus pensamentos eram patrióticos e faziam o Estado progredir no caminho da paz..." (pág. 86)
"...e disse que eu deveria ser um bom rapaz e deveria esperar pela minha mãe e não deveria tocar em nada, e, principalamente, não deveria tentar roubar nada, pois pagaria por isso, em seguida disse de novo que conhecia bem as crianças, sabia que eram todas pequenas ladras em quem não se podia confiar por um instante sequer, de modo que era para eu me cuidar, pois no lugar de onde aqueles objetos vinham se costumava furar os olhos dos ladrões." (pág. 143)
"...fiquei ali sentando olhando uma coisa atrás da outra, e tentei imaginar como seria se não a tivesse, se eu a procuraria ou se desejaria brincar com ela, os Matchbox, por exemplo, há um ano pelo menos não os tirava da gaveta, tirar pó eu também não tirava havia muito tempo, conhecia de cor a maioria das histórias em quadrinhos e só as olhava muito raramente, mas não conseguia imaginar o que sentiria se, digamos, abrisse a gaveta dos Matchbox e a visse completamente vazia ou se olhasse para a estante e visse que não havia nela nenhuma história em quadrinhos." (pág. 151)
"Máriusz olhou diretamente para o túnel de castanha na prateleira, apontou para ele com a mão, perguntou o que era aquilo, e aí eu não aguentei, não consegui ficar calado, disse que não era nada, não era do interesse dele, mas ao falar tive certeza de que não adiantaria, pois minha mãe olhou para mim e sorriu um sorriso severo, frio, e disse filhinho parece que você recebeu um convidado..." (pág. 180)
"...minha mãe ia saber que tinha brigado de novo, embora tivesse lhe prometido que nunca mais brigaria. Picareta disse que no mundo de hoje não poderíamos prometer uma coisa dessas." (pág. 211)
sábado, 21 de julho de 2012
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