quinta-feira, 19 de julho de 2012

Germinal

Título: Germinal
Autor: Émile Zola
Páginas: 254

A vida cruel e sofredora dos trabalhadores das minas de carvão da França no século XIX é o principal tema abordado no livro. Trabalhando em condições sub-humanas e ganhando o que mal dá para a sobrevivência, os mineiros são forçados (após ameaça de reduzirem ainda mais os salários) a iniciarem uma greve. Mas a greve se prolonga mais que o planejado e a fome e o desespero se instalam de vez na vida dos trabalhadores.

A história em si é interessante, ainda mais quando a tradução usa de vocabulário simples, facilitando o entendimento. O autor viveu na pele a dura realidade dos mineiros e conseguiu transmitir isso aos leitores. Um livro amplamente recomendado.

Trechos interessantes:

"Apague a vela, não preciso ver a cor dos meus pensamentos." (pág. 21)

"Mas os mineiros, no fundo de suas tocas de toupeira, sob o peso da terra, sem o ar nos pulmões, continuavam a cavar." (pág. 29)

"Por que ele iria interferir? Quando as moças dizem não, é porque gostam de apanhar antes." (pág. 45)

"Se o salário cai, os operários morrem, e a procura de novos trabalhadores faz aumentar o salário. Se o salário sobe muito, a oferta de mão-de-obra faz o salário baixar... É o equilíbrio das barrigas vazias, a condenação à fome eterna." (pág. 52)

"Com o passar do tempo Étienne começou a entender melhor as novas ideias que fervilhavam em sua mente. Havia uma série de perguntas a ser respondidas: por que alguns eram tão pobres e outros tão ricos? Por que os ricos exploravam os pobres, que nunca tinham vez? A primeira etapa foi tentar compreender sua própria ignorância." (pág. 57/58)

"Mais quinze dias de greve e estaria falido. E, na certeza do seu desastre, não sentia mais raiva dos grevistas de Montsou; a culpa era geral, secular. Eram brutos, sim, mas brutos que não sabiam ler e morriam de fome." (pág. 131)

"Quem era o idiota que punha a felicidade do mundo na distribuição da riqueza? Não, o único bem era não ser, ou, sendo, ser a árvore, ser a pedra, menos ainda, ser o grão de areia que não sangra ao ser pisoteado." (pág. 140)

"Como seria fácil a revolução triunfar se o exército passasse para o lado do povo! Bastava que o operário e o camponês, nas casernas, se lembrassem da sua origem. Esse era o perigo supremo, que fazia os burgueses tremerem de medo, só de imaginar que os soldados pudessem aderir à luta do povo." (pág. 151)

"Enquanto tiverem alguma posse, nunca serão dignos de felicidade; seu ódio aos burgueses é apenas o desejo de ser como eles." (pág. 159)

"...e aqueles dois homens que se desprezavam, o operário revoltado e o chefe cético, se atiraram nos braços um do outro e choraram e soluçaram muito, resumindo a emoção profunda de toda a humanidade." (pág. 228)

Nenhum comentário: