Autor: Neumar Silva
Páginas: 144
Recebi o livro de presente de um amigo de longa data, amigo
este que também aprecia uma boa leitura. O presente me deixou duplamente feliz,
pois, além de receber um livro de presente, trata-se de um material da minha
cidade, comentando as coisas que presenciei de fato. Quantas lembranças!
O livro retrata aspectos da cidade de Goiânia na
década de 80, as lojas comerciais do centro e que hoje não existem mais, os
pontos pitorescos, as pessoas que acabaram se destacando no cenário urbano e
que hoje poucos se recordam. Enfim é um livro de lembranças, boas lembranças, e
só quem as viveu sabe o prazer disso.
Trechos interessantes:
Naquele tempo, Jorge
trabalhava como vendedor numa loja de departamento. Muito elegante, com roupas
muito bem cuidadas por sua mãe, dona Maria Inês. Não faziam parte do uniforme
da loja, mas Jorge fazia questão de usar camisas de mangas longas, calças
estilo social, gravatas e, claro, cabelos longos. Fazia questão de manter a boa
aparência, pois acreditava que o mundo tratava melhor quem se apresentava bem!
(pág. 18)
Jorge deu seu primeiro
passo na carreira profissional, como disse, nas Casas Buri no início do
primeiro ano da década de 1980 como empacotador, organizador de sessão (tipo
faz de tudo mesmo, badeco) e entregador de carnês, quando os clientes compravam
a prestações (crediário). A maioria das vendas da loja era feita através dessa
modalidade de pagamento, e, no mês seguinte, os clientes recebiam em suas
residências os carnês para efetuar o pagamento. (pág. 19)
No amplo salão, os
vendedores disputavam os supostos melhores clientes, quase no “tapa”. Sim, era
uma disputa muito acirrada para conseguir o provável cliente em potencial que
eles os chamavam de BOI (cliente potencialmente importante, venda volumosa), NÓ
CEGO (aquele cliente que pechinchava, pechinchava e nunca comprava) ou CRAVO,
COCO, ESPINHO (o mesmo que nó cego). (pág. 28)
Maurício Vicente de
Oliveira, o “Mauricinho Hippie”, artista plástico e precursor da tradicional
Feira Hippie de Goiânia, seja talvez um dos principais artistas de rua que a
cidade já nos apresentou. De longe já se podia notar a chegada do artista, pelo
seu forte e estridente sibilo, montado em sua inseparável bicicleta
cor-de-rosa, que chamavam a atenção de todos. (pág. 31)
A seleção brasileira
decepcionou até mesmo o mais pessimista torcedor do futebol mundial. O Brasil
do técnico Telê Santana sucumbiu diante da poderosa seleção da Itália no
Estádio Sarriá, em Barcelona, Espanha. “Tragédia do Sarriá” foi como ficou
conhecida a “batalha”, com o placar final de Brasil 2x3 Itália, partida da
segunda fase da copa do mundo de 1982 disputada em 5 de julho daquele ano. A
seleção brasileira caiu nas oitavas, segunda fase, portanto. (pág. 37)
Rosa Maria tinha uma rotina
todas as manhãs. Assim que se levantava da cama —apesar das limitações físicas
nas pernas, nada a impedia de se locomover para qualquer parte do sítio —,
pegava seu copinho favorito com café e um pouquinho de açúcar e ia até o
curral, onde Paulo fazia a ordenha, e bebia todas as manhãs café com leite
quente, de forma natural. Esse era seu café da manhã predileto: café com leite
natural! (pág. 90)
Como seria poder ter uma
vida normal novamente? Ir à escola, como todos os seus amigos, era possível?
Brincar e correr no intervalo das aulas no pátio do colégio. Estes eram os
pensamentos modestos da garota. Imaginando que poderia fazer tudo isso ao final
daquilo que parecia ser um grande pesadelo, que nunca terminaria, e agora sua
chance era real. Faltavam poucos dias. (pág. 121)
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