sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Década de 1980, o começo de uma história: a incansável luta pela vida



Título: Década de 1980, o começo de uma história: a incansável luta pela vida
Autor: Neumar Silva
Páginas: 144

Recebi o livro de presente de um amigo de longa data, amigo este que também aprecia uma boa leitura. O presente me deixou duplamente feliz, pois, além de receber um livro de presente, trata-se de um material da minha cidade, comentando as coisas que presenciei de fato. Quantas lembranças!

O livro retrata aspectos da cidade de Goiânia na década de 80, as lojas comerciais do centro e que hoje não existem mais, os pontos pitorescos, as pessoas que acabaram se destacando no cenário urbano e que hoje poucos se recordam. Enfim é um livro de lembranças, boas lembranças, e só quem as viveu sabe o prazer disso.

Trechos interessantes:

Naquele tempo, Jorge trabalhava como vendedor numa loja de departamento. Muito elegante, com roupas muito bem cuidadas por sua mãe, dona Maria Inês. Não faziam parte do uniforme da loja, mas Jorge fazia questão de usar camisas de mangas longas, calças estilo social, gravatas e, claro, cabelos longos. Fazia questão de manter a boa aparência, pois acreditava que o mundo tratava melhor quem se apresentava bem! (pág. 18)

Jorge deu seu primeiro passo na carreira profissional, como disse, nas Casas Buri no início do primeiro ano da década de 1980 como empacotador, organizador de sessão (tipo faz de tudo mesmo, badeco) e entregador de carnês, quando os clientes compravam a prestações (crediário). A maioria das vendas da loja era feita através dessa modalidade de pagamento, e, no mês seguinte, os clientes recebiam em suas residências os carnês para efetuar o pagamento. (pág. 19)

No amplo salão, os vendedores disputavam os supostos melhores clientes, quase no “tapa”. Sim, era uma disputa muito acirrada para conseguir o provável cliente em potencial que eles os chamavam de BOI (cliente potencialmente importante, venda volumosa), NÓ CEGO (aquele cliente que pechinchava, pechinchava e nunca comprava) ou CRAVO, COCO, ESPINHO (o mesmo que nó cego). (pág. 28)

Maurício Vicente de Oliveira, o “Mauricinho Hippie”, artista plástico e precursor da tradicional Feira Hippie de Goiânia, seja talvez um dos principais artistas de rua que a cidade já nos apresentou. De longe já se podia notar a chegada do artista, pelo seu forte e estridente sibilo, montado em sua inseparável bicicleta cor-de-rosa, que chamavam a atenção de todos. (pág. 31)

A seleção brasileira decepcionou até mesmo o mais pessimista torcedor do futebol mundial. O Brasil do técnico Telê Santana sucumbiu diante da poderosa seleção da Itália no Estádio Sarriá, em Barcelona, Espanha. “Tragédia do Sarriá” foi como ficou conhecida a “batalha”, com o placar final de Brasil 2x3 Itália, partida da segunda fase da copa do mundo de 1982 disputada em 5 de julho daquele ano. A seleção brasileira caiu nas oitavas, segunda fase, portanto. (pág. 37)

Rosa Maria tinha uma rotina todas as manhãs. Assim que se levantava da cama —apesar das limitações físicas nas pernas, nada a impedia de se locomover para qualquer parte do sítio —, pegava seu copinho favorito com café e um pouquinho de açúcar e ia até o curral, onde Paulo fazia a ordenha, e bebia todas as manhãs café com leite quente, de forma natural. Esse era seu café da manhã predileto: café com leite natural! (pág. 90)

Como seria poder ter uma vida normal novamente? Ir à escola, como todos os seus amigos, era possível? Brincar e correr no intervalo das aulas no pátio do colégio. Estes eram os pensamentos modestos da garota. Imaginando que poderia fazer tudo isso ao final daquilo que parecia ser um grande pesadelo, que nunca terminaria, e agora sua chance era real. Faltavam poucos dias. (pág. 121)

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