terça-feira, 24 de julho de 2018

Você está aqui



Título: Você está aqui
Autor: Christopher Potter
Páginas: 358

Nada como um livro desses para jogar um balde de água fria na ilusão do ser humano de se achar superior a tudo. Aqui se consegue perceber a transitoriedade e diminuta importância da raça humana. O que é o ser humano comparado com a vastidão do cosmos?

O livro discute a eterna dúvida do ser humano: ‘de onde viemos e para onde vamos?’, pergunta esta que não tem sentido ou talvez nunca seja respondida. Vários assuntos são abordados como o tempo de existência do universo, dimensão e existência de outros universos, tempo de vida do nosso sol, dimensão do átomo e suas partículas, surgimento da vida e vários outros temas que o ser humano anseia desesperadamente por respostas. Haverá resposta?

Trechos interessantes:

“Se o Universo inclui tudo o que existe, onde ele está incluído? Agora sabemos, nos dizem os cientistas, que o Universo visível é uma região de radiação que evoluiu e que não está incluída em parte alguma. Mas essa descrição levanta perguntas ainda mais perturbadoras que a pergunta que esperávamos fosse respondida em primeiro lugar, e por isso logo colocamos o Universo de volta em sua caixa e tentamos pensar em alguma outra coisa.” (pág. 12)

“Os seres humanos estão numa enroscada. Por um lado sabemos que existe alguma coisa, pois todos estamos certos da nossa existência; mas sabemos também que o nada existe, porque temos medo de termos vindo de lá e de para lá estarmos nos dirigindo. Nosso intelecto sabe que o nada da morte é inescapável, mas na verdade não acreditamos nisso. “Somos todos imortais enquanto estivermos vivos”, nos lembra o romancista americano John Updike.” (pág. 13)

“Mesmo materialistas linha-dura como o físico teórico inglês Stephen Hawking (1942) e o físico americano Steven Weinberg (1933) borrifam seus escritos com argumentos sobre a possível natureza de um Deus em que não acreditam. Hawking nos diz que podemos na verdade estar perto de conhecer a mente de Deus, enquanto Weinberg, mais imparcial, afirma que “a ciência não torna impossível acreditar em Deus. Simplesmente torna possível não acreditar em Deus”. “ (pág. 17)

“Em 2006, Stephen Hawking escreveu que a grande esperança da espécie humana de sobrevivência no futuro seria abandonar a Terra e procurar um novo mundo. Mas, enquanto isso, pode ser uma boa ideia ter um Plano B.” (pág. 20)

“Todos os objetos no sistema solar situados além da órbita de Netuno são chamados objetos transnetunianos.
Plutão, antes considerado o menor planeta do sistema solar, agora é definido como planeta anão. Plutão tem órbita excêntrica que o leva mais perto do Sol que Netuno, mas também muito além da órbita máxima de Netuno. Descoberto em 1930, Plutão deixou de ser um planeta em agosto de 2006, quando foi rebaixado a planeta anão e recebeu o número 134340. É o equivalente astronômico, não se pode deixar de pensar, de ser mandado de volta para o fundo da sala de aula. Quando este livro estava sendo escrito, o verbete Plutão na enciclopédia on-line Wikipedia estava bloqueado por causa de vandalismos. Parece ter havido tentativas de recuperar seu status planetário.” (pág. 39/40)

“Cometas são feitos de pó e gelo. Alguns, como o Halley, têm órbitas excêntricas que os aproximam do Sol. Nesses períodos, emergindo das profundezas geladas do sistema solar, parte do gelo é derretida pelo calor do Sol e vista da Terra como uma cauda. Embora chamemos de cauda, a “cauda” de um cometa é um vapor expelido pelo fluxo de partículas que emanam do Sol chamadas de vento solar. Por isso está sempre apontada para o lado oposto do Sol, quer o cometa esteja se aproximando ou se afastando do Sol.” (pág. 40)

“O filósofo e teólogo santo Agostinho (354-430) acreditava que o tempo era uma experiência subjetiva: “Se ninguém me perguntar, eu sei; mas, se eu quiser explicar a alguém que me perguntar, eu não sei”.” (pág. 69)
“O que sabemos de Pitágoras vem de relatos contraditórios escritos duzentos anos após sua morte. Hoje se sabe que não foi ele quem descobriu o teorema que leva seu nome, nem a relação entre os intervalos musicais e os números simples, também atribuída a ele.” (pág. 84)

“Estamos mais dispostos a aceitar a ideia de um lugar que contenha tudo do que um lugar que, de forma simétrica, deveria conter uma noção do que é o nada. O espaço contém tudo, mas onde está o nada?” (pág. 126)

“Hawking e Hartle afirmam que não há sentido em perguntar como o Universo começou, pois não havia nada parecido com o tempo na época. “No princípio” não é o princípio dessa história, porque o tempo se torna uma dimensão do espaço em altas energias.” (pág. 189)

“A natureza provisória da ciência é a sua força, não uma fraqueza. Chamar algo de teoria não significa que seja apenas uma ideia: a teoria é a forma mais avançada da explicação científica. A ciência segue um caminho provisório; é a sua natureza.” (pág. 214)

“Se estivermos certos quanto à teoria do Big Bang, temos que acreditar que 23% do Universo é formado por uma matéria que não conseguimos ver, 73% estão na forma de energia escura, e só 4% são de matéria normal. Por outro lado, toda essa matéria que falta pode ser uma prova de que a teoria do Big Bang está desmoronando. No entanto, a teoria do Big Bang tem sido tão bem-sucedida de tantas formas que poucos cientistas duvidam de sua capacidade para descrever a maior parte do que o Universo contém. De qualquer forma, não temos uma alternativa à teoria do Big Bang, e em última análise nosso desejo é de que nossas teorias fracassem para podermos encontrar teorias melhores. É descobrindo o que há de errado numa teoria que a ciência avança. A atual teoria pode ser corrigida ou substituída, talvez por uma teoria com uma abordagem radicalmente diferente.” (pág. 223)

“O primeiro requisito para encontrar outro exemplo de alguma coisa, seja o que for, é termos entendido o que na verdade é essa alguma coisa. Não é difícil reconhecer outra bola quando vemos uma, mas para entender o que poderia ser outra Terra, primeiro precisamos saber o que fará esta Terra parecer especial; só então saberemos o que procurar em outra Terra.” (pág. 236)

“Parece provável que a vida na Terra não tenha começado do zero. Moléculas sofisticadas que se transformaram em vida se formaram no espaço cósmico muito antes de a Terra existir. Quando nos perguntamos onde encontrar vida alienígena, talvez estejamos procurando no lugar errado. Nós somos vida alienígena. Viemos lá de fora e pode haver outras vidas alienígenas (provavelmente bacterianas) aqui na Terra que ainda não foram descobertas.” (pág. 241)

“A espécie humana surgiu por acaso a partir da vastidão do passado remoto e da multiplicidade de formas de vida que evoluíram. Nesse sentido, a história da complexidade evolutiva do Universo não tem nada a ver conosco.” (pág. 289)

“A natureza não seleciona pelo mais cerebral, mas sim pelo mais apto. Nem mais apto significa o mais forte: significa mais capaz de se adaptar ao ambiente em que habita. O psicólogo britânico Nicholas Humphrey (1943) escreveu sobre uma espécie de macaco inteligente o bastante para partir uma noz muito difícil de abrir. Mas o interior da fruta por azar se revela venenoso. Nesse caso, os macacos mais aptos dessa população são os que não são inteligentes para conseguir chegar até o fruto.” (pág. 302)

“A ciência e a religião aliviam o sofrimento no mundo, mas também aumentam o sofrimento no mundo. Se a religião com frequência é motivo para guerras, é a ciência que fornece formas cada vez mais sofisticadas de matar pessoas.” (pág. 316)

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