Autor: Christopher
Potter
Páginas: 358
Nada como um livro desses para jogar um
balde de água fria na ilusão do ser humano de se achar superior a tudo. Aqui se
consegue perceber a transitoriedade e diminuta importância da raça humana. O
que é o ser humano comparado com a vastidão do cosmos?
O livro discute a eterna dúvida do ser
humano: ‘de onde viemos e para onde vamos?’, pergunta esta que não tem sentido
ou talvez nunca seja respondida. Vários assuntos são abordados como o tempo de
existência do universo, dimensão e existência de outros universos, tempo de
vida do nosso sol, dimensão do átomo e suas partículas, surgimento da vida e
vários outros temas que o ser humano anseia desesperadamente por respostas.
Haverá resposta?
Trechos interessantes:
“Se
o Universo inclui tudo o que existe, onde ele está incluído? Agora sabemos, nos
dizem os cientistas, que o Universo visível é uma região de radiação que
evoluiu e que não está incluída em parte alguma. Mas essa descrição levanta
perguntas ainda mais perturbadoras que a pergunta que esperávamos fosse
respondida em primeiro lugar, e por isso logo colocamos o Universo de volta em
sua caixa e tentamos pensar em alguma outra coisa.” (pág. 12)
“Os
seres humanos estão numa enroscada. Por um lado sabemos que existe alguma
coisa, pois todos estamos certos da nossa existência; mas sabemos também que o
nada existe, porque temos medo de termos vindo de lá e de para lá estarmos nos
dirigindo. Nosso intelecto sabe que o nada da morte é inescapável, mas na
verdade não acreditamos nisso. “Somos todos imortais enquanto estivermos
vivos”, nos lembra o romancista americano John Updike.” (pág. 13)
“Mesmo
materialistas linha-dura como o físico teórico inglês Stephen Hawking (1942) e
o físico americano Steven Weinberg (1933) borrifam seus escritos com argumentos
sobre a possível natureza de um Deus em que não acreditam. Hawking nos diz que
podemos na verdade estar perto de conhecer a mente de Deus, enquanto Weinberg,
mais imparcial, afirma que “a ciência não torna impossível acreditar em Deus.
Simplesmente torna possível não acreditar em Deus”. “ (pág. 17)
“Em
2006, Stephen Hawking escreveu que a grande esperança da espécie humana de
sobrevivência no futuro seria abandonar a Terra e procurar um novo mundo. Mas,
enquanto isso, pode ser uma boa ideia ter um Plano B.” (pág. 20)
“Todos
os objetos no sistema solar situados além da órbita de Netuno são chamados
objetos transnetunianos.
Plutão,
antes considerado o menor planeta do sistema solar, agora é definido como
planeta anão. Plutão tem órbita excêntrica que o leva mais perto do Sol que
Netuno, mas também muito além da órbita máxima de Netuno. Descoberto em 1930,
Plutão deixou de ser um planeta em agosto de 2006, quando foi rebaixado a
planeta anão e recebeu o número 134340. É o equivalente astronômico, não se
pode deixar de pensar, de ser mandado de volta para o fundo da sala de aula.
Quando este livro estava sendo escrito, o verbete Plutão na enciclopédia
on-line Wikipedia estava bloqueado por causa de vandalismos. Parece ter havido
tentativas de recuperar seu status planetário.” (pág. 39/40)
“Cometas
são feitos de pó e gelo. Alguns, como o Halley, têm órbitas excêntricas que os
aproximam do Sol. Nesses períodos, emergindo das profundezas geladas do sistema
solar, parte do gelo é derretida pelo calor do Sol e vista da Terra como uma
cauda. Embora chamemos de cauda, a “cauda” de um cometa é um vapor expelido
pelo fluxo de partículas que emanam do Sol chamadas de vento solar. Por isso
está sempre apontada para o lado oposto do Sol, quer o cometa esteja se
aproximando ou se afastando do Sol.” (pág. 40)
“O
filósofo e teólogo santo Agostinho (354-430) acreditava que o tempo era uma
experiência subjetiva: “Se ninguém me perguntar, eu sei; mas, se eu quiser
explicar a alguém que me perguntar, eu não sei”.” (pág. 69)
“O
que sabemos de Pitágoras vem de relatos contraditórios escritos duzentos anos após
sua morte. Hoje se sabe que não foi ele quem descobriu o teorema que leva seu
nome, nem a relação entre os intervalos musicais e os números simples, também
atribuída a ele.” (pág. 84)
“Estamos
mais dispostos a aceitar a ideia de um lugar que contenha tudo do que um lugar
que, de forma simétrica, deveria conter uma noção do que é o nada. O espaço
contém tudo, mas onde está o nada?” (pág. 126)
“Hawking
e Hartle afirmam que não há sentido em perguntar como o Universo começou, pois
não havia nada parecido com o tempo na época. “No princípio” não é o princípio
dessa história, porque o tempo se torna uma dimensão do espaço em altas
energias.” (pág. 189)
“A
natureza provisória da ciência é a sua força, não uma fraqueza. Chamar algo de
teoria não significa que seja apenas uma ideia: a teoria é a forma mais
avançada da explicação científica. A ciência segue um caminho provisório; é a
sua natureza.” (pág. 214)
“Se
estivermos certos quanto à teoria do Big Bang, temos que acreditar que 23% do
Universo é formado por uma matéria que não conseguimos ver, 73% estão na forma
de energia escura, e só 4% são de matéria normal. Por outro lado, toda essa
matéria que falta pode ser uma prova de que a teoria do Big Bang está
desmoronando. No entanto, a teoria do Big Bang tem sido tão bem-sucedida de
tantas formas que poucos cientistas duvidam de sua capacidade para descrever a
maior parte do que o Universo contém. De qualquer forma, não temos uma
alternativa à teoria do Big Bang, e em última análise nosso desejo é de que
nossas teorias fracassem para podermos encontrar teorias melhores. É
descobrindo o que há de errado numa teoria que a ciência avança. A atual teoria
pode ser corrigida ou substituída, talvez por uma teoria com uma abordagem
radicalmente diferente.” (pág. 223)
“O
primeiro requisito para encontrar outro exemplo de alguma coisa, seja o que
for, é termos entendido o que na verdade é essa alguma coisa. Não é difícil
reconhecer outra bola quando vemos uma, mas para entender o que poderia ser
outra Terra, primeiro precisamos saber o que fará esta Terra parecer especial;
só então saberemos o que procurar em outra Terra.” (pág. 236)
“Parece
provável que a vida na Terra não tenha começado do zero. Moléculas sofisticadas
que se transformaram em vida se formaram no espaço cósmico muito antes de a
Terra existir. Quando nos perguntamos onde encontrar vida alienígena, talvez
estejamos procurando no
lugar errado. Nós somos vida alienígena. Viemos lá de fora e pode haver outras
vidas alienígenas (provavelmente bacterianas) aqui na Terra que ainda não foram
descobertas.” (pág. 241)
“A espécie humana surgiu
por acaso a partir da vastidão do passado remoto e da multiplicidade de formas
de vida que evoluíram. Nesse sentido, a história da complexidade evolutiva do
Universo não tem nada a ver conosco.” (pág. 289)
“A natureza não seleciona
pelo mais cerebral, mas sim pelo mais apto. Nem mais apto significa o mais
forte: significa mais capaz de se adaptar ao ambiente em que habita. O
psicólogo britânico Nicholas Humphrey (1943) escreveu sobre uma espécie de
macaco inteligente o bastante para partir uma noz muito difícil de abrir. Mas o
interior da fruta por azar se revela venenoso. Nesse caso, os macacos mais
aptos dessa população são os que não são inteligentes para conseguir chegar até
o fruto.” (pág. 302)
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