Título: O leitor de almas
Autor: Paul Harper
Páginas: 228
Vera List é uma psicanalista que suspeita que duas de suas clientes estão tendo um caso com o mesmo homem. O fato em si não teria maiores consequências, se Vera não sentisse que o caso com suas clientes possuem situações similares e estão caminhando a passos rápidos para um desfecho trágico. Vera então contrata Fane para tentar localizar o amante misterioso e esclarecer de vez a situação.
Dilemas éticos, morais e sociais se misturam nessa avalanche de situações. Fane possui uma equipe que coloca em ação com o intuito de cobrir todas as áreas enquanto Vera tenta, inicialmente, manter as clientes desinformadas do que está acontecendo com suas vidas. Muita adrenalina e emoção na história.
Trechos interessantes:
"'É o espírito do nosso tempo', disse ela. 'Assistir à autodestruição das pessoas, observar vidas que vão por água abaixo, é nosso passatempo nacional. Somos viciados em segredos sujos.'
Era uma observação bastante amarga, e Fane desconfiou que devia refletir uma dura experiência pessoal. Mas não pôde discordar. O anonimato - a privacidade - era o último refúgio da normalidade num mundo cada vez mais hiperconectado, revelador, sedento por fofocas. Era raro como o pudor e, uma vez perdido, irrecuperável, como a inocência." (pág. 24)
"Abrir a mente de uma mulher era como tentar abrir uma ostra com uma lâmina afiada. Se a pessoa quiser a pérola, tem de usar o instrumento adequado. Se for muito grosso, não vai funcionar. Se for fino demais, vai quebrar com a pressão. É preciso ter a lâmina exata, e ele sabia qual era." (pág. 39)
"Muitas vezes ele se perguntava o que fora mais importante para fazer dele o homem que era: o isolamento de seus anos de menino que perdera as lembranças ou sua adolescência independente, em que cada passo que dava e cada decisão que tomava eram um lance de dados.
É claro que essa não era, para começar, a pergunta certa. Raramente (ou talvez nunca) a vida pode ser compartimentada assim. Mas agora ele não perdia mais tempo com esse tipo de pergunta." (pág. 77)
"'A senhora então não acompanhou de perto a investigação policial?'
'Não acompanhei nada. A carga psíquica e moral do assassinato de Stephen cabe ao homem que puxou o gatilho. Não cabe a mim. Meu luto não é afetado pelo que possa acontecer ao assassino de Stephen. Não há relação entre uma coisa e outra. E sei que minha tristeza não é especial. Só é especial para mim. Tento mantê-la só comigo'." (pág. 107)
"Vera Lista já estava pagando seu preço, e não se sentia satisfeita consigo mesma pelo que decidira fazer. A verdade é que Fane sabia desde o começo que Vera subestimaria o quanto teria de pagar por sua decisão. Quando ficam desesperadas para se livrar de um dilema, as pessoas normalmente dão mais peso à esperança que à realidade. É uma das coisas tristes e maravilhosas da natureza humana." (pág. 109)
"'Sempre fui usada para sexo', ela disse. Era uma afirmação triste porque era dita sem tristeza.'Não é surpresa para mim o que os homens são capazes de fazer por isso, ou o que são capazes de fazer a outra pessoa por isso. Mas não é a única coisa capaz de levar os homens a extremos'." (pág. 118)
"O homem é inseparável dos dilemas éticos trazidos por seus segredos: quais são, quem os guarda, quem não os guarda... e por quê." (pág. 216)
sábado, 12 de novembro de 2016
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário