Título: O guardião de memórias
Autor: Kim Edwards
Páginas: 362
David é um médico renomado que venceu na vida por seus próprios méritos, mas constantemente atormentado pela morte da irmã, quando eram crianças. Norah, esposa de David, está grávida e o próprio David irá realizar o parto. Nasce Paul, uma criança saudável e depois uma menina com síndrome de Down. David pede à enfermeira para doar a menina a uma instituição (alegando que ela teria pouco tempo de vida e iria sobrecarregar a esposa) e diz a Norah que a menina havia morrido no parto.
Mas a enfermeira se recusa a entregar a criança à instituição e passa a criá-la como sua filha. Apesar de todas as dificuldades a menina vai se desenvolvendo enquanto David luta com a consciência sobre contar ou não o fato à mãe e Norah, desde o início se sente abalada com a notícia da morte da menina. Com o passar dos anos, por mais que David se esforce para apagar esse episódio de sua vida, sua família vai cada vez mais se desestruturando.
Trechos interessantes:
"Norah olhou para o rosto pequenino do filho, surpresa, como sempre, ao ouvir seu nome. O menino ainda não crescera o bastante para assimilá-lo, ainda o usava como uma pulseira que poderia soltar-se facilmente e desaparecer. Ela havia lido sobre pessoas - também não se lembrava onde - que se recusavam a dar nome aos filhos durante várias semanas por acharem que eles ainda não faziam parte da Terra, ainda estavam suspensos entre dois mundos." (pág. 43)
"-Você tem razão, Norah, tudo pode acontecer, a qualquer momento. Mas as coisas que correm mal não são culpa sua. Você não pode passar o resto da vida pisando em ovos, tentando evitar os desastres. Não funciona. Você só acabará perdendo a vida que tem." (pág. 76)
"-Meus pais tinham grandes sonhos para mim - disse. - Mas eles não combinavam com meus próprios sonhos." (pág. 108)
"Paul também havia adorado aquilo quando pequeno, não tanto pelo ritual da pesca, mas pela chance de passar algum tempo com o pai. À medida que ficara mais velho, porém, as pescarias tinham passado a parecer cada vez mais obrigatórias, como uma coisa que seu pai planejava por não conseguir pensar em mais nada para fazer." (pág. 189)
"Quando eu tinha mais ou menos a sua idade, arranjei um emprego, para poder frequentar o colégio na cidade. E aí a June morreu, e eu fiz uma promessa a mim mesmo: ia sair e consertar o mundo - disse, e abanou a cabeça. - Bem, é claro que não foi o que fiz, na verdade. Mas nós estamos aqui, Paul. Temos tudo em abundância. Nunca nos preocupamos em saber se teremos o bastante para comer. Você irá para a faculdade que quiser. E, no entanto, só consegue pensar em se drogar com seus amigos e jogar tudo fora." (pág. 200)
"O que mais posso lhe dizer? Você se poupou muitas dores de cabeça, com certeza. Mas, David, também perdeu muitas alegrias." (pág. 225)
"David tinha tentado proteger o filho das coisas que sofrera quando criança: pobreza, preocupações, tristezas. Mas seus próprios esforços haviam criado perdas que ele nunca tinha previsto. A mentira crescera entre eles como uma rocha, obrigando-os a também crescerem de forma estranha, como árvores retorcidas em volta de um pedregulho." (pág. 233)
"Nas montanhas, e talvez no mundo em geral, havia uma teoria da compensação que dizia que, para tudo que era dado, outra coisa se perdia, de maneira imediata e visível. Bom, você herdou a cabeça, mesmo que sua prima tenha herdado a beleza. Elogios sedutores como flores, mas espinhosos com seus opostos: É, você pode ser esperto, mas é feio como o diabo; você pode ser bonito, mas não tem cérebro. Compensação, equilíbrio do universo." (pág. 237)
"A família de David tinha sido muito pobre; todos os seus conhecidos eram pobres. Não era crime, mas bem que poderia ser. Era por isso que se guardavam coisas, motores velhos, latas de conserva e garrafas de leite, espalhados pelos gramados e pelas encostas: uma defesa contra a necessidade, uma precaução contra a carência." (pág. 238/239)
"Preocupara-se com a responsabilidade que teria de assumir, com o modo como sua vida se modificaria com o fardo de uma irmã retardada, e ficara surpreso - atônito, na verdade - ao ouvir essa própria irmã dizer Não, eu gosto da minha vida como está, não, obrigada." (pág. 356)
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário