Título: Senzala
Autor: Salvador Gentile
Páginas: 276
Senzala, como o próprio nome indica, é um romance ambientado na época da escravidão. Trata-se de duas fazendas vizinhas onde, em uma delas, os escravos eram tratados com amor e carinho, formando uma comunidade e, na outra, eram tratados como a escória humana. Diante disso, inevitavelmente, acabam surgindo desavenças entre as duas fazendas.
Como se trata de um romance espírita, a história em si é o que menos importa. O objetivo maior é travar discussões acerca dos planos espirituais , de como as vidas de todos estão interligadas e de como as boas atitudes são importantes e necessárias para a realização de um bem maior.
Trechos interessantes:
"Recordou que certa feita um negro estuprara uma jovem de cor e o Coronel, sem contudo castigá-lo fisicamente, mandara vendê-lo na cidade,no mercado de escravos. Para aquela gente, esse era o castigo maior: a perda do convívio daquela comunidade, onde eram, verdadeiramente, gentes ao invés de coisas." (pág. 34)
"-[...]Homem da terra, algum dia você colheu o que não plantou?
-Não - respondeu Sousa -, nem poderia esperar isso.
-Da mesma forma, meu amigo, em qualquer plano da vida, cada um de nós recolhe os frutos da própria semeadura." (pág. 40/41)
"...não existe ninguém tão pobre que não tenha algo de si mesmo para dar, seja uma palavra de carinho, seja um gesto de compreensão." (pág. 49)
"Mesmo que o homem não procure a Deus, desde que não agasalhe a revolta e vença, passo a passo, sua caminhada, aproveitará sua existência integralmente." (pág. 71)
"Bondade e justiça não se alcançam tão-só com o desejo de obtê-las." (pág. 111)
"Esteja certo disto, meu amigo, não há culpa que não tenha um preço dentro de nós mesmos, e que não carreguemos indefinidamente até pagá-lo." (pág. 177)
"Pecado, pois, para defini-lo melhor perante a vida, é todo ato humano que resulte em culpa, em sentimento de culpa, perante o tribunal de nossa própria consciência. É, pois, uma sentença condenatória cuja pena cumpriremos, mais dia menos dia, ou com as moedas do amor mais puro quando encontramos compreensão das nossas vítimas, ou com as lágrimas mais amargas quando estas nos exigem olho por olho, dente por dente." (pág. 180/181)
"Quem conhece o cheiro do estrume do mangueirão, sabe dar maior valor ao perfume do jardim, embora não deva deixar de ir ao mangueirão onde precisa colher o leite que serve à mesa, nem deixar de ir ao jardim porque flores não alimentam." (pág. 216)
sexta-feira, 26 de julho de 2013
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