quarta-feira, 10 de julho de 2013

Banco

Título: Banco
Autor: Henri Charrière
Páginas: 446

Henri Charrière, autor do famoso clássico Papillon, conta neste livro as suas aventuras depois de sua fuga da prisão de Caiena. Conta do seu ódio e desejo de retornar para vingar-se de todos que o mandaram para a prisão e de como a Venezuela, que o acolheu com carinho, fez com que ele abandonasse essa ideia. Conta ainda da saga que foi escrever e publicar Papillon.

Em suma, conta as aventuras de um homem que tinha tudo para trilhar o lado mau da vida, mas que, pouco a pouco, descobre que a felicidade vem com as coisas simples: rever os familiares, um lar tranquilo, ajudar quem precisa e assim por diante. Dizem que a vida de muitos homens daria um livro: a de Henri Charrière deu dois.

Trechos interessantes:

"A não ser que esteja enraivecido, e nessa altura não há nada a fazer, um homem pode arrepender-se e tornar-se bom, se o ajudarem. É por isso que na Venezuela você será protegido: porque gostamos das pessoas e, com a ajuda de Deus, acreditamos nelas." (pág. 12)

"...a felicidade que vocês têm, e que eu espero vir a possuir um dia, valia muito mais que ser rico." (pág. 47)

"Um só inimigo conta na selva: o animal dos animais, o mais inteligente, o mais cruel, o pior, o mais cúpido, o mais odioso e também o mais maravilhoso: o homem." (pág. 66)

"Vou dizer-lhes uma coisa: quando vocês falam dos judeus julgo ver uma raça vomitando o seu ódio contra outra raça.
Vocês vivem na Venezuela, no meio do seu povo, e não são capazes de assimilar a maravilhosa filosofia das pessoas deste país. Aqui não há nenhuma discriminação, nem racial nem religiosa." (pág. 150)

"Cada um tem a sua lista de pessoas a abater, a condenar, a prender e, apesar da minha desgraça, não consigo deixar de rir quando ouço essas pessoas, sentadas num café ou na sala de um hotel de terceira categoria, criticar tudo e concluir que só elas são capazes de endireitar o mundo." (pág. 151)

"O homem mais meticuloso, o mais calculador, o mais genial organizador da sua vida é apenas um joguete perante o mistério do destino. Só o presente é certo; o resto é o desconhecido, que se chama sorte, azar, destino, ou ainda a misteriosa e incompreensível mão de Deus.
A única coisa que conta na vida, antes de mais nada: nunca se dar por vencido e, depois de um fracasso, recomeçar." (pág. 158)

"...conheci homens de todas as classes que me deram a sua amizade, com os quais arrisquei a vida, e com tudo isso me lamento? Estou duro ou quase? Isso não tem importância, a pobreza não é uma doença muito difícil de curar." (pág. 167)

"Esta morte, não a sinto como um homem de quarenta anos, na plena força da vida, que acaba de saber da morte do pai que não vê a vinte anos, sinto-a como um garoto de dez anos que teria vivido com o pai e que, tendo lhe desobedecido e faltado à escola, sabe da morte do pai ao chegar a casa." (pág. 228)

"Depois da morte da minha mãe, com apenas onze anos, guardava em mim este ferro em brasa que era a injustiça do destino. Não se compreende a morte aos onze anos. Não se aceita. Que os muito velhos morram, está certo. Mas a nossa mãe, a nossa fada, plena de juventude, de beleza, de saúde, transbordante de amor por nós, é justo que ela morra?" (pág. 262/263)

"E então me disse uma frase que ficou para sempre gravada no meu íntimo:
-Sabe, meu querido, não há idade para se ser órfão. Lembre-se disso toda a vida." (pág. 266)

"-Daqui em diante não quero mais negócios com gente séria. Mentem e roubam demasiado! No futuro só tratarei com malandros! Ao menos com esses a gente sabe com o que conta." (pág. 304)

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