Autor: T. Greenwood
Páginas: 336
“O que fazer quando o mundo em que você vive não é o lugar a que você pertence?
” Esta é a frase da capa do livro e que atraiu a minha atenção e que despertou
o meu interesse pela leitura. Mas confesso que o resultado foi aquém do
esperado. A frase inicial causa mais impacto que o livro em si.
A história não tem muitos desdobramentos e com um final previsível. Ao
tentar resolver o caso de um jovem que foi assassinado e deixado na sua
calçada, Ben acaba se envolvendo com a irmã do morto, colocando em xeque o seu
relacionamento com Sara com quem planeja se casar.
Trechos interessantes:
Não havia como compartilhar aquela dor com alguém que nunca conhecera
a tristeza. Seria como tentar explicar o que é a cor vermelha a um homem cego.
Tentar descrever a neve a alguém que nunca sentira frio. (pág. 31)
Era assim que ele se sentia em relação à Sara às vezes. Ben sabia que
o seu modo de agir a magoava, que fazia mal a ela. Ele estava destruindo o que
restava de algo que outrora fora bonito. Mas não conseguia resistir. Havia algo
estranhamente atraente quando imaginava até onde poderia ir antes que ela desse
um basta naquilo. Talvez houvesse uma alegria cruel em saber que alguém não vai
revidar, não importa o que você faça. É o tipo de alegria que faz seu estômago
se revirar de enjoo. O tipo de alegria que faz com que sinta vergonha da pessoa
em que se transformou. (pág. 46)
Há dois tipos de alunos que escolhem as aulas das 8 horas: os que vão
muito bem na matéria e os que vão muito mal. Os que vão muito bem são aqueles que
acordam preparados para assistirem às aulas do dia, aqueles que vão dormir cedo
durante a semana, os que fazem sua lição de casa e que tiram dúvidas com os
professores após as aulas. Aqueles eram os alunos que conseguiam se formar em
quatro anos, o que não era pouca coisa em uma cidade com tantas oportunidades
de distração e diversão. Os alunos que iam muito mal eram aqueles que se
esqueciam de matricular até que todas as aulas oferecidas em horários mais
confortáveis estivessem cheias. Eram aqueles que estavam no 5º, 6º ou 7º ano da
faculdade e que precisavam frequentar aquela aula para conseguir se formar. E
aquilo criava uma dinâmica terrível na classe. Os alunos que iam muito bem se
sentavam na primeira fila, erguendo as mãos, oferecendo respostas sempre que
Ben lhes fazia alguma pergunta. Os alunos que iam muito mal se amontoavam nas
fileiras de trás, brigando contra o sono ou enviando mensagens de texto sobre
como a vida é injusta, click-click-clack, durante a aula inteira. (pág. 79/80)
Com as provas finais marcadas para a semana seguinte, todos os alunos
que passaram as noites de semana em festas, que dormiam até mais tarde, ou que
matavam aula para praticar snowboarding
repentinamente haviam se transformado em pessoas estudiosas. De verdade. Ele
via isso acontecer todo semestre. Havia algo de mágico no fim do semestre. Essa
época fazia com que os alunos começassem a acreditar em milagres. Era a época
em que começavam a trabalhar animadamente, tentando absorver treze semanas de
informação, na esperança de poderem abarcar todo o conteúdo. Era quando
começavam a negociar, a implorar e a rezar. (pág. 148)
Ben se agarrou com força.
Ele se agarrava a cada momento, porque sabia como as coisas podiam
acontecer. Não era assim que tudo sempre acontecia em sua vida? Um presente
recebido e algo que era tirado dele? Durante toda a sua vida não ficava sempre
esperando pelo próximo golpe? (pág. 219)
Segredos. Como pequenos sapos escondidos em seu bolso. Não se pode
esquecer deles porque estão sempre se mexendo ali dentro, contorcendo-se,
tentando escapar. Você sabe que, a qualquer momento, um deles pode conseguir
subir e pular para fora do seu bolso, revelando-se para o mundo com um coaxado
estridente. E quanto mais você se esforça para tentar contê-los, para tentar
escondê-los, mais se esforçam para escapar. (pág. 285)
Esperança. Ele sabe agora que a esperança é uma criança abortada, concebida,
mas nunca realizada. É o sonho que termina enquanto ainda estamos adormecidos.
A oração que não recebe resposta. É simplesmente o cordão frágil ao qual um
homem desesperado se agarra, mesmo quando ele se desenrola, desenrola e
desenrola. (pág. 336)
Nenhum comentário:
Postar um comentário