Autor: Abade Christopher Jamison
Páginas: 160
O livro é como um bálsamo nessa nossa vida agitada. O autor procura
mostrar através de vivências diárias do monastério que a vida pode ser melhor
aproveitada se utilizarmos mais a quietude e o silêncio.
Apesar do termo monastério não ser tão comum aqui pra nós, temos uma
visão, no mínimo superficial, sobre o assunto. As experiências apresentadas no
livro nos fazem refletir sobre o nosso papel nesse mundo caótico e, no fundo, constatamos
que o progresso pode fazer bem para a humanidade, mas não para o ser humano.
Trechos interessantes:
Entrei para a ordem achando que poderia salvar o mundo; permaneci no
monastério porque ele se tornou o lugar onde descobri minha própria necessidade
de ser salvo. Antes que eu mesmo pudesse oferecer abrigo e proteção aos outros,
eu precisava encontrá-los em mim mesmo. (pág. 13)
As pessoas agem e falam como se "estar ocupado" fosse uma
força além de seu próprio controle, como se em algum lugar da história um
espírito maligno da ocupação tivesse invadido o planeta.
Mas houve uma época, os bons tempos de antigamente, quando as pessoas
tinham tempo e a vida andava a passos mais lentos. A sociedade moderna, porém,
mudou tudo isso e estamos presos a um modelo de vida de uma correria contínua
de tirar o fôlego. "As pessoas não têm mais tempo como antes".
(pág.19)
Nos mercados tradicionais, os antigos vendedores vendiam os mesmos
produtos da mesma maneira, no mesmo lugar e ao mesmo tempo; mas no mercado
moderno tudo é maior e melhor do que da última vez e está sempre à disposição,
onde e quando você desejar.
Hoje, em qualquer lugar e a qualquer hora, você pode comprar a última
versão de tudo. Teoricamente, o consumidor poderia dizer "agora
basta" e parar de consumir, mas o mercado certamente trabalha para
certificar-se de que o cliente jamais diga isso. (pág. 21)
Mesmo no contexto mais suave de um supermercado ou elevador, a música
enlatada está presente, no fundo, para manter o barulho à distância. Mais
positivamente, a música clássica é usada em salas de aula para acalmar a
atmosfera e ajudar o estudante a se concentrar. Na essência, o tipo errado de
ruído nos incomoda, e o certo, ajuda-nos. (pág.36)
Nossa cultura nos diz para nos certificarmos de que nossas crianças
façam exercícios físicos e nós nos empenhamos em ajudá-las a praticar esportes
desde cedo. Poderíamos, com coragem e determinação, fazer a mesma coisa por sua
saúde espiritual, ensinando-as a valorizar o ato de permanecer em silêncio,
tranquilas. (pág. 43)
"E saibamos que não é pela multiplicidade de palavras que seremos
atendidos mas, sim, pela pureza de coração e pelas lágrimas de compunção. A
prece, portanto, deve ser breve e pura. (pág. 55/56)
Assim, ofereço-lhe este pensamento de São João Crisóstomo, o grande
arcebispo de Constantinopla, do século IV: "'não sou', você dirá, 'um dos
monges, mas tenho esposa e filhos, e os trabalhos domésticos'. Isso é o que
arruína com tudo, a sua suposição de que a leitura das Escrituras é apenas para
monges, enquanto você precisa mais dela do que eles. Aqueles que são colocados
no mundo e são feridos diariamente têm mais necessidade de remédio". (pág.
61)
As pessoas usam a linguagem da liberdade, mas são escravas de regras
ocultas. Não há nada de errado em obedecermos a boas leis nem tampouco com o
exercício da livre escolha. O perigo está em dizer uma coisa e fazer outra.
Quando pessoas dizem estar obedecendo a regras, mas as quebram, chamamos isso
de hipocrisia, uma acusação em geral endereçada a pessoas religiosas. Quando
pessoas dizem ser livres, mas de fato obedecem a regras não-escritas, nós não
temos uma expressão para isso. Não existe uma expressão porque é uma ocorrência
moderna, algo que as pessoas demoram a reconhecer. Essa característica sem nome
da vida moderna é perigosa, pois as pessoas não desconfiam que estejam sendo
escravas da agenda de outros, e, portanto, dessa maneira não veem necessidade
de fugir delas. Aparentemente, a liberdade do consumidor pode cegar as pessoas,
causando dependência. (pág. 67/68)
Os objetos de desejo atuais são ídolos e deuses da vida moderna. E o
deus sobre o qual o coração humano está apoiado é o seu próprio eu; como
disseram uma vez a respeito de um rico empresário: "é um homem que se fez
por si e venera seu criador". Essa descrição se encaixaria na maioria de
nós, não apenas em empresários ricos. (pág. 128)
A habilidade de morrer bem é um dom seriamente subestimado na
sociedade ocidental; tendo observado-a de perto, acredito que seja uma das
coisas mais encorajadoras que se possa presenciar. Sim, é triste perder um
irmão, e nós certamente pranteamos sua morte. Mas em seu bem morrer, eles nos
deixam um grande presente de adeus. (pág. 138)
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