Título: Só as mulheres e as baratas sobreviverão
Autor: Claudia Tajes
Páginas: 134
Dulce se prepara para sair no sábado à noite e, ao procurar o vestido especial, descobre que uma barata está alojada sobre o mesmo. Incapaz de espantar a barata e sem ter outra opção, Dulce passa a noite travando diálogos imaginários com a barata.
Livro pequeno, cômico, fácil de se ler e aborda um tema recorrente nas mulheres: o pavor absoluto deste inseto. Tudo bem que a personagem leva tudo ao extremo, mas tem muita gente que convive com essa neurose.
Trechos interessantes:
"Nunca tive um vestido preto que me caísse tão bem. Dependendo das oscilações do meu peso, algumas eventuais gorduras escapam pelas cavas, e o crepe salienta não as curvas, mas a minha barriga. No geral, porém, faço uma boa figura com ele." (pág. 11)
"Pior foi a minha avó, que disse: vai ver, ela subiu na sua cama por causa do seu nome: Dulce. Doce. Barata gosta de doce. Logo, as baratas gostam de você.
Minha querida avó, onde você estiver, saiba que a senhora foi a responsável por traumatizar uma inocente menininha de seis anos. As baratas gostam de você. Isso lá é coisa que se diga?" (pág. 22)
"Em dez anos eu troquei de namorado trinta vezes. Troquei duas vezes de apartamento. Troquei de cabelo mil vezes, de partido político outras cinco, troquei tudo e só não trocava o número de celular porque alguém podia querer me ligar e não teria como me encontrar.
No fim, todo mundo continuou me encontrando, mais até do que eu gostaria. Continuaram ligando do meu trabalho para eu trabalhar nos meus dias de descanso e dos telemarketings para me vender coisas de que eu não preciso. Continuaram me pedindo donativos para creches, dinheiro emprestado sem juros, ligando das lojas para me avisar das liquidações, da dentista para lembrar a revisão atrasada, do banco para dizer que o cheque especial estourou, da família para contar algum problema novo, ou um velho mesmo.
Mas quando eu mais preciso, ninguém me liga." (pág. 67/68)
"Sabe o que mais? Vou comer um sanduíche. E com maionese, bacon, ovo e patê.
Essa barata não vai me destruir sozinha: eu vou colaborar também." (pág. 73)
"O nome é a prova de amor mais discutível que os pais dão aos filhos, você não acha? Porque eles tentam fazer o melhor, pensam, debatem, se informam. E volta e meia todo esse esforço sai pela culatra, como no caso do bebê da tia do lanche lá da revista, que pelo resto da vida vai se chamar Google. Mas ela deve ter registrado Gugol." (pág. 100/101)
"Da minha aparência, não tenho queixas. Há dois ou três anos, algumas garotas do colégio espalharam que eu seria igual ao Brad Pitt, se o ator americano fosse atropelado e pegasse varíola." (pág. 105)
sábado, 15 de outubro de 2016
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