Título: Contos novos
Autor: Mário de Andrade
Páginas: 152
Encontrei o livro por acaso e, folheando, comecei a ler um dos contos (O poço). Entusiasmei e levei o livro pra casa para ler o restante. O bom dos contos é que são histórias curtas e pode-se ler em pequenos intervalos.
São nove contos, no total, e ainda uma análise detalhada de cada conto, típico para que vai prestar vestibular. No fim do livro há ainda alguns testes sobre o conteúdo. De todos os contos o que mais gostei foi realmente "o poço".
Trechos interessantes:
"Ia devagar porque estava matutando. Era a esperança dum turumbamba macota, em que ele desse uns socos formidáveis nas fuças dos polícias. Não teria raiva especial dos polícias, era apenas a ressonância vaga daquele dia. Com seus vinte anos fáceis, o 35 sabia, mais da leitura dos jornais que de experiência, que o proletariado era uma classe oprimida. E os jornais tinham anunciado que se esperava grandes 'motins' do Primeiro de Maio, em Paris, em Cuba, no Chile, em Madri." (pág. 47/48)
"Só quem estava imaginando que enfim se arranjara na vida era o vigia, esse, um caipira da gema, bagre sorna dos alagados do rio, maleiteiro eterno a viola e rapadura, mais a mulher e cinco famílias enfezadas. Esse agora, se quisesse, tinha leite, tinha ovos de legornes finas e horta de semente. Mas lhe bastava imaginar que tinha. Continuava feijão com farinha, e a carne-seca do domingo." (pág. 83)
"Ora em mim sucede que a inveja não consegue nunca se resolver em ódio, nem mesmo em animosidade: produz mas uma competência divertida, esportiva, que me leva à imitação." (pág. 107)
"O melhor alívio para a infelicidade da morte é a gente possuir consigo a solidão silenciosa duma sombra irmã. Vai-se pra fazer um gesto, e a sombra adivinha que a gente quer água, e foi buscar. Ou de repente estende o braço, tira um fiapo que pegou na vossa roupa preta." (pág. 120/121)
sexta-feira, 1 de julho de 2016
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